Desde sua estreia no teatro há 30 anos atrás o ator vem na constante busca por inovações enfrentando novos desafios e deste modo redescobrindo novos conceitos e emplacando seus ideais desapegado a vaidades desafiando as críticas e sobre confirmando seu espaço no mundo por meio de sua arte.
São trinta anos de carreira e muitas experiências, cheias de altos e baixos... como é para você olhar para trás e perceber que acumula uma grande bagagem?
É muito bom, pois sento que essa bagagem não apenas pesou, mas tem sido muito útil para todas as realizações que estou vivenciado atualmente. Claro que foram muitos altos e baixos, porém sobrevivi as más fases, aprendi com os erros e acima de tudo fui persistente e hoje fico feliz ao saber que tenho uma história pra contar.
Quando diz que tem uma história para contar, consegue separar sua história de vida, entre vida pessoal e profissional?
Nós atores queremos crer nisso, porém, agora com mais experiência, percebo que minha vida pessoal sempre esteve vinculada a profissional. O tempo passou e tem passado muito rapidamente, ainda me recordo do primeiro momento que subi ao palco há 32 anos atrás para representar pela primeira vez, dá aquela impressão que foi ontem, e ainda hoje sinto aquele friozinho na barriga, embora esteja acostumado viver uma vida inteira sobre a pressão de bom, bonito, inteligente e acima de tudo uma pessoa de sucesso, mas sou uma pessoa, tenho minhas limitações e meus medos. Minha família e todos meus relacionamentos tiveram e ainda têm que lidar com o fato de ter que me dividir com a arte.
Você sempre fez questão de preservar família e seus relacionamentos... Havia um medo de uma super exposição?
Quando você abre demais a sua vida privada principalmente em tempos de redes sociais a tendência é haver uma confusão generalizada onde as pessoas se sentem íntimas a ponto de invadirem a privacidade dos familiares, e isto no meu ver não é bacana, pois o artista sou eu, e de certo modo estou preparado para lidar com essa exposição.
Durante muito tempo você interpretou papeis politicamente corretos, ainda que escrevesse textos mais densos e agora, percebo que tem feito personagens muito menos corretos e de caráter duvidosos. O que mudou nestas escolhas?
Sempre fui um cara que conciliei várias funções e em determinado momento devido a estas funções haviam alguns tipos que mesmo que fosse o meu desejo interpretar~, não podia devido ao tipo de projetos no qual estava envolvido. Hoje, já busco não mais me envolver com projetos que me restrinja. Sinto-me com maturidade artística para fazer personagens mais complexas e creio que não tenho mas como adiar, deixar pra depois, o tempo está passando e logo não poderei por força de perfil, fazer alguns tipos interessantes... Sendo assim, agora busco fazer tipos variados e me arrisco a vive-los de forma intensa.
Escrever seus próprios textos ajuda na hora de construir as personagens?
Não adianta escrever um bom personagem se você não está pronto para viver intensamente, com verdade e a cima de tudo está entregue a obra. Por mais que você empreste sua energia, cada personagem tem suas características e você como interprete tem que respeitar. Quando você entra em cena, você não apenas vai reproduzir um texto pré pronto, mas vai vive-lo com propriedade.
Atualmente você se encontra em três projetos: Destinos Desfeitos, Pretérito Imperfeito e Beth &Low... Como é conciliar todos os personagens praticamente ao mesmo tempo?
Com a atriz Dill França em Pretérito Imperfeito
Realmente tem sido uma loucura, mas muito mais tenho encontrado dificuldade em manter o visual, a parte estética de cada personagem, que a própria interpretação. A partir do momento que você entendeu a personagem, interpretá-los é mais tranquilo.
Beth & Low estreiou ano passado e Pretérito estreia esta semana, qual sua expectativa?
Realmente estou ansioso para a estreia do Pretérito imperfeito que um drama muito denso onde eu além de ser autor do texto, divido orgulhosamente a direção com Cauê Bonifácio que um experiente e talentoso diretor e que temos feito muitas parcerias.
Com a Atriz Patrícia Gauger e Beth & Low
Por falar em parcerias muito tem se falado nos "três mosqueteiros" ou seja a aliança entre três diretores, você, Cauê Bonifácio e Albino Ventura... Há nesta nova fase um grupo fechado, aos que que denominam de panela... Isso é uma realidade?
Com os diretores: Albino Ventura e Cauê Bonifácio
Claro que não. Estamos a serviço da arte, e creio que a união faz a força. Costumo dizer, que sou muito fiel aos amigos, quando confio e gosto de seu trabalho idealizo trabalho com essas pessoas, e um trabalho vai puxando o outro e enquanto for viável a todos, por que não permanecer juntos realizando trabalhos e oportunizando mercado para muitos que estão se beneficiando desta amizade.
Ano passado você rodou em parceria com Albino Ventura o curta O Acaso e creio que foi um dos papeis mais diferente visto pelo seu público. Como foi essa experiência?
Foi enriquecedora, porem uma continuidade na gama de papeis que pretendo fazer daqui pra frente, e posso afirmar que tudo isto começou há três anos atrás quando fiz Fica Comigo e em seguida Anjo Bom, Gênio Mau. Não quero aqui dizer que não tenha feito grandes papeis no teatro, mas agora sinto o gostinho, o sabor de ver estes trabalhos registrado e alcançando um público muito maior.
Você chegou a mencionar o tempo... A idade lhe incomoda?
Acho um assunto complexo. Vivemos na era da perfeição física, até mesmo quem não é quer passar a imagem que seja. A cada dia, nós atores perdemos espaços para os tais perfis, e não interessa o tempo de carreira ou estudo que você tenha na área, o perfil é o que importa. Claro que adoraria envelhecer de frente as câmeras vivendo cada etapa da vida sem pular nenhuma fase. Mas não posso negar, se puder dar uma suavizada na aparência, por quê não?
Com tantos projetos para web sobra tempo de pensar em retornar ao teatro?
Tenho pensado muito nisso, e é lógico que desejo retornar ainda este ano. Tenho projeto de no segundo semestre voltar ao teatro, que é uma das minhas grandes paixões. mas, tudo no seu tempo, e uma coisa por vez, pois não quero fazer apenas por vaidade, quero retornar em grande estilo e faze-lo como tem que ser feito, é pra mim um lugar sagrado e quando retornar, tenho que dar de mim o melhor.