SUJEITO OCULTO
De: Marcondys França
Personagens:
Tom
Will (Namorado de Tom)
Sara
(Amiga de Will)
PRIMEIRO ATO
CENA I
(Estão assistindo tv,
abraçados. Telefone toca. Thomas
atende)
TOM: - Alô?! Soraia! (Surpreso) O que houve? Calma…
WILL: - Que foi amor?
TOM: - (Sinaliza Calma) Onde você está? No
trânsito... Sara, vem pra cá. Isso... Vem pra cá… Vem que agente conversa…
WILL: - (Pega
o telefone) Alô! Sara é Wil. Calma! Não chora… Escuta. Presta atenção…
TOM: - Pede pra ela vir pra cá...
WILL: -Onde você está? Sei… Então, vem pra
cá. Deixa de bobagem! É claro que não vai nos
incomodar. Estamos te esperando. Você vem? Então tá. (Desliga)
TOM: - Desse jeito vai acabar fazendo uma bobagem. Está completamente descontrolada.
WILL: - Mas só ela não enxerga que essa
garota não que nada sério! Poxa vida! Essa garota faz dela de gato sapato!
TOM: - É… Avisar não adianta muito. Já cansie de falar.
Mas, prefere fazer vista grossa! Sabe qual meu medo?
WILL: - Tenho até medo de pensar.
TOM: - É ela
acabar fazendo uma bobagem por causa dessa garota.
WILL: -
Será?
TOM: - Não duvido nada! Está cega de amor. Enlouquerida!
WILL: -
Sabe que as vezes me pergunto: Por que? Sara
é tão independente, bem sucedida, bonita, inteligente… Sempre me
pareceu tão segura!
TOM: - É a outra faceta do amor, meu bem! Quando se torna maior que a razão o
resultado é esse, desequilíbrio. E por falar nisso... Sara não estava fazendo
análise?
WILL: -Deixou de lado. Esqueceu de tudo...
Largou a própria vida de lado para viver essa obsessão.
TOM: - Sei que
não devia... Mas, sinto pena. Ta ai uma pergunta que não quer calar... Será que
essa menina é tão fria quanto parece ou Sara faz questão de maquiar a verdade?
WILL: - Que verdade?
TOM: - É óbvio
que essa moça gosta de ficar com ela! Mas talvez não queira compromisso sério.
WILL: -Tudo me leva a crer que Sara seja
apenas estepe! Pelo que conta o caso com a ex não terminou.
TOM: - Isso é complicado!
WILL: -
Muito. Já não sei mais o
que dizer… (Campanhia)
TOM: - Deve ser ela. É
melhor você atender. Acho que ela se sentirá mais a vontade!
WILL: - (Atende.
Abraça) Meu anjo não fica assim. Entra.
SARA: - Oi Wil!
TOM: -
Oi. Senta! Quer uma água?
SARA: - Não precisa se incomodar.
TOM: - Incômodo algum… (Sai)
TOM: - Que foi dessa vez?
SARA: - Ela viajou.
WILL: - E?…
SARA: - Não me convidou.
WILL: -Quem sabe ela precisa ficar um pouco
só. Até mesmo para repensar sobre a relação...
SARA: - Liguei pra ela... E ela disse que
estava indo para o litoral, passar o fim de semana...
TOM: - (Com a água) Toma. Beba.
SARA: - Obrigada!
WILL: - Pelo menos avisou.
SARA: - Não foi sozinha.
TOM: - A ex?
SARA: - É
TOM: - E qual a dúvida?
SARA: - Quando pergunto se ela e ex... Ela
diz que não, que não tem nada a vê. Que o que sente pela a outra é só carinho.
WILL: - Se é assim… Por que nunca lhe
convida pra ir junto?
SARA: - É que a irmã dela gosta muito da
ex.
WILL: - Até acho super bacana essa preocupação
dela com a irmã e o respeito que nutre pela ex... Mas sinceramente não entendo!
Não é justo com você. E quanto a você? Olha pro teu sofrimento com essa
situação, veja como essa história esta lhe fazendo um baita mal. Fica claro que
você pode sofrer, a ex não! Isso não está certo.
TOM: - Me perdoe Sara... Mas, concordo com
Tom.
SARA: - Sinceramente... Não sei o que
fazer.
WILL: - Olha pra você... Será que não
percebe que aos poucos está se acabando, se diminuindo... Onde está seu amor
próprio? Olho pra você e me pergunto: Onde está aquela Sara que sempre admirei?
SARA: - Esta desapontado.
WILL: - Não. Quero
muito lha ajudar a sair dessa. Só não sei como.
SARA: - é que não me conheceu antes...
Precisava ver o quanto eu era alegre, divertida...
WILL: - Quando lembro de você me vem aquela
imagem, na festa da Ivone, com o pessoal da faculdade... Te achei linda! Você
era o centro das atenções. Eu cheguei até comentar com o Tom... Se eu fosse
hétero, inverteria em você.
TOM: - Mor... Assim fico com ciúmes.
SARA: - Que isso Tom! Dá pa pra vê nos
olhos de vocês o quanto se amam... Sei que é até feio o que vou dizer. È tão
bonito de vê-los que invejo! Não que queira que o relacionamento de vocês dê
errado. Longe de mim! Mas, gostaria de viver uma história assim.
TOM: - Eu sei. Diremos que é uma inveja
construtiva.
WILL: -É... É muito bom quando agente
encontra alguém que amamos e que nos ame também. Essa troca é que fortalece a
relação. Mas isso não é só um acaso não... Ou sorte... É uma conquista. A base
de um bom relacionamento é a conversa, a sinceridade, a dedicação... Não é
fácil! A cada renúncia, a cada conquista... Estamos acrescentando um tijolo
para solidificar nossa relação. Mas posso lhe afirmar minha querida o mais
difícil é o acabamento e a manutenção, o dia-a-dia!
TOM: - Pois é... Sempre que temos
problemas, sentamos e conversamos. Não é Mor?
WILL: - É. Quem sabe se não é isso que você
precisa fazer... Sentar e conversar.
THOMAS: - Senta e conversa com ela sobre o que
está sentindo. E, assim, quem sabe... Creio que precise impor alguns limites.
Ou vai ficar sempre nessa... Cedendo, cedendo... Sem o retorno que espera.
WILL: - Também acho que é hora de você tomar
uma decisão definitiva. Mesmo que isso lhe traga sofrimentos.
TOM: - Sofrimento por sofrimento você já
está sofrendo.
SARA: - E se ela quiser terminar?
WILL: - Terminar o que? Não sente que está
faltando algo? Acredita mesmo que tem um relacionamento?
TOM: - Vai passar a vida inteira recebendo
migalhas? Merece mais que isso!
WILL: -Liga pra ela.
SARA: - E se a irmã atender?
WILL: - Pede pra falar com ela.
SARA: - Vai achar que estou tentando
controlar os passos dela.
WILL: - Que quer fazer?
SARA: - Acho melhor esperar até segunda.
WILL: - Vai agüentar?
SARA: - Talvez esteja vendo coisas onde não
há. A gente ontem estava super bem. Ela foi tão carinhosa comigo.
TOM: - Até quando vai ficar se enganando? Dá
um chute nessa garota. Não merece teu amor! Amiga, você está se acabando.
SARA: - Vou pra casa.
TOM: - Fica. Dorme. Você
não está legal…
SARA: - É que meu pai vai ficar preocupado.
WILL: - É só ligar pra ele! Avisa que vai
dormir aqui.
SARA: - Obrigada! Estou bem.
WILL: - Tem certeza?
SARA: - Tenho.
TOM: - Então tá bom. Mas se precisar de
qualquer coisa... Liga! Ah! Liga assim que chegar na tua casa... Ta bom?
SARA: - Eu ligo.
TOM: - Qualquer coisa... Estamos aqui!
SARA: - Obrigada!
WILL: - Vem almoçar conosco amanhã?
SARA: - Tenho que estudar.
WILL: - Trás os livros.
SARA: - Eu ligo.
WILL: - Então tá! O convite está feito.
SARA: - Tchau Thomas! Obrigada.
TOM: - Te cuida. E não esquece... Se
precisar...
SARA: - É... Eu
sei. E agradeço a força. Tchau Will! E desculpa...
WILL: - Que isso! Se precisar, estamos aqui.
TOM: - Vou contigo até o elevador. (Saem)
WILL: - Meu Deus! Que
barra! (Apagam-se as luzes. Fim do
primeiro ato)
SEGUNDO ATO
TOM: - (No
telefone) Não mãe... Hoje não dá. É que estou preparando a janta. E também já é tarde. Ir
até ai e voltar correndo… Não vale apena.
Dormir? Hoje não. Outro dia. Tá bom! Pode deixar! Beijo! (Desliga.
Dirige-se até a mesa que está quase arrumada) Isso! Assim está bem melhor! Agora
só falta... Droga! É claro! Dar uma ageitada no visual. Mas essa comida que
neão chega! (Pega o telefone) Alô? Boa noite! É que fiz um pedido e já faz algum tempo… Vocês haviam
falado que entregaria em meia hora… Isso! Já está com
mais de quarenta minutos. Willian. Tudo bem! Ok! Obrigado. (campanhia) Até que enfim chegou! (Atende) Obrigado! Aqui está o cheque. Boa noite! Bom… Agora é só por no
micro ondas… Willian, já pro banho! (Luzes
se apagam. Barulho de elevado e chuveiro).
WILL: - Mor?...
TOM: - Tô no banho…
WILL: - Que isso?
TOM: - Não achou que passaria em branco… Não
é?
WILL: - Estou surpreso!
TOM: - Gosta? (Aponta a mesa)
WILL: - Está maravilhosa! Você caprichou.
TOM: - Então vai tomar um banho bem gostoso...
WILL: -
Ai que feio! Me chamou de sujo! Isso
não é romântico!
TOM: - Hoje você é todo meu. Preparei um
banho todo especial!
WILL: -
Pra nós! (Puxa Willian pro banheiro Apagam-se as luzes)
(Os dois estão sentados
frente-a-frente. Ambos de roupão e cabelos molhados)
TOM: - Sabe que me deu fome!
WILL: - Em mim também.
TOM: - Olha que preparei… Receita da vovó!
WILL: - É… Vi a caixinha no lixo.
TOM: - Ah, que feio! Isso é tão... Ante-romântico!
Mas acontece que estou tão feliz que nada poderá me fazer perder o humor!
WILL: - Que bom! Também estou feliz.
TOM: - (Pega
o champanhe) Então… Um brinde! Vamos brindar ao seu aniversário! Ao nosso casamento… A nosso amor!
WILL: - Um brinde a nós!
TOM: - Parabéns!
WILL: - Hoje a noite é nossa!
TOM: - Só nossa!
WILL: - Que seja eterna enquanto dure…
TOM: -
Detesto essa frase. Dá de
que nada é durável!
WILL: - Quero que saiba que estou muito
feliz de está ao teu lado, comemorando este quarto aniversário... E você
Willian, é meu menino, meu homem, meu amor... Gosto muito de está ao teu lado.
TOM: - Acho até que já está cansado de
ouvir eu dizer que te amo... E desejo ficar bem velhinho ao teu lado. (Beijos) Tenho medo.
WILL: - De que?
TOM: - Se eu ficar enrugado?
WILL: - Plástica!
TOM: - Cabelos brancos?
WILL: - Agente pinta.
TOM: - Barrigudo?
WILL: - Lipo!
TOM: - E se eu deixar de ser interessante
pra você? Não, eu sei que a concorrência é grande lá fora...
WILL: - Isso não vai acontecer… Invento uma
máquina que volte no tempo e agente começa tudo de novo!
TOM: - Gostei disso!
WILL: - É tão bom está, aqui juntinhos!
TOM: - Tantos estão por aí em busca disto
que vivemos e não encontram. Pelo que tenho percebido, encontrar alguém que nos
ame de verdade, que se dedique, que aposte numa relação como esta que
construímos... É tão raro!
WILL: -
É... Mas, conseguimos!
TOM: - Você tem mudado tanto! As vezes te
olho e…
WILL: - Como assim?
TOM: - Você não é mais aquele jovem
universitário... Alucinado pela legião, com aquelas idéias de mudar o mundo!
Você cresceu. Não mais te vejo como um menino, mas como um homem. Lindo!
Completamente gostoso e meu. Até
vaidoso se tornou!
WILL: - Tenho um bom professor!
TOM: - Te amo!
WILL: - (O
beija) Estive pensando… Que acha da gente ir pra Porto Alegre?
TOM: - Acho ótimo! Mas, e a grana?
WILL: - Em último caso, faço um empréstimo!
TOM: -
Empréstimo!
WILL: - É. Ano que vem, você vai ter mais
trabalhos com sua peça... Vai está mais divulgada. E eu fechei com aquele
condomínio.
TOM: - Sei não…
WILL: - Agente dá um jeito! Só não quero ter
que ficar aqui nas férias. Ah, mor! Mereço! Nós merecemos!
TOM: -
Também quero muito viajar. Só
nós dois… Nossa segunda lua de mel!
WILL: - é exatamente isso! Acho que
precisamos parar um pouco para curtir um ao outro. (Beijos. Apagam-se as luzes).
CENA II
(Campanhia. Thomas atende)
TOM: - Sara?
SARA: - Me desculpa...
TOM: - Entra. Tudo
bem?
SARA: - Mais ou menos.
TOM: - Que
houve desta vez? Que ela aprontou?
SARA: - Me sinto tão ridícula! Vê só...
Liguei no celular dela e adivinha quem atendeu?
TOM: - A ex?
SARA: - Isso. Qualse meia noite. Depois tentei várias vezes e só caixa
postal... E quando atende... O pior não é isso... Pedi pra falar
com ela. A outra teve a
cara de pau de dizer que não dava por que estava ocupada.
TOM: - E você?
SARA: - Liguei na casa dela. Isso por que
ela me pediu pra não ligar lá, por causa da irmã. Mas liguei mesmo assim! A mãe
dela atendeu e disse que ela estava viajando.
TOM: - E
agora está convicta.
SARA: - Se não gostasse de mim, não
teria me levado ao motel. Não teria sido
tão: carinhosa, atenciosa, doce... Poxa! Ela disse que gosta de mim!
O que rola com essa garota
é só amizade.
TOM: - Gostar,
não é amar! Se te amasse verdadeiramente enfrentaria mãe, pai, irmã... O mundo
se preciso fosse! Não deixaria de está ao teu lado pra ficar com a outra.
SARA: - O que ela alega... è que não quer
atrapalhar a carreira dela. Que está estudando muito pra se formar em medicina.
Que precisa se dedicar muito!
TOM: - E por
isso atrapalha a sua? Não é justo! É isto que deseja pra tua vida? Viver
assim, num desespero, nessa angustia?
SARA: - Que acha que devo fazer?
TOM: - Que já deveria
ter feito a muito tempo! Olha Sara, já é hora de acabar com essa tortura. Se
tivesse em teu lugar, se descobrisse que Tom... E olha que o amo muito
SARA: - Você acha que...
TOM: - É só
uma suposição.
SARA: - Imagina! Tom te ama.
TOM:: - Também o amo muito e você sabe disso. Mas se
descobrisse que tem um caso fora... Por mais que eu sofra, pode
acredita...
SARA: - Nem pense nisso! Não consigo imaginar essa possibilidade! O Tom
é louco por você.
TOM: - Mas desse mundo podemos esperar tudo! Hoje tudo bem. Amanhã, não sabemos… Acredito
muito no caráter dele e, enquanto confiar... Estaremos juntos. Quando está
confiança for quebrada, ai sim... Estará tudo terminado entre nós. Não
nasci pra estepe!
SARA: - Não vejo essa possibilidade... Ainda mais vocês! Pra lhe ser
sincera... Vocês são meu espelho. Se um dia vocês separarem, ai sim, deixarei
de acreditar que se é possível um relacionamento de verdade entre pessoas do
mesmo sexo.
TOM: - E você?
Que vai fazer?
SARA: - Voltei pra análise! Decidi bloquear
o número dela no meu celular... Também pedi em casa pra ninguém me passar
ligações dela. Cansei. Estou farta! Tenho que tomar atitudes que me beneficie. Viemos ao
mundo para ser feliz!
TOM: - É isso ai! Estou gostando de ver. Só espero que não volte atrás!
SARA: - De hoje em diante só quero quem me
dê valor!
TOM: - É isso ai! Devemos amar quem nos ama. Acredito que sem respeito não há
relacionamento. Mas fico feliz que você esteja reagindo positivamente a essa
situação. Sabemos que não será fácil. Quem sabe agora você consiga enxergar
novas possibilidades.
SARA: - Will... Nem sei como agradecer por
tudo que vocês tem feito por mim.
TOM: - Pra que
serviriam os amigos se só servissem para os bons momentos!
SARA: - Deixa eu ir.
TOM: - Não vai
esperar o Will?
SARA: - Realmente preciso ir. Dá um abraço
nele por mim.
TOM - Pode deixar! Se precisar de qualquer
coisa, a qualquer hora, não se acanhe... Estamos aqui de braços abertos!
SARA: - Tom...
TOM: - Oi...
SARA: - Obrigada!
TOM: - Não por
isso. (Se abraçam. Sara Sai).
CENA III
(Entra Thomas)
WILL: - Oi! (Beija)
TOM: - Demorou!
WILL: - Que
inferno! O ônibus demorou.
TOM: - Mais um
pouco pegava Sara aqui. Acabou de sair.
WILL: - Cada
dia estou mais convicto que temos que comprar um carro.
TOM: - Estava
lhe esperando pra jantar.
WILL: - Oh, amor! Desculpa! Deveria ter jantado.
TOM: - Não queria jantar sozinho. Também não custa nada esperar.
WILL: - Então
vamos comer!
TOM: - Você não
que tomar banho primeiro?
WILL: - Não. Depois! Você
está com fome?
TOM: - Você não?
WILL: - Ô!
TOM: - Fiz
salada. Só falta temperar…
WILL: - Tá bom.
TOM: -
Como foi teu dia?
WILL: - Cansativo. Corri o dia todo. Preciso urgente de umas férias!
TOM: -
Sara decidiu dar um basta.
WILL: - Até que enfim! Antes
tarde que nunca. Só faltava ela perceber que aquela menina não tem o menor
respeito por ela.
TOM: -
É! Existem dois tipos de cegos… Os que não vêem e os que não querem ver. E por
falar nisso fica esperto...
WILL: - Por que está dizendo isto?
TOM: -
Se eu perceber que está me passando pra trás, não vai prestar... Corto as
coisas!
WILL: - De onde tirou isso?
TOM: -
Ontem a noite… Me chamou de Max.
WILL: - Max?
Eita, peiga!
TOM: -
Quem é Max?
WILL: - Como vou saber? Um dia dou aulas
dormindo, outro falo nome… Estou ficando maluco!
TOM: - Ah, Inocente! Posso lhe fazer uma pergunta?
WILL: - Claro!
TOM: - (Pega uma cueca) Por que você lavou
essa cueca assim que tirou?
WILL: - Ah! È que derramou água sanitária
quando eu estava limpando a pia. Ai pra não manchar...
TOM: - Não tem
cheiro! E não há mancha no short. Não acha estranho?
WILL: - Não, não acho. O que está querendo
insinuar com isso?
TOM: - Só lhe
peço uma coisa… Se algo estiver errado, por favor, não mente pra mim. Admito
tudo nesta vida, menos mentira.
WILL: - Você
deve achar que sou um galinha, que fico por aí com todo mundo... Que sirvo o
exercito! È essa idéia que faz de mim!
TOM:: - Prefiro perguntar do que ficar imaginando coisas.
WILL: - Olha cara, eu nunca fui até o fim
com ninguém.... Você é a única pessoa
que fui até o fim.
TOM:: - As vezes tenho a impressão que você tem vontade de
abrir asas e sair voando livremente...
WILL: - Está enganado! Eu escolhi ficar com
você. Viver juntos e quero muito que dê certo.
TOM: - Às vezes tenho a nítida impressão
que está me evitando. Sempre que lhe procuro…Está cansado!
WIL:: - E estou. Pô…
Tenho corrido pra caramba e você sabe disso.
TOM: - Eu também corro muito e ainda cuido
da casa. Me sinto carente... Escuta. Quero curti meu casamento. As vezes
tenho a impressão que você mesmo estando aqui ao meu lado... Está
tão longe...
WILL: - Me perdoa! Vou
melhorar. Juro que é cansaço. (Tempo)
Vem ca.
TOM: - Não. Não quero consolo. Quando realmente você sentir vontade… Me
procura. Escuta. Só tenho
você e se reclamo sua ausência é que não tenho outro pra substituir... Te
quero por inteiro! (Sai. Apagam-se as
luzes).
TERCEIRO ATO
TOM: - (No telefone) Oi! Tudo bem! Foi ótimo! Um final de semana
maravilhoso. A praia
estava divina! È…
WILL: - Quem é?
TOM: - Minha mãe.
WILL: - Diz que estou mandando um abraço.
TOM:: - Will esta lhe mandando um abraço! (Pra ele) Outro. Esta perguntando a que
horas vamos chegar lá amanhã...
WILL: - Ás sete!
TOM: N: - Iremos só à noite. Não, não vai
dar... Temos algumas coisas pra resolver por aqui. Então ta bom.
Beijo! (Desliga) Te mandou um beijo.
Gostaria que agente almoçasse com eles. Disse que fez seu prato preferido.
WILL: - Ah,
mor! Quero descansar um
pouco.
TOM: -
Ta bom! È... Mais um ano,
juntos!
WILL: - Quero muito outros!
TOM:: - Também! Essas férias… Nossa viagem
juntos… Que podemos considerar nossa lua de mel. Foram ótimas!
WILL: - Necessárias!
TOM: - E
como! E teu balanço sobre
este ano?
WILL: - Tem sido cansativo. Mas bom.
TOM: - E ano que vem? Que deseja?
WILL: - Menos correria, contas em dia, um
carro e menos gastos compulsivos…
TOM: - Só?
WILL: - E claro… Melhorar ainda mais nosso
relacionamento! Me dedicar mais. “I am Promet!”
TOM: - Quero entrar numa grande cia de
teatro… Conquistar meu espaço! E claro, muito amor! Que adianta tudo se afetivamente não
estiver bem?
WILL: - Vamos preparar as coisas...
TOM: -
Vamos… E nossas filhas? Deu
comida pra elas?
WILL: - Já.
TOM: - Acha que vai demorar entrar no cio?
WILL: - Pelo amor! A veterinária disse que
gata entra no cio pelo peso.
TOM: - Pensei que fosse por idade. Então
nossa primogênita ta perto!
WILL: - Nem me fala. Ano que vem temos que
operar…
TOM:- Coitada!
WILL: - Coitado de nós! È mais uma facada.
TOM: - Vamos organizar as coisas...
WILL: - É… Vamos.
TOM: - Mas primeiro vem cá. Vamos fazer uma
coisinha...
WILL: - Mor… Tava pensando em uma coisa…
TOM: - Uma coisa é? Sabe que eu também...
WILL: - É
sério.
TOM: - Quem disse
que estou brincando! Embora
podemos fazer uma brincadeirinha!
WILL: - Para!
È sério. Favos fazer um
acordo…
TOM: - Qual?
WILL: - A gente rompe o ano na casa da tua mãe...
Depois agente vai com os meus pais pro sítio da minha tia.
TOM: - Teus pais me odeiam!
WILL: - Isso não é verdade. Também
não é assim!
TOM:: - Sei. Juram
que fui eu que coloquei o filhinho no mau caminho!
WILL: - Acho que já é hora de enfrentar. Se
vamos passar o resto de nossas vidas juntos...
TOM:: - Gostei disso! Sendo asim, tudo bem! Mas me promete que não vai me deixar
sozinho um só minuto. Promete?
WILL: - Prometo!
TOM: -
Agora vem aqui… Mereço ser recompensado! (Apagam-se as luzes. Barulho de fogos).
CENA IV
(Ascende as luzes. Os
dois na cama).
WILL: - O que você tem?
TOM: - Não sei... Não estou legal. Me sinto
zonzo!
WILL: - Amor…
Está com febre. Vou pegar
um remédio. Você não parecia muito à vontade. Que ouve?
TOM: - Nada…
WILL: - Não gostou da minha tia?
TOM: - Tua tia é um amor de pessoa. Super
bacana!
WILL: - Alguém lhe tratou mal?
TOM: - Não.
WILL: - Você me pareceu estranho.
TOM: - Impressão sua.
WILL: - Que foi?
TOM: - Quer mesmo saber?
WILL: - Quero.
TOM: - Me senti
super mau.
WILL: - Por que?
TOM: - Como por que? Poxa, cara!
WILL:
- Não entendo!
TOM: - Não entende?
WILL: - Não.
TOM: - Te vendo na piscina com seus tios…
WILL: - Qual o problema?
TOM: - Qual o problema? Depois de tudo? Você parecia tão a vontade, tão feliz...
Nem parecia que eles... Você sabe.
WILL: - Não, não sei.
TOM: - Parecia
tão satisfeito.
WILL: - Deveria
ser o contrário?
TOM: - Thomas,
sinceramente… Se meus tios tivessem abusado de mim na minha infância, eu os
odiaria por toda eternidade. Queria ver o diabo a eles!
WILL: - Ás
vezes... Tenho a impressão que odeia minha família.
TOM: -
Família? Que família é esta? Que usa o sobrinho, ainda menino, pra coisas
promiscuas… E você, ao invés de odiá-los, admira-os.
WILL: - Não os
odeio.
TOM: - Seus
pais deveriam odiá-los, não a mim! Sabe que acho?
WILL: - O que?
TOM: - Que sente falta…
WILL: - Falta de que?
TOM: - De tudo que aconteceu. Parece que na verdade você gostaria de
reviver o passado. Que você os tem com super heróis!
WILL: - Pirou!
TOM: - Quando
seu tio mais novo se casou… Você não conseguiu esconder sua frustração. Ai pensei:
Meu Deus! Onde estou pisando!
WILL: - Você
está sendo injusto.
TOM: - Não me
venha falar de justiça! Pensa o que? Cara, acha mesmo que sou ingênuo... Que
não percebi? Você tem mudado... Seu
comportamento…
WILL: - Impressão
sua.
TOM: - Durante nossa viagem… Nossa tão esperada lua de mel!
Você me evitava. Fazia de
tudo pra que nós não ficássemos à sós no quarto. Tem algo
errado. Eu sinto. Não sou idiota! O que está errado? Se está acontecendo algo
por favor me diga…
WILL: - Não
tem nada errado. Você está sendo neurótico.
TOM: - Neurótico?
É neurose vê tua irmã o tempo todo se roçando em você na piscina? Quem não os
conhecesse achariam que são um casal, marido e mulher. Me senti num campo
minado, bombardeado por todos os lados! Não
consigo me fingir de cego.
WILL: - É… Talvez tenha razão! Também já percebí. Ela tinha
parado. No começo sempre
achei que fosse carência de irmã… Mas depois notei que era demais. Dei
umas duras. Ela tinha parado. Mas
agora está voltando a fazer…
TOM: - É
neurose minha!
WILL: - Desculpa!
Vou me vigiar mais.
TOM: - Não me
ama mais…
WILL: - Isso não é verdade.
TOM: - O que é
verdade?
WILL: - A verdade é… Que estou com você... Por que quero… Por escolha minha…
TOM: - Não quero fique comigo por qualquer outro
motivo que não seja amor. Se quer ficar comigo que seja por amor. Seja
digno, seja franco. Oportunidade tem... (Sai)
WILL: - Merda! (Apaga-se
a luz)
CENA V
(Ascende a luz. Willian
esta sentado em frete ao computado)
TOM: - Amor? Que houve? Que faz aqui a está hora? E o trabalho?
WILL: - Hoje não fui...
TOMA: - Que cara é essa? Que foi?
WILL: - Preciso te contar uma coisa.
TOM: - Ai! Que foi? Aconteceu
alguma coisa…
WILL: - Tenho um negócio pra te contar...
TOM: - Então
fala… Esta me deixando nervoso cara. Fala.
WILL: - Não sei se tenho coragem!
TOM: - O que você fez?
WILL: - Eu sinto muito…
TOM: - Fala.
WILL: - Eu te traí.
TOM: - O que?
WILLI: - Eu traí você.
TOM: - Não acredito que tenha tido a
coragem!
WILLI: - Sinto muito.
TOM: - Desembucha… Não me esconde nada.
Quero saber tudo. Tudo! (Puxa uma
cadeira)
WILL::
- Tenho te traído...
TOM: - Como?
WILL::
- Tenho ido ao
cinemão...
TOM: - Então tem transado com…
WILL: - Com outros caras…
TOM: - Outros?
WILL: - Não tenho sido honesto.
TOM: - Há quanto tempo vem me enganando?
WILL: - Há um ano e maio.
TOM: -
Que? Um ano e meio! Mas
como?
WILL::
- Na hora do almoço.
TOM: - Então por isso que me ligava todo
dia na hora do almoço, pra ter certeza que eu estava no trabalho! Que
fazia?
WILL: -
Pra que isso?
TOM: -
Quero saber tudo. Se vai
ser honesto não omita nada.
WILL: - Isso não tem importância.
TOM: - Pra mim tem. Seja honesto comigo.
WILL: -
Tudo… Tudo?
TOM: -
É. Fez sexo a três?
WILL: - Fiz…
TOM: - Usou camisinha?
WILL: - Usei…
TOM: - Se envolveu com alguém?
WILL: - Sim… Conheci um cara… Transamos… Eu
gostei. Voltei outras vezes na esperança de encontrá-lo...
TOM: - Se apaixonou por ele?
WILL: - Pra que isso?
TOM: - Responde!
WILL: - Era casado com outro cara. O que eu
poderia esperar de um cara que encontrei lá?
TOM: - Chegou a ir a casa de alguém?
WILL: -
Fui...
TOM: - Onde?
WILL: - Encontrei na paulista e…
TOM: - Meu Deus! Quem é você?
Um monstro! Como pode
fazer isso comigo?!
WILL: - No começo era só uma aventura, mas
depois isso foi ficando intenso, e quando vi, não conseguia parar. Virou um
vício. Como uma droga!
TOM: - As cuecas… O bolso rasgado… Tua
falta de interesse... A falta de grana! Você torrava todo dinheiro naquele
buraco.
WILL: - Por isso que procurei ajuda do
psicólogo que me encaminhou pra um
psiquiatra. Eu queria sair, parar, mais não conseguia. Detectaram em mim uma
compulsão!
TOM: - E eu?
WILL: - Eu quis contar, mais não conseguia.
Eu olhava pra você sempre tão seguro de teus sentimentos, de seus atos dono da
tua própria vida... Me sentia um lixo ambulante. Quantas noites eu parava na
ponte da praça da bandeira e tive vontade de pular... Só pra não voltar pra
casa e ter que te encarar!
TOM: - Que senti por mim?
WILL: -
Não sei...
TOM: - Não sabe?
WILL: - Estou confuso.
TOM: - Um ano e meio! Deus!
Como fui tolo. Acreditava
que me amava… Tudo que vivemos até hoje é uma mentira. Nossas noites de amor,
as coisas que me dizia... Que burro que fui! Imbecil! Confiava em
você. Nunca pensei que
fizesse isso comigo. Por que? Por que?
WILL: -
Estraguei tudo.
TOM: - E
agora? Que faremos? Meu
Deu que vergonha!
WILL: - Você não fez nada. Não tem do que se
envergonhar.
TOM: - Acreditei em você. Apostei em nosso
amor! Sara sabia de tudo. Por isso veio com aquela conversa... Não me disse
nada!
WILL: - Sara reprova minha atitude. Sempre
me incentivou a contar. Não achava justo contigo... Me perdoa. Eu quero
melhorar! Quero parar com isso. Quero continuar nossa história... Sem mentiras,
sem me sentir culpado... Não quero te perder! Se não te contei antes é que tive
medo de te perder. Você é uma pessoa muito especial!
TOM: - Sou um tremendo babaca apaixonado!
Se eu fosse tão especial você não teria... Sempre conversamos... E juramos que
se algo estivesse errado, sentaríamos e conversaríamos sobre o assunto...
WILL: - Fui covarde... M e arrependo. Me
ajuda Will... Me dá uma chance.
TOM: - Como posso dar uma chance a um cara
que nem sabe o que sente por mim?
WILL: - Não quero te perder. (Chora feito criança)
TOM: - Há algo mais que eu precise saber?
WILL:
- Não.
TOM: - Preciso dar uma volta. Estou me
sentindo sufocado.
WILL: - Onde vai?
TOM: -
Pro inferno!
WILL: - Will...
TOM: - Me deixa! Me deixa. (Sai)
(Thomas continua
estático chorando. Apaga-se a luz).
CENA VI
(Willian Chegando,
Thomas saindo)
TOM: - Já vai?
WILL: - Já. Tenho que chegar mais cedo pra
ajudar na produção. Você vai que horas?
TOM: - Hoje não vou. Estou
cansado. O trabalho foi dobrado!
WILL: - Ah, amor! Hoje é a última
apresentação. Gostaria muito que fosse.
TOM: - Gostaria de ir. Mas, não estou no
pique. Vão comemorar a apresentação?
WILL: - Talvez o pessoal… Eu quero vir pra
casa.
TOM: - Então posso te espera?
WILL: - Claro!
TOM: - Então tá. Vê se não se cansa.
WILL: - Vou tentar!
TOM: - Mais ou menos que hora vai chegar?
WILL: - Termina as nove. Até desmontar tudo…
Entre dez e meia às onze horas.
TOM: - Vou esperar. Bom espetáculo!
WILL: - Obrigado! Até mais tarde. (Sai)
TOM: - Até. (Fuça a mochila de Thomas. Encontra um papel. Lê). Mas que merda é
essa? Um B. O.? Este endereço... Avenida Ipiranga... Cinema... Furto. Meus
Deus! Que canalha! Filho da puta! Desgraçado! Mentiroso... Quanta lama! Quem é
esse cara que vive comigo? Quantas coisas ocultas!
(Abaixa luz. Som de
relógio).
TOM: - (Pega
o Telefone. Exita. Liga) Will?! Onde está? Já vai dar meia noite… Disse que
não sairia. Tá, Tá bom! (T) Merda!
Pensa que sou idiota?! Babaca! É desse jeito que quer uma chance? Droga, droga,
droga! Não posso viver assim. Ele
vai ver… (Barulho de relógio)
WILL: - (Chega
de manso)
TOM: - Você acha que sou o que? Idiota?
Estou cansado. Você não
sabe o que quer. Diz que vai fazer uma coisa, faz outra! Que está tentando,
tentando, tentando... E a vida vai passando enquanto usa sempre a mesma
desculpa: “To tentando!” E eu? Como fico? Sabe
o que acho? È que está no ponto esperando o ônibus passar, enquanto eu faço
companhia enquanto decide... Ou seja, pode ser que siga viagem sozinho e olhe
para trás me acene e diga: “Olha, valeu... Mas não dá mais...” Não sou este
anjo compreensivo que vai ficar aqui suportando tudo enquanto você fica em cima
do muro. Só me responde uma coisa... Que verdadeiramente sente por mim?
WILL: - Não sei. Estou confuso.
TOM: - Conta uma novidade! Seja honesto.
WILL: - Carinho. Respeito. Admiração…
TOM: -
Parece que estou ouvindo minha mãe. Isso
não é amor!
WILL: - Te admiro muito.
TOM: - Olha.. Cansei!
Admiração, carinho, respeito... Isso
deixo pra minha mãe. O que quero você não tem condições de me dar. È
duro ter que dizer isto. Estou no meu limite. Acho melhor agente acabar tudo
aqui. Nossa história termina aqui. Mereço
muito mais que isso que estou vivendo ao teu lado. Você não está feliz ao meu
lado, eu não estou feliz ao teu. Então pra que ficar se enganando? Não adianta
ficar criando ilusões que as coisas vão melhorar, porque não vão. Vai viver a
tua vida, vai ser feliz da tua maneira. Eu quero ser
feliz, amado e respeitado. É isso ai.
WILL: - É um direito que tem...
TOM: - O que mais tem pra me contar? Que
mais esconde?
WILL: - Não há mais nada.
TOM: - Não há... (Puxa o B.o.) Que significa isto?
WILL: - (Pega
abismado) Como encontrou?
TOM: - A casa caiu pra você. Não há mentira
que não seja revelada.
WILL: - Aconteceu.
TOM: - Aconteceu?
WILL: - Lá no cinema. Fui roubado...
Enquanto fazia sexo num grupo, rasgaram a pochete e levaram tudo sem que eu
percebesse.
TOM: - A coisa é mais grave que pensei.
Tenho certeza que ainda tem mais...
WILL: - Rolou…
TOM: - De que está falando?
WILL: - Um beijo… com…
TOM: - com?
WILL: -
Jonas.
TOM: -
Jonas!
WILL: - É.
TOM: - Há quanto tempo isso vem rolando,
desde Quando?
WILL: - Juro que foi a primeira vez.
TOM: - Você jura? Como pode ser tão… Tenho
nojo de você. Te odeio... Você é a pessoa mais suja e desonesta que conheço.
WILL: - Não diga isto.
TOM: - Se tô indo embora é por te amar
demais. È pra não deixar que a emoção sobressaia a razão.
WILL: - Não… Não me deixa…
TOM: - Não encosta em mim! Fica longe de
mim.
WILL: - Eu dei o melhor…
TOM: - E
como deu! Imagino o quanto! Não é o suficiente. Mereço mais que isso. Só te peço uma coisa… Não seja objeto
do prazer dos outros. Você pode valer mais que isso. Se continuar agindo assim
vai acabar...
WILL: - Você é muito especial.
TOM: - Grande coisa! Do que vale ser
especial e ser trocado pelas pessoas mais podres da cidade.
WILL: - Estraguei tudo! Só
queria morrer.
TOM: -
Não vai resolver nada. Não
vai apagar o que tem feito. O que Jonas representa pra você?
WILL: -
Acho que estou apaixonado. Aconteceu!
Sinto muito.
TOM: - A quanto tempo estão juntos?
WILL: - É
recente.
TOM: -
Mentira.
WILL: -
Eu juro.
TOM: -
Seu podre. Canalha! Galinha! Covarde, mentiroso… Te odeio! Você mentiu pra mim.
Isso vem rolando a muito tempo. E
por isso que ele estava desconfiado naquele dia lá nos camarins do Centro
Cultural…
WILL:: - Juro que não.
TOM: -
Cala a boca! Seu babaca. Você
me usou o tempo todo… Vocês me usaram! E eu idiota.
Fazendo produção no espetáculo de vocês. Recebendo
aquele covarde aqui em minha casa. Isso não vai ficar assim! (Pega uma Faca).
WILL:: - Não cara, não faz isso... Eu juro...
TOM: - Cala essa boca seu galinha! (Espanca)
WILL: - Para com isso… Não… Não faz isso!
TOM: - Vou acabar com você...
WILL: -
Não cara… Não faz isso! Juro
que não aconteceu nada além...
TOM: -
Cala a boca. Agora você conseguiu o que quaria. Será o primeiro dançarino da companhia… Afinal, de contas
é o amante oficial do diretor.
WILL: S: - Isso não é verdade.
TOM: - Tudo em tua vida é uma mentira. Por
que você é um mentiroso, cretino... Quantos anos jogado fora ao lado de um
lástima como você. Que idiota que fui! Mas acabou. Você vai se
arrepender. (Pega uma arma)
WILL:
- Não… Pelo amor de Deus! Não
faz isso comigo… ( Tom agride Will)
TOM: - Canalha! (Apagam-se as luzes)
F I M
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