ANJO BOM, GÊNIO MAU
PERSONAGENS:
GABRIEL
Irmão
de Miguel, homem simples na faixa etária de 30 anos, vive em uma comunidade e
sobrevive como vendedor ambulante.
MIGUEL
Irmão
de Gabriel, mais novo que seu irmão, é um bem sucedido empresário, ambicioso e
de caráter duvidoso é capaz de tudo por dinheiro.
TEKA
Mulher
de Gabriel, apaixonada pelo marido, vive se metendo em confusões seja por
ciúmes ou por seu sonho de grandezas.
HENRIQUE
Advogado
de Miguel, submisso, é homem de confiança capaz de qualquer coisa para manter
seu emprego junto a empresa.
LÍDIA
Empregada
de Miguel, tem uma certa classe, é dentro da mansão o braço direito do patrão.
CÍNTIA
Secretária
de Miguel, ambiciosa, sem nenhum caráter sabe todos os podres de patrão, e
aproveita para tirar vantagens.
CHERRY
Amigo
de Teka, homem batalhador que a custo de muito trabalho montou seu salão.
MANU
Ex
Namorada de Gabriel, sexy, um tanto vulgar usa toda sua sedução para
reconquistar seu grande amor e humilhar sua rival.
FERNANDO
Primo
de Teka, advogado recém formado, inexperiente, mora em uma comunidade e deseja
mudar de vida através de seu trabalho.
QUIRINA
Amiga
de Teka, mulher simples, batalhadora que apesar de gostar da amiga, discorda de
seu jeito explosivo de ser.
MADAME
ZORA
Falsa
Vidente, charlatã, vive de aplicar pequenos golpes em pessoas mais ingênuas.
PIOLHO
Filho
de Zora, menino em torno de 10 anos de idade, auxilia sua mãe em seus golpes.
ANJO BOM, GÊNIO MAU
FADE
IN.
1 –
INT./EXT.CASA DE GABRIEL/CENTRO DA CIDADE/DENTRO DO CARRO – DIA
Imagens
de cenas entrelaçam. Ora mostra Miguel dirigindo a camainho de seu escritório, ora
mostrando Gabriel no centro da cidade vendendo produtos piratas, ora mostra
Teka em trabalhos domésticos em sua casa na comunidade, ora vista panorâmica da
cominudade.
2 – EXT.
CASA DE GABRIEL/COZINHA/PORTA DA ENTRADA - DIA
Henrique
vai a casa de Gabriel na comunidade. Teka está sentada pintando as unhas.
Henrique na porta da casa de Teka bate palmas.
HENRIQUE
Bom dia?! Sabe onde mora o
senhor Gabriel?
GABY
Ah, mora lá na casa dos
fundos.
HENRIQUE
Obrigado.
Henrique
entra na viela, encontra com Gaby que o segue.
GABY
Ai moço... nesta casa.
Henrique
chega até a porta da casa de Gabriel e bate palmas.
3 –
INT. CASA DE GABRIEL/COZINHA – DIA
Teka
está lavando louça, ouve as palmas, pega um pano de prato de sai enxugando as
mãos.
TEKA
Oi?!
4 – EXT.
PORTA DE ENTRADA DA CASA DE GABIEL - DIA
HENRIQUE
Bom dia?
TEKA
Bom...
HENRIQUE
Desejo falar com o senhor
Gabriel.
TEKA
Sinhô?... Biel tá podeno,
hein?!
HENRIQUE
Será que é possível falar
com ele?
Câmera
vai se aproximado em Gaby que ouve atenta a conversa.
TEKA
Ih! Sei não... Quando vem
assim, com essa história de sinhô, é igual aquele povo que liga pra gente
vendeno ou cobrano alguma coisa.
HENRIQUE
Não, não é nada disso.
TEKA
Então é treta! Desembuça
logo moço.
HENRIQUE
Fique tranquila. Não há nada
de errado, não. Apenas gostaria de falar com o senhor Gabriel...
TEKA
E sobre o que quer fala cum
ele?
HENRIQUE
Qual é mesmo sua graça
senhora?
TEKA
Ih, que papo é esse? Tá me
estranhando?
HENRIQUE
Perdão! Acho que não entendeu.
Perguntei
nome da senhora?
TEKA
Senhora tá no céu! Sou muito
jovem pra ser chamada de senhora.
GABY
Hã, hã!
TEKA
Que foi periguete?
HENRIQUE
Posso saber seu nome?
TEKA
Numa boa moço... Num saio
dizenô meu nome pra estranho...
HENRIQUE
Esse é meu cartão...
TEKA
Pra que quero um cartão?
HENRIQUE
Estou me apresentando. Como
diz ai, sou advogado.
GABY
Ish! Sujou.
TEKA
Que é periguete?
TEKA
Seio lê. Pouco mai seio. E o
que o senhô quer cum meu marido?
HENRIQUE
Sou advogado do irmão dele.
TEKA
Irmão?
HENRIQUE
Exato.
TEKA
Mais que história é essa?
Biel nunca que comentou que tem um irmão.
HENRIQUE
Então a senhora é esposa do
Gabriel?
TEKA
Assim... no papel ainda não.
Mais sabe como é: amigada com fé, casada é.
HENRIQUE
Como posso falar com seu
marido?
TEKA
Desenrola logo essa história
moço, que num tenho o dia todo... Daqui a pouco a vizinhança vai começar a
falar. (Grita) Por que esse bando de desocupadas num tem o que fazer não, cuida
da vida dos outros!
GABY
De você não quer que cuide
da sua vida, pare de gritar sua escandalosa.
TEKA
Ah sua periguete, só não
meto a mão na tua cara, em respeito ao moço aqui.
GABY
Então vem pra dentro, fia...
(Do barraco ao alto a mãe de
Gaby ouve a discursão e se intromete)
VIZINHA
Que tá acontecendo ai?
GABY
Ah, é essa veia aqui...
TEKA
Epa! Que velha o que menina?
Velha é sua mãe...
VIZINHA
Oh, não coloca eu no meio
não sua louca.
TEKA
Louca é você...
VIZINHA
Eu? Poe que é o seguinte...
Você fica ai gritando na porta dozoutro... acha que tá direito? Encosta a mão
na minha filha pra vê o que te acontece. Sua má educada, mal amada...
TEKA
Coloca essa periguete mirim,
essa paquita erótica pra cuidar da minha vida...
VIZINHA
Sua invejosa!
TEKA
Tá pensano o que?
VIZINHA
Mal amada...
TEKA
Isso é muita falta, muita
falta do que fazer.
VIZINHA
Vai você procurar o que
fazer...
TEKA
Vem? Vem aqui, vem me
pegar...
VIZINHA
Ridícula, Mal amada...
TEKA
Desce aqui se é mulher...
VIZINHA
Recalcada...
TEKA
Desce se é mulher. Sua loka!
VIZINHA
Loka é você...
TEKA
Vem desce?!
VIZINHA
Perai, perai que vou descer
ai, e vou te quebrar todinha...
TEKA
Desce! Vem...
VIZINHA
Perai, vou te arrebentar
todinha.
TEKA
Vem, tô te esperando.
VIZINHA
Sua varrida!
TEKA
Vai, vai...
Henrique
fica sem jeito ao presenciar a discursão das mulheres
5 – INT. CASA DE GABRIEL/COZINHA
– DIA
TEKA
Vamos entrar moço, vamo
entrar...Vamo fica aqui em casa, aqui dentro, porque esse povo não tem o que
fazer e gosta de cuidar da vida dos outros. Mas diga ai... O que o sinhô tanto
quer com meu Biel?
HENRIQUE
É que trago para seu marido
uma boa notícia.
TEKA
Que história é essa moço?
HENRIQUE
Por favor... Preciso muito
falar com ele. É sobre dinheiro.
TEKA
Cobrança?
HENRIQUE
Não. Lhe garanto que vai
ficar tão feliz quanto ele.
TEKA
Dinheiro é? Tá bom. Vou
quebrar a tua. Só um momentinho...
(Retira o celular de dentro
do sutiã e faz a ligação)
Mozão? Vou fala rápido que é
pra num acabar com meus créditos, ó, tem um home aqui te procurano, veio cum
uma conversa estranha, que quer fala contigo, é sobre teu irmão. Biel? Que conversa é essa, desde quando tu tem
um irmão? Nunca disse nada. Tá, tá bom. Que digo pro moço? Tá bom... Beijo! Oh,
hoje tem, hein?! Beijos! Para... Safadinho! (Desliga) Bem moço... ele pediu pro
sinhô voltá lá pras sete, sete e meia, depende do trânsito, que ele já vai tá
aqui.
HENRIQUE
Muito obrigado, retorno as
19 horas. (Sai)
TEKA
Tá bom. Cada uma! Um irmão?
Só que faltava... Como será esse irmão? Será bonitão? Hum... (Entra)
6 – INT.RECEPÇÃO DO ESCRITÓRIO DE
MEGUEL – DIA
SECRETÁRIA
Bom dia Dr. Henrique?!
HENRIQUE
Bom dia. Dr, Miguel está?
SECRETÁRIA
Não... ainda...
HENRIQUE
Vou aguardar no
escritório... (Entra)
SECRETÁRIA
Dr. Henrique?! Ah, esse Dr,
Henrique me dá nos nervos.
7 – EXT./INT. PORTARIA/RECEPÇÃO E
ESCRITÓRIO DE MIGUEL – DIA
Miguel chegando em seu
escritório, sai do estacionamento, passa pela portaria, entra no elevador.
Porta do elevador se abre ele sai e entra na recepção do escritório.
CÍNTIA
Bom dia Dr. Miguel?!
MIGUEL
Bom dia.
CÍNTIA
Dr. Henrique lhe aguarda em
sua sala.
MIGUEL
Mas já?
CÍNTIA
O senhor me desculpe é
que... (Miguel entra sem dar atenção) Mal educado... grosso!
Fechando
as portas que ele deixou aberta.
8 – INT.ESCRITÓRIO DE MIGUEL – DIA
MIGUEL
Henrique?!
HENRIQUE
Bom dia Miguel...
MIGUEL
Assim espero... Afinal é pra
isso que lhe pago.
HENRIQUE
Bem... (Abre a pasta)
MIGUEL
Quais as boas novas? Aceita
um
drink?
HENRIQUE
Não, obrigado.
MIGUEL
Realmente não é bom beber em
serviço. Que tem pra mim?
HENRIQUE
Encontrei seu irmão.
MIGUEL
Vivo, ou morto?
HENRIQUE
Vivo.
MIGUEL
Droga! Maldição!
HENRIQUE
E bem vivo por sinal.
MIGUEL
Parece urubu... só trás
notícias ruins.
HENRIQUE
Calma Miguel.
MIGUEL
Como posso ter calma? Como
pode
me pedir pra ter calma? Tem
noção do que significa?
HENRIQUE
Claro...
MIGUEL
Olha para tudo isto em sua
volta... Está vendo? Eu ajudei a construir, tudo isso... Agora me diga: é
justo? É justo eu dividir todo meu patrimônio com alguém, que se quer eu
conheço?
HENRIQUE
É seu irmão.
MIGUEL
Pro inferno! Irmão um
cacete. Um estranho. Isso sim!
HENRIQUE
Um cópia perfeita sua.
MIGUEL
Bem pirata. Não tem nada a
ver comigo.
HENRIQUE
Bom, vamos ao que
interessa... segundo as orientações de sua falecida mãe, o testamento só poderá
ser lido na presença de ambos os filhos.
MIGUEL
Não podia ter feito isso
comigo...
HENRIQUE
Mas fez. E não podemos burlar
as leis...
MIGUEL
Tem que haver um jeito...
Tem que ter. Temos que tirar esse cara da jogada. Entende?
HENRIQUE
Miguel...
MIGUEL
Você é advogado, deve saber
de alguma maneira de jogar esse estranho que se diz meu irmão, pra escanteio.
HENRIQUE
Isto só seria possível...
MIGUEL
Continue... diga.
HENRIQUE
Deixa pra lá.
MIGUEL
Não, agora fala.
HENRIQUE
Juridicamente você seria
único herdeiro se seu irmão, estivesse morto.
MIGUEL
Ninguém sabe da existência
desse filho da minha mãe...
HENRIQUE
Consta no testamento, e isto
é, irrevogável.
MIGUEL
A menos que comprovada a
morte dele. Não é isto?
HENRIQUE
Sim. Mas está vivo. E bem
vivo!
MIGUEL
Maldição! (Anda de um lado
para o outro)
HENRIQUE
Aqui está o endereço do seu
irmão, Gabriel.
MIGUEL
Que falta de criatividade da
minha amada mãe. Miguel e Gabriel!
HENRIQUE
Nomes de anjos.
MIGUEL
Lúcifer também foi um anjo.
HENRIQUE
Bom, preciso ir. (Se
levanta) Miguel, não faça nenhuma bobagem.
MIGUEL
Está certo Dr. Henrique
Cardoso de Moraes.
HENRIQUE
Quem está lhe aconselhando
agora, é o amigo. Passar bem. (Sai)
MIGUEL
Meu bem, meu mau! Ah,
irmãozinho... (Fixando no papel em sua mão) Um de nós tem que morrer, e não
serei eu. Isso eu lhe garanto. (Pega o telefone) Cíntia?
SECRETÁRIA
Sim...
MIGUEL
Localize Dr. Henrique...
SECRETÁRIA
Sim senhor.
MIGUEL
É hora do jogo... (Toca o
telefone)
SECRETÁRIA
Dr. Henrique.
MIGUEL
Obrigado.
SECRETÁRIA
Obrigado? Ele agradeceu?
Ih... Dá até medo.
MIGUEL
Henrique? Estou te ligando
pra te
pedir, pra marcar um
encontro entre eu e meu irmão... Claro! Pensei no que conversamos, e passando o
susto, estou disposto a: Dar a Cesar o que é de Cesar! (Rir) Se esse é o último
desejo de minha falecida mãe? Fique tranquilo. Tudo bem, tudo, acredite. Vou
seguir suas recomendações. Vou em missão de paz. Um abraço meu caro! (Desliga)
Isso é o que veremos. (Pensativo, com olhar frio)
9 – INT. CASA DE GABRIEL – DIA
Henrique
chega bate palmas.
TEKA
Deve ser o tal advogado...
GABRIEL
Então atende lá. (Ele toma
cerveja)
HENRIQUE
Boa noite?
GABRIEL
Beleza, mano?!
TEKA
Vou pegá um tira gosto.
HENRIQUE
Não se incomodem...
TEKA
Que isso moço. A gente é pobre,
mas recebe bem as visita.
GABRIEL
Toma uma breja, truta?
HENRIQUE
Não, obrigado.
GABRIEL
O doutor deve está
acostumado com aquelas bebidas caras... Mas tranquilo, de boa . Mas diz ai, que o moço quer tanto falá comigo, tá ligado?
HENRIQUE
É sobre sua mãe...
GABRIEL
Êh... Que fita é essa?
HENRIQUE
Sei que deve ser difícil pra
você falar sobre isso.
GABRIEL
Mãe?! E eu tenho lá mãe?
Nunca tive; tá ligado?
HENRIQUE
Sinto muito.
GABRIEL
Que foi? A véia bateu as
botas, é mano?
HENRIQUE
Faleceu.
TEKA
Aqui está o tira gosto, no
capricho!
GABRIEL
Num precisa ficá sem jeito
não, truta. Nem tinha nenhum contato com essa mulher; tá ligado?
TEKA
Mulherzinha intragável,
abandonou o Biel moleque de tudo.
GABRIEL
Graças a ela, nesse vida, comi
o pão que o diabo amassou, tá ligado?
HENRIQUE
Deixou para você uma
herança...
TEKA
Grana?
GABRIEL
Nem todo dinheiro do mundo,
pode pagá as porradas que tomei nesse vida...
TEKA
Ai gente! Calma Bie! Deixa o
moço
falá. Quanto?
GABRIEL
Que isso Teka? Falano
assim... Que o moço vai pensá da gente? O moço vai pensar que nós é cheio dos
interesse...
HENRIQUE
Sua mãe acumulou durante
toda vida muito dinheiro e bens...
TEKA
Enquanto o filho passava um
perrengue danado!
HENRIQUE
E com sua morte, deixou tudo
para seus dois únicos herdeiros... Você e seu irmão Miguel.
GABRIEL
Ai mano?... E se eu num
quisé?
TEKA
Pirou? Num tá loko, num
cherô pó... Claro que quer. Vamo mudá de vida, tirá o pé da lama. Isso é o
mínimo que essazinha ai que te botô no mundo poderia fazê. Ah,
Moleque, é nois!
GABRIEL
Tá veno tu errada? Tenho
saúde
mina e posso trabalhá.
TEKA
Essa é boa... A vida resovê
te sorrir e tu vira as costa pra ela? Só seno Mané!
HENRIQUE
Vai renunciar sua parte na
herança?
TEKA
Craro que não. Ele só
precisa de um tempo... Sabe como é moço, tem essa história da rejeição da
mãe... Mas da grana, a gente não abre mão, não. Isso Já Mé!
HENRIQUE
Bom, tenho que ir... Vocês
estão com meu cartão. Depois faremos outro contato para marcar uma reunião
entre você e seu irmão para acertar os detalhes da partilha de bens. Boa noite!
GABRIEL: - Boa... (Henrique
sai)
TEKA
Tá loco, é?
GABRIEL
Não quero nada que venha
dessa mulher.
TEKA
E vai vive assim? A vida
inteirinha fugindo dos GCM, enfiado na lama, afundado na merda?
GABRIEL
Êh mano que fita errada
agora é essa? Nunca recramou... Se liga!
TEKA
Antes cê num era rico.
GABRIEL
Rico? Isso tá me cheirando a
treta... e das boas.
TEKA
Ih, homim... deixa de ser pé
frio. A vida enfim tá sorrino pra nóis... Então vamo sorrir pra ela também.
Agora bebe. Bebe pra esfriaá a cabeça. Mais tarde tem comemoração. Sabe que vou
fazê?
GABRIEL
Que? (Fala no ouvido dele)
Cachorrona!
TEKA
Adoro!
GABRIEL
Pra que esperar...
TEKA
Agora não... não...
GABRIEL
Agora sim. Acendeu, tem que
apagar... (Saem)
(Cenas da periferia noite,
em seguida entra a cena panorâmica dia)
10 – EXT. CASA DE GABRIEL – DIA
Miguel
chega na comunidade, segue em direção da casa de Gabriel.
TEKA
Jesus!
MIGUEL
Oi? Posso fala com Gabriel?
TEKA
Você...
MIGUEL
Sim. Sou irmão do Gabriel.
TEKA
Caraca moleque!
GABRIEL
Quem é Teka?
MIGUEL
Gabriel...
GABRIEL
Miguel.
TEKA
Nossa! Tô até arrupiada, oh?
MIGUEL
Posso entrar?
TEKA
Craro! Num é educado deixa o
moço prantado ai fora.
GABRIEL
Entra ai véio...
MIGUEL
Obrigado!
11 – EXT.CENTRO DA CIDADE – DIA
Gabriel
vendendo seus produtos, um cliente aparece, compra um produto e sai.
FERNANDO
Gabriel?
GABRIEL
Eu.
FERNANDO
Sou Fernando.
GABRIEL
E como sabe meu
nome, mano?
FERNANDO
Sou primo da Teka.
GABRIEL
O advogado?
FERNANDO
Isso...
GABRIEL
Teka fala
demais...
FERNANDO
Me pediu pra lhe
procurar...
GABRIEL
Só que agora tô
enrolado. Num
posso parar o meu
trabalho pra bater
papo...
FERNANDO
Pelo que Teka me
disse, num se trata só de um papo, mas de um assunto muito importante. Se for
verdade o que disse minha prima...
GABRIEL
Escuta mano, de
boa, agora num dá... Num leva mal não brol, mais podemos conversar lá em casa,
belê?
FERNANDO
Tudo bem. Então,
posso passar em sua casa hoje à noite?
GABRIEL
Belê, pode sim.
Passa lá.
FERNANDO
Então até a noite.
GABRIEL
Belê, tranquilo,
de boa!
12 – EXT.CASA DE MADAME ZORA
- DIA
QUIRINA
É aqui.
TEKA
Tem certeza?
QUIRINA
Claro!
TEKA
Num vai bater um fio errado, hein?
QUIRINA
É o que tá escrito aqui.
TEKA
E tu sabe lê?
QUIRINA
Fiz o colegial... Na cola, mas fiz!
TEKA
Deixa eu vê... (Pega o papel) Que com tu, tô esperta! Madame Zorra...
QUIRINA
Zora!
TEKA
Que disse?
QUIRINA
Deixa pra lá.
TEKA
É, é aqui mermo.
QUIRINA
Vamo bater palma, né?
TEKA
Bate você...
QUIRINA
Por que eu?
TEKA
Por que você quem me trouxe aqui neste fim de mundo... Só espero que
essa mulher seja quente!
QUIRINA
Qué voltar? Ainda dá tempo!
TEKA
Depois dessa caminhada toda? É ruim... Tá na chuva é pra molhar! Oh, de
casa?! De casa?!
PIOLHO
Oi?
QUIRINA
Madame Zora?
PIOLHO
Vai querer uma consulta com Madame?
TEKA
Vem cá moleque... Te conheço?
PIOLHO
Não senhora.
TEKA
Que senhora? Moleque desaforado...
Senhora aqui só se for tua mãe.
QUIRINA
Calma Teka! É só uma criança,
TEKA
Muito de um mal educado. (Ponha as mão na cintura e fala alto)
QUIRINA
Num grita...
TEKA
Tô gritanno? Tô? Tô gritano? Spu chique meu bem.
PIOLHO
Vocês querem ou não uma consulta com Madame Zora?
QUIRINA
Sim, nós quer.
PIOLHO
Por aqui por favor.
(TECA SE BENZE) (Entram)
13 – INT.CASA DE
MADAME ZORA - DIA
PIOLHO
Esperem aqui. Vou avisar a Madame Zora.
QUIRINA
Tá sentino energia?
TEKA
Num começa não... Segura a onda.
QUIRINA
Aqui tem vibrações... (Se levanta) Eu sinto.
TEKA
Senta ai vai... Fica quetinha.
14 – INT. CASA DE MADAME ZORA -
DIA
PIOLHO
Madame... Madame...
ZORA
Que é Piolho?
PIOLHO
Tem duas moças ai...
ZORA
E o que tá fazeno aqui? Vai moleque. Escuta um pouco da conversa. Faz
tudo como já combinamos...
PIOLHO
E o que que eu digo pras elas?
ZORA
Que Madame esta sintonia com os espíritos, e assim que acabar a conexão
com além... Atende as moças. Adora vai, vai que vou arrumar o ambiente. E num
esquece dos efeitos!
PIOLHO
Deixa comigo! (Sai) (ZORA OLHA PELA CORTINA)
ZORA
Essa parece fácil de enganar. (Senta) Deixa me concentrar.
15 – INT. CASA DE MADAME ZORA –
DIA
PIOLHO
Madame Zora já vai atender...
TEKA
Vai demorá muito?
PIOLHO
Madame esta sintonia com os espíritos, e assim que acabar a conexão com
além... Atende as moças.
TEKA
Ai moleque! Aprendeu.
PIOLHO
Assim que Madame estive pronta, eu aviso. (Sai)
TEKA
Que acha? (Liga o celular)
QUIRINA
É assim mesmo. Essa deve ser das boas...
TEKA
Pelo menos a conexão dela tá melhor que o meu raifaz!
QUIRINA
Eu até já desisti. Aqui muito mal tem sinal. O que você quer que as
cartas te diga?
TEKA
Sobre a herança. Quero sabe se essa grana vem logo ou não pra minha
mão.
(PIOLHO ESTÁ ESCONDIDO COM UM COPO NO OUVIDO E OUVI A CONVERSA)
QUIRINA
E amor?
TEKA
Ih! Isso eu já tenho... Biel é louco por mim. É só estralar os dedos!
Esse home tá aqui, ó! Faço direitinho, querida! (Riem)
QUIRINA
Você tirou a sorte grande!
TEKA
E eu que num abra o olho não... Aquele periguete, tá doida pra colocá as
patinha dela no meu homi. Mulé que casa num dorme, se não outra leva.
QUIRINA
Isso é insegurança! Gabriel é louco por tu.
TEKA
Sei segurá meu homi.
QUIRINA
E tu volta a trabalhar quando?
TEKA
Antes dessa história de herança, eu tava pensano em ir buscar roupa lá
na Bolívia, mas agora meu bem, sou chique! Sou Rica!
QUIRINA
Tem sorte mulhê. Aproveita!
16 – INT. CASA DE
MADAME ZORA - DIA
PIOLHO
Esperem aqui. Vou avisar a Madame Zora.
QUIRINA
Tá sentino energia?
TEKA
Num começa não... Segura a onda.
QUIRINA
Aqui tem vibrações... (Se levanta) Eu sinto.
TEKA
Senta ai vai... Fica quetinha.
17 – INT. CASA DE MADAME ZORA –
DIA
PIOLHO
Madame... Madame...
ZORA
Que é Piolho?
PIOLHO
Tem duas moças ai...
ZORA
E o que tá fazeno aqui? Vai moleque. Escuta um pouco da conversa. Faz
tudo como já combinamos...
PIOLHO
E o que que eu digo pras elas?
ZORA
Que Madame esta sintonia com os espíritos, e assim que acabar a conexão
com além... Atende as moças. Adora vai, vai que vou arrumar o ambiente. E num
esquece dos efeitos!
PIOLHO
Deixa comigo! (Sai) (ZORA OLHA PELA CORTINA)
ZORA
Essa parece fácil de enganar. (Senta) Deixa me concentrar.
18 – INT. CASA DE MADAME ZORA –
DIA
PIOLHO
Madame Zora já vai atender...
TEKA
Vai demorá muito?
PIOLHO
Madame esta sintonia com os espíritos, e assim que acabar a conexão com
além... Atende as moças.
TEKA
Ai moleque! Aprendeu.
PIOLHO
Assim que Madame estive pronta, eu aviso. (Sai)
TEKA
Que acha? (Liga o celular)
QUIRINA
É assim mesmo. Essa deve ser das boas...
TEKA
Pelo menos a conexão dela tá melhor que o meu raifaz!
QUIRINA
Eu até já desisti. Aqui muito mal tem sinal. O que você quer que as
cartas te diga?
TEKA
Sobre a herança. Quero sabe se essa grana vem logo ou não pra minha
mão. (PIOLHO ESTÁ ESCONDIDO COM UM COPO
NO OUVIDO E OUVI A CONVERSA)
QUIRINA
E amor?
TEKA
Ih! Isso eu já tenho... Biel é louco por mim. É só estralar os dedos!
Esse home tá aqui, ó! Faço direitinho, querida! (Riem)
QUIRINA
Você tirou a sorte grande!
TEKA
E eu que num abra o olho não... Aquele periguete, tá doida pra colocá as
patinha dela no meu homi. Mulé que casa num dorme, se não outra leva.
QUIRINA
Isso é insegurança! Gabriel é louco por tu.
TEKA
Sei segurá meu homi.
QUIRINA
E tu volta a trabalhar quando?
TEKA
Antes dessa história de herança, eu tava pensano em ir buscar roupa lá
na Bolívia, mas agora meu bem, sou chique! Sou Rica!
QUIRINA
Tem sorte mulhê. Aproveita!
19 – INT. CASA DE MADAME ZORA -
DIA
PIOLHO
Madame Zora já vai atender.
TEKA
Até que fim! Pensei que ia passá o dia todo aqui, sentada!
QUIRINA
Calma Teka.
TEKA
Fale isso pra minha bunda... Tá quadrada!
QUIRINA
Deixa de exagero!
PIOLHO
Por aqui. (ENTRAM)
20 – INT. CASA DE MADAME ZORA –
DIA
ZORA
Sejam bem vindas! Entrem, fiquem a vontade! Piolho... Vá... Feche a
cortina.
PIOLHO
Sim senhora. Sua benção mãe Zora.
ZORA
Deus o abençoe, meu filho! (Beija a mão e sai) Um anjo esse menino!
QUIRINA
Seu filho?
ZORA
Pobrezinho, abandonado pela mãe, chegou aqui, e ficou. E como posso
ajudar vocês?
QUIRINA
É que minha amiga aqui...
TEKA
Vem cá?! Pedi porta vóz?
QUIRINA
Ai credo!
TEKA
Sabe o que é Madame Zóia...
ZORA
Zora!
TEKA
Zorá. Tô cum probreminha ai e queria sabê, como é que as coisas tá, né?!
ZORA
Madame entende! Prefere búzios ou tarô?
TEKA
Que acha Quirina?
QUIRINA
Ué?! Num disse que não precisa de porta foz...
TEKA
Deixa de ser chata!
ZORA
Então vamos de tarô. A moça tá meio carregada! Precisa relaxar. Abrir a
áurea... Abrir caminhos para que as cartas se abram, (acende uma vela) e que
meus conselheiros espirituais me ajudem a prever o seu futuro... (Corta a
carta) Hum! O jogo abriu.
TEKA
E o que a senhora viu Madame?
ZORA
Essa carta...
TEKA
Que tem essa carta?
ZORA
É um alerta...
TEKA
Alerta?
ZORA
Você é muito amada...
TEKA
Disso eu já seio... Novidade nenhuma.
QUIRINA
Deixa a Madame falá. Continue Madame...
ZORA
Tem uma mulher entre vocês...
TEKA
Deixa ela... Minhas unhas está afiada pra marcar a cara dessa cadela
toda.
ZORA
Mas esse homem te ama muito. E essa outra carta aqui, revela que você
não correr perigo não.
TEKA
Num é pra se gabá, não... Cuido bem do meu homi!
ZORA
Emocionalmente, você está bem. Mas tem algo relacionado a dinheiro...
(SEGURA
FORTE NA MÃO DE QUIRINA)
TEKA
E o que diz Madame?
ZORA
Olha essa carta... (Mostra a carta) Que você tem uma boa quantidade de
dinheiro pra receber.
TEKA
E assim... Isso vai demorar muito?
ZORA
Não... Creio que não. Pois tudo pode acontecer em dias, semanas ou
meses.
TEKA
Que diz mais? Agora me interessei.
ZORA
Hum!
TEKA
Putz! Viu a cara que ela fez?
QUIRINA
Deixa ela falá.
ZORA
Essa carta não é boa... Não é mesmo não...
TEKA
Tenho até medo de sabe.
QUIRINA
Num veio até aqui pra dá pra trás.
ZORA
Essa carta... A morte.
QUIRINA
Alguém vai morrer?
ZORA
Não necessariamente. Significa renascimento, mas aliada a esta, o louco,
apresenta obstáculos, e também saiu o enforcado, em resumo, minha querida, vem
tempestade por ai...
TEKA
Por que desgraça sempre vem acompanhada?
ZORA
Pelo que vejo aqui... Não é nada com você. Mas com alguém próximo.
TEKA
Desenrola essa fita, que tô confusa.
ZORA
Infelizmente, alguém próximo poderá ficar doente, ou até morrer. (Zora
finge sentir uma dor na cabeça e se desconecta)
QUIRINA
A senhora está bem?
ZORA
Vocês precisam ir...
TEKA
Gente!? Que babado! Que isso?
ZORA
Acabou a consulta. Minha filha, você está bem carregada. Olha aqui está
o que precisa fazer, pra tirar essa urubucubaca de cima de você. Basta seguir as intruções. (TECA
PEGA O PAPEL. LÊ)
TEKA
Um despacho?
ZORA
Isso mesmo meu bem.
QUIRINA
Pode deixar Madame, faremos tudo que está escrito.
ZORA
Espero que sim.
TEKA
Bom, num entendi nada! Tô até zonza...
QUIRINA
Paga a madame e vão bora, que temos um longo caminho.
TEKA
Aqui madame... Salgado, né?
ZORA
Todo dinheiro arrecadado por minhas consultas vão para obras sociais.
QUIRINA
Obras sociais?
ZORA
Sim. Ajudo muitas.
TEKA
Aqui está...
ZORA
Não, não pego em dinheiro... Piolho?! (O MENINO ENTRA) Pode entregar a
esse anjo, que das mãos dele, vai direto para os mais necessitados. E que Deus
o abençoem.
PIOLHO
Por aqui, por favor... (Elas passam por ele)
ZORA
Dá isso aqui pestinha. (Toma o dinheiro e guarda no sutiã) Mas fácil que
imaginava. (Puxa um cigarro, ascende e fuma)
21 – INT. CASA DE MADAME ZORA –
DIA
QUIRINA
Que achou?
TEKA
Sei não... Sinistro! Sinistro.
22 – INT.CASA DE GABRIEL – DIA
TEKA
Repara não moço, essa casa
num é tão luxuosa quanto as casa que o sinhô deve tá acostumado...
GABRIEL
Toma uma breja?
MIGUEL
Não, obrigado.
TEKA
Tu quer? Eu pego...
GABRIEL
Quero uma geladinha.
TEKA
E você?
MIGUEL
Não se preocupe. Nada.
GABRIEL
Então tá...
MIGUEL
Olhando assim... Até que não
somos tão parecidos...
GABRIEL
Ai véio, o dinheiro faz de
nós diferente.
MIGUEL
Dinheiro! Sempre ele. Que
une, que separa...
TEKA
Uma lourinha bem gelada! Tem
certeza que não quer?
MIGUEL
Tenho. Será que poderia nos
deixar a sós?
GABRIEL
Não tenho segredos com minha
mulhé.
TEKA
Que isso mozão! Conversa com
teu irmão... Vai ser bom, afinal, são tanto tempo, né? Vou lá na casa da Rita,
é que ela queria fala comigo... Bom, vou lá... (Sai)
GABRIEL
Tamo só... Que manda?
MIGUEL
Só eu e você. Imagino que
você não vê a hora de colocar a mão na tua parte da herança.
GABRIEL
Por que, cara?
MIGUEL
Por que? O que?
GABRIEL
Por que ela me abandonou?
MIGUEL
Não pense que foi fácil pra
nossa mãe... Tinha que deixar um de nós dois pra trás... E infelizmente foi
você.
GABRIEL
Nunca se quer, quis saber
como estava o filho que abandonou...
MIGUEL
Nossa mãe sofreu muito pra
chegar onde chegou...
GABRIEL
Mudou de vida, ficou rica...
E nem assim, veio a minha procura. Sabe o que é passar de reformatória a
reformatório? Não. Tu num sabe. Num faz ideia, tá ligado? Por que nunca passou
por isso. Sempre viveu lá, no bem bom.
MIGUEL
Ela lhe procurou. Mas nunca
lhe encontrou. Isso, a matava a cada dia.
GABRIEL
Culpa! Apenas culpa. Tá
ligado? E culpa não é amor. Você teve amor, eu não. Muita outras mulher é, com
muito menas condição, não abre mão de seus filhos e, enfrenta as maior
dificuldade, mais tá junto. Tá ligado?
MIGUEL
Você nunca vai lhe
perdoar... Não é mesmo?
GABRIEL
Sei lá... Há muita mágoa
revolta.
MIGUEL
Então por que vai ficar com
algo que venha dela?
GABRIEL
É por isso que veio, né
truta? Por isso... Pela grana?
MIGUEL
Não faz sentido ficar com
algo que pertenceu a quem tanto odeia.
GABRIEL
Ai meu irmão... É meu de
direito. Vai repará em morte, tudo que deixou de fazê por mim nessa porra de
vida,
MIGUEL
Eu sabia! Odeia a mãe, mais
não abre mão do dinheiro!
GABRIEL
Que veio fazer aqui Miguel?
Desenrola logo vai...
MIGUEL
Quer saber? Nunca, se quer
um dia, nossa mãe se lembrou que tinha um outro filho, que não fosse eu. Pra
ela, você nunca existiu, morreu naquele dia em que foi abandonado. Mas como sou
generoso, vim lhe fazer uma proposta.
GABRIEL
Pro inferno com sua
proposta. Tá me tirano, mano? Num tô a venda.
MIGUEL
Apenas ouça... Depois
decida. Te ofereço essa quantia (Dar um cheque) que mudará toda sua vida, em
troca você abre mão de sua parte na herança. Mesmo por que não sabemos o que
diz o testamento... Pode não ter mais que isso.
GABRIEL
Se não fosse uma boa bolada...
você num se daria o trabalho de saí do seu bem bom, pra vim aqui no meu cafofo.
E tu tá é com cuzinho na mão... Tá preocupado grafinão?
MIGUEL
Não estou.
GABRIEL
Abrir mão! E deixar tudo pra
tu
veio? É brincadeira! Fala
sério!? Isso nunca. Sabe que faço com essa merda de cheque? (Rasga) Isso.
MIGUEL
Tudo bem! Não se preocupe
meu irmão... Terá tudo que lhe é direito. Meu advogado irá cuidar de tudo. Não
precisa se preocupar.
GABRIEL
Deve tá me achano, muito
trouxa... Seu advogado?
MIGUEL
Sim, claro... Você não
precisará gastar nenhum centavo.
GABRIEL
Ai veio... Vou bater uma
real. Na humildade, agradeço sua falsa bondade, mas já tenho um advogado que
vai cuidá de tudo pra mim, tenho certeza que essa divisão será feita de forma
correta, véio.
MIGUEL
Claro. Bom, foi um prazer
lhe conhecer. (Tenta apertam mas sem êxodo)
GABRIEL
Bum digo o mesmo.
MIGUEL
Quem sabe que com o tempo,
podemos nos conhecer melhor, e deste modo, encontrar algumas afinidades.
GABRIEL
Cai fora...
MIGUEL
(Sai sem jeito, receioso)
GABRIEL
Miguel...
MIGUEL
Sim...
GABRIEL
E nunca mais apareça.
(Miguel sai, Gabriel pega
uma cerveja e senta-se pensativo)
TEKA
Caraca! Que carrão. E ai?
Como foi?
GABRIEL
Um tremendo de um cuzão!
TEKA
Num tô entendeno...
GABRIEL
Vamo pegá outra breja que te
conto tudo.
TEKA
Quero sabê, tudo nos mínimos
detalhes. (Saem)
23 – EXT. CENTRO DA CIDADE – DIA
Gabriel vendendo seus produtos.
FERNANDO
Gabriel?
GABRIEL
Eu.
FERNANDO
Sou Fernando.
GABRIEL
E como sabe meu
nome, mano?
FERNANDO
Sou primo da Teka.
GABRIEL
O advogado?
FERNANDO
Isso...
GABRIEL
Teka fala
demais... Fala até pelos cotovelos veio...
FERNANDO
Me pediu pra lhe
procurar...
GABRIEL
Só que agora tô todo
enrolado. Num posso parar o meu trampo pra bater um papo contigo...
FERNANDO
Pelo que Teka me
disse, não se trata só de um papo, mas de um assunto muito importante. Se for
verdade o que disse minha prima...
GABRIEL
Escuta mano, de boa,
agora num dá... Num leva mal não véio, mais podemos conversar lá em casa, passa
lá em casa mais tarde véio, belê?
FERNANDO
Tudo bem. Então,
posso passar em sua casa hoje à noite?
GABRIEL
Belê, pode sim.
Passa lá.
FERNANDO
Então até mais
tarde.
GABRIEL
Belê, tranquilo,
de boa!
FERNANDO SAI E
GABRIEL OBSERVA.
GABRIEL
Vai, vai nessa...
Vai... Advogado!
GABRIEL VOLTA A
VENDER SEDU DVDs.
24 – INT. SALÃO DE BELEZA - DIA
Teka
chega ao salão de beleza.
CHERRY
Olha!... Quem é viva sempre
aparece!
TEKA
E quero viver por muito
tempo, Bi! Ainda mais agora...
CHERRY
Tô sabeno...
TEKA
Tem horário livre?
CHERRY
Tenho. Senta ai...
TEKA
Quero tratamento de
rainha...
CHERRY
Já tá exercitando é?
TEKA
Ih... Que foi, Bi? Num tô
entendeno.
CHERRY
Que isso amiga? Pra cima de
moá. Todo mundo já sabe.
TEKA
Sabe o que?
CHERRY
Tá na boca do povo meu bem.
TEKA
Como é que é?... (Se levanta
nervosa e vai para fora do salão)
25 – INT.SALÃO DE BELEZA - DIA
TEKA
Olha aqui povinho... Meu
nome não é bafômetro não... pra andar na boca dessa gentinha? (Vai a porta e
grita) Escuta aqui gentinha... meu nome num é bafômetro não, pra andar de boca
em boca... (Voltando) Antes de falar de mim deita na BR. Beijinho no ombro meu
bem...
CHERRY
Que isso mona?! E precisa
desse escândalo todo?
TEKA
Gentinha que num tem o que
fazer! Isso é falta... Muita falta, oh...
CHERRY
Calma Mona... (Puxando Teka
pra dentro)
TEKA
Vou até pedir pra pai de
Ogum tirar um êbô. Olho gordo é fogo!
CHERRY
Entra vai... Vomos cuidar
desse visu...
26 – EXT. CASA DE GABRIEL/COMUNIDADE
– DIA
Fernando
passa pela viela, Gaby está sentada na janela com fone de ouvido, ouvi um
batidão, ao perceber Fernando se interessa e vai atrás dele.
FERNANDO
(Bate palmas)
Gabriel... Gabriel?! Teka?
GABY
Oi?
FERNANDO
Oi.
GABY
Tá procurano o Gabriel?
FERNANDO
Sim, estou.
GABY
Tá não.
FERNANDO
Deve ainda está no trampo.
GABY
Ih, moço. Já deve ter
voltado. É que na maioria das vezes ele dá uma passada lá do bar do bigode.
FERNANDO
Você sabe onde fica esse
bar?
GABY
Sei sim...
FERNANDO
Pode me dizer como chego lá?
GABY
E o moço, que quer com
Gabriel?
FERNANDO
Sou primo da Teka.
GABY
Ish, tinha que ser logo
primo da múmia!
FERNANDO
Oi?
GABY
Nada... Mesmo por que uma
coisa, nada tem a ver com a outro.
FERNANDO
Não entendi.
GABY
Você num prefere espera...
Eu tô sozinha, e você pode esperar na minha casa. Moro aqui...
FERNANDO
Melhor não.
GABY
Que foi? Você é gay?
FERNANDO
Não. Mas não quero encrenca.
Onde fica o bar?
GABY
Passando a viela, primeira a
esquerda.
FERNANDO
Obrigado. (Sai)
GABY
É gay! Ai papai... Se te
pego! (Coloca o fone no ouvido e volta a ouvir à música)
27 – INT.SALÃO DE
BELEZA - DIA
CHERRY
Calma mona!
TEKA
Oh, gentinha viu...
CHERRY
Mas me diz uma coisa... Essa tal herança, é mesmo verdade, ou conversa
do povo?
CHERRY
Pra você posso falá. E escuta aqui bocha... se espalhá, te corto a
língua.
BIA
Ai credo! Minha boca é um túmulo. Sou mais confiável que padre em
confessionário. Se eu fosse contar tudo que ouço aqui, minha querida, daria um
livro. E que livro meu bem.
CHERRY
Ai Cherry, que língua felina! Quero morrer sua amiga. Mas é verdade. Meu
marido vai recebe ai uma grana boa sim, e hoje, eu quero, fazer tudo... Quero
uma transformação geral! Por que minha linda, eu num ando, desfilo! (Risos)
CHERRY
Adoro! Quer fica bonita, né?
TEKA
Bonita eu já sou. Quero fica chique! Igualzinha aquelas moça da
revistas.
CHERRY
Deixa comigo! Vou te dar um tratamento de estrela. E vamos começar por
esses cabelos... Tá pesado, sem vida, precisando de um brilho...
TEKA
Quê que é? Vai destruir agora? Bi, tô aqui pensano em ir sábado fazê
umas comprinhas...
CHERRY
É bom. Que mulher num gosta de fazer umas comprinhas. Ainda mais agora
que você tá chique!
TEKA
Renovar meu guarda-roupa... Chega aqui (Encosta o ouvido) Só tem trapo.
CHERRY
Conheço uma lojinha de acessórios... maravilhosa.
TEKA
Onde?
CHERRY
Lá na vinte e cinco...
TEKA
Me leva lá.
CHERRY
Só se for na segunda. Não posso fechar o salão. Perco dinheiro.
TEKA
Então tá bom. Segunda.
CHERRY
Agora deixa comigo. Vai sair daqui outra mulher.
TEKA
Hum! Capricha amiga.
28 – INT. RUA/ENCRUZILHADA - NOITE
QUIRINA
Ai... Vão acabar vendo a
gente aqui...
TEKA
Qual o probrema?
QUIRINA
Vão saí por ai dizeno que a
gente tá fazeno macumba. Que a gente é macumbeira.
TEKA
Cagano pra essa gentinha...
E peraí... Macumbeira não. Espírita! Macumbeira é coisa de pobre. Espírita é
mais chique! Já viu algum rico dizer que é macumbeiro? Não. Em tudo que revista
as celebridade, dizem que são espírita. Por que? Por que é bem mais chique, meu
bem.
QUIRINA
E o que trouxe ai?
TEKA
Farinha, ovo e pinga.
QUIRINA
Só isso?
TEKA
É o que tem pra hoje.
QUIRINA
Vai oferecer a que santo?
TEKA
Tranca rua, dizem que assim
como fecha, abre os caminho...
QUIRINA
Por que tá fazeno isso?
TEKA
Deixa de ser curiosa... E me
ajuda.
QUIRINA
Tô sentino uns arrepio...
TEKA
Coloca ai vai...
QUIRINA
Tó achando essa oferenda
muito pobrezinha...
TEKA
Tó trazeno o que tenho de
melhó em casa; tá?
QUIRINA
E o frango?
TEKA
Não me faz pergunta
difícil... Não tenho um puto hoje. Se tivesse um frango, acha que ia
desperdiçar? Ia devorar!
QUIRINA
Com essa miséria, sei não...
Capaz do santo se revoltar.
TEKA
Santo num é como certas
gente. Ingrata! E no mais, hoje ele abre meus caminho e amanhã eu pago. Esse é
o combinado. Isso aqui é só um agradinho.
QUIRINA
E essa vela? Tá usada.
TEKA
Faltou luz, e precisei usar.
Era a única que tinha em casa. Queria o que? Que eu ficasse no escuro? O santo
entende...
QUIRINA
Sei não... Essa oferenda...
TEKA
Isso não é oferenda é
despacho, meu bem.
QUIRINA
Então faz logo isso e
vambora...
TEKA
Acende a vela.
QUIRINA
Já tô ficano com medo...
TEKA
Num sei de que?
QUIRINA
De ser vista. Tô sentino uma
coisa...
TEKA
Frescura. Agora fica
quetinha que vou fazer a reza. Me dá o cigarro...
QUIRINA
Reza? Que reza?
TEKA
Pega o papel ai... O
cigarro?
QUIRINA
Num era pra ser charuto?
TEKA
Fica quetinha, fica.
(Começa a rezar e Quitéria
recebe um entidade, Teka com medo)
TEKA
Meu Deus do céu, virgi Maria
Santíssima que diabo é isso? Oh, meu pai... Tá virano os zoios... Num é que a
diaba tá manifestada! Oh, meu pai! Tá manifestada. (sai correndo)
29 – INT. BOTECO –
NOITE
GABRIEL
Ah! É você truta?!
FERNANDO
Fui lá na tua casa e não tinha ninguém...
GABRIEL
Senta ai mano... Uma breja?
FERNANDO
Aceito. Sobre essa grana, é verdade?
GABRIEL
Parece que é. (Acende um cigarro) Nunca que esperava por isso... Só na
morte que ela lembrou de mim...
FERNANDO: - Dureza cara! Mas vai superar essa.
GABRIEL
Claro! Sempre me virei sozinho, mermo... Num preciso dela pra nada. Tá
ligado?
FERNANDO
Mas é verdade que a tua mãe era montada na grana?
GABRIEL
É. A veia era montada no dinheiro.
FERNANDO
Então você é herdeiro...
GABRIEL
Junto com meu irmão, tá ligado...?
FERNANDO
E teu irmão?
GABRIEL
Um merdinha de bosta! Um convencido. Nariz empinado, almofadinha, todo
metido, cheio de ser o dono do mundo.
FERNANDO
O que importa, é o que você tem direito. Cara se isso for verdade, você
é um cara rico, montado na grana.
GABRIEL
Pó mano, ele veio me oferece dinheiro pra abrir mão da herança, tá
ligado?
FERNANDO
Então escuta aqui... Vou verificar tudo isso pra você. Por enquanto, não
aceita nenhuma proposta, nem assine qualquer papel sem antes me consultar; ok?
GABRIEL
Tá certo. Olha... (Retira um cartão do bolso) Esse é o cartão do
advogado do Miguel, meu irmão. Se é que posso chamá de irmão, tá ligado?
FERNANDO
Vou fazer um levantamento sobre todos os bens em nome de sua mãe, e
assim saberei de quanto estamos falando.
GABRIEL
Só aceito essa merda de herança por causa da Teka e pra baixar o topete
daquele filho de uma...
FERNANDO
Hei, calma! É bom ir pra casa descansar um pouco.
GABRIEL
Tá certo. Tá certo! Hei quanto é aqui? (Paga e sai)
30 – EXT. RUA – NOITE
QUIRINA
Bela amiga você.
TEKA
Queria que eu fizesse o que?
QUIRINA
Me abandonou lá, sozinha...
TEKA
Claro! Tava manifestada. Tive medo. Mas já passou.
QUIRINA
E agora?
TEKA
É só esperar... Quando eu tiver montada na grana, a primeira coisa que
vou fazê é virar rainha da bateria, depois, poso nua numa dessas revistas, fico
famosa, gravo um cd...
QUIRINA
E tu canta?
TEKA
E precisa cantá pra ser cantora de funk?
QUIRINA
Ah, tá!
TEKA
Depois arranjo um amante, me deixo fotografá saindo de um flat... Pra
saí nessas revistas de fofocas. Ah, meu bem! O caminho para se torna uma
celebridade é áduo.
QUIRINA
Teria a coragem de fazer isso com teu marido?
TEKA
Depois eu nego, assim que todas fazem... Publicidade é tudo!
QUIRINA
Na minha opinião, cê perdeu o juízo.
TEKA
Ôh, você hoje tá do contra.
31 – EXT. RUA/COMUNIDADE - DIA
MANU
E ai cara? Tó sabeno, se deu bem na fita. Vai dá um de magnata!
GABRIEL
Que nada! Papo desse zé povinho, gente que não tem nada pra fazé, fica
inventano. Tá ligado, gata?
MANU
E eu num tô sabeno que tu vai enchê a água...
GABRIEL
Larga disso! É só boato, gata.
MANU
Ih, vai ficá de caô? Logo comigo Biel? Eu? Que fui tua mina por tanto
tempo.
GABRIEL
Num tô dizeno...
MANU
E por falá nisso, gato... Vai dizê que tu não sente falta? Das nossas
loucuras... Das nossas noites calientes.
GABRIEL
Hê tempinho bom! Num provoca não...
MANU
Pode ter replay!
GABRIEL
Botava pra arregaçá.
MANU
Verdade. E eu adorava. Vamo dá uma entrada?
GABRIEL
Num quero probrema pra minha cabeça não...
MANU
Que probrema que nada... Vem, entra vai... só um bucadinho. Uma
rapidinha.
GABRIEL
Te liga gata... E sou home lá homem pra rapidinha. Tu é cachorra mermo,
hein?!
MANU
Sou... Sou mermo. (O encosta na parede) Agora vem... Prova da tua
nega...
TEKA: - Larga meu homi sua vagabunda.
GABRIEL
Calma ai... Num é que tu tápensano.
TEKA
Num tô pensano. Tô veno com meus próprios olho, essa cachorrada.
Essazinha ai, toda oferecida, se esfregando em você.
MANU
Ôh, dona Maria, volta pro tanque, vai...
TEKA
Como é que é? Sua pirainha de quinta. Que foi que disse?
MANU
Quem não dá assistência, abre concorrência, minha querida!
TEKA
Querida é o diabo que o carregue.
MANU
Não vou ficar aqui batendo boca contigo sabe por que? Tenho mais que
fazer.
TEKA
Vai... correr... vai mermo... Sua cachorra sarnenta. Sei que vai fazê...
Vai fazê ponto na Indianópolis...
MANU
Vou fazer engolí essa ofença.
GABRIEL
Para com isso. Entra Manu, e você vamo.
TEKA
Me solta. Me solta... que vou furar os olhos dessa vadia com minhas
unhas.
MANU
Então vem pra cima! Tô moreno de medo... Tô até temeno!
(SAEM AOS TAPAS)
GABRIEL
Parem com isso... Solta...
MANU
Se tu não sabe segurá teu homem, probrema teu.
TEKA
Invejosa, recalcada... Num se conforma de ter perdido Biel pra mim.
MANU
Macumba! Só assim pra segurá um home. Sua velha!
GABRIEL
Entra. Por favor, entra.
MANU
Só por que você ta mim pedino. Se não ia deixa minha marquinha na cara
dessa múmia.
TEKA
Escuta aqui sua vaca... Passa bem longe de mim... Se cruzar o meu
caminho vai se arrepender...
MANU
Tô moreno de medo! Nem vou dormi essa noite. Biel... foi bom pra você?
Pra mim foi ótimo! (Entra)
GABRIEL
Vamos pra casa.
TEKA
E você me solta! Safado... Tira as mão de mim... (Sai batendo nele)
Cachorro, sem vergonha... merece um par de chifre! Merece ser corno. Solta!
GABRIEL
Para com isso!
TEKA
Você me paga! Vai ter troco... (Sai na frente)
GABRIEL
Caraca!
32 – EXT. CENTRO DA CIDADE – DIA
HENRIQUE
Gabriel
GABRIEL
Que é mano? Que quer? Tá me
seguino?
HENRIQUE
Teu irmão...
GABRIEL
Pera ai... Não tenho irmão,
tá ligado mano? Aquele truta num é meu irmão.
HENRIQUE
Tudo bem... Henrique quer
falar contigo.
GABRIEL
Meu truta que é advogado vai
fala com ele.
HENRIQUE
Mas é com você que ele quer
falar, antes... É um assunto pessoal.
GABRIEL
Tenho nada pra fala com
ele... Nada!
HENRIQUE
Sua mãe deixou uma carta...
GABRIEL
Carta?
HENRIQUE
Sim. E quer te entregar.
Acho importante... Cara, é tua vida. Nesta carta pode haver respostas para suas
perguntas, suas inquietações.
GABRIEL
Tá certo, tá certo. Eu
vou...
HENRIQUE
Vai?
GABRIEL
Vou. Num tô falano que vou.
HENRIQUE
Te pego aqui...
GABRIEL
Fechô!
HENRIQUE
Sabe Gabriel... Acho que não
devia contar a sua mulher, sobre o encontro com teu irmão...
GABRIEL
E por que não?
HENRIQUE
Ela não se simpatiza muito
com ele.
GABRIEL
E com razão. Mas não digo
nada. Pelo menos, por enquanto.
HENRIQUE
Então, até amanhã.
GABRIEL
Belê, fechô. (Henrique
observa Gabriel caminha)
33 – EXT. LADO DE FORA
DA MANSÃO DE MIGUEL – DIA
Teka chega a mansão de Miguel.
TEKA
Andei feito uma desgraçada...
As casa é chiquetosa, mas pra chegá até aqui... Deus me livre! Bom, pelo
endereço, é essa aqui. (Assovia)
Mora bem, hein?!
(Aperta o interfone)
EMPREGADA
Pois não?
TEKA
Quero falá com Miguel.
EMPREGADA
Quem gostaria?
TEKA
Quem gostaria é uma ova! Quero. Que parte não entendeu queridinha?
EMPREGADA
Preciso saber quem devo anunciar.
TEKA
Olha aqui baixa renda... Num sou alto falante de pamonha pra ser
anuciada... Diz pro almofadinha do teu patrão, que quem deseja falá cum ele é
Dilma.
EMPREGADA
Dilma de onde?
TEKA
Ainda é burra! A presidenta.
EMPREGADA
Se não parar com a brincadeira vou acionar a segurança.
TEKA
Escuta aqui meu bem... Diz pro teu patrão que quem deseja falá com ele é
a Teka.
EMPREGADA
Teka de onde?
TEKA
Meu saco! A cunhada dele.
EMPREGADA
Só um momento.
TEKA
Saco! Agora vai me deixa cozinhando nesse sol. Depois pobre que num tem
educação.
34 – EXT. RUA – DIA
Cíntia está ansiosa, e demonstra todo
nervosismo em suas pernas e mãos, em movimentos repetitivos. Parece articular
planos diabólicos em sua mente)
FERNANDO
Cintia?...
CINTIA
Sim?
FERNANDO
Sou Fernando...
CINTIA
Você?
FERNANDO
Sim, eu.
CINTIA
Perdão! É que imaginava alguém mais experiente.
FERNANDO
Sinto muito decepcioná-la.
CINTIA
Que isso!... (Retira os óculos escuros)
FERNANDO
Pode se impressionar.
CINTIA
Mesmo?
FERNANDO
Que deseja de tão importante para falar comigo? Disse ao telefone que
era de meu interesse.
CINTIA
E, é. (Tira da bolsa uma carteira de cigarro) Tem fogo? (Insinuante)
FERNANDO
Desse fogo, não...
CINTIA
Faz bem. Sabe Fernando, aqui é meio arriscado...
FERNANDO
Se veio
em busca de um acordo...
CINTIA
Não seja tolo; o único
acordo que irei lhe propor, irá beneficiar, ambas as partes, neste caso, eu e
você.
FERNANDO
Não entendi.
CINTIA
Sou secretária de Miguel...
FERNANDO
E?
CINTIA
Sei muito mais que imagina.
FERNANDO
Estou tranquilo. Vou pedir
na justiça a quebra de sigilo bancário e levantamento de bens...
CINTIA
Ai que eu entro.
FERNANDO
Como assim?
CINTIA
Ah, tolinho... Henrique é
raposa velha e Miguel um crápula... Acha mesmo que não trataram de ocultar o
máximo de informações sobre toda fortuna?
FERNANDO
E como pode me ajudar?
CINTIA
Sou uma secretária de
confiança, cuido inclusive de documentações importantes e sigilosas.
FERNANDO
E que quer em troca?
CINTIA
Uma porcentagem sobre o
valor bruto...
FERNANDO
Que?
CINTIA
Nada mais justo! Você ganha,
eu ganho, e ficamos quites. No fim, todos saem satisfeitos dessa história.
FERNANDO
E qual seu plano?
CINTIA
Olhando assim... Você não é
de se jogar fora. Vamos pra um lugar mais tranquilo, relaxamos um pouco, e
acertamos os detalhes desse nosso acordo, por que tenho certeza que vamos
chegar a um... Conheço um lugar maravilhoso. Eu pago. Que me diz?
FERNANDO
Putz, demoro!
CINTIA
Meu carro está estacionado
na rua de trás... Vamos?
FERNANDO
Bora! (Saem)
35 – EXT. CASA DE MIGUEL – DIA
Miguel
está sentado à beira da piscina, lendo jornal.
EMPREGADA
Dr. Miguel? Com licença...
Está ai fora uma moça querendo falar com o senhor.
MIGUEL
Uma moça, aqui em casa?
EMPREGADA
Sim senhor... Diz que se
chama Teka.
MIGUEL
Teka?
EMPREGADA
Sim senhor.
MIGUEL
Isso é lá nome de gente? Não
conheço ninguém com esse nome.
EMPREGADA
Diz ser sua cunhada.
MIGUEL
Teka. Com esse nome só podia
ser.
EMPREGADA
Que faço?
MIGUEL
Deixa-a entrar.
EMPREGADA
Sim senhor. (Sai)
MIGUEL
Só me faltava essa.
36 – EXT. CASA DE MIGUEL – DIA
A
empregada abre o portão.
TEKA
Até que enfim... Já tava
criano raiz
EMPREGADA
Dr. Miguel lhe espera.
TEKA
Oh, num diga!
EMPREGADA
Por aqui por favor. Dr.
Miguel Lhe espera na piscina...
TEKA
Onde fica?
EMPREGADA
A sua esquerda.
37 – INT. CASA DE MIGUIEL – DIA
Abre
o portão.
TEKA
Hei... Num mim acompanha que
num sou novela. É porali né?
EMPREGADA
Sim. Aceita um suco?
TEKA
Dessa casa num tomo nenhum
copo dágua.
EMPREGADA
Como quiser. (Sai)
TEKA
Caraca! Que casa é essa? Meu
Deus! Só nos luxos.
38 – INT. ESCRITÓRIO DE MIGUIEL
CÍNTIA
(No telefone) Fernando?
Cíntia. Escuta... tenho boas novas, é meu querido... Não brinco em serviço. Me
encontra em meia hora; como onde? No mesmo lugar querido! Quem disse que não
podemos aliar negócios ao prazer. (Desliga) Ah, Miguel! Você está em minhas
mãos. Com esses documentos, sou eu quem dito as regra do jogo.
39 – INT. CASA DE MIGUEL - DIA
MIGUEL
Em que posso lhe ajudar?
TEKA
Quem disse que vim aqui te
pedi ajuda?
MIGUEL
Então, o que veio fazer
aqui, em minha casa?
TEKA
Escuta aqui Miguel, sou
pobre, mais não sou burra, não...
MIGUEL
Do que está falando?
TEKA
Acha mermo, que pode ir na
minha casa, ou madá, aquele teu pau mandado lá, pra tentá enrolá meu marido? Se
pensa que vai colocá sozinho a mão em toda essa grana, tá é muito enganado.
Seguro morreu de veio!
MIGUEL
Não seja ridícula!
TEKA
Tu ai... Com essa carinha de
anjo, todo bacana, mergulhado nas grife... Mas tu? Num me engana não... Por
trás dessa carinha de bom moço, fino e educado, tu é podre. Num presta não, se
jogá na vitrine, num vale um real.
MIGUEL
Não faço ideia do que esteja
falando.
TEKA
Tô falano que nem você, nem
aquele advogadozinho de merda, vai consegui passá a perna no meu marido. Nós
vai querer tudo que de direito é nosso.
MIGUEL
Nosso? Você é uma oportunista.
TEKA
Não me ofenda. (Dá um tapa
na cara dele) Sou mulé do teu irmão.
MIGUEL
Vadia! (Se prepara para
revidar)
TEKA
Bate, bate... Bate mermo.
Vou daqui direto pra delegacia prestar queixa.
MIGUEL
Que petulância! Como se
atreve a entrar na minha casa, me ofender? Retire-se já daqui. Ou...
TEKA
Ou o que?
MIGUEL
Mando a segurança lhe jogar
porta a fora.
TEKA
Ainda vai me aturar muito,
Miguel.
MIGUEL
Lúcia?
EMPREGDA
Sim senhor...
MIGUEL
Acompanhe essa mulher até a
saída.
TEKA
Vou sim. Mas fique sabeno
que isso num termina aqui. Vou te avisano, mexeu com Gabriel, mexeu comigo. E
quando pisa no meu calo, viro uma fera! E olha que hoje tô mansa.
MIGUEL
Ou sai agora, ou chamo a
segurança.
TEKA
Calma, doutorzinho... Pode
fica pianinho... Sou pobre, mais tenho educação. Conheço o caminho, e num
preciso dessa pit bul fêmea atrás de mim, não. (Sai. Puxa a calcinha que a
incomoda)
MIGUEL
Esta mulherzinha está
proibida de chegar perto desta casa, entrar nem pensar. Entendeu?
EMPREGDA
Sim senhor...
MIGUEL
Se estiver rondando a casa.
Chama a segurança. Agora vá e desinfeta toda casa. Tá esperando o que? (Ela
sai)
40 – INT. ESCRITÓRIO DE MIGUEL - DIA
HENRIQUE
Tudo certo. Do jeito que o
senhor pediu. Só mandar o motorista busca-lo.
MIGUEL
Agora quero ver se esse
favelado, não desaparece de vez!
HENRIQUE
Acho isso tudo, muito
arriscado.
MIGUEL
Não pago pra achar meu caro.
HENRIQUE
E se ele contar pra mulher
que vem a seu encontro?
MIGUEL
Nego! E ainda processo
aquela piranha de calúnia e difamação.
HENRIQUE
Mas tem uma coisa...
MIGUEL
O que?
HENRIQUE
Sendo ela esposa. Casada ou
não em comunhão de bens, o fato de ser parceira fixa, companheira, terá direito
a parte que de direito pertence marido.
MIGUEL
Na comunidade, acidentes
acontecem. Sempre acontecem. Gatos, vazamento de gás, uma combinação perfeita.
E... BUM! Tudo pros ares, inclusive a periguete!
HENRIQUE
Vai provocar um incêndio na
comunidade, pondo em risco outras vidas...
MIGUEL
Eu não. Jamais seria capaz
de uma atrocidade dessas... Mas você sim. Fara! Ou encontrará alguém que faça.
HENRIQUE
Eu?
MIGUEL
Sim, você. Também acho
melhor você pegar meu irmãozinho tão querido, no lugar do motorista, assim,
fica entre nós mais este segredo. Terminada nossa reunião.
HENRIQUE
Com licença.
MIGUEL
Toda. Henrique?
HENRIQUE
Sim?
MIGUEL
Não faça o que eu não faria.
(Henrique sai) Xeque mate!
41 – EXT. RUA VINTE E CINCO DE
MARÇO – DIA
Teka
e Cherry descem a ladeira porto geral, muito movimentada por pessoas, sentido
Rua vinte e cindo de março, em São Paulo. As duas muito alegres entram em
algumas lojas e saem com bastantes sacolas e pacotes.
TEKA
Oh, meu pai! Isso aqui é mesmo
um paraíso. Tem de tudo!
CHERRY
Não te disse?
TEKA
Depois de ontem... Só umas
comprinhas pra aliviá...
CHERRY
Eu soube... Você é aquela
periguete se atracaram no meio da rua...
TEKA
Só num deformei aquele
rostinho de puta, por que Biel me segurou.
CHERRY
Dava qualquer coisa pra ter
visto esse pega pra capar!
TEKA
Isso por que num gosta de
fofoca...
CHERRY
E num gosto mermo... Mas
nada como umas boa porradas!
TEKA
Vamos naquela lojinha ainda
não entramo lá...
CHERRY
Calma, muita calma nessa
hora... Deixa eu descansá um pouco. Já subimos essas ladeiras umas dez vezes.
Haja folego!
TEKA
E é só o começo, meu bem...
Daqui pro shopping,
CHERRY
Upa lelê!
TEKA
Que foi?
CHERRY
Tõ botando os bofes pra fora.
TEKA
Deixa de ser mole. Quando
morrê descasa... Agora vamo.
CHERRY
Já entamo numas cem lojas.
TEKA
Ainda falta umas
coisinhas...
CHERRY
Tem certeza que vai
continuar gastando tanto? Daqui a pouco estoura o limite do cartão.
TEKA
E sou mulhé de pensar em
limite? Não há limite para ser feliz! Sou rica! Rica!
CHERRY
Antes vai parar no SPC
TEKA
Melhor meu nome no SPC que
na boca desse zé povinho do bairro. Se sujar... Depois limpo! Agora vamos...
CHERRY
Tem outro jeito?
42 – INT.ESCRITÓRIO DE MIGUEL - DIA
CÍNTIA
De Miguel?
MIGUEL
Sim?
CÍNTIA
Posso falar com o senhor?
MIGUEL
Fala logo que estou com
pressa...
CÍNTIA
Se acha mesmo o dono do
mundo, né?
MIGUEL
Que atrevimento é esse? Tw
coloco no olho da rua.
CÍNTIA
Isso! Coloca. Eu pago pra
vê. Mas antes analise esses documentos.
MIGUEL
Que isso? Que documentos são
esses?
CÍNTIA
Veja com seus próprios
olhos, doutor! (Sacastica)
MIGUEL
(Abre o envelope) Como
conseguiu isto?
CÍNTIA
Sabe Miguel... Essa é a
vantagem de ser invisível.
MIGUEL
O que você quer?
CÍNTIA
Logo saberá. (Pega a bolsa)
Há! Tenho cópias. E estão bem seguras. (Sai)
MIGUEL
Vagabunda! (Dar um soco na
mesa. Pega o celular) Henrique...?
43 – INT. CASA DE GABRIEL/QUARTO
– NOITE
GABRIEL
E TEKA ESTÃO NA CAMA.
TEKA
Biel?
GABRIEL
Hum... (Sonolento)
TEKA
Tá dormino?
GABRIEL
Tava.
TEKA
Sabe...
GABRIEL
Não, num sei... O que?
TEKA
Eu tava aqui pensano.
GABRIEL
E num dá pra cê pensá baixo?
TEKA
Que saco! Ôh, será que dá,
pra mim dá uma atençãozinha?
GABRIEL
Fala vai...
TEKA
É sobre a dinheirama que cê
vai recebê...
GABRIEL
Ah, não... Agora não.
TEKA
Mas é coisa séria.
GABRIEL
Teka... Preciso durmi,
levanto cedo amanhã...
TEKA
Num sei porque ainda tá
nessa vidinha? Meu amor agora você é rico, num precisa mais vivê assim...
GABRIEL
Ah, tá! Então quem vai pagá
as conta no fim do mês?
TEKA
Que se dane as conta. Logo
vamo tê dinheiro a rodo.
GABRIEL
Enquanto ainda num temos.
Preciso trabalhá. Por que
essa grana tá garantida. (Se levanta)
TEKA
Que foi? Vai onde?
GABRIEL
Beber água! E dá um mijão.
TEKA
Mozão... Sabe? Tô
querendo... Vamos fazê um free...
GABRIEL
Quer um sex drive é?
TEKA
Safado!
GABRIEL
Cachorra!
TEKA
Adoro! (Entram debaixo do
cobertor)
GABRIEL
Assim num levanto amanhã...
TEKA
E que disse que quero
amanhã? Quero hoje.
44 – INT. CASA DE GABRIEL/CENTRO
DA CIDADE/QUARTO – DIA
Teka
acorda assustada como se tivesse tido um pesadelo. Olha pra Gabriel e se
tranquiliza. Caminha até a janela e abre a cortina deixando o sol invadir o
quarto. Gabriel acorda.
GABRIEL
Teka?!... Que hora é essa?
TEKA
É cedo.
GABRIEL
Deixa eu levantar...
TEKA
Biel... Eu tive um
pressentimento.
GABRIEL
Que bobagem! Tá tudo bem...
Olha, e hoje vai ser o melhor dia... Vou vender pra caraca. Vou tomar um banho.
(Ela corre até ele e o abraça)
Que foi?!
TEKA
Deixa eu te abraçar! Só te
abraçar.
GABRIEL
Eita, abraço gostoso! (Ela
entra no banheiro e ela fica pensativo)
45 – EXT. RUA DESERTA – DIA
Gabriel
e Henrique estão no carro. Henrique para o carro.
GABRIEL
Que lugar é este?
HENRIQUE
Teu irmão lhe espera.
GABRIEL
É só seguir reto e virar a
esquerda, e logo verá um galpão.
46 – EXT. GALPÃO ABANDONADO – DIA
Henrique
abre a porta do carro e Gabriel desce. Gabriel segue uma rua deserta, como se
fosse rua sem saída. Segue andando chega no endereço indicado. Empurra o portão
do lugar, que encontrava-se semiaberto, entra desconfiado por ser um galpão, um
terreno baldio repleto de restos de materiais de construção e carros
abandonados
GABRIEL
Miguel?
MIGUEL
(está de costas para Gabriel, vira-se ao ouvir a voz de gabriel)
Gabriel! Ao Arcanjo
Gabriel foi confiada
a missão mais alta que jamais havia sido confiada a alguém. Sabe, as
vezes me pergunto, por que será que minha mãe deu o nome de Gabriel a você.
GABRIEL
Por que me trouxe aqui, cara?
MIGUEL
Você pode ser sangue do meu
sangue... mas nunca, nunca... Jamais será meu irmão, nunca.
GABRIEL
Não faço nenhuma questão.
MIGUEL
O pior erro que você cometeu
na tua vida, maninho, foi cruzar o meu caminho.
GABRIEL
Você é podre! Um lixo de pessoa.
É pior que bicho. Só pensa nesse maldito dinheiro. Meu maior desejo é que suma.
MIGUEL
Sumir? Taí... uma boa ideia.
Até que enfim o plebeu disse algo inteligente?! Mas quer saber? Na história da
humanidade, sempre há, o bem e o mau... E você é o anjo, e eu embora tenha nome
de anjo, prefiro, ser o gênio, o gênio do mal. Por que não vou realizar nenhum
dos três desejos, e sim, vou te tirar seu único desejo. E não serei eu que vou
sumir. Maninho!
GABRIEL
Você é doente!
MIGUEL
Sua opinião pouco me interessa!
(Puxa a arma)
GABRIEL
Que está fazeno, mano?
Abaixa essa porra!
MIGUEL
(Aponta uma arma para o
irmão) Advinha?
GABRIEL
Pelo amor de Deus cara...
Abaixa isso. É perigoso, tá ligado?
MIGUEL
Que foi? O favelado se
acovardou? Onde está toda sua malandragem?
GABRIEL
Deixa de onda... Não vai
fazer isso. Tu num tem moral, pra isso.
MIGUEL
Vai pagar pra vêr?
GABRIEL
Não teria coragem...
MIGUEL
Vê-se... que não me conhece.
(Engatilha)
GABRIEL
Para com isso cara... Tenho
família.
MIGUEL
Não se preocupe... Vou
cuidar daquela piranha que você chama de mulher.
GABRIEL
Cara, sou teu irmão.
MIGUEL
Irmão? Que irmão? Nunca tive
irmão algum. Não há lugar pra nós dois.
GABRIEL
Tá loco? Se me apagar... Vão
descobrir.
MIGUEL
Ora meu irmão... Numa cidade
como esta... tão insegura, violenta. Ainda mais você de uma comunidade. Sabe
que vão dizer quando encontrarem seu corpo? Associação ao tráfico. Guerra de
gangues, acertos de contas...
GABRIEL
Não vai sair bem desta.
MIGUEL
Adeus meu irmão... Foi um
desprazer te conhecer.
GABRIEL
Não!
Gabriel
não vendo saída se agarra com o irmão, segura a arma na tentativa de tirá-la do
irmão. Se atracam em uma luta corporal. Ouve-se um disparo da arma. Após um
silencio... ainda agarrados, closes nos rostos de cada um. Lágrimas escorrem
dos olhos de Gabriel, e sangue da boca de Miguel que está com olhar frio e
congelado. Gabriel afasta-se aterrorizado e tristes de Miguel que deixa cair a
arma no chão. Gabriel sai aos poucos da cena, close direto em Miguel, que
aparece ferido no peito, roupa e mãos sujas de sangue. Câmera do rosto de
Miguel vai pouco a pouco subindo até mostrar o céu nublado, no qual a parece a
palavra fim.
F I M
FADE OUT.
(SOBEM OS CRÉDITOS)