outubro 03, 2013

PECADO (Texto de Teatro) ATO I

PECADO
De: Marcondys França
JOEL
EZEQUIEL: (PAI DE JOEL)
RUTE: (MÃE DE JOEL)
SUNAMITA: (IRMÃ DE JOEL)
MIDIÃ: (NOIVA DE JOEL)
SAULO: (PAI DE MIDIÃ)
HELENA: (MÃE DE MIDIÃ)
ISAC: (IRMÃO DE MIDIÃ)
DAVI: (AMIGO DE JOEL)
SARA: (MÃE DE DAVI)
PASTOR
PRIMEIRO ATO
CENA I
(APÓS O CULTO AS DUAS FAMÍLIAS SE REUNEM PARA ACERTAR DETALHES DO CASAMENTO DE JOEL E MIDIÃ)
EZEQUIEL: - É uma imensa satisfação vê nossas famílias unidas, não só pela fé, como também pelos laços sagrados do matrimonio.
SAULO: - Muito feliz no Senhor, que tem a cada dia confirmado essa união.
RUTE: - Midiã é uma jóia rara, ungida, educada segundo a palavra de nosso Senhor Jesus Cristo.
HELENA: - Tenho muita sorte... Quão bondoso é o nosso Deus, por me presentear com uma filha tão exemplar.
SAULO: - Mas vosso filho também não fica atrás. É um jovem dedicado, temente a Deus, criado conforme a palavra... Um homem de fé!
TODOS: - Amém!
EZEQUIEL: - Creio que Deus já deu vários sinais de confirmação que enfim, esta união seja concretizada.
SAULO: - Verdade... Irmão Ezequiel... também estou de comum acordo, que nossos filhos, sejam unidos pelos laços do matrimonio.
HELENA: - Creio que nossos filhos também estão de comum acordo.
RUTE: - Quanto a isto não resta nenhuma dúvida. Vê-se nos olhos de nossos filhos o quanto se amam...
EZEQUIEL: - Então só nos resta consultar nosso pastor para averiguar qual sua opinião, com relação a esta união, e não havendo nenhum impe cílio, marcamos a data.
RUTE: - Será uma grande benção para nossas famílias. Estando tosos de acordo, então só nos resta comemorar... Fiz modesta parte um delicioso bolo de laranja.
HELENA: - Isso é muito bom irmã! Estou pra conhecer alguém com uma mão tão abençoada para fazer um bolo tão gostoso quanto a senhora.
RUTE: - Muita gentileza sua. Por favor... Venham, vamos para a cozinha.
CENA II
MIDIÃ: - Falam de nós...
JOEL: - É... decidem nossos destinos
MIDIÃ: - O incomoda?
JOEL: - Não que me incomode... Mas, creio que deveríamos, nós mesmo ser os donos de nossos destinos.
MIDIÃ: - O Senhor é dono de nossos destinos. Nada acontece, que não seja por vontade dele.
JOEL: - Não acha cômodo demais jogar tantas responsabilidades nas mãos do Senhor?
MIDIÃ: - Ele sabe o que é melhor para nós.
JOEL: - Crê mesmo nisso?
MIDIÃ: - Não queres casar?
JOEL: - Não se trata disso. Me incomoda o fato dos outros decidirem por nós...
MIDIÃ: - São nossos pais... Desejam nossa felicidade.
JOEL: - E se estiverem errados?
MIDIÃ: - Tens dúvidas?
JOEL: - Você não?
MIDIÃ: - Não. Sempre te amei. Não me amas?
JOEL: - Não se trata disso. Claro que a amo! Só gostaria que respeitassem nosso tempo.
MIDIÃ: - Não se sentes preparado para tal compromisso?
JOEL: - É uma decisão muito importante...
MIDIÃ: - Sempre esperei no Senhor... e tenho a máxima convicção que ás o homem que desejo para está comigo pelo resto de minha vida.
JOEL: - Não fiques triste, não te aflijas... É só uma insegurança minha. És abençoada, uma jovem incrível, jamais faria qualquer coisa para magoá-la. Tens razão, nossos pais sabem o que é melhor para nós. E se querem nosso enlace...
MIDIÃ: - E você, o que quer?
JOEL: - Se é a vontade de Deus... Que seja assim.
MIDIÃ: - Jura? Não sabes o quanto me deixas feliz!
JOEL: - Abençoado sou eu, que tenho de ti, o teu amor. (Segura sua mão e a beija na face. Saem)
CENA III
(NUMA SALA CHEIA DE CAIXAS)
DAVI: - Estou quebrado!
SARA: - Misericórdia! Me dói desde as pontas dos dedos dos pés até o último fio de cabelo.
DAVI: - Breve estará tudo arrumado. Também, não precisa fazer tudo de uma só vez.
SARA: - Mas o quanto adiantarmos, melhor.
DAVI: - Achei está cidade um tanto pacata.
SARA: - Graças a Deus! Tudo que precisava. Nada como recomeçar a vida num lugar bem tranquilo.
DAVI: - Ainda sofre muito, não é?
SARA: - Deus me dará o conforto que necessito para superar esse mau momento. Só em ter conseguido essa transferência já foi uma grande vitória.
DAVI: - Ás vezes, tenho ódio, pelo o que ele te fez...
SARA: - Não dê espaço a este sentimento meu filho. Jesus nos ensinou a amar e perdoar.
DAVI: - Seria capaz de perdoá-lo depois de tudo que lhe fez?
SARA: - Oro todas as noites, peço ao Senhor, que quebrante meu coração, para que a mágoa não me sufoque, me tornando amarga e indiferente a vida. E que enfim, um dia, eu possa perdoá-lo por tudo que me fez sofrer. Não quero que odeie, é seu pai. Apesar, da dor que nos causou, sei que o ama.
DAVI: - se me amasse... não teria me abandonado.
SARA: - São coisas que fazem parte da vida, acontecem... Filho, não estávamos bem, nossa relação já estava abalada. Era questão de tempo. E nós rapaz temos que nos habituar a esta nova situação.
DAVI: - Difícil...
SARA: - Temos saúde e podemos recomeçar.
DAVI: - a senhora é uma mulher extraordinária.
SARA: - E você um filho incrível! Agora temos que agilizar afinal hoje temos que nos apresentar na nossa nova congregação.
DAVI: - Tem razão. (saem abraçados)
CENA IV
ISAC: - Não tirou o olho do novo irmão...
SUNAMITA: - Impressão sua.
ISAC: - Que foi? Gostou?
SUNAMITA: - E se gostei, que tem com isso?
ISAC: - Me preocupa.
SUNAMITA: - Com que?
ISAC: - Com você.
SUNAMITA: - Não deveria. Sei me cuidar.
ISAC: - Fica dando mole pra um forasteiro...
SUNAMITA: - Olha aqui Isac... me respeite!
ISAC: - Te respeito. Só me preocupo.
SUNAMITA: - Já disse que sei me cuidar. Agora preciso ir...
ISAC: - Sunamita?
SUNAMITA: - Que?
ISAC: - Nada.
SUNAMITA: - A paz... Isac!
ISAC: - A paz. (Ele sai)
CENA V
DAVI: - Irmão...
JOEL: - A paz irmão!
DAVI: - A Paz.
JOEL: - Espero que o irmão tenha gostado do culto.
DAVI: - Realmente o culto foi uma benção.
JOEL: - Nossa cidade é pequena, mas as pessoas aqui tem um grande coração.
DAVI: - Creio que sim. Na verdade já me sinto acolhido.
JOEL: - Pretende entrar para o grupo de jovens?
DAVI: - Claro. Será muito produtivo para minha vida espiritual.
JOEL: - Saímos sempre a campo para evangelizar...
DAVI: - Isso é ótimo! Ganhar almas para Jesus.
JOEL: - Há... Sou Joel.
DAVI: - E eu Davi.
JOEL: - Davi... Venceu o gigante! Bem, eu moro naquela casa... aparece lá... todas as terças nos reunimos para fazer estudo bíblico.
DAVI: - Ok! Apareço sim.
JOEL: - Então... te aguardo Davi.
DAVI: - Obrigado pelo convite Joel.
JOEL: - Vai ser uma honra...
DAVI: - Fico feliz.
JOEL: - A paz!
DAVI: - A paz. (Joel sai)
SARA: - Filho...
DAVI: - Oi mãe.
SARA: - Novas amizades?
DAVI: - Acho que sim.
SARA: - É meu filho... Pelo que percebi, as pessoas aqui são bem conservadoras.
CENA VI
HELENA: - Que achou da irmã Sara?
RUTE: - Não quero julgar não, mas, achei a irmã um tanto moderna.
HELENA: - Estava observando isto... Achei suas roupas inadequadas para frequentar a casa de Deus.
RUTE: - Vulgar. Chamativa demais.
HELENA: - Que deus me perdoe... Mas não me parece boa pedra.
PASTOR: - Irmãs?
RUTE: - A paz do Senhor pastor Elias.
HELENA: - A paz pastor!
PASTOR: - Que a paz do nosso Senhor Jesus cristo esteja conosco.
AS DUAS: - Amém!
PASTOR: - Vim aqui pessoalmente pedir um grande favor...
RUTE: - Claro! Se estiver ao nosso alcance.
PASTOR: - Como a senhoras sabem, temos uma nova irmã em nossa congregação...
HELENA: - Claro! Uma simpatia de mulher.
RUTE: - Irmão... e seu esposo? Quando virá?
PASTOR: - Pois é... Nossa irmã... está passando por um momento complicado...
HELENA: - Não diga!
RUTE: - Coitadinha! Mas o que há irmão?
PASTOR: - É um assunto bem delicado...
HELENA: - Como assim delicado?
RUTE: - Explique melhor irmão.
HELENA: - É quem sabe, podemos ajudar.
PASTOR: - Nossa irmã esta passando por uma separação. Caso bem delicado.
HELENA: - Divorcio?
PASTOR: - Não, não...
RUTE: - Mas o senhor disse que está...
PASTOR: - Foi abandonada pelo marido.
HELENA: - Meu Deus!
RUTE: - Misericórdia! Coitada!
PASTOR: - Como a irmã é dirigente do grupo de senhoras... pensei que pudesse oferecer uma pequena recepção junto as outras irmãs, como uma forma de bem vinda, um acolhimento.
HELENA: - Entendo. Claro!
RUTE: - Acho válido.
PASTOR: - E também integrá-la no grupo de senhoras.
HELENA: - Cantar conosco no grupo de louvores?
PASTOR: - Sim...
RUTE: - Mas isso não causará um certo desconforto? Afinal, esta separada.
PASTOR: - Creio que não. Pois a irmã Sara não se divorciou, foi abandonada pelo marido. Quem sabe que com as orações, o seu marido retorne para assumir a família.
HELENA: - Sim, claro. Podemos fazer um circulo de orações. E uma pequena e aconchegante recepção...
PASTOR: - Ótimo! Então vou deixar em suas mãos...
HELENA: - Fique tranquilo pastor... Faremos o máximo para que a irmã Sara se sinta bem acolhida.
PASTOR: - Amém! Sabia que poderia contar com as irmãs.
HELENA: - Amém!
PASTOR: - Fiquem na paz! (Sai)
AS DUAS: - Amém.
RUTE: - Onde já se viu? Uma separada no grupo de louvores...
HELENA: - Me admira o pastor!
RUTE: - É o fim dos tempos!
HELENA: - Mas não podemos negar um pedido do nosso pastor.
RUTE: - Verdade...
HELENA: - Também, será bom para conhecer melhor essa... senhora.
RUTE: - Concordo. Bem irmã, agora preciso ir, já é tarde. A paz do Senhor minha irmã!
HELENA: - A paz!. (Sai) Só que faltava!
: - É... percebi.
SARA: - Vamos meu filho... Precisamos descansar.
DAVI: - Verdade. Amanhã temos muita coisa a fazer.
CENA VI
PASTOR: - Irmão Ezequiel, irmão Saulo...
EZEQUIEL: - A paz do Senhor pastor!
SAULO: - A Paz!
PASTOR: - Amém! Em que posso ajuda-los?
EZEQUIEL: - Irmão viemos aqui para ter uma conversa com o senhor.
PASTOR: - Por favor entrem.
EZEQUIEL: - Pastor... como já é do conhecimento do irmão... nossos filhos estão enamorados já algum tempo...
SAULO: - Então pensamos que já o momento de realizar a união de nossos filhos.
PASTOR: - E os jovens estão de acordo com essa decisão?
EZEQUIEL: - Sim, claro.
SAULO: - Minha filha ama demais o jovem Joel e eu sou favorável a essa união.
PASTOR: - Acho isso maravilhoso! É uma benção. Se ambas famílias são a favor... fico feliz em realizar esse matrimonio. Porém, antes de marcar a data, prefiro conversar com o jovem casal.
EZEQUIEL: - O irmão tem alguma dúvida.
PASTOR: - Não. É só um procedimento.
SAULO: - Ficamos muito felizes que o irmão celebre a cerimonia de casamento de nossos filhos.
PASTOR: - Quão bom é nosso Deus! Que me dará a alegria de unir esses dois jovens a quem tenho tanta estima. Irmãos, peça que os jovens passem na igreja amanhã para falar comigo.
EZEQUIEL: - Louvado seja nosso Senhor!
SAULO: - Amem!

PASTOR: - Amem! Vão em paz. (Saem)
CENA VIII
ISAC: - Vi como olhava pro irmão Davi...
SUNAMITA: - Como olho pra todos!
ISAC: - Está caidinha por ele.
SUNAMITA: - Misericórdia... E se tiver, qual o problema?
ISAC: - O problema é que você não o conhece...
SUNAMITA: - Não seja por isso! Posso passar a conhece-lo. No mais irmão, devia se concentrar em suas orações, nos estudo da palavra, ao invés de ficar me vigiando.
ISAC: - A irmã sabe o quanto a estimo.
SUNAMITA: - Também o estimo... mas como irmão em cristo. E não vai passar disso...
ISAC: - Vou orar ao Senhor...
SUNAMITA: - Orar é sempre bom. Fortalece a alma e ocupa a mente vazia!
ISAC: - Ele irá quebrantar esse seu coração.
SUNAMITA: - Economize seus joelhos! Agora acho melhor o irmão ir...
ISAC: - Sunamita...
SUNAMITA: - Se não vai... vou eu. A paz! (Sai)
ISAC: - Veremos se ficará com esse talzinho... (Sai)
CENA IX
DAVI: - Obrigado por ter vindo ao nosso estudo bíblico.
JOEL: - Eu que agradeço o convite. O estudo foi uma benção, aprendi muito.
DAVI: - Que bom! Fico feliz que nosso encontro tenha contribuído para seu crescimento espiritual.
JOEL: - Foi mesmo uma benção. O irmão é conhecedor da palavra. Aprendi muito sobre a intensidade do amor de Deus...
DAVI: - Não é fácil para nós, simples mortais, amar e perdoar, conforme nos ensina a palavra.
JOEL: - Mesmo porque amar sempre está associado ao castigo.
DAVI: - Fomos condicionados ao julgo. O tempo todo julgamos é quase inconsciente.
JOEL: - Será que por isso somos infelizes a maior parte do tempo?
DAVI: - Somos felizes em Cristo!
JOEL: - E na vida? Como fica?
DAVI: - Vivemos para o Senhor.
JOEL: - Tem razão... Vivemos para o Senhor!
DAVI: - Temos muito que aprender com a palavra...
JOEL: - Bom, mais uma vez, obrigado.
DAVI: - Penso em fazer uma vigília...
JOEL: - Vigília?
DAVI: - Sim. Sinto que preciso buscar mais o poder... então pensei em uma noite de cânticos,  jejum e orações.
JOEL: - Sim...
DAVI: - Nesses dias de atribulações, com tantos perigos nos sondano... Sabe como é... sem puder o crente cai. E é de madrugada o melhor horário para nós, crentes, buscar puder.
JOEL: - O irmão está me convidando?
DAVI: - Claro! Se o irmão estiver interesse...
JOEL: - Sim. Tenho...
DAVI: - Então vá em paz irmão.
JOEL: - Amém!
DAVI: - Amém! (Apertam as mãos, há um desconforto. Saem)
CENA IX
HELENA: - Que bom que chegaram... Já estava preocupada.
MIDIÃ: - A paz mãe.
HELENA: - A paz!
ISAC: - A Paz.
HELENA: - Que cara é essa?
MIDIÃ: - Isac implicou com o irmão Joel...
HELENA: - Mas por que?
MIDIÃ: - Ora mãe! Que ingenuidade... Por que seria? Por causa de Sunamita.
HELENA: - Não! Misericórdia! Sempre achei Sunamita atirada. Irmã Sara que não cuide pra vê.
ISAC: - Tem algo de muito estranho no comportamento desse irmão Joel.
HELENA: - O que?
MIDIÃ: - Ciúmes mãe! Está caidinho pela jovem Sunamita.
HELENA: - Se esta interessado em Sunamita... Ore meu filho.
ISAC: - Vê se não enche! (Sai)
HELENA: - Misericórdia! Isso é jeito de falar com sua irmã?
MIDIÃ: - Deixa mãe! O problema é que Sunamita está interessada no irmão Joel! Por isso ele está assim... todo nervosinho.
HELENA: - E você minha filha, não provoque seu irmão.
MIDIÃ: - E a senhora? Me parece triste.
HELENA: - Nada não filha... Preocupações! Seu casamento se aproximando...
MIDIÃ: - Já falaram com o Pastor?
ISAC: -
HELENA: - Sim. Seu pai conversou com ele. O Pastor que conversar com você e seu noivo.
MIDIÃ: - Que benção! Louvado seja! Quão maravilhoso é meu Deus! Há mãe, não vejo a hora de me tornar esposa de Davi.
HELENA: - Vai com calma mocinha! Casamento é um passo muito importante!
MIDIÃ: - Sempre amei Davi. Desde de menina, sempre!
HELENA: - Vou vê seu irmão. E a senhorita juízo. Ore!
MIDIÃ: - Ah Davi! Enfim... Marido e mulher! (Sai)
CENA X
SARA: - Obrigado irmão pastor! Muito gentil de sua parte...
PASTOR: - Fico feliz em poder ajuda-la.
SARA: - Vou levar um século para organizar toda essa bagunça.
PASTOR: - Aos poucos conseguirá por tudo em ordem. Bem preciso ir...
SARA: - Nem pensar! O irmão não sairá antes de experimentar meu cafezinho.
PASTOR: - Irmã, não precisa se incomodar.
SARA: - Quer isso?! Incomodo algum. Me sentirei ofendida o irmão não aceitar.
PASTOR: - Já que a irmã insiste...
SARA: - Espero que goste.
PASTOR: - Hum! Perfeito. Delicioso.
SARA: - Que bom que está ao gosto do irmão.
PASTOR: - Irmã... e vosso marido? Deu alguma notícia?
SARA: - Aquele traste? Não. Também não me interessa.
PASTOR: - Há muitas mágoas em seu coração. A irmã já pensou em perdoá-lo?
SARA: - Perdoá-lo?
PASTOR: - Jesus disse em seus ensinamentos... que devemos perdoar...
SARA: - Já sei. Setenta vezes sete. Não estou ainda nesse patamar. Quero que aquele traste queime nas profundezas do inferno.
PASTOR: - Deus a perdoe. Diz isso no calor do momento. E é compreensivo essa sua reação. Afinal é tudo muito recente. Mas peço que ore irmã, peça a Deus sabedoria para lidar com essa situação, mesmo porque a irmã vai precisar resolver assuntos burocráticos.
SARA: - Infelizmente. O pastor conhece algum advogado que possa me indicar?
PASTOR: - Conheço. Pensa em divorcio?
SARA: - Não só penso. Pedirei. Quero me separar legalmente.
PASTOR: - Irmã é uma decisão muito importante.
SARA: - Sei disso.
PASTOR: - Não o ama mais?
SARA: - Amor... Não.
PASTOR: - Está certa disso?
SARA: - Tão certa quanto minha fé..
PASTOR: - Sendo assim... falarei com meu amigo, o advogado.
SARA: - Só não me disponho de grandes recursos.
PASTOR: - Não se preocupe com isso.
SARA: - Pastor... E sua esposa? Não há conheci.
PASTOR: - O Senhor a chamou há alguns anos...
SARA: - Sinto muito.
PASTOR: - Sofri. Mas me conforta saber que partiu servindo ao Senhor.
SARA: - Entendo.
PASTOR: - A prosa está boa, mas... realmente preciso ir... o dever me espera. Tenho um sermão para preparar.
SARA: - Vou acompanha-lo até a porta. Pra que volte mais vezes!
PASTOR: - Obrigado. A irmã irá ao culto hoje?
SARA: - Sim... Vou.
PASTOR: - Então lhe aguardo na congregação. A paz!
SARA: - A paz! E obrigado pela força. (Ele sai. Ela fica pensativa) A paz!
CENA XI
(Em vigília no monte)
JOEL: - A paz!
DAVI: - A Paz!
JOEL: - Fico feliz que tenha vindo.
DAVI: - E o pessoal?
JOEL: - Pois é irmão... Acho que não veem.
DAVI: - Que pena!
JOEL: - Amas a palavra diz: “onde estiver dois ou mais reunidos em meu nome, lá estarei”. Aqui estamos nós.
DAVI: - Verdade! E onde vamos?
JOEL: - Lá no alto. Tem uma gruta. Sempre nos reunimos lá para orar... É um lugar muito tranquilo.
DAVI: - É bem alto.
JOEL: - Nas tem uma visão privilegiada de todo vale. A sensação é que teremos é de estar bem próximos de Deus. Vamos?
DAVI: - Claro. Vamos!
JOEL: - Por aqui... (Saem)
CENA XII
HELENA: - Boa noite irmão Pastor?!
PASTOR: - Boa. A Paz, irmã Helena.
HELENA: - Me perdoe o incomodo...
PASTOR: - Incomodo algum. Entre, sente-se. A irmã me parece tensa.
HELENA: - Obrigada!
PASTOR: - Em que lhe posso ajuda-la?
HELENA: - (levanta-se) Perdão! É que... não é nada... estava de passagem e...
PASTOR: - Irmã... Não precisa sentisse envergonhada. Sou seu pastor. Se veio até aqui, é por que Deus tocou em seu coração. Não sei o motivo que lhe motivou a vir. Mas aqui estou como seu pastor e amigo. Sinto que a irmã está angustiada.
HELENA: - Ah, pastor!
PASTOR: - Eis-me aqui!
HELENA: - Me sinto tão envergonhada.
PASTOR: - Que lhe aflige?
HELENA: - Não deveria estar aqui... Mas minha angustia é tão grande... Não sabia com quem falar... então pensei...
PASTOR: - Deus lhe guiou até aqui. Se Deus lhe trouxe a mim, quem sabe não possa lhe ajudar, nem que seja com uma palavra amiga.
HELENA: - Sabe irmão Pastor, não é confortável falar sobre isso.
PASTOR: - Imagino que não. Mas fique tranquila minha irmã, o que for dito aqui, daqui não sairá.
HELENA: - Que bom! Meu marido... (Silêncio)... Já não me procura mais. Sabe Pastor, temo só de pensar... Mas acho que está envolvido com outra pessoa.
PASTOR: - Não creio. O irmão é um homem temeroso ao Senhor e sabe que adultério é pecado, pois conhece a palavra.
HELENA: - A carne é fraca!
PASTOR: - Irmão Saulo é um homem de fé. Tem cargo na igreja, é um diácono, não manteria dentro da casa do Senhor em tamanho pecado.
HELENA: - Então que justifica sua ausência como esposo?
PASTOR: - Pode está passando por algum problema emocionais ou financeiros que irmã desconheça.
HELENA: - Não... Eu saberia.
PASTOR: - Sabe irmã... Vou lhe confessar um segredo nosso... Nós homens, quando passamos por alguma situação conflituosa, temos dificuldades de... se relacionar... intimamente. Entende?
HELENA: - Faz muito tempo Pastor. Bastante tempo que já não me procura. E no meu intimo, algo me diz, que alguma coisa está muito errada.
PASTOR: - Bem irmã... Posso conversar com Saulo.
HELENA: - Não sei. Se souber que vim aqui e falei de nossa intimidade... Vai pensar que estou me queixando.
PASTOR: - Não se preocupe irmã. Não saberá que veio conversar comigo. Saberei abordar o assunto sem levantar suspeitas.
HELENA: - Ah irmão! Não sabe o quanto lhe serei grata. Amo meu marido, e desejo que tudo volte a ser como antes.
PASTOR: - Será irmã. Confie em Deus. Ore. Nada melhor que a oração. Deus é nosso socorro nas horas mais dificieis.
HELENA: - Verdade. Farei jejum e orações. A paz irmão!
PASTOR: - A paz. (Ela sai, ele fica pensativo)
CENA XII
SUNAMITA: - Gostaria muito de ter ido a vigília.
MIDIÃ: - Não fica bem para nós, moças, sozinhas na companhia de rapazes, ainda mais sem nossos pais.
SUNAMITA: - Que bobagem! Daqui há uns meses você se casa com meu irmão.
MIDIÃ: - O povo fala!
SUNAMITA: - O povo vê maldade onde não existe.
MIDIÃ: - É impressão minha ou está gostando de Davi?
SUNAMITA: - Não. Não é impressão. Davi é um jovem interessante! Bonito, educado e está no caminho do senhor.
MIDIÃ: - E é principalmente livre.
SUNAMITA: - Exato! Que varão!
MIDIÃ: - Acha que tem chance?
SUNAMITA: - Só depende dele. Por que eu estou a fim.
MIDIÃ: - Que jeito de falar.
SUNAMITA: - Maninha... não quero ficar pra titia! Se eu dé mole, vem outra e cata. Misericórdia. Esse não me escapa
MIDIÃ: - Falando assim, parece que esta desesperada.
SUNAMITA: - Temos poucas opções aqui.
MIDIÃ: - Isac é completamente apaixonado por você.
SUNAMITA: - Isac não conta. O tenho como alguém da família. Bem que você podia me dar uma forcinha com o irmão Davi.
MIDIÃ: - Não sei como.
SUNAMITA: - Falando com Joel. Pelo que percebi, Joel está bem próximo do irmão Davi.
MIDIÃ: - Por que você mesmo não fala?
SUNAMITA: - Você acha? Joel jamais iria me ajudar. Mas você falando com jeitinho... Quem sabe?!
MIDIÃ: - Não acha que vais parecer bem oferecida.
SUNAMITA: - Desde que aceite, ótimo! Bem melhor que ficar solteirona.
MIDIÃ: - Já disse... só fica solteirona se quiser. Meu irmão...
SUNAMITA: - Vamos mudar de prosa? Esse assunto me aborrece. E você, como se sente as véspera do casório?
MIDIÃ: - Essa semana vamos conversar com o Pastor. Estou ansiosa. Não vejo a hora de marcarmos logo esta data.
SUNAMITA: - Nossa que pressa!
MIDIÃ: - Esperei a vida toda por esse momento. Sempre amei teu irmão, sabe disso.
SUNAMITA: - Como sei.
MIDIÃ: - Nosso amor é abençoado por Deus!
SUNAMITA: - E eu fico feliz por você ser a minha cunhadinha!
MIDIÃ: - Agora vamos... é tarde! (Saem)
CENA XIII
(Na gruta ajoelhados um de frete para o outro)
JOEL: - E disse o Senhor: Eu sou o caminho, a verdade e a vida... (Fixam os olhos um no outro. Calam. Estendem a mão) Oremos... Senhor meu Deus, peço-te... (Não resistem: beijam-se)
JOEL: - (Assustado) Por que fez isso?
DAVI: - Não sei...
JOEL: - É repugnante! (Se levanta)
DAVI: - Me perdoe! Aconteceu...
JOEL: - Meu Deus! Pecamos.
DAVI: - Quiseste tanto quanto eu...
JOEL: - Estas sendo usado pelo inimigo pra me tentar.
DAVI: - Não... nada disso... Não sejas tolo.
JOEL: - Tem consciência do que ocorreu aqui? Tem?
DAVI: - Claro! Apenas duas pessoas que se desejam...
JOEL: - Cala-te. Pecamos na presença de Deus.
DAVI: - Não fizemos nada demais... Foi só um beijo.
JOEL: - Não entende? A bíblia diz: “Com varão te não deitarás, como se fosse mulher; abominação é”. (Lv 18.22)
DAVI: - Não exagere! Não há, na Bíblia, nenhuma só vez as palavras homossexual, lésbica ou homossexualidade. Todas as Bíblias que empregam estas expressões estão erradas e mal traduzidas.
JOEL: - Não blasfeme!
DAVI: - A palavra homossexual só foi criada em 1869, reunindo duas raízes lingüísticas: Homo (do Grego, significando "igual") e Sexual (do latim). Portanto, como a Bíblia foi escrita entre 2 e 4 mil anos atrás, não poderiam os escritores sagrados terem usado uma palavra inventada só no século passado. E se for da vontade de Deus que a gente se ame?
JOEL: - Você... está sendo usado pelo inimigo pra provar minha fé...
DAVI: - Não. Estou apaixonado por você. (Abraça-o e beija-o outra vez. Joel deixa a bíblia cair no chão. Após o beijo, corre desesperado. Apagam-se as luzes)

FIM DO PRIMEIRO ATO

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