PECADO
De: Marcondys França
JOEL
EZEQUIEL:
(PAI DE JOEL)
RUTE:
(MÃE DE JOEL)
SUNAMITA:
(IRMÃ DE JOEL)
MIDIÃ:
(NOIVA DE JOEL)
SAULO:
(PAI DE MIDIÃ)
HELENA:
(MÃE DE MIDIÃ)
ISAC:
(IRMÃO DE MIDIÃ)
DAVI:
(AMIGO DE JOEL)
SARA:
(MÃE DE DAVI)
PASTOR
PASTOR
PRIMEIRO
ATO
CENA
I
(APÓS
O CULTO AS DUAS FAMÍLIAS SE REUNEM PARA ACERTAR DETALHES DO CASAMENTO DE JOEL E
MIDIÃ)
EZEQUIEL:
-
É uma imensa satisfação vê nossas famílias unidas, não só pela fé, como também
pelos laços sagrados do matrimonio.
SAULO:
-
Muito feliz no Senhor, que tem a cada dia confirmado essa união.
RUTE: -
Midiã é uma jóia rara, ungida, educada segundo a palavra de nosso Senhor Jesus
Cristo.
HELENA: -
Tenho muita sorte... Quão bondoso é o nosso Deus, por me presentear com uma
filha tão exemplar.
SAULO:
-
Mas vosso filho também não fica atrás. É um jovem dedicado, temente a Deus,
criado conforme a palavra... Um homem de fé!
TODOS: -
Amém!
EZEQUIEL:
-
Creio que Deus já deu vários sinais de confirmação que enfim, esta união seja
concretizada.
SAULO:
-
Verdade... Irmão Ezequiel... também estou de comum acordo, que nossos filhos,
sejam unidos pelos laços do matrimonio.
HELENA: -
Creio que nossos filhos também estão de comum acordo.
RUTE: - Quanto a isto não
resta nenhuma dúvida. Vê-se nos olhos de nossos filhos o quanto se amam...
EZEQUIEL:
-
Então só nos resta consultar nosso pastor para averiguar qual sua opinião, com
relação a esta união, e não havendo nenhum impe cílio, marcamos a data.
RUTE:
-
Será uma grande benção para nossas famílias. Estando tosos de acordo, então só
nos resta comemorar... Fiz modesta parte um delicioso bolo de laranja.
HELENA: -
Isso é muito bom irmã! Estou pra conhecer alguém com uma mão tão abençoada para
fazer um bolo tão gostoso quanto a senhora.
RUTE:
-
Muita gentileza sua. Por favor... Venham, vamos para a cozinha.
CENA
II
MIDIÃ:
-
Falam de nós...
JOEL:
-
É... decidem nossos destinos
MIDIÃ:
-
O incomoda?
JOEL:
-
Não que me incomode... Mas, creio que deveríamos, nós mesmo ser os donos de
nossos destinos.
MIDIÃ:
-
O Senhor é dono de nossos destinos. Nada acontece, que não seja por vontade
dele.
JOEL:
-
Não acha cômodo demais jogar tantas responsabilidades nas mãos do Senhor?
MIDIÃ:
-
Ele sabe o que é melhor para nós.
JOEL:
-
Crê mesmo nisso?
MIDIÃ:
-
Não queres casar?
JOEL:
-
Não se trata disso. Me incomoda o fato dos outros decidirem por nós...
MIDIÃ:
-
São nossos pais... Desejam nossa felicidade.
JOEL:
-
E se estiverem errados?
MIDIÃ:
-
Tens dúvidas?
JOEL:
-
Você não?
MIDIÃ:
-
Não. Sempre te amei. Não me amas?
JOEL:
-
Não se trata disso. Claro que a amo! Só gostaria que respeitassem nosso tempo.
MIDIÃ:
-
Não se sentes preparado para tal compromisso?
JOEL:
-
É uma decisão muito importante...
MIDIÃ:
-
Sempre esperei no Senhor... e tenho a máxima convicção que ás o homem que
desejo para está comigo pelo resto de minha vida.
JOEL:
-
Não fiques triste, não te aflijas... É só uma insegurança minha. És abençoada,
uma jovem incrível, jamais faria qualquer coisa para magoá-la. Tens razão,
nossos pais sabem o que é melhor para nós. E se querem nosso enlace...
MIDIÃ:
-
E você, o que quer?
JOEL:
-
Se é a vontade de Deus... Que seja assim.
MIDIÃ:
-
Jura? Não sabes o quanto me deixas feliz!
JOEL:
-
Abençoado sou eu, que tenho de ti, o teu amor. (Segura sua mão e a beija na face. Saem)
CENA
III
(NUMA
SALA CHEIA DE CAIXAS)
DAVI:
-
Estou quebrado!
SARA:
-
Misericórdia! Me dói desde as pontas dos dedos dos pés até o último fio de
cabelo.
DAVI:
-
Breve estará tudo arrumado. Também, não precisa fazer tudo de uma só vez.
SARA:
-
Mas o quanto adiantarmos, melhor.
DAVI:
-
Achei está cidade um tanto pacata.
SARA:
-
Graças a Deus! Tudo que precisava. Nada como recomeçar a vida num lugar bem
tranquilo.
DAVI:
-
Ainda sofre muito, não é?
SARA:
-
Deus me dará o conforto que necessito para superar esse mau momento. Só em ter
conseguido essa transferência já foi uma grande vitória.
DAVI:
-
Ás vezes, tenho ódio, pelo o que ele te fez...
SARA:
-
Não dê espaço a este sentimento meu filho. Jesus nos ensinou a amar e perdoar.
DAVI:
-
Seria capaz de perdoá-lo depois de tudo que lhe fez?
SARA:
-
Oro todas as noites, peço ao Senhor, que quebrante meu coração, para que a
mágoa não me sufoque, me tornando amarga e indiferente a vida. E que enfim, um
dia, eu possa perdoá-lo por tudo que me fez sofrer. Não quero que odeie, é seu
pai. Apesar, da dor que nos causou, sei que o ama.
DAVI:
-
se me amasse... não teria me abandonado.
SARA:
-
São coisas que fazem parte da vida, acontecem... Filho, não estávamos bem,
nossa relação já estava abalada. Era questão de tempo. E nós rapaz temos que
nos habituar a esta nova situação.
DAVI:
-
Difícil...
SARA:
-
Temos saúde e podemos recomeçar.
DAVI:
-
a senhora é uma mulher extraordinária.
SARA:
-
E você um filho incrível! Agora temos que agilizar afinal hoje temos que nos
apresentar na nossa nova congregação.
DAVI:
-
Tem razão. (saem abraçados)
CENA
IV
ISAC:
-
Não tirou o olho do novo irmão...
SUNAMITA:
-
Impressão sua.
ISAC:
-
Que foi? Gostou?
SUNAMITA:
-
E se gostei, que tem com isso?
ISAC:
-
Me preocupa.
SUNAMITA:
-
Com que?
ISAC:
-
Com você.
SUNAMITA:
-
Não deveria. Sei me cuidar.
ISAC:
-
Fica dando mole pra um forasteiro...
SUNAMITA:
-
Olha aqui Isac... me respeite!
ISAC:
-
Te respeito. Só me preocupo.
SUNAMITA:
-
Já disse que sei me cuidar. Agora preciso ir...
ISAC:
-
Sunamita?
SUNAMITA:
-
Que?
ISAC:
-
Nada.
SUNAMITA:
-
A paz... Isac!
ISAC:
-
A paz. (Ele sai)
CENA
V
DAVI: -
Irmão...
JOEL:
-
A paz irmão!
DAVI: - A
Paz.
JOEL:
-
Espero que o irmão tenha gostado do culto.
DAVI: -
Realmente o culto foi uma benção.
JOEL:
-
Nossa cidade é pequena, mas as pessoas aqui tem um grande coração.
DAVI: -
Creio que sim. Na verdade já me sinto acolhido.
JOEL:
-
Pretende entrar para o grupo de jovens?
DAVI: -
Claro. Será muito produtivo para minha vida espiritual.
JOEL:
-
Saímos sempre a campo para evangelizar...
DAVI: -
Isso é ótimo! Ganhar almas para Jesus.
JOEL:
-
Há... Sou Joel.
DAVI: - E
eu Davi.
JOEL:
-
Davi... Venceu o gigante! Bem, eu moro naquela casa... aparece lá... todas as
terças nos reunimos para fazer estudo bíblico.
DAVI: -
Ok! Apareço sim.
JOEL:
-
Então... te aguardo Davi.
DAVI: -
Obrigado pelo convite Joel.
JOEL:
-
Vai ser uma honra...
DAVI: -
Fico feliz.
JOEL:
-
A paz!
DAVI: - A
paz. (Joel sai)
SARA:
-
Filho...
DAVI: -
Oi mãe.
SARA:
-
Novas amizades?
DAVI: -
Acho que sim.
SARA:
-
É meu filho... Pelo que percebi, as pessoas aqui são bem conservadoras.
CENA
VI
HELENA: -
Que achou da irmã Sara?
RUTE: -
Não quero julgar não, mas, achei a irmã um tanto moderna.
HELENA: -
Estava observando isto... Achei suas roupas inadequadas para frequentar a casa
de Deus.
RUTE: -
Vulgar. Chamativa demais.
HELENA: -
Que deus me perdoe... Mas não me parece boa pedra.
PASTOR: -
Irmãs?
RUTE: - A
paz do Senhor pastor Elias.
HELENA: - A
paz pastor!
PASTOR: -
Que a paz do nosso Senhor Jesus cristo esteja conosco.
AS
DUAS: - Amém!
PASTOR: -
Vim aqui pessoalmente pedir um grande favor...
RUTE: -
Claro! Se estiver ao nosso alcance.
PASTOR: -
Como a senhoras sabem, temos uma nova irmã em nossa congregação...
HELENA: -
Claro! Uma simpatia de mulher.
RUTE: - Irmão...
e seu esposo? Quando virá?
PASTOR: -
Pois é... Nossa irmã... está passando por um momento complicado...
HELENA: -
Não diga!
RUTE: -
Coitadinha! Mas o que há irmão?
PASTOR: - É
um assunto bem delicado...
HELENA: -
Como assim delicado?
RUTE: -
Explique melhor irmão.
HELENA: - É
quem sabe, podemos ajudar.
PASTOR:
- Nossa irmã esta passando por uma
separação. Caso bem delicado.
HELENA: -
Divorcio?
PASTOR: - Não,
não...
RUTE: -
Mas o senhor disse que está...
PASTOR: -
Foi abandonada pelo marido.
HELENA: -
Meu Deus!
RUTE: -
Misericórdia! Coitada!
PASTOR: - Como a irmã é
dirigente do grupo de senhoras... pensei que pudesse oferecer uma pequena
recepção junto as outras irmãs, como uma forma de bem vinda, um acolhimento.
HELENA: -
Entendo. Claro!
RUTE: -
Acho válido.
PASTOR: - E
também integrá-la no grupo de senhoras.
HELENA: -
Cantar conosco no grupo de louvores?
PASTOR: -
Sim...
RUTE: -
Mas isso não causará um certo desconforto? Afinal, esta separada.
PASTOR: -
Creio que não. Pois a irmã Sara não se divorciou, foi abandonada pelo marido.
Quem sabe que com as orações, o seu marido retorne para assumir a família.
HELENA: -
Sim, claro. Podemos fazer um circulo de orações. E uma pequena e aconchegante
recepção...
PASTOR: -
Ótimo! Então vou deixar em suas mãos...
HELENA: -
Fique tranquilo pastor... Faremos o máximo para que a irmã Sara se sinta bem
acolhida.
PASTOR: -
Amém! Sabia que poderia contar com as irmãs.
HELENA: - Amém!
PASTOR: -
Fiquem na paz! (Sai)
AS
DUAS: - Amém.
RUTE: -
Onde já se viu? Uma separada no grupo de louvores...
HELENA: -
Me admira o pastor!
RUTE: - É
o fim dos tempos!
HELENA: -
Mas não podemos negar um pedido do nosso pastor.
RUTE: -
Verdade...
HELENA: -
Também, será bom para conhecer melhor essa... senhora.
RUTE: -
Concordo. Bem irmã, agora preciso ir, já é tarde. A paz do Senhor minha irmã!
HELENA: - A
paz!. (Sai) Só que faltava!
: -
É... percebi.
SARA:
-
Vamos meu filho... Precisamos descansar.
DAVI: -
Verdade. Amanhã temos muita coisa a fazer.
CENA
VI
PASTOR:
-
Irmão Ezequiel, irmão Saulo...
EZEQUIEL:
-
A paz do Senhor pastor!
SAULO:
-
A Paz!
PASTOR:
-
Amém! Em que posso ajuda-los?
EZEQUIEL:
-
Irmão viemos aqui para ter uma conversa com o senhor.
PASTOR:
-
Por favor entrem.
EZEQUIEL:
-
Pastor... como já é do conhecimento do irmão... nossos filhos estão enamorados
já algum tempo...
SAULO:
-
Então pensamos que já o momento de realizar a união de nossos filhos.
PASTOR:
-
E os jovens estão de acordo com essa decisão?
EZEQUIEL:
-
Sim, claro.
SAULO:
-
Minha filha ama demais o jovem Joel e eu sou favorável a essa união.
PASTOR:
-
Acho isso maravilhoso! É uma benção. Se ambas famílias são a favor... fico
feliz em realizar esse matrimonio. Porém, antes de marcar a data, prefiro
conversar com o jovem casal.
EZEQUIEL:
-
O irmão tem alguma dúvida.
PASTOR:
-
Não. É só um procedimento.
SAULO:
-
Ficamos muito felizes que o irmão celebre a cerimonia de casamento de nossos
filhos.
PASTOR:
-
Quão bom é nosso Deus! Que me dará a alegria de unir esses dois jovens a quem
tenho tanta estima. Irmãos, peça que os jovens passem na igreja amanhã para
falar comigo.
EZEQUIEL:
-
Louvado seja nosso Senhor!
SAULO:
-
Amem!
PASTOR:
-
Amem! Vão em paz. (Saem)
CENA
VIII
ISAC:
-
Vi como olhava pro irmão Davi...
SUNAMITA:
-
Como olho pra todos!
ISAC:
-
Está caidinha por ele.
SUNAMITA:
-
Misericórdia... E se tiver, qual o problema?
ISAC:
-
O problema é que você não o conhece...
SUNAMITA:
-
Não seja por isso! Posso passar a conhece-lo. No mais irmão, devia se
concentrar em suas orações, nos estudo da palavra, ao invés de ficar me
vigiando.
ISAC:
-
A irmã sabe o quanto a estimo.
SUNAMITA:
-
Também o estimo... mas como irmão em cristo. E não vai passar disso...
ISAC:
-
Vou orar ao Senhor...
SUNAMITA:
-
Orar é sempre bom. Fortalece a alma e ocupa a mente vazia!
ISAC:
-
Ele irá quebrantar esse seu coração.
SUNAMITA:
-
Economize seus joelhos! Agora acho melhor o irmão ir...
ISAC:
-
Sunamita...
SUNAMITA:
-
Se não vai... vou eu. A paz! (Sai)
ISAC:
-
Veremos se ficará com esse talzinho... (Sai)
CENA
IX
DAVI:
-
Obrigado por ter vindo ao nosso estudo bíblico.
JOEL:
-
Eu que agradeço o convite. O estudo foi uma benção, aprendi muito.
DAVI:
-
Que bom! Fico feliz que nosso encontro tenha contribuído para seu crescimento
espiritual.
JOEL:
-
Foi mesmo uma benção. O irmão é conhecedor da palavra. Aprendi muito sobre a
intensidade do amor de Deus...
DAVI:
-
Não é fácil para nós, simples mortais, amar e perdoar, conforme nos ensina a
palavra.
JOEL:
-
Mesmo porque amar sempre está associado ao castigo.
DAVI:
-
Fomos condicionados ao julgo. O tempo todo julgamos é quase inconsciente.
JOEL:
-
Será que por isso somos infelizes a maior parte do tempo?
DAVI:
-
Somos felizes em Cristo!
JOEL:
-
E na vida? Como fica?
DAVI:
-
Vivemos para o Senhor.
JOEL:
-
Tem razão... Vivemos para o Senhor!
DAVI:
-
Temos muito que aprender com a palavra...
JOEL:
-
Bom, mais uma vez, obrigado.
DAVI:
-
Penso em fazer uma vigília...
JOEL:
-
Vigília?
DAVI:
-
Sim. Sinto que preciso buscar mais o poder... então pensei em uma noite de
cânticos, jejum e orações.
JOEL:
-
Sim...
DAVI:
-
Nesses dias de atribulações, com tantos perigos nos sondano... Sabe como é...
sem puder o crente cai. E é de madrugada o melhor horário para nós, crentes,
buscar puder.
JOEL:
-
O irmão está me convidando?
DAVI:
-
Claro! Se o irmão estiver interesse...
JOEL:
-
Sim. Tenho...
DAVI:
-
Então vá em paz irmão.
JOEL:
-
Amém!
DAVI:
-
Amém! (Apertam as mãos, há um
desconforto. Saem)
CENA
IX
HELENA:
-
Que bom que chegaram... Já estava preocupada.
MIDIÃ:
-
A paz mãe.
HELENA:
-
A paz!
ISAC:
-
A Paz.
HELENA:
-
Que cara é essa?
MIDIÃ:
-
Isac implicou com o irmão Joel...
HELENA:
-
Mas por que?
MIDIÃ:
-
Ora mãe! Que ingenuidade... Por que seria? Por causa de Sunamita.
HELENA:
-
Não! Misericórdia! Sempre achei Sunamita atirada. Irmã Sara que não cuide pra
vê.
ISAC:
-
Tem algo de muito estranho no comportamento desse irmão Joel.
HELENA:
-
O que?
MIDIÃ:
-
Ciúmes mãe! Está caidinho pela jovem Sunamita.
HELENA:
-
Se esta interessado em Sunamita... Ore meu filho.
ISAC:
-
Vê se não enche! (Sai)
HELENA:
-
Misericórdia! Isso é jeito de falar com sua irmã?
MIDIÃ:
-
Deixa mãe! O problema é que Sunamita está interessada no irmão Joel! Por isso
ele está assim... todo nervosinho.
HELENA:
-
E você minha filha, não provoque seu irmão.
MIDIÃ:
-
E a senhora? Me parece triste.
HELENA:
-
Nada não filha... Preocupações! Seu casamento se aproximando...
MIDIÃ:
-
Já falaram com o Pastor?
ISAC:
-
HELENA:
-
Sim. Seu pai conversou com ele. O Pastor que conversar com você e seu noivo.
MIDIÃ:
-
Que benção! Louvado seja! Quão maravilhoso é meu Deus! Há mãe, não vejo a hora
de me tornar esposa de Davi.
HELENA:
-
Vai com calma mocinha! Casamento é um passo muito importante!
MIDIÃ:
-
Sempre amei Davi. Desde de menina, sempre!
HELENA:
-
Vou vê seu irmão. E a senhorita juízo. Ore!
MIDIÃ: - Ah Davi! Enfim... Marido e mulher! (Sai)
CENA
X
SARA:
-
Obrigado irmão pastor! Muito gentil de sua parte...
PASTOR:
-
Fico feliz em poder ajuda-la.
SARA:
-
Vou levar um século para organizar toda essa bagunça.
PASTOR:
-
Aos poucos conseguirá por tudo em ordem. Bem preciso ir...
SARA:
-
Nem pensar! O irmão não sairá antes de experimentar meu cafezinho.
PASTOR:
-
Irmã, não precisa se incomodar.
SARA:
-
Quer isso?! Incomodo algum. Me sentirei ofendida o irmão não aceitar.
PASTOR:
-
Já que a irmã insiste...
SARA:
-
Espero que goste.
PASTOR:
-
Hum! Perfeito. Delicioso.
SARA:
-
Que bom que está ao gosto do irmão.
PASTOR:
-
Irmã... e vosso marido? Deu alguma notícia?
SARA:
-
Aquele traste? Não. Também não me interessa.
PASTOR:
-
Há muitas mágoas em seu coração. A irmã já pensou em perdoá-lo?
SARA:
-
Perdoá-lo?
PASTOR:
-
Jesus disse em seus ensinamentos... que devemos perdoar...
SARA:
-
Já sei. Setenta vezes sete. Não estou ainda nesse patamar. Quero que aquele
traste queime nas profundezas do inferno.
PASTOR:
-
Deus a perdoe. Diz isso no calor do momento. E é compreensivo essa sua reação.
Afinal é tudo muito recente. Mas peço que ore irmã, peça a Deus sabedoria para
lidar com essa situação, mesmo porque a irmã vai precisar resolver assuntos burocráticos.
SARA:
-
Infelizmente. O pastor conhece algum advogado que possa me indicar?
PASTOR:
-
Conheço. Pensa em divorcio?
SARA:
-
Não só penso. Pedirei. Quero me separar legalmente.
PASTOR:
-
Irmã é uma decisão muito importante.
SARA:
-
Sei disso.
PASTOR:
-
Não o ama mais?
SARA:
-
Amor... Não.
PASTOR:
-
Está certa disso?
SARA:
-
Tão certa quanto minha fé..
PASTOR:
-
Sendo assim... falarei com meu amigo, o advogado.
SARA:
-
Só não me disponho de grandes recursos.
PASTOR:
-
Não se preocupe com isso.
SARA:
-
Pastor... E sua esposa? Não há conheci.
PASTOR:
-
O Senhor a chamou há alguns anos...
SARA:
-
Sinto muito.
PASTOR:
-
Sofri. Mas me conforta saber que partiu servindo ao Senhor.
SARA:
-
Entendo.
PASTOR:
-
A prosa está boa, mas... realmente preciso ir... o dever me espera. Tenho um
sermão para preparar.
SARA:
-
Vou acompanha-lo até a porta. Pra que volte mais vezes!
PASTOR:
-
Obrigado. A irmã irá ao culto hoje?
SARA:
-
Sim... Vou.
PASTOR:
-
Então lhe aguardo na congregação. A paz!
SARA:
-
A paz! E obrigado pela força. (Ele sai.
Ela fica pensativa) A paz!
CENA
XI
(Em
vigília no monte)
JOEL:
- A paz!
DAVI:
-
A Paz!
JOEL:
-
Fico feliz que tenha vindo.
DAVI:
-
E o pessoal?
JOEL:
-
Pois é irmão... Acho que não veem.
DAVI:
-
Que pena!
JOEL:
- Amas a palavra diz: “onde estiver dois
ou mais reunidos em meu nome, lá estarei”. Aqui estamos nós.
DAVI:
-
Verdade! E onde vamos?
JOEL:
- Lá no alto. Tem uma gruta. Sempre nos
reunimos lá para orar... É um lugar muito tranquilo.
DAVI:
-
É bem alto.
JOEL:
- Nas tem uma visão privilegiada de todo
vale. A sensação é que teremos é de estar bem próximos de Deus. Vamos?
DAVI:
-
Claro. Vamos!
JOEL:
- Por aqui... (Saem)
CENA
XII
HELENA:
-
Boa noite irmão Pastor?!
PASTOR:
-
Boa. A Paz, irmã Helena.
HELENA:
-
Me perdoe o incomodo...
PASTOR:
-
Incomodo algum. Entre, sente-se. A irmã me parece tensa.
HELENA:
-
Obrigada!
PASTOR:
-
Em que lhe posso ajuda-la?
HELENA: - (levanta-se)
Perdão! É que... não é nada... estava de passagem e...
PASTOR: -
Irmã... Não precisa sentisse envergonhada. Sou seu pastor. Se veio até aqui, é
por que Deus tocou em seu coração. Não sei o motivo que lhe motivou a vir. Mas
aqui estou como seu pastor e amigo. Sinto que a irmã está angustiada.
HELENA: - Ah,
pastor!
PASTOR: -
Eis-me aqui!
HELENA: - Me
sinto tão envergonhada.
PASTOR: - Que
lhe aflige?
HELENA: - Não
deveria estar aqui... Mas minha angustia é tão grande... Não sabia com quem
falar... então pensei...
PASTOR: -
Deus lhe guiou até aqui. Se Deus lhe trouxe a mim, quem sabe não possa lhe
ajudar, nem que seja com uma palavra amiga.
HELENA: - Sabe
irmão Pastor, não é confortável falar sobre isso.
PASTOR: -
Imagino que não. Mas fique tranquila minha irmã, o que for dito aqui, daqui não
sairá.
HELENA: - Que
bom! Meu marido... (Silêncio)... Já
não me procura mais. Sabe Pastor, temo só de pensar... Mas acho que está
envolvido com outra pessoa.
PASTOR: -
Não creio. O irmão é um homem temeroso ao Senhor e sabe que adultério é pecado,
pois conhece a palavra.
HELENA: - A
carne é fraca!
PASTOR: - Irmão
Saulo é um homem de fé. Tem cargo na igreja, é um diácono, não manteria dentro
da casa do Senhor em tamanho pecado.
HELENA: -
Então que justifica sua ausência como esposo?
PASTOR: -
Pode está passando por algum problema emocionais ou financeiros que irmã
desconheça.
HELENA: - Não...
Eu saberia.
PASTOR: -
Sabe irmã... Vou lhe confessar um segredo nosso... Nós homens, quando passamos
por alguma situação conflituosa, temos dificuldades de... se relacionar...
intimamente. Entende?
HELENA: -
Faz muito tempo Pastor. Bastante tempo que já não me procura. E no meu intimo,
algo me diz, que alguma coisa está muito errada.
PASTOR: -
Bem irmã... Posso conversar com Saulo.
HELENA: - Não
sei. Se souber que vim aqui e falei de nossa intimidade... Vai pensar que estou
me queixando.
PASTOR: - Não
se preocupe irmã. Não saberá que veio conversar comigo. Saberei abordar o
assunto sem levantar suspeitas.
HELENA: -
Ah irmão! Não sabe o quanto lhe serei grata. Amo meu marido, e desejo que tudo
volte a ser como antes.
PASTOR: -
Será irmã. Confie em Deus. Ore. Nada melhor que a oração. Deus é nosso socorro
nas horas mais dificieis.
HELENA: -
Verdade. Farei jejum e orações. A paz irmão!
PASTOR: - A
paz. (Ela sai, ele fica pensativo)
CENA
XII
SUNAMITA: - Gostaria
muito de ter ido a vigília.
MIDIÃ: - Não
fica bem para nós, moças, sozinhas na companhia de rapazes, ainda mais sem
nossos pais.
SUNAMITA: - Que
bobagem! Daqui há uns meses você se casa com meu irmão.
MIDIÃ: - O
povo fala!
SUNAMITA: - O
povo vê maldade onde não existe.
MIDIÃ: - É
impressão minha ou está gostando de Davi?
SUNAMITA: - Não.
Não é impressão. Davi é um jovem interessante! Bonito, educado e está no caminho
do senhor.
MIDIÃ: - E
é principalmente livre.
SUNAMITA: - Exato!
Que varão!
MIDIÃ: - Acha
que tem chance?
SUNAMITA: - Só
depende dele. Por que eu estou a fim.
MIDIÃ: - Que
jeito de falar.
SUNAMITA: - Maninha...
não quero ficar pra titia! Se eu dé mole, vem outra e cata. Misericórdia. Esse
não me escapa
MIDIÃ: -
Falando assim, parece que esta desesperada.
SUNAMITA: - Temos
poucas opções aqui.
MIDIÃ: -
Isac é completamente apaixonado por você.
SUNAMITA: - Isac
não conta. O tenho como alguém da família. Bem que você podia me dar uma
forcinha com o irmão Davi.
MIDIÃ: - Não
sei como.
SUNAMITA: - Falando
com Joel. Pelo que percebi, Joel está bem próximo do irmão Davi.
MIDIÃ: -
Por que você mesmo não fala?
SUNAMITA: - Você
acha? Joel jamais iria me ajudar. Mas você falando com jeitinho... Quem sabe?!
MIDIÃ: - Não
acha que vais parecer bem oferecida.
SUNAMITA: - Desde
que aceite, ótimo! Bem melhor que ficar solteirona.
MIDIÃ: - Já
disse... só fica solteirona se quiser. Meu irmão...
SUNAMITA: - Vamos
mudar de prosa? Esse assunto me aborrece. E você, como se sente as véspera do
casório?
MIDIÃ: -
Essa semana vamos conversar com o Pastor. Estou ansiosa. Não vejo a hora de
marcarmos logo esta data.
SUNAMITA: - Nossa
que pressa!
MIDIÃ: -
Esperei a vida toda por esse momento. Sempre amei teu irmão, sabe disso.
SUNAMITA: - Como
sei.
MIDIÃ: -
Nosso amor é abençoado por Deus!
SUNAMITA: - E
eu fico feliz por você ser a minha cunhadinha!
MIDIÃ: -
Agora vamos... é tarde! (Saem)
CENA
XIII
(Na
gruta ajoelhados um de frete para o outro)
JOEL: - E
disse o Senhor: Eu sou o caminho, a verdade e a vida... (Fixam os olhos um no outro. Calam. Estendem a mão) Oremos...
Senhor meu Deus, peço-te... (Não
resistem: beijam-se)
JOEL: - (Assustado) Por que fez isso?
DAVI: - Não
sei...
JOEL: - É
repugnante! (Se levanta)
DAVI: -
Me perdoe! Aconteceu...
JOEL: - Meu
Deus! Pecamos.
DAVI: -
Quiseste tanto quanto eu...
JOEL: - Estas
sendo usado pelo inimigo pra me tentar.
DAVI: - Não...
nada disso... Não sejas tolo.
JOEL: - Tem
consciência do que ocorreu aqui? Tem?
DAVI: -
Claro! Apenas duas pessoas que se desejam...
JOEL: - Cala-te.
Pecamos na presença de Deus.
DAVI: - Não
fizemos nada demais... Foi só um beijo.
JOEL: - Não
entende? A bíblia diz: “Com varão te
não deitarás, como se fosse mulher; abominação é”. (Lv 18.22)
DAVI: - Não
exagere! Não há, na Bíblia, nenhuma só vez as
palavras homossexual, lésbica ou homossexualidade. Todas as Bíblias que
empregam estas expressões estão erradas e mal traduzidas.
JOEL: - Não
blasfeme!
DAVI: - A palavra homossexual só foi criada em 1869, reunindo duas
raízes lingüísticas: Homo (do Grego, significando "igual") e Sexual
(do latim). Portanto, como a Bíblia foi escrita entre 2 e 4 mil anos atrás, não
poderiam os escritores sagrados terem usado uma palavra inventada só no século
passado. E se for da vontade de Deus que a gente se ame?
JOEL: -
Você... está sendo usado pelo inimigo pra provar minha fé...
DAVI: - Não.
Estou apaixonado por você. (Abraça-o e
beija-o outra vez. Joel deixa a bíblia cair no chão. Após o beijo, corre
desesperado. Apagam-se as luzes)
FIM
DO PRIMEIRO ATO
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