Dos saltibamcos, os circenses herdaram a tradição da transmissão oral, “de pai para filho”, de seus saberes, e a cultura nômade. Esta última fez com que o novo gênero de espetáculo se espalhasse pelo mundo.
O circo moderno chegou ao Brasil no início do século XIX, mas só a partir de 1870 São Paulo passou a receber com freqüência a visita de trupes circenses que por aqui chegaram atraídas pelo dinheiro farto do café e pelas sucessivas levas de imigrantes que incorporavam à população local. Apresentavam-se em teatros, cabarés, politeamas, ou armavam suas empanadas no Largo São Bento, Praça João Mendes, Brás, Largo do Curros (atual Praça da República) e, entre outros lugares do centro da cidade, Largo do Paissandu.
Inestimáveis foram os serviços prestados a formação artística e cultural do povo brasileiro por esses semeadores da cultura. Foram eles portadores das primeiras mensagens do teatro, através das pantomimas, da música popular e erudita, do ballet, da mímica, da arte esquestres, da cultura física: suas “menageries” eram zoológicos ambulantes através do qual o homem do povo ampliava as suas noções sobre o universo. Até na forma simples de sua propaganda, ministravam conhecimentos rudimentares da história natural, “urso da Sibéria”, “leões da áfrica”, “elefantes da Índia”, “tigre de Bengala” etc.
Ainda no século passado, considerada a precariedade dos nossos meios de comunicação, podemos avaliar o heroísmo dos elencos estrangeiros que penetravam pelo interior do Brasil, vadeando rios, atravessando campos, transpondo serras para levar a todos os rincões a sua mensagem de paz, de cultura e de alegria.
Nunca esperam que o homem do povo fosse procurá-lo, saíram a sua procura onde quer que ele estivesse.
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