Durante o ensaio de Cláudia Leite para se apresentar no Candyall Guetho Square, espaço criado por Brown em Salvador e sede da Timbalada, a cantora convertida ao evangelismo “crente”, desde 2014, mais uma vez altera a letra da música CARANGUEJO onde substitui o nome de um orixá, gerando revolta na população de matrizes africana."Eu canto ao meu Rei Yeshua" ao invés da letra original, "Saudando a rainha Iemanjá" durante o ensaio de verão "Soul D’Rua".
O secretário de Cultura e Turismo de Salvador, Pedro Tourinho, em texto publicado no Instagram, lembrou que a palavra "axé" vem de origem yorubá e, "com essa mesma importância, vêm também os toques de percussão que sustentam, dão identidade e ritmo à chamada axé music". "Quando um artista se diz parte desse movimento, saúda o povo negro e sua cultura, reverencia sua repercussão e musicalidade, faz sucesso e ganha muito dinheiro com isso, mas, de repente, escolhe reescrever a história e retirar o nome de Orixás das músicas, não se engane: o nome disso é racismo", escreveu Tourinho. E foi apoiado por Ivete Sangalo.
Porém Carlinhos Brown saiu em defesa da loira do axé "O Guetho é uma casa laica. Todas as pessoas têm direito a ter suas manifestações. (...) [A atitude de Claudia] É uma coisa que eu não queria estar falando porque é polêmica, e eu tenho uma espiritualidade muito acentuada. Mas eu posso te garantir que Claudia Leitte não é uma pessoa racista".
Enquanto a professora e escritora Bárbara Carine, vencedora do Prêmio Jabuti 2024, também criticou Claudia Leitte. Para a intelectual, a atitude da artista reflete "terrorismo religioso". "É realmente revoltante o racismo religioso, eu diria até um terrorismo religioso, que essas pessoas instauram na nossa cultura. É extremamente revoltante o lucro com a demonização dessa cultura, porque é uma pessoa que vive do axé", pontuou Carine.
Para Carla Akotirene, pesquisadora e escritora, especialista em feminismo negro no Brasil, também comentou o assunto nas redes sociais e chamou Claudia Leitte de "exploradora nata dos bens culturais". "Essa brancura cristã da artista utiliza-se da nossa linguagem, significados e comportamentos estéticos como estratégia de dominação, conforme aborda Doutor Rodney William. Quem deu esse axé para Leite? Nós. Ela até recebeu o título de “negalôra!!”, Carla fez referência ao apelido dado por Carlinhos Brown para a artista. E você carol leitor, qual sua opinião?
