QUARTO DE PENSÃO
De: Marcondys França
PRIMEIRO ATO
LEA
(Prostituta beirando os 40 anos de idade)
BIRA
(Traficante e cafetão)
CRISTAL (Homossexual amigo e confidente de Lea)
Lea entra nervosa remexe nas
gavetas, procura algo... Sua tensão só aumenta.
LEA:
- Puta que pariu! Meda do caralho, essa é de foder. Agora estou lascada! O
bicho vai pegar
CRISTAL: - Afe! Que está acontecendo aqui? Tá tudo revirado... Hei, que
stress é esse mona?
LEA:
- Tô fodida! Fodida bicha!
CRISTAL: - Fodida por quê?
LEA:
- A porra da grana...
CRISTAL: - Que grana?
LEA:
- Tinha certeza que tava aqui. Bem aqui.
CRISTAL: - Nem me fale. Se tem certeza que tava ai.... tem que tá ai.
LEA:
- Mas não está, está? Tá vendo algo aqui? Tá?
CRISTAL: - Num sou cega! Claro que não.
LEA:
- Então?! Hoje o bicho vai pegar. Daqui a pouco Vado chega pra pegar o que é
dele.
CRISTAL: - É isso que não entendo... Dá o que é teu, pra sustentar
vagabundo.
LEA:
- É meu homem.
CRISTAL: - Eu que num quero homem pra sustentar.
LEA:
- Agente precisa de alguém que nos dê segurança, entende?
CRISTAL: - Que segurança? Entra num carro com estranhos, vai pra
qualquer moquifo, faz o diabo... E onde tá teu bofe? Só esperando o aqué.
LEA:
- Você não entende. Não é mulher.
CRISTAL: - Não entendo mesmo. Ainda bem que sou viado. Tenho cabeça
muito melhor que tua. As vezes tenho uma ligeira impressão que mulher é tudo
burra.
LEA:
- Vê se não enche! Não vê que tô uma pilha.
CRISTAL: - Cheirou pra caralho, ficou loucona e não sabe onde enfiou o a
grana.
LEA:
- Só um teco! Pensa que é fácil? Só eu sei o que é ter que sair com pra mais de
dez numa noite... Passa a noite na virada.
CRISTAL: - C’est la vie! Já te disse. Podia ser bem diferente.
Atendimento vip. Mas, prefere a ralé.
LEA:
- Que saber Cristal, você não esta me ajudando em nada. Circulando, circulando,
vai...
CRISTAL: - Vou sim...Mas, se eu fosse você amiga, não ficava aqui
esperando não... Do jeito que teu macho é um brutamonte, vai te quebrar toda.
Olha, se ele te bater, denuncia.
LEA: - Pra quê? Pra
no dia seguinte ele me bater ainda mais...
CRISTAL: - Desisto!
LEA: - Tava aqui...
Bem aqui...
Bira entra, fica
observando Lea remexendo nas coisas. Ela leva um pouco de tempo para perceber
Vado.
LEA:
- Vado?! Faz tempo que tava ai?
BIRA: - O suficiente pra perceber que procura algo.
LEA:
- É. Perdi uma coisa... Alias, perdi não... não sei onde enfei.
BIRA: - É o peso da idade.
LEA:
- Sem graça.
BIRA: - É pó?
LEA:
- Quem sabe?
BIRA:- Que é? Vai fica tirando onda, de caô? (A pega pelos
cabelos)Qual é a tua sua vadia?
LEA:
- Me solta! Tá me machucano...
BIRA:- Quem teu macho? Quem? Diz...
LEA:
- É você.
BIRA:- (Solta) Boa menina.
LEA:
- Tô cansada...
BIRA:- Percebe-se. Depois de uma certa idade é mesmo complicado...
LEA:
- Pro seu governo, ainda dou de dez a zero em muitas piranhas por ai...
BIRA:- Mas, o mercado tá ficano complicado pra tu (rir)
LEA:
- Se não me explorasse tanto!
BIRA:- Daqui há uns três anos, tá tu lá... na praça da Luz, a luz do
dia, batendo ponto por qualquer ninharia...
LEA:
- (Ela joga um objeto nele)
Desgraçado!
BIRA:- (Desvia) Sua
cadela!
LEA:
- (Ela tenta correr. Ele a alcança)Me
solta.
BIRA:- Assim, no chão... Jogada na sarjeta, (Torce o braço dela forçando o rosto dela chegar no chão)esse é teu
lugar sua vaca velha.
LEA:
- Tá me machucando. (Ele a solta)
BIRA:- Tenho pena de você, pena.
LEA:
- Pena porra nenhuma... sabe que posso lhe render muito...
BIRA:- Tem esforçado. Mas, não é o suficiente. Sabe, tô até pensano
em arrumar uma outra garota, uma novilha, com tudo em cima, tudo no lugar...
LEA:
- Arruma Bira... Faz isso, faz. Que caio fora?
BIRA:- E vai para onde com mais de quarenta? Pro asilo? Vai
satisfazer velhinhos?
LEA:
- Trinta e três.
BIRA:- Nunca! Te conheço há mais de vinte...
LEA:
- Comecei menina...
BIRA:- É... Sempre gostou da vida.
LEA:
- Nunca tive a chance de fazer diferente...
BIRA:- historinha triste agora não. Cadê a grana dessa madrugada?
LEA:
- Não sei, não sei...
BIRA:- Tá de brincadeira? Tá zombano com minha cara...
LEA:
- Eu... Tinha colocado aqui... Aqui.
BIRA:- Então pega. Pega logo que não tô de brincadeira não. Anda logo
com isso.
LEA:
- Tava aqui Bira, tava. Eu juro.
BIRA:- então pega logo o caralho dessa grana e me dá. Sai dai...
LEA:
- Ai! Estúpido.
BIRA:- Não tem merda nenhuma aqui. (revira tudo) cade a porra da grana?
LEA:
- Não sei. Sumiu.
BIRA:- Como assim sumiu? Tá de caô... Tá quereno me passa a perna sua
puta de merda...
LEA:
- Não. (Grita) Por favor, não me
bate. Eu juro que coloquei ai.
BIRA:- Merda! Se sumiu aqui... Só pode ser... aquela bicha do
caralho, foi ele.
LEA:
- Cristal?
BIRA:- Ou você trouxe outro macho aqui...
LEA:
- Nunca.
BIRA:- Se você...
LEA:
- Juro por Deus, por tudo que é mais sagrado. Nunca te trai, sexo, só
profissionalmente.
BIRA:- Então foi ele.
LEA:
- será?
BIRA:- Se não foi ele, tu tá me passano a perna sua piranha.
LEA:
- Não.
BIRA:- Chama aquela bicha aqui.
LEA:
- E se não foi ele?
BIRA:- Então cê tá mentino.
LEA:
- Juro que não. Juro!
BIRA:- Então chama. |chama esse viado que vou encher o rabo de
pimenta até confessar que fez com minha grana.
LEA:
- Não vai machucar o...
BIRA:- Ou te cubro de porrada, vou te bater tanto, que nem vai se
reconhecer ao se olhar no espelho.
LEA:
- Tá bom. Eu chamo. Chamo. (Respira
fundo)Cristal, Cristal...
CRISTAL:- (De fora) Que é?
LEA:
- Vem cá...
CRISTAL:- Tem que ser agora?
LEA:
- Sim. Agora.
CRISTAL:- Tô ocupada.
LEA:
- É uma emergência. Tem que ser agora.
CRISTAL:- Tá bom, tô indo... (Entrando) Mas já vou avisando, não vou me
intrometer na treta sua e do teu macho (Bira
o pega dando-lhe uma gravata)Ai, minha Santa Achiropita, que diabo é isso?
BIRA:- Fala logo viado!
CRISTAL:- Cê tá me sufocando...
LEA:
- Solta ele... Tá machucano...
BIRA:- Cadê?
CRISTAL:- O que?
BIRA:- Não vai falar? (Solta)
CRISTAL:- (Tenta correr)Ai
meu deus do céu!
BIRA:- (Empurra ele na cama) calma ai viado, onde pensa que vai?
CRISTAL:- Lea, que isso?
LEA:
- É melhor falar logo.
CRISTAL:- Falar o que?
BIRA:- Não vai falar?
CRISTAL:- Gente, o que?
BIRA:- (Dá um tapa na cara dele)Cadê?
CRISTAL:- O que, meu Deus, o que?
BIRA:- (Dá outro tapa) Fala bicha!
CRISTAL:- Pede pra ele parar. Eu não sei, não sei...
BIRA:- Não sabe?
CRISTAL:- Não. Fala pra ele Lea, fala...
LEA:
- A grana?
CRISTAL:- Cê perde a grana e eu que pago o pato?
BIRA:- chega de conversa. Quero a grana, a grana.
CRISTAL:- Eu juro Bira, juro. Não vi nem a cor dessa grana.
BIRA:- Agora chega! Chega. (Parte
pra cima de Cristal)
CRISTAL:- (Cristal pega uma
navalha dentro da roupa) Vem... Vem? É só chegar... Tá pensano que sou ela?
Sou não. Homem nenhum nunca encostou a mão em mim. E se tentar corto todinho de
navalha. Experimenta machão, experimenta pra vê se não faço de você picadinho.
BIRA:- Viado caralho... Foi você... você não foi?
CRISTAL:- Não sou da sua laia. Cai fora daqui agora. Enconta a mão em
mim... Paga pra vê, paga?
LEA:
- Calma Cristal, calma...
CRISTAL:- Vou tá te fazeno um favor mapoa... recolhendo esse lixo daqui.
BIRA:- Eu vou embora, mas, volto. E quando eu voltar, o bicho vai
pegar. Quero minha grana aqui ó, bem na minha mão. E isso seu viado do cacete,
vai ter troco. (Sai)
LEA:
- (Respira fundo)Cacete cara! Que
porra foi essa? Puta que pariu! Bira é vingativo. Não vai deixar barato, não
vai.
CRISTAL:- Sei me defender. Já fiz vida nas ruas... Que me preocupa é
você. Lea, cai fora desse homem, ele vai acabar te matando.
LEA:
- Amo esse homem!
CRISTAL:- Isso não é amor! É covardia. Você, se esconde nesse sentimento
destrutivo, com medo de enfrentar a vida, de se sentir sozinha.
LEA:
- Bira, é a única coisa que tenho nessa vida.
CRISTAL:- Tá enganada. Você é a fonte de renda dele. Quando não servir
mais, vai te substituir por outra... E ai? Que vai fazer?
LEA:
- Minha vida, sempre foi assim... só de abandonos... Quando fui violentada pelo
meu próprio pai por anos, e minha mãe descobriu... Que fez? Me abandonou. Me
jogou na rua, e ainda deu razão a ele, dizendo que eu era, safada, que seduzi o
homem dela... Cristal, eu era uma criança, uma criança que por anos sofri a
violência daquele que deveria me defender, por anos. E perambulei nessa vida
por tantos anos, até encontrar Bira. Um homem bonito, forte, viril e que
prometeu me proteger... Parecia amor. Amor! Dias depois me levou há um local, e
lá estava um velho, imundo, nojento... E mais uma vez, me vi na mesma situação
de antes... Traída pela pessoa que confiava. Só que dessa vez, não tinha
ninguém pra me colocar pra fora, nem tão pouco que eu tivesse que esconder...
CRISTAL:- Mas, pode mudar. Seguir o teu rumo, se libertar. Não precisa
dele. Você é uma sobrevivente... Uma guerreira! Olha pra você Lea, sobrevive e
ainda carrega nas tuas costas, esse canalha, que há tantos anos tem te sugado.
LEA:
- Não tenho tempo pra ficar aqui me lamentando...
CRISTAL:- Que vai fazer?
LEA:
- Vou pra rua.
CRISTAL:- A essa hora?
LEA:
- Ele vai voltar e vai me cobrar a grana da madrugada e desta noite...
CRISTAL:- Se ele te bater Lea, denuncia...
LEA:
- Sou uma prostituta. Acha que me ouvirão? Levam ele pro xilindró, depois
liberam, e ele vem atrás de mim, dá um cacete, fica tudo por isso mesmo. Não!
Melhor fazer meus corres.(Pega a bolsa.
Sai)
CRISTAL:- Que merda de vida!
FIM DO PRIMEIRO ATO
SEGUNDO ATO
Quarto pouco iluminado, pela
janela há um reflexo de um luminoso de Neon, Bira está deitado, completamente a
vontade, sem camisa, fuma um cigarro. Seu semblante é tranquilo, porém seu
olhar é traiçoeiro. Lea entra em cena, aparenta cansaço, seu cabelos desalinhados
e sua maquiagem borrada, parece que chorou.
LEA: - Taí é?
BIRA:- Tô.
LEA: - Táqui, ó... (Joga um bolo de dinheiro que tira do sutiã)
BIRA:- (Conta)
Tu tá de brincadeira comigo...
LEA: - Tudo que consegui hoje.
BIRA:- Só pode tá querendo tirar uma com minha
cara.
LEA: - Dá um tempo... Tô só o bagaço.
BIRA:- Novidade! Escuta aqui sua puta do
caralho... (Pega ela pelo braço)
LEA: - Tá me machucano, porra!
BIRA:- è pra machucar mermo!
LEA: - Que que é? Me solta... Solta! (Tenta sair)
BIRA:- (Pega
ela pelos cabelos fazendo-a joelhar)Tá querendo me enfrentar vagabunda de
merda?
LEA: - Me deixa em paz! Porra, tô cansada. Ai...
Isso foi tudo que consegui.
BIRA:- (Empurra
ela) Tem que dá muito mais. Que é, tá perdendo o jeito, é?
LEA: - Pensa que é fácil?
BIRA:- Se fosse mais nova, não teria tanta
dificuldade de agradar os machos...
LEA: - Agrado muito mais que muitas que essas
periguetes que fazem ponto por ai...
BIRA:- A que preço? R$ 1,99? Liquidação, três em
um? Foda, boquete, com direito a beijo na boca... (Rir) É o fim. Já vi muitas
chegarem a esse ponto. Essa história sempre se repete. Quer saber, eu já
esperava.
LEA: - Não tá satisfeito... Arruma uma novinha
pra encher teus cornos.
BIRA:- Como é que é, vadia?
LEA: - É isso mermo... Se não sirvo mais, arrume
outra pra explorar.
BIRA:- É isso mesmo que tô entendendo, sua piranha
de merda, tu vai agora me desafiar a essa altura do campeonato?
LEA: - Tô cansada cara, cansada.
BIRA:- Nota-se. Nem essa massa corrida que passa em
tua cara, consegue desfaçar que teu fim tá chegando. São as marcas do tempo,
tuas rugas já não escondem sua idade...
LEA: - Tô fora, fora...
BIRA:- Só pode tá de brincadeira.
LEA: - Tô fora cara, acabou. (Ela pega a bolsa)
BIRA:- (Ele
a segura pelo braço com violência) Acha mesmo que vai sair daqui assim?
LEA: - Tá me machucano... Porra, me solta. (Se solta)
BIRA:- Tem que ser muito burra mermo... Não sai
daqui inteira sua piranha.
LEA: - Me encosta um dedo, e chamo a polícia.
BIRA:-chama é, sua piranha?
LEA: - Chamo.
BIRA:- Tô pagando pra ver
LEA: - Quer saber? Casei Bira, cansei. Cansei de
ser tratada feito uma coisa qualquer, dessas que se encontra em qualquer
buraco, ou num bueiro qualquer, e que se chuta como se não valesse nada.
BIRA:- E a princesa acha que é o que?
LEA: - Sou gente. Gente... Eu tenho sentimento,
Bira.
BIRA:- Sentimento? (Rir) Fala sério, mulher! (Rir)
Você não passa de apenas um depósito de porra. E tu, sua piranha,(Puxa a arma) só sai daqui, morta.
LEA: - Então, vai ter que puxar esse gatilho...
Puxa, porra! Puxa... Que foi? Não te coragem Bira? Não é homem suficiente pra
isso? Pois fique sabendo, que viva ou morta, hoje saio daqui.
BIRA:- Acha mesmo que vão dar falta de um estrume
como você? Quantas já não foram encontradas na sarjeta, e depois jogadas numa
gaveta, com uma etiqueta no dedão, como: indigente!
LEA: - Morta, já faz tempo que estou.
BIRA:- Não se iluda Lea... Ninguém vai dar falta
de um lixo como você. Sabe o que é pra essa sociedade? Nada. Não é nada. No
máximo, será apenas, um número a mais nessa estatística, um corpo de uma puta a
mais sem identificação no IML.
LEA: - Que seja. Mas acabou cara. Não me
importo... Um presunto? É... Um presunto! (Se
dirige a porta. Ele a pega pelos
cabelos)
BIRA:- Acabou, é? Não acabou nada. Pensa que
esqueci aquela presepada que você é aquela bicha do caralho me aprontaram?
LEA: - Acaba logo com isso... (Se ajoelha) Me mata, me mata.
BIRA:- Não... Ainda não... Vai me pagar tudo que
me deve. Tudo.
LEA: - Não te devo nada. Você que me explorou por
todos esses anos...
BIRA:- Te dei proteção... Te fiz caridade, tendo
que te satisfazer a cada vez que me procurava, e eu, por pena, te comia...
LEA: - Pena?
BIRA:- Pena. É o que sentia por você, pena.
LEA: - Pena? Satisfazer... (Rir) Quantas vezes tive que usar meu lado profissional, tendo que
fingir... Fingir, sim, fingir... Tu nunca foi homem pra mim... Nunca soube o
que é gozar ao teu lado.
BIRA:- Vadia!
LEA: - Qualquer Zé Mané que catava na esquina, me
fazia chegar ao orgasmo... Mas você? (Rir)Menti,
menti.
BIRA:- (Bate
na cara dela)Sua vadia!
LEA: - Bate... Bate! Vamos bate... Bate mais,
bate bastante... Que foi? Perdeu a mão? Já não é o mesmo, não é? O Bira da
maloca... Aquele homem, que só de olhar, intimidava. (rir ao mesmo, tempo que chora) Bate, bate...
BIRA:- Então quer tua liberdade? (Silêncio)Tá certo, tá certo... É isso
que quer? Terá. (Passa a arma pelo corpo
dela) Mas, será de forma lenta, cruel...
LEA: - Atira... (Ele coloca a arma na boca dela. Engatilha, Cristal entra e se joga por
cima dele, os dois caem na cama, numa briga corporal, a arma cai longe, Leia
chuta para fora da cena)
BIRA:- Então o viado, salva a puta? Que cena
deplorável! Acham que vão se sair bem dessa?
CRISTAL:- (Entra
na frente de Lea) Deixe-a em paz, seu canalha!
BIRA:- Só saem daqui mortos. Acha que me intimida
com essa merda de navalha?
CRISTAL:- Essa merda faz o maior estrago. Se afasta,
cara!
BIRA:- Pago pra vê.
LEA: - Deixa a gente ir Bira...
CRISTAL:- Seu domínio sobre ela acabou... Sai fora,
cara...
BIRA:- Isso é o que vamos ver.
CRISTAL:- Pensa que me intimida? Que tenho medo de um
bosta como você? Igual a você já enfrentei muitos...
BIRA:- Pensa que tenho medo desse brinquedinho?
CRISTAL:- Experimenta... Vem, vem... Experimenta o
estrago que esse brinquedinho pode fazer.
LEA: - Por favor Bira, libera a gente.
CRISTAL:- Experimenta machão... Vem... (Bira pega Cristal de surpresa, imobiliza-o
fazendo soltar a navalha e lhe dá uma gravata)
BIRA:- Achou mesmo que esse viadinho do caralho
podia comigo?
LEA: - Larga ele Bira, larga...
BIRA:- Vou largar...
LEA: - Tá ficando roxo... Vai matar o cara...
BIRA:- essa é a intenção
LEA: - Por favor, solta ele... Olha, eu faço tudo
que você quiser... Eu juro, eu faço...
CRISTAL:- Não... Foge, vai embora.
BIRA:- Vou acabar contigo, sua bichinha do cacete.
LEA: - Não! (Grita)
Não. Solte-o. Bira, voltamos tudo como era antes...
BIRA:- Nada será como antes...
LEA: - Por favor... Está machucando ele.
CRISTAL:- Aguento! Vaso ruim não quebra.
BIRA:- Vamos vê se não...
CRISTAL:- Ai caralho!
LEA: - Solta ele, por favor... Solta! (Cristal está quase desfalecendo. Lea num
ato de desespero pega a arma e dispara acertando Bira, que cai se debatendo)- Meu
Deus, que foi que eu fiz?!
CRISTAL:- Vamos Lea...
LEA: - Bira?
CRISTAL:- Temos que dá o fora...
LEA: - Não! (Há
desespero em seu choro. Põe ele no colo)
CRISTAL:- Temos que ir agora...
LEA: - Matei Bira!
CRISTAL:- Não seja burra. A polícia logo vai
cheger...
LEA: - Matei meu homem...
CRISTAL:- Mapoa, ninguém viu... Não tem como saber...
Vamo logo mulher, vamos...
LEA: - Não, não... eu não queria matar meu
homem... Meu homem, cara... (Grita
desesperada)
CRISTAL:- Se vai ficar ai... Vou dá o fora... Não
posso ficar aqui esperando a polícia chegar e me levar pro xilindró por causa
de um verme como esse... (Sai)
BIRA:-
LEA: - É meu homem, cara... Meu homem. Bira?!
Bira... Não, não... Matei meu homem. Meu Deus, meu homem! Bira, Bira... (Ouve-se ao longe os choros de Lea misturado
com a Cilene da polícia. Aos poucos as luzes vão se apagando ficando apenas a
luz de neon que entra pela janela)
F I M