Web Novela de Marcondys França
Direção: Marcondys
França, Cauê Bonifácil, Dill França e Albino Ventura
Direção Geral de Marcondys França
Capítulo 3
Cena XII
INTERNA / NOITE – CASA DO CORONEL GILMAR
(Mostra lua, faixada da casa de Gilmar. Câmera corta área interna)
GILMAR:
- Prefeito?!
WILDEBRANDO:
- Em primeiro lugar,
obrigado por me receber assim, tão as pressas. Mas o coronel sabe que não sou
de lhe aporrinhar, por qualquer besteira. E o motivo que me trás aqui é de
estrema importância e de seu total interesse, num sabe?
GILMAR:
- Então o amigo
deixe de arrodeio e vá direto ao assunto que lhe trouxe aqui. Vamos encurtar
essa prosa.
WILDEBRANDO:
- Pois bem seu
coronel...
GILMAR:
- Já falei que não
gosto que me chame de coronel! Que coisa mais ultrapassada prefeito.
WILDEBRANDO:
- Perdão! É a força
do hábito.
GILMAR:
- Tá, tá... Então,
vá direto ao assunto. A que veio aqui?
WILDEBRANDO:
- É que aquele filho
de uma quenga, aquele carcará sanguinolento, cafuçú da gota serena, que representa
a oposição, anda espalhando boatos sobre minha gestão. Que poderá prejudicar
todo nosso esquema, se é que o amigo me entente?
GILMAR:
- Entendo, entendo
sim... E o amigo que sempre pensei que fosse sangue no olho, agora está se
deixando levar, intimidar por um emboléu de meia pataca. Ora prefeito, era pra
ter resolvido esta situação por muito mais tempo. Te mostrado quem manda nesta
situação, Já era pra te resolvido, ter dado uma prensa nele e mostrado quem
manda aqui.
WILDEBRANDO:
- Mas ai é que está.
O povo está começando a dar ouvido a esse infeliz...
GILMAR:
- Por isso mesmo que
temos que tomar providências, se tomarmos providencias, perdemos as rédeas e ai
sim, o senhor sabe, que isso não é bom, nem pra mim, nem pro senhor. Entreguei
ao senhor, prefeito, a cidade de Campo Verde. Cabe ao senhor cuidar dessa
administração. O senhor não vai me decepcionar, vai?
WILDEBRANDO:
- O senhor acha
melhor, eu dar cabo desse filho do cabrunco?
GILMAR:
- O que senhor vai
fazer, ai não é comigo. Só sei que por enquanto o senhor Wildebrando Brasão é o
prefeito de Campo Verde. Eu entreguei essa cidade em suas mãos, e o amigo não
vai me decepcionar... Faça o que achar melhor. Se o senhor não acabar com essa
fuleragem aqui... Essa cabra vai achar que o senhor é um frouxo, que o senhor é
um Zé Mané! Resolva prefeito, resolva.
WILDEBRANDO:
- Vou dá cabo dessa
estripulia, antes de incensar de vez.
GILMAR:
- Tá certo, tá
certo... Resolva prefeito, resolva!
WILDEBRANDO:
- Sim senhor, com
licença!(Sai ligeiro, cerimonioso)
GILMAR:
- (Senta-se irritado) Era só que me
faltava agora. Tendo que resolver problema de prefeitura também!
Cena XIII
EXTERNA / DIA – CAMPO VERDE
(ZECA CAVALGANDO. Para de frente a
casa e amarra o cavalo numa estaca. Câmera corta para fogão de lenha com fogo
aceso. Ouve-se o barulho de alguém batendo mão de pilão. Câmera revela
Mariquinha. Geral o Sítio Campo Verde. Câmera corta para casa de Fátima)
(Fátima catando feijão em cima da mesa)
NINA:
- Bom dia Dona Fátima?! A
senhora parece meio avexada...
FÁTIMA: (Cata feijão de corda na mesa)
- É, e como tô. Tô mermo!
Astranoite qualse num dormi, mal preguei os zóios, quando tava dando uma
madorna.... dirrepenti ouvi gemidos...
NINA:
- Vigi que Nossa
Sinhora... (Se benze) Valei-me Deus! Mai o que era mulé?
FÁTIMA:
- Me levantei num sarto, acendi o
candieiro e fui me a chagano...
NINA:
- Deus é pai! Era assombro, é?
FÁTIMA:
- Era Zeca.
NINA:
- Mai que hístória é essa?
FÁTIMA:
- E num foi?! Foi...
NINA:
- Zeca tava assumbrado é?
FÁTIMA:
- Não, mai que nada. Passou mau
mermo, ardia em febre, quemava feito brasa, e tremia que nem vara verde.
NINA:
- Oxê! Hoje eu vi ele... E me
pareceu bem.
FÁTIMA:
- E foi é...? Acendi uma
vela par nossa Senhora do perpétuo Socorro, e graça a Deus, a Virgem Santíssima
ele teve uma miora.
NINA:
- Inda bem... E nois tava
cunversano... falamo do... meu namoro cum ele, num sabe?!
FÁTIMA:
- Falou de casamento foi?
NINA:
- É. Mai Zeca...
FÄTIMA:
- Poi fique sabeno que foço muito
gosto.
Cena XIV
INTERNA / DIA – CAMPO VERDE CIDADE – CASA DE MANÉ TIMBÓ
(Menininha entra em cena segurando
uma bíblia segue até a rede na varanda. Senta-se e calmamente folheia-a)
MANÉ TIMBÓ:
- Tá com a bexiga!
Corja disgramenta.
MENININHA:
- Olha, eu já te
disse pra num se meter com essa gente.
MANÉ TIMBÓ:
- Que quer que eu
faça? Que feche meus olhos, pra essa sujeirada que vem acontecendo a anos com
dinheiro público?
MENININHA:
- É capaz de tudo,
pra tirar do caminho, quem atrapalha os interesses deles.
MANÉ TIMBÓ:
- Fui eleito pra
representar esse povo na câmara, e não vou ficar calado com essa farra
acontecendo diante dos meus olhos.
MENININHA:
- Ah, é? E que vai
defender essa família se algo te acontecer homem?
MANÉ TIMBÓ:
- Homem, pelo sangue
de Jesus! Deixa essa história pra lá...
MENININHA:
- Essa gente, é
perigosa, pode te arrumar uma emboscada.
MANÉ TIMBÓ:
- Vou cumprir com
meu papel, denunciar toda essa corja, e todos os desmandos desse prefeito, que
não passa de um gatuno.
MENININHA:
- Pra que Mané, pra
que? Pra ter uma placa com teu nome, numa dessas ruas miseráveis? Escuta aqui
deixa essa história de lado...
MANÉ TIMBÓ:
- escuta aqui você
dona Menininha, você casou com um homem, um homem! E não foi com um covarde
não...
MENININHA:
- Apoi... eu prefiro
um covarde vivo, bem vivo! Que um herói morto, visse? (Senta na rede. Pega a
bíblia) Deixa essa história pra lá, já te disse que essa gente é perigosa por
demai... Que saber? Vou orar. Orar! Orar pra Deus, poi é a única coisa que me
resta.
(Menininha sai. Mané Timbó senta na rede)
Cena XIV
INTERNA / DIA – CAMPO VERDE SÍTIO – CASA DE MARIQUINHA
(Mariquinha está varrendo a casa,
percebe Nina sentindo-se mal, ouve vomitando)
MARIQUINHA:
- Passando mal de
novo Nina?
NINA:
- Tô bem mainha... (Senta em uma cadeira) Foi nada não, tô
bem.
MARIQUINHA:
- Tá amarela. Võ te
levar no posto.
NINA:
- Num se incomode
não! Eu tô bem. Tô bem...
MARIQUINHA:
- Bem mal.
NINA:
- Vai passar.
MARIQUINHA:
- (Puxa a cadeira e senta) Nina, aconteceu
arguma coisa com oscê?
NINA:
- Oxê mainha?! Que
juízo faz de ieu?
MARIQUINHA:
- Nina, eu seio como
é essas coisas...
NINA:
- Poi eu não.
MARIQUINHA:
- Então num vai se
importar de eu fazê o teste do barbante (Pega
um barbante)
NINA:
- Oxê, mainha?! Num
confia nêu?
MARIQUINHA:
- Oscê que num
confia nessa veia mãe Nina? Nina, nina... Eu já vivi o bastante, pra sabe o que
tá aconteceno aqui, mode que tá na cara o que tu, esconde tanto, fia?!(Há um silêncio)
NINA:
- (Nina desabafa) Mainha...Eu acho que tô
prenha.
MARIQUINHA:
- (Se preocupa) Ai meu Deus! Bem que eu
desconfiava.
NINA:
- Minhas regras tão
atrasadas.
MARIQUINHA:
- Ah, meu Deus! Teu
irmão vai virar um bicho Nina.
NINA:
- Oxê, ele num tem
nada com isso mainha. A vida é minha!
MARIQUINHA:
- Mai se importamo
com oscê fia.(T) Ele vai querê tirar satisfação com Zeca. Nina, uma moça
falada?! Ah meu Deus!
NINA:
- Eu num sei se tô
buchuda. Mai de quarquer forma, Zeca vai casá conheu.
MARIQUINHA:
- Poi que faça isso
antes, que esse bucho cresça fia. (Silêncio)
NINA:
- Eu tô com medo
mainha. Medo!
MARIQUINHA:
- (Abraça Nina) Carma fia, carma! Agente
vai resolvê isso. (Câmera se aproxima das duas em close e se mistura a lua)
Cena XV
INTERNA / DIA – CAMPO VERDE CIDADE – CASA DAS ROSAS
SOLA:
- Pois não?
MULHER:
- Quero falar com
Rosa.
SOLA:
- Só um minutinho, já
vou chamar... (Mulher olha a decoração
do bordel)Não mexa em nada. (Rosa se
maquiando de frente ao espelho)Dona rosa?
ROSA:
- Fale sola...
SOLA:
- Tem uma
maltrapilha querendo falar com você.
ROSA:
- Mas essa hora?
Você perguntou o nome?
SOLA:
- Sei quem é não.
MULHER:
- Bem na hora do
show Sola?
SOLA:
- Ah! (Sai. Vai em direção a mulher)Dona Rosa
já vem, visse?
MULHER:
- (Mulher continua
observando a casa. Sola de frente a um longo espelho se ajeita)
ROSA:
- Que tá fazendo
aqui criatura?
MULHER:
- Tenho mais uma
fulozinha pra tu...
ROSA:
- Oxê! Tem que
deixar pra outro dia... Logo vai começar o show. Agora vá... Escuta, amanhã me
trás a florzinha, visse? (A mulher sai. Rosa se dirige a Sola) Oh, Sola, como é
que tu, deixa essa mulher entrar bem na hora do show?
SOLA:
- (Fica irritado) Ah!
Cena XVI
INTERNA / NOITE – CAMPO VERDE SÍTIO – CASA DE FÁTIMA
(Fátima está na cozinha cantarolando, preparando a janta, João entra)
JOÂO:
- Eu tô é varado de
fome, num sabe? (Tenta pegar algo na
panela. Fátima bate na mão dele)
FÁTIMA:
- Tire a mão de
minha panela! Num sabe que num gosto de ninguém cercano minha cozinha quando tô
cozinhando, visse?
JOÂO:
- Voltê! Que mulé
arretada!
FÁTIMA:
- Deixa de graça!
Oh, quase queima visse?
JOÂO:
- (Resmunga)Hum!
FÁTIMA:
- João? Eu tô
preocupada visse?
JOÂO:
- Oxê! Mai cum que?
FÁTIMA:
- Com esse chamego
de Nina e Zeca...
JOÂO:
- Mai eles é jovem,
tem mai que curti a vida mermo!
FÁTIMA:
- Tu diz isso, mode
que num é tua fia, visse?
JOÂO:
- Como já diz o
ditado: Prende tuas cabras, que meu bode tá sorto!
FÁTIMA:
- Que coisa mais
feia, Vôlte!
(Cãmera corta para Casa das Rosas)
Cena XVII
INTERNA / NOITE – CAMPO VERDE CIDADE – CASA DAS ROSAS
(Casa lotada. Estão várias
autoridades e homens ilustres da cidade. Rosa sobe ao palco para o discurso de
inauguração)
Rosa:
- Boa noite?! Sejam todos bem
vindos. Vamos aproveitar essa noite que eu preparei com todo carinho para vocês...
regada de muita luxúria e prazer! (Homens brindam) E esta noite festiva que está
apenas começando, em que eu tenho a honra de recebe-los aqui, na Casa das
Rosas, essa casa que reabre para receber os amigos e visitantes.
Homero:
- Rosa hoje só tá
querendo discursar.
ROSA:
- Oxênte homem... Nessa vida há
tempo pra tudo. Há tempo até
mesmo, pra uma bela prosa.
HOMERO:
- Oxê, e porque não trás logo
essas meninas?
ROSA:
- Virge Maria, o ilustre Homero tá
mesmo muito avexado. Mas, antes quero fazer um breve agradecimento aos ilustres,
que aqui hoje se fazem presentes. Quero agradece ao nosso ilustre perfeito,
Wildebrando Brasão!(Aplausos)Também
quero apresentar o nosso presidente da Câmera Municipal, nosso ilustre, Pedro
Timbó. (Aplausos)
PEDRO TIMBÓ:
- Muito obrigado, muito obrigado
Dona Flor!
ROSA:
- (Contrariada) Quero também agradecer a presença do Delegado.
WILDEBRANDO BRASÃO:
- Rosa, se me permite uma
palavrinha. (Se apossa do microfone)Caro senhores, quero aproveitar essa noite
festiva para congratular a minha imensa alegria, ao ver reabrir essa casa, com
tantas belas jovens, que devemos prestigiar...
PEDRO TIMBÒ:
- Um momento... um momento! O
Senhor, a vossa excelência está confundindo esse espaço, com um, de seus
palanques, onde o senhor prefeito, está acostumao a destilar o seu veneno, e insultar
nossos ouvidos com falsas promessas. É... Falsas promessas!
ROSA:
- Que isso senhores?!
PEDRO TIMBÒ:
- O senhor é um canalha!
WILDEBRANDO BRASÃO:
- Canalha? (Vai
para cima do outro)
ROSA:
- Que isso senhores, calma?!
WILDEBRANDO BRASÃO:
- Fale baixo comigo...
ROSA:
- Calma, calma, calma...
(Corta para casa de Mariquinha)
Cena XVIII
INTERNA / NOITE – CAMPO VERDE SÍTIO – CASA DE FÁTIMA
JOÂO:
- Tu acha que...?
FÁTIMA:
- Pra mim Nina é mulé.
Mai cheia, os peito
farto... O andar diferente, tá até com os oios rasgados.
JOÂO:
- Hum!
FÁTIMA:
- Espero em Deus,
que ieu esteja enganada. Mas, escuta que tô falano,ai tem. Onde há fumaça, a
fogo!
JOÂO:
- Diacho! Mai Zeca
vai mexer logo com menina moça, com tantas mulheres que tem por ai...
FÁTIMA:
- Nem continue... (Pega a colher de pau e ameaça) Se vai fala
daquelas uma, mulheres da vida... Olha, se eu souber que tu tá se engraçando
com as meninas, daquela uma lá... eu vou lá e boto fogo com tu, e todas aquelas
perdidas junto, visse?
JOÂO:
- Oxê!Mai tu num
sabe que só tenho oios pra oscê mulé?!
FÁTIMA:
- Sai... Sai!Me
deixa, me deixa, que hoje tô azeda, visse?
(Corta para casa das
Rosas)
Cena XIX
INTERNA / NOITE – CAMPO VERDE CIDADE – CASA DAS ROSAS
Rosa:
- Gente! Não vamos
estragar essa noite. É a inauguração da Casas das rosas.
FORTUNATO:
- Senhores, deixemos
essa rixa para outra ocasião. Estamos aqui, é para nos divertir...
ROSA:
- É verdade! E eu
que preparei essa inauguração com tanto carinho... Que isso senhores?
WILDEBRANDO BRASÃO:
- Você é um carcará
sanguinorento!
Rosa:
- Senhores, calma!Calma
prefeito, calma senhor Timbó... Sentem, por favor. Não vamos estragar essa
noite tão maravilhosa. Que eu, preparei para os senhores com tanto esmero, com
coisinhas miúdas...
FORTUNATO:
- É para nos
divertir que estamos aqui hoje.
ROSA:
- É verdade. Então
que venha as meninas... Sola, traga as meninas.
(Corta para casa de Fátima)
Cena XV
INTERNA / NOITE – CAMPO VERDE SÍTIO – CASA DE FÁTIMA
FÁTIMA:
- E tu que num me
invente de história e quenga. Eu boto fogo naquele antro, boto, visse?
JOÃO:
- Oxê! Carma minha véia,
carma! Uma coisa por vei... Num pode fica assim, apavorada.
FÁTIMA:
- Saia, saia... Vá
cuidá das tuas coisas, vá...
JOÃO:
- Oxê, Volte!
FÁTIMA:
- Só que fartava!
Onde já se viu, casa de mulé quenga.
(Corta para Casa das
rosas)
Cena XXI
INTERNA / NOITE – CAMPO VERDE CIDADE – CASA DAS ROSAS
SOLA:
- Senhores,
preparem-se para presenciar, aqui, neste palco... O inesquecível, o extraordinário,
com muita beleza, com muito glamour... As meninas da Casa das Rosas! (Aplaudem. Entram as meninas. Elas dançam)
Imagem congela. A
seguir...