novembro 02, 2018

HOMEM DO CAMPO - CAPÍTULO 1



Web Novela de Marcondys França
Direção: Marcondys França, Cauê Bonifácil, Dill França e Albino Ventura
Direção Geral de Marcondys França
Capítulo 1
Imagens de uma pequena cidade Campo Verde se misturam com imagens de uma fazenda, mostrando o cotidiano de ambos cenários.
Cena I
Câmera mostra uma geral do campo, ao longe se percebe uma casa simples, aos poucos zoom vai aproximando a imagem da casa. Corta para parte interna da casa de João. Fátima já está acordada, prepara a mesa do café da manhã.
INTERNA – DIA – COZINHA

JOÃO:
- Dor da moringa nas costas. (Resmunga)
Entra Fátima
FÁTIMA:
- Meu veio, posso selvir teu café? Passadinho na hora, do jeitinho que oscê gosta.
JOÃO:
- Quero café não, minha velha...
FÁTIMA:
- Então prove um pedacinho do bolo de macaxeira que acabei de fazê. Tá do jeitinho que oscê gosta.


JOÃO:
- O bolo eu aceito. (Fátima serve João)Tá bom mermo minha véia...(T)-Cadê o Zeca?
FÁTIMA:
- Mal despetô, saiu num sarto só...
JOÃO:
- Mai assim tão cedo? (Ar de preocupado)
FÁTIMA:
- Zeca tá ciscando num terreiro por ai...
JOÃO:
- Zeca que num me arrume pra cabeça, vice?
FÁTIMA:
- Ele é jovem meu velho.
JOÃO:
- Quando a cabeça num pensa, o corpo padece. Já dizia meu veio pai! Oh, minha veia, ne dá licença, que tenho muito selviço na baia pra fazê.
FÁTIMA:
- Vai sim meu veio. Oia,leve esse pedacinho de bolo... E num se atrase pro armoço.
JOÃO:
- E apoi!
Ele sai. Ela fica arrumando a mesa.
FÁTIMA:
- E num se atrase. (Pega o resto do bolo e sai de cena)
Câmera corta para outra parte do campo, mostra a frente de outra casa muito simples.
Cena II
INTERNA – DIA – COZINHA DA CASA DE SEBASTIANA
Fátima está em seu fogão de lenha preparando seu feijão. Francisco entra, tira o chapéu e senta-se a mesa.
MARIQUINHA:
- Inda em casa?
 FRANCISCO:
- Já tô de saída. E Nina?
 MARIQUINHA:
- Foi lá casa de comadre Fátima.
FRANCISCO:
- E foi é?
MARIQUINHA:
- Foi...
FRANCISCO:
- Que arrumação do cão! Isso ainda vai acaba mal...
 MARIQUINHA:
- Que tanto resmunga ai Chico?
FRANCISCO:
- Isso num tá certo, num tá certo...
MARIQUINHA:
- Que num tá certo homi?
FRANCISCO:
- Nina mainha, Nina. Enfiada na casa de Madrinha...
MARIQUINHA:
- Ocê que vê maldade onde num teim.
FRANCISCO:
- Dipois num diga que num avisei.
MARIQUINHA:
- Tua irmã é uma menina ajuizada.
FRANCISCO:
- Mai é mulhé. E ele é homi. Oxe, mainha! Onde já se viu? Uma moça enfiada numa casa onde tem homi... Que arrumação mais errada!
MARIQUINHA:
- Agora vamo deixa dessa prosa?! Toma teu café... Tá fresquinho, passei agora.  (Ponhe o café na xícara) Pega teu chapéu e vai coidá da tua vida. Oxê, que ciumeira besta!
FRANCISCO:
- É ciúme não minha mãe... É zelo. Zelo.
MARIQUINHA:
- Então pega todo esse zelo e coloca no teu trabaio, que traiando, cansa o corpo e mente, e deixa de pensa besteira. Agora vá que eu tenho mai o que fazê. (Ele sai enfezado). Ciúme da irmã... Só que me faltava! (Retira a mesa resmungando)
Cena III
EXTERNA / DIA – LINDA PASSAGEM NO CAMPO.
Nina está caminha ao lado de Zeca, parece nostálgica, porém feliz, há entre os dois um clima romântico. Zeca a observa meio cabreiro.


NINA:
- Zeca. (T) Eu fico aqui pensano, num sabe?! E pego a imaginá... como vai sê minha vida daqui á algum tempo...
ZECA:
- Eu tamém, Nina, num sabe? Mai eu acho que oscê só tá tocano nesse prosa pra vê se eu falo de casamento, num é?

NINA:
- Num é, não! Num é nada disso não. Vôlte! Ora essa, home! Eu sei que oscê gosta deu, e que, quer casá com eu. ieu só tava pensano vice?!

ZECA:
- Nina as veiz eu fico aqui matutano, perdido com meu pensamento, num sabe? E chego a sonhá, com oscê linda, toda de branco, numa arvura  que só... Linda como nunca!

NINA:
- Ai Zeca, se eu fô pensá nisso, botá isso na minha cabeça, num sabe? A gente num casa é nunca!

ZECA: (Baixa a cabeça triste)

NINA:
- Ah Zeca! Falei mais que a boca, num foi? Perdoa eu, num devia falá desse jeito... Falei só por falar. Sonhá num custa nada, num é mermo?

ZECA:
- Tá certo! Oscê num deixa de tê razão. Sou um caipira, criado no campo, homem bronco, bicho do mato, sem estudo. Que futuro posso te oferecê? Se num tenho nem dinheiro par pagá o juiz, quanto mai um vestido desses...
NINA:
- Modi que oscê num arruma um outro trabaio, homi? Muita gente já saiu daqui pra capitá...
ZECA:
- Oxê, acorda mulé! Num tenho estudo, desde que me conheço por gente, tive que ir pro cabo da enxada! Pras pessoa estudada tá difici imagine pra ieu?. Sou burro veio, e burro veio num aprende mai!
NINA:
- Num gosto que fale assim. Oscê num é burro veio não... Impaca como jumento, teimoso como uma mula... Mai burro não. Eu acredito que vamo consegui Zeca. Eu amo oscê, e num importa se tenho que trabaiá pra que eu e oscê, possa ficá juntinho. Nois vai consegui, acredite. Confie em Santo Antônio, ele vai nos abençoá.
ZECA:
- Espero... Espero minha fulô de formosura! Ah, se Santo Antônio subesse que passa aqui bem dentro dessa cabeça!
NINA:
- Num quero só na cabeça não... Tamém aqui ó. (Põe a a mão no peito de Zeca, próximo ao coração) (Há um clima. Ele afasta) Que foi? Já vai pro tabaio, é?
ZECA:
- Já. É mió... Se não... Num sei... (Há desejo em seu olhar)
NINA:
- Então é mió. Zeca... Um bom dia. Eu te amo, visse! Muito, muito, muito... Tantão assim...
ZECA:
- Ieu tamém, te amo muito minha cherosa! (Zeca Beija Nina, ponhe o chapéu e sai. Nina senta-se pensativa).
Câmera corta para uma luxuosa casa de fazenda.
Cena IV
INTERNA / DIA – SALA DA CASA DO CEL GILMAR
(Gilmar está lendo, entra Iolanda)

IOLANDA:
- Gil... Tu prometeste-me que me levaria para conhecer suas terras em Campo Verde...
GILMAR:
- O que queres em Campo Verde, Ioiozinha?
IOLANDA:
- Ora cherry!? Lá é um lugar discreto, e bem sabes que tenho grande admiração por lugares como Campo Verde, as plantas, os animais, e principalmente a tranquilidade daquele lugar. Não seria uma má ideia dá uma fugidinha dessas badalações, sei lá, relaxar um pouco faz bem!
GILMAR:
- Sei não. Fico até impressionado com essa sua vontade repentina. Uma pessoa como você, com sua formação, preferindo deixar o conforto da cidade, pra se enfiar nos confins do mundo? Me soa estranho!
IOLANDA:
- Ah, cherry! A fauna, a flora, muito verde, ar fresco, um banho na cachoeira... Acho que me fará bem minha pele, variar é bom! Além do mais eu li em uma revista que ecologia está moda.
GILMA:
- O povo que habita aquele lugar me causa enjoo. Além da tranquilidade do campo, você vai ter que suportar a presença daquele povinho sujo e mau trapilho.
IOLANDA:
- Nossa Cehrry! Que horro! É assim que você pensa? Olha a maneira a que se refere a aquelas pessoas? Isto é preconceito. Tinha uma matéria que falava exatamente sobre isso... Até parece que você se sente...
GILMAR:
- Repulsa. Apenas isso, Iolanda...
IOLANDA:
- Oh my!

GILMAR:
- E não pra senti? Uma gentinha enfadomha... Sem eira, nem beira!

IOLANDA:
- Mon Dieu! Não fale assim. Você está desprezando essa gente que só faz lhe ajudar. Se hoje temos tudo isto...
GILMAR:
- Se temos tudo isto é porque minha gana, minha vontade de vencer, de conseguir algo melhor, foi mais forte do que até mesmo minhas forças. Estou pasmo com você. Tudo que tenho é resultado do meu trabalho, dos meus esforços. Você pensa o que? Que aquele povinho, estão lá trabalhando de graça? Claro que não. Eles recebem por seus trabalhos... E eu lhes pago religiosamente por cada trabalho realizado.

IOLANDA:
- Calma Cherri! Não vamos brigar por isso, não é mesmo? (Canta) ...”Oh, meu amado, por que brigamos”... Par que brigarmos, se juntos podemos viver momentos ma-ra-vi-lho-sos?!
GILMAR:
- Você às vezes me faz sentir como se eu fosse um carrasco, como se estivesse explorando aquela gente...
IOLANDA:
- Oh mon amour! Meu chuchuzinho... Não vamos abalar a tranquilidade do nosso relacionamento por causa disso, não é? Então!? (Faz massagem nele) Relaxa, isso... Vamos repelir todos os pensamentos que nos afastam um do outro, e só pensar, em algo que nos deixe bem juntinhos, meu porquinho...
GILMAR:
- Pra lhe mostrar minha benevolência, vou lhe levar para jantar.
IOLANDA:
- Mon amour! Tenho uma ideia melhor...
GILMAR:
- É? Que idéia e está?
IOLANDA:
- Hum, meu bejú! Lembra da saúna? Então eu estava pensando que nós... Sabe, nunca mais relaxamos juntinhos... eu e você, você e eu... (canta banheira de espuma)
GILMAR:
- Sabe que não é uma má ideia.
IOLANDA:
- Agora...
GILMAR:
- Mais eu ainda não terminei de ler...
IOLANDA:
- Termina depois. Vem... Deixa Chequespiare pra depois...

GILMAR:
- Daqui a pouco.

IOLANDA:
- Então vou sozinha... E tristinha!

GILMAR:
- Ioiozinha...

IOLANDA: - (faz som de abelha)

GILMAR:
- Não faz assim minha abelhinha, assim não, eu não resisto.
IOLANDA:
- Essa é a ideia... Não resista! Vem. meu bombonzinho recheado. Faz o porquinho, faz... (Ela sai e vai atrás imitando o porco ‘Grunhido”. Ela aos gritos)
Câmera corta para fazenda.
Cena V
EXTERNA / DIA – BAIA
(João está no campo fazendo suas tarefas diárias cuidando dos cavalos, pegando feno e colocando as coisas em ordem. As imagens se intercalam com Zeca caminhado ao encontro do pai)
ZECA:
- Ôá! Benção painho...
JOÃO:
- Mai isso são hora Zeca?
ZECA:
- Tava por ai...
ZECA:
- Oscê toma cuidado rapaz...
Imagem congela. Continua...

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