Web Novela de Marcondys França
Direção: Marcondys
França, Cauê Bonifácil, Dill França e Albino Ventura
Direção Geral de Marcondys França
Capítulo 4
Cena XXVIII
INTERNA / NOITE – CAMPO VERDE CIDADE – CASA DAS ROSAS
SOLA:
- Senhores,
preparem-se para presenciar, aqui, neste palco... O inesquecível, o
extraordinário, com muita beleza, com muito glamour... As meninas da Casa das
Rosas! (Aplaudem. Entram as meninas.
Elas dançam)
(Todos assistem ao show com entusiasmo)
SOLA:
- Obrigada
senhores... Agora vou apresentar, as minhas rosas.
(Passa o microfone para as meninas que se
apresentam)
E vamos aproveitar
essa noite meus amores. Daqui a pouco teremos mais dessas lindas rosas!
Transição: Cena de
transição lua.
Cena XXIX
INTERNA / NOITE – CAMPO VERDE CIDADE – CASA DE MANÉ TIMBÓ
(Mané entra, quase que em silêncio, Menininha aparece com um cobertor
nas mãos. Ele sente no sofá)
MENININHA:
- Isso são hora,
seu Mané Timbó?
MANÉ TIMBÓ:
- - Se assussegue
mulhé, num aconteceu foi é nada
MENININHA:
- Tava naquele antro
de perdição, e vem me fala que num aconteceu nada. Acha que sou lesa? Conversa
pra boi dormir!
MANÉ TIMBÓ:
- Deixa de ser
criança, que eu tava cumprindo com minhas obrigações.
MENININHA:
- Desde de quanto
servergonhice é obrigações.
MANÉ TIMBÓ:
- Todas autoridades
tavam presentes na inauguração.
MENININHA:
- Deviam se
envergonhar! Vocês que cuidam dessa população, devia é impedir essa
servergonhice. Mas, em nome de Jesus! Vou orar... E vou orar e pedir pra Deus, que
ele derrame seu sangue nesta cidade e afaste todo esse mal de Campo Verde.
MANÉ TIMBÓ:
- Ah, faça o que tu
quiser, (se levanta e segue a caminho da
porta do quarto)mai me deixa descansar em paz...
MENININHA:
- Ah! (Bloqueia a passagem) O senhor dorme, (aponta para o sofá) aqui. E tome um
banho, mode que esse cheiro está emprestiando minha casa. (Ela sai, ele deita)
MANÉ TIMBÓ:
-
Eita mulherzinha tinhosa, hein? Depois diz, que tem Cristo no coração. (Se cheira) Vôlte! (Se cobre)
(Corta para a Casa das Rosas)
(Corta para casa das
Rosas)
Cena XXX
INTERNA / NOITE – CAMPO VERDE CIDADE – CASA DAS ROSAS
Rosa:
- Senhores, agora
chegou a hora tão esperada. Vou apresentar para os senhores, a menina, que será
leiloada. Sola? Vá buscar a nossa florzinha. (Sola trás Malva)Aqui está nossa florzinha, a mais linda do meu
jardim, a Malva. Uma menina quase pura...
(Corta para casa das
Rosas)
HOMERO:
- Só falta Rosa
dizer que a menina é virgem...
Rosa:
- Meu caro Homero, e
eu só lá mulher de meia palavras? Não sou mulher de enganar meus clientes...
Pura, pura... Não é. Mas, só foi tocada por uma única mão. É uma flor, quase
pura.
HOMERO:
- E como vou ter
certeza que está falando a verdade?
Rosa:
- É só o senhor dar
o lance maior e conferir...
HOMERO:
- Pois eu dou.
(Começa o leilão. Homero vence)
Rosa:
- Senhor Homero. O
senhor, venceu. A menina é sua. Sola, leve a menina e prepare-a para o senhor
Homero. (Entrega a menina e cochicha no
ouvido de Sola) Tinha que ser logo velho babão!
Rosa:
- Coitada da menina!
(Sola sai com Malva)
Rosa:
- Agora senhores,
vamos a diversão, sejam generosos e paguem uma rodada de bebida para nossas
meninas. E vamos aproveitar a noite!
Transição: Corta
para o quarto onde está Amariles e Bodoque.
Cena XXXI
INTERNA / NOITE –– CASA DAS ROSAS – QUARTO
(Amariles está colocando o sutiã.
Bodoque está sem jeito, constrangido)
AMARILES:
- Não precisa ficar
assim não homem...
BODOQUE:
- Oxê! Isso, nunca
aconteceu comigo não, visse?
AMARILES:
- Ei cabra, fica
tranquilo. Isso é mais comum que o senhor imagina!
BODOQUE:
- (Se levanta irritado) Oxê! Eu nunca
brochei em toda minha vida, visse?!
AMARILES:
- Mas tudo tem uma
primeira vez, vai vê o senhor num tá num bom dia.Ou tá cansado, ou tá com a
cabeça, em outro lugar...
BODOQUE:
- (Pega bruscamente
no braço dela) Escuta aqui Amalires, esse inconveniente que aconteceu aqui,
entre nós, fica aqui, entre nós, visse?
AMARILES:
- Fique tranquilo, o
que acontece aqui, entre essas quatro paredes, fica aqui mesmo. (tranquiliza ele. Ele senta-se ao lado dela.
Ela beija o ombro dele) Alias, que foi que aconteceu aqui mermo? Eu já nem
me alembrlo! Acredita que eu já esqueci?
BODOQUE:
- Nossa Amariles...
Alem de linda é uma mulé e tanto, visse?! Oscê é porreta demai!
AMARILES:
- E o senhor, é um
bom homem. Sabe, ainda temos um tempinho, que será que a gente pode fazer? (Ele fica tenso, se levanta) Já sei! Que
tal, vamos jogar um carteado... Gosta?
BODOQUE:
- (Volta e senta) Gosto, gosto!
AMARILES:
- Aposto cinco
mangos, que ganho!
BODOQUE:
- Apostado! (Ela se levanta e pega o baralho)
(Transição: Imagem da lua, aos poucos o dia
amanhece)
Cena XXXII
INTERNA / DIA –– CASA DE SANTINHA BRASÃO – SALA
(Santinha entra com uma bandeja,
arruma a poltrona, senta-se. Pega seu terço e reza. Chega Mariquinha e Fátima)
SANTINHA:
- Entrem... Sentem.
FÁTIMA:
- Licença. (Sentam)
SANTINHA:
- Eu convoquei as
senhoras aqui, na minha casa, pra tratar de um assunto, que está me
aporrinhando a alma. E que tá aqui, entalado, em minha goela, num sabe?
FÁTIMA:
- Mai que tá
deixando a comadre assim, tão avexada?
SANTINHA:
- Mas, como é, uma
cidade como Campo Verde, e nós como mulher de bem, podemos deixar uma casa
daquela, antro de perdição, propagar o pecado, essa falta de vergonha, afrontando
a moral, os bons costumes, levando nossos filhos, maridos, se expondo a devassidão
e inté mesmo as doenças trazidas pelas aquelas rameras.
-MARIQUINHA:
- Mas, aquela casa
está funcionando com aval do delegado, que por sinal, é filho daquela uma, assim
como com o consentimento do seu filho, que é autoridade máxima desta cidade e
que permitiu, que esse antro funcionasse legalmente para vergonha de todas nós,
mulheres de bem.
SANTINHA:
- Mas nós, como
mulheres de bem, tementes a Deus, devemos unir as nossas forças, e sair em um único
coro, exigindo da igreja, e das autoridades competentes que esse desmando
sesse. Mas comadre Fátima, parece que está no mundo da lua... Aceitam um pouco
de água?
FÁTIMA:
- Sabe o que é
comadre... É que eu tô aqui é preocupada, num sabe? É que hoje é noite de lia
cheia, e muitas coisas estranhas acontecem, e é bom não facilitar visse?
SANTINHA:
- Eu não tenho medo,
visse? Como filha de Maria, eu tô é protegida aqui nesta casa, que Deus coloca
anjo, em cada canto...
MARIQUINHA:
- É uma pena... E
como a senhora disse, deus coloca anjos em cada canto da casa, mai, num coloca ó,
Em cima do telhado. Deste modo ó (Aponta
para o olho) vou para minha casa defender a honra de minha filha.
SANTINHA:
- Vá sim comadre...
Mais até onde sei, assombro nenhum, entra pelo telhado não... mas, sim,
gatunos!
MARIQUINHA:
-Pois se entrar em
minha casa, sai capado!
SANTINHA:
- O que a comadre Fátima
acha?
FÁTIMA:
- Eu acho que tá
ficano tarde, num sabe? E eu tenho que arrastar minhas alpercatra pra casa
antes que escureça, visse?
SANTINHA:
- Eu vou é procurar
o padre, exigir que tome providências para sucumbir esses desmandos coordenados
por aquele bando de raparigas.
FÁTIMA:
- Vamos comadre
mariquinha...
MARIQUINHA:
- Vamo...
SANTINHA:
- (Se levanta) Inté.
FÁTIMA:
- Inté (Saem)
SANTINHA:
- Filha moca... (Senta. Pega o terço)Pensa que me
engana.
(Transição: Fazenda /
cotidiano / Fátima e Mariquinha em suas casas fazendo serviços domésticos)
Cena XXXIII
EXTERNA / DIA – FAZENDA - CURRAL
NINA:
- Zeca?
ZECA:
- Oscê aqui?
NINA:
- Eu preciso cunversá
com oscê... E aqui é mió.
ZECA:
- Mai que cara é
essa?
NINA:
- Zeca... Oscê me
ama?
ZECA:
- Oxê! Que perguntada
gota é essa minha fulô?
NINA:
- É só pra sabe, num
sabe?
ZECA:
- Eu te amo Nina,
por demai da conta...
NINA:
- Eu tô me sentino
estranha, num sabe?
ZECA:
- Como assim
estranha? Tá gostano de outro é?
NINA:
- Oxê homi... Que
penso torto!Isso é coisa de pensa deu?
ZECA:
- Então o que é?
NINA:
- Zeca, eu acho...
que tô prenha!
ZECA:
- Ora, massa! Então,
oscê tá embuchada é? Vamo ter um bacurizinho!
NINA:
- Zeca!
ZECA:
- Oxê! Num ficou
feliz?
NINA:
- Fiquei... Fiquei
feliz! Mai tô preocupada. Francisco vai virar um bicho, home!
ZECA:
- Tenho medo dele não!
NINA:
- Oia, num quero oscês
se estranhando, visse? Pode deixa que com Francisco eu me resolvo.
ZECA:
- Eita mulé macha!
NINA:
- Agora nois tem é
que se casá logo visse?!
(Transição: Iolanda passeando de charrete)
Cena XXXIV
INTERNA / DIA –– CASA DE SANTINHA BRASÃO – SALA
SANTINHA:
- Por que tá assim tão
acabrunhado, meu filho?
WILDEBRANDO:
- É minha mãe... Os
tempos, são outros, num sabe?! Esse bando de mundicas, já não são tão manipuláveis
como antes!
SANTINHA:
- Nada disso! Ainda
manda quem pode, e obedece, quem tem juízo. Meu filho, basta apenas conduzir,
com rédeas em prumo, ou então, as coisas desandam.
WILDEBRANDO:
- Ai é que está
minha mãe... Sinto que o domínio do coronel, sobre essa gente, está minguando
cada dia mais.
SANTINHA:
- Não há poder, sem forca
meu filho. Política é pra quem tem pulso.
WILDEBRANDO:
- É verdade!
SANTINHA:
- Não há lugar para
os fracos... Só os vitoriosos que permanecem. É como a comunheira, precisa ser
firme...
WILDEBRANDO:
- E que minha mãe
acha que deve ser feito?
Imagem congela. A
seguir...