novembro 03, 2018

HOMEM DO CAMPO - CAPÍTULO 2


Web Novela de Marcondys França
Direção: Marcondys França, Cauê Bonifácil, Dill França e Albino Ventura
Direção Geral de Marcondys França
Capítulo 2
Cena V
EXTERNA / DIA – BAIA
(João está no campo fazendo suas tarefas diárias cuidando dos cavalos, pegando feno e colocando as coisas em ordem. As imagens se intercalam com Zeca caminhado ao encontro do pai)
ZECA:
- Ôá! (Tira o chapéu)Benção painho...
JOÃO:
- Mai isso são hora Zeca?
ZECA:
- Tava por ai...
JOÃO:
- Oscê toma cuidado rapaz...
ZECA:
- Oscê, que conversa é essa? Tá aconteceno nada de mai não. Só tive um dedo de proza com Nina.
JOÃO:
- Mai essa é meu medo, Nina é moça de família, e num fica nada bem oscê e ela fica ai se entranhando no mato suzinhos... Eu seio fio, que se conselho fosse bom, num se dava, vendia... Mai sou seu pai, e como seu pai quero seu bem, num sabe?
ZECA:
- Fique tranquilo, num tá acunteceno nada de mais não... fique tranquilo, meu pai.
JOÃO:
- Mió assim, mió assim! Agora vá pegá o arreio que temo muito que fazer.
ZECA:
- Ô peste! É pra já painho!(Põe o chapéu na cabeça e sai)
JOÃO:
- (João vira para o cavalo e conversa com ele)É cumpanhero, oscê dá muito menos trabaio, que o bicho home. (Resmunga e sai) Preste!
(Câmera vai para o cavalo comendo feno, que intercala com Zeca).
Cena V
EXTERNA / DIA – CAMPO
(Câmera abre na enxada revelando aos poucos Francisco campinando)
MARIQUINHA:
- Chico, Chico?!

FRANCISCO:
- Ninhora mainha?!
MARIQUINHA:
- A sua irmã sumiu... Tá demorando fio.
FRANCISCO:
- Ieu já falei pra mainha, que deve ter coidado cum Nina. Deve é tá embrenhada ai nas matas com aquele um lá... Mai vô vê donde tá Nina, vô precurá ela... (sai resmungando) Tá lá com aquele um... Já falei, falei, mai mainha num ouvi...
MARIQUINHA: (Procura um lugar para sentar perto do curral)
- Ai que tô cansada mermo, já tô véia mermo.
Cena VI
INTERNA / DIA – CASA DAS ROSAS
(Câmera corta para Casa das rosas, há uma grande batucada do lado de fora. Sola dança animadamente)
SOLA:
- Tá ouvindo Gomes? (Lixa a unha) Já estão comemorando a nossa grande reinauguração!
GOMES:
- É hoje que você vai balançar a roseira, hein?
SOLA:
- Vou abalar Campo Verde!(Machuca o dedo)Ai!
GOMES:
- Olha quem tá ai. (Câmera revela Fortunato)
SOLA:
- Olha, quem é vivo sempre dá o ar da graças. (Tenta tocar Fortunato que o impede bruscamente)
FORTUNATO:
- Sai fora fresco!
SOLA:
- Um fresco inesquecível...
GOMES:
-
FORTUNATO:
- Cale a boca antes que eu lhe prenda por desacato.
SOLA:
- Desacato? (Dar uma gargalhada)Pode ficar tranquilo. Seu segredinho fica entre nós.
FORTUNATO:
- Que a autoridade deseja aqui a essa hora?
FORTUNATO:
- Quero é fala com a quenga velha...
SOLA:
- Hi! Já sei, fui! (sai)

FORTUNATO:
- Ainda dou um corretivo nessa coisa! Bote uma pra mim...
GOMES:
-
GOMES:
- Ele é assim, espevitado, mas, é gente boa.
FORTUNATO:
- Gente boa nada...
GOMES:
- (Prepara uma dose) Ai delegado, tá gostando?
FORTUNATO:
- (Olha a casa) Tá bonito, né? (Entra Rosa)
ROSA:
- Que presepada é essa, vamos, me diga?
GOMES:
- Vim buscar o que é meu.
ROSA:
- Pois perdeu, foi a viagem!
FORTUNATO:
- Perdeu o juízo é? Tá ficando esclerosada? Esqueceu que essa espelunca, só tá aberta, graças a mim? A minha proteção, e que sou autoridade máxima aqui. E eu tenho vários pedidos para fechar essa espelunca...
ROSA:
- devia ter te abortado, quando eu tive a chance.
FORTUNATO:
- Pois saiba que não tenho nenhum orgulho de ter saído desse corpo imundo. (Rosa dá um tapa na cara de Fortunato)
ROSA:
- Seu monstro! Você é um monstro!
FORTUNATO:
- Não nego os meus! Agora vamos, deixe de conversa que tô ficando avexado, tenho mais o que fazer.
ROSA:
- O que você sabe fazer de melhor... Extorquir pessoas!(Retira dos seios um bocado de dinheiro) Toma, toma... Tudo que eu tenho. E fora da minha casa.
FORTUNATO:
- Acha mesmo que esse miseré é suficiente?
ROSA:
- Já disse. É tudo que tenho.
FORTUNATO:
- Pois trate de arrumar mais. Ou quer ver isso aqui fechado para sempre? A final, se eu fechar isso daqui pra sempre, o que você vai fazer da sua vida? Se eu fizer prevalecer a lei, o que vai fazer uma quenga velha, no fim de carreira, que só vive explorando das meninas jovens, inocentes (Ela tenta bofeteá-lo. Ele segura sua mão com força)Eu vou, mas, eu volto, muito antes que você imagina. (Se dirige ao balcão) Gomes, a bebida é por conta da casa. (sai)
ROSA:
- Cães dos infernos, piolho de cobra! Gomes, me dá uma dose ai.
GOMES:
- Calma senhora...

Cena VII
EXTERNA / DIA – CAMPO
(Câmera corta para o campo, mostra paisagens e animais. Revela Mariquinha sentada)
NINA:
- Mainha...
MARIQUINHA:
- Oh, Nina... Teu irmão acabou de sair atrás de tu, vice?!
NINA:
- Oxé! Eu não vi não...
MARIQUINHA:
- Que que foi fia? Que tá aconteceno com tu menina?
NINA:
- Nada! Tá acontecendo nada não mainha... É esse calô. Calô da gota!
MARIQUINHA:
- Sei não fia. Tô veno oscê assim, tão desenchavida, meia acabrunhada...
NINA:
- Oxê! É cisma de mainha.
MARIQUINHA:
- Nina, nina... Ieu num nasci ontem. Se tiver arguma coisa pra me dizer, que me diga logo.
NINA:
- (Saindo) Oxê! Tem nada não. A senhora que é desconfiada por demais.
MARIQUINHA:
- E aqueles enjoo, pensa que num notei?
NINA:
- Deve ter sido arguma coisa que comi, que num me fez bem.
MARIQUINHA:
- Nina, nina... Oscê num vá me fazê bobagem. Oscê sabe que teu irmão é cabeça esquentada.
NINA:
- Francisco devia era coidar da vida dele, isso sim.
MARIQUINHA:
- Mai se preocupa com oscê fia.
NINA:
- Mai num devia. Mai já me vou vice? Conversa mai atravessada!
MARIQUINHA:
-Menina, ninguém engana o tempo. Ele mostra até o que tá mai oculto.
NINA:
- Poi tá perdeno tempo com coisa que num tem. (saindo)
MARIQUINHA:
- Menina... Num vai pedi bença?
NINA:
- Bença mainha...
MARIQUINHA:
- Que Deus te dê muito juízo, que te abençoe minha fia. (Nina sai) Sei não, ai tem... Ah, tem!
Cena VIII
INTERNA / DIA – CASA DAS ROSAS
(Câmera retorna para Casa das Rosas. Rosa está no balcão com uma taça de vinho na mão).
ROSA:
- A meu amigo, meu velho e fiel amigo... O que é a vida? A vida é um sonho, que se mostra bela e sedutora. Assim como o sol, como a lua, e quando a gente acorda desse sonho, e se olha no espelho, percebe que ela te roubou tudo que te era de mais belo. A juventude!  
GOMES:
- Que isso mulher! A senhora ainda tem muita lenha pra queimar. É uma guerreira, já venceu muitas batalhas. E eu não acho justo, esse cabra, que ainda nem virou bode, lhe aporrinhar tanto! Ele não vai conseguir lhe derrotar.
ROSA:
- Eu tive a chance de mandar esse demônio pro quinto dos inferno... Mas, não! Com esse meu coração mole, tive dó, e criei   uma cobra venenosa pra me picar.
 GOMES:
- É que a senhora é boa.
 ROSA:
- Boa não sou não, visse? Sou é mesmo, lesa. Isso sim, lesa!
(Rosa bebe a bebida. Câmera corta para externa padre caminhando para igreja)
Cena VIII
INTERNA / DIA – IGREJA - ALTAR
(Padre Egídio observa a igreja pelo portão. Dona santinha Brasão está arrumando o altar. Ele entra.)
EGÍDIO:
         - Bom dia
SANTINHA:
- Bom dia. (Olha com desprezo) O atendimento para os necessitados, é só mais tarde.
EGÍDIO:
        - Dona Santinha?
SANTINHA:
- Sou eu mesmo. Mas, como já lhe disse, atendimento para os necessitados, ´s só mais tarde.
EGÍDIO:
- Prazer Dona Santinha, sou padre Egídio. (estende a mão)
SANTINHA:
- (Senta-se abismada) Você?
EGÍDIO:
- Sim.
SANTINHA:
- Assim, tão novo? E tão...



EGÍDIO:
- Moderno. (Ela fica paralisada. Ele a a toca. Ela tira a mão dele)A senhora está bem?
SANTINHA:
- O senhor não me parece padre.
EGÍDIO:
- Sou padre sim. Tanto quanto pessoa, quanto na fé. Dona Santinha, acabo de chegar de viagem, estou cansado. Conversamos mais tarde. Fica na paz. (Sai. Ela o mede dos pés a cabeça)
SANTINHA:
- (Santinha vai ao pé da Santa) Oh minha Santa, onde já se viu, um padre jovem, deve está todo tatuado, ainda com roupas mundana? Aqui em Campo Verde, é o fim dos tempos! Oh, minha Santa, isso vai dá muito que falar. Meu deus tenha misericórdia desse padre. (Câmera fecha na Santa)
Cena IX
INTERNA / NOITE – CASA DAS ROSAS
(Câmera retorna para Casa das Rosas. Sola ensaia as meninas para a inauguração da Casa das Rosas).
SOLA:
- Vamos meninas! Um, dois, três... Vamos, leveza... mãozinhas! Isso! (Magnólia dança com má vontade) Vamos querida, vamos... Animo, nós estamos aqui pra trabalhar. E vamos, um, dois, três... (Continua com as meninas, Malva para de dançar) Vamos meu amor, um, dois, três... vamos! Ave Maria, parece que engoliu um cabo de enxada. Se solta! Vamos. Tá bom, descanso. Cinco minutos. Daqui a pouco continuamos. Quero ver essa dança perfeita para o show de inauguração. (Malva Pega um banco e senta. Sola se irrita) Quê que foi? Não está satisfeita desce do palco querida. (Magnólia se levanta e junta-se a Dália e Amarílis)
Cena X
INTERNA / NOITE – CASA DAS ROSAS
(Câmera corta para um dos quartos. Rosa conversa com Dália)
ROSA:
- Hei, minha florzinha... Que olhar tristinho é esse, vamos, me diga?
MALVA:
- Toda noite eu sonho com ele.
ROSA:
- Oxê! Ele quem?
MALVA:
- Com o príncipe madrinha.
ROSA:
- Oh, minha florzinha, você sabe que na vida real, o príncipe não existe visse?

MALVA:
- Pra eu, ele nunca deixará de existir. E é isso que me faz querer viver. A certeza que ele vai chegar com seu cavalo branco, vai me colocar na garupa, e vai me levar para bem longe daqui. E lá, não sei aonde, eu vou ser muito feliz, como nem mesmo fui na casa de mainha.
Cena XI
INTERNA / NOITE – CASA DAS ROSAS
(Câmera retorna para Sola ensaiando com as meninas para a inauguração da Casa das Rosas).
SOLA:
- Solta! (Malva provoca) Ai garota, já te ensinei umas dez vezes.
MAGNÓLIA:
- Eu danço como eu quiser.
SOLA:
- Grossa! (Continua o ensaio)
Cena XII
INTERNA / NOITE – CASA DAS ROSAS
(Câmera corta para um dos quartos. Rosa conversa com Dália)
ROSA:
- Oh, minha florzinha! Se sonhar te faz feliz, visse? Então sonhe. Sonhe! Pode sonhar. Mas, agora vamos voltar pra realidade, vamos? E vamos trabalhar, vamos?   

MALVA:
- Tá certo! Tá certo madrinha. (Malva se levanta. Sai)
ROSA:
- Pobre menina! Nem mesmo a realidade resiste aos sonhos. (Câmera fecha nela)
Cena XIII
INTERNA / NOITE – CASA DAS ROSAS
(Câmera retorna para Sola ensaiando com as meninas para a inauguração da Casa das Rosas).
MAGNÓLIA:
- Afê Maria, tô é moída.
AMARILIS:
-
DÁLIA:
- Tô que nem me aguento!
SOLA:
- Imagina mulherada! Imagina se eu tivesse... (Apontando as qualidades das meninas) Essas pernas, esses eitos, esse rostinho, e esses cabelos... Ah, não tinha pra ninguém.
DÁLIA:
- É. Se tu fosse mulher, né Sola?
SOLA:
- E quem disse que não sou? Eu sou sim. Sou uma alma feminina num corpo estranho. Um erro dos Deuses é claro! Agora, animo meninas, animo! (Close nele) Purpurina!
Cena XII
INTERNA / NOITE – CASA DO CORONEL GILMAR
(Mostra lua, faixada da casa de Gilmar. Câmera corta área interna)
GILMAR:
- Prefeito?!
WILDEBRANDO:
- Em primeiro lugar, obrigado por me receber assim, tão as pressas. Mas o coronel sabe que não sou de lhe aporrinhar, por qualquer besteira. E o motivo que me trás aqui é de estrema importância e de seu total interesse, num sabe?
GILMAR:
- Então o amigo deixe de arrodeio e vá direto ao assunto que lhe trouxe aqui. Vamos encurtar essa prosa.
WILDEBRANDO:
- Pois bem seu coronel...
GILMAR:
- Já falei que não gosto que me chame de coronel! Que coisa mais ultrapassada prefeito.
WILDEBRANDO:
- Perdão! É a força do hábito.
GILMAR:
- Tá, tá... Então, vá direto ao assunto. A que veio aqui?
WILDEBRANDO:
- É que aquele filho de uma quenga, aquele carcará sanguinolento, cafuçú da gota serena, que representa a oposição, anda espalhando boatos sobre minha gestão. Que poderá prejudicar todo nosso esquema, se é que o amigo me entente?
GILMAR:
- Entendo, entendo sim... E o amigo que sempre pensei que fosse sangue no olho, agora está se deixando levar, intimidar por um emboléu de meia pataca. Ora prefeito, era pra ter resolvido esta situação por muito mais tempo. Te mostrado quem manda nesta situação, Já era pra te resolvido, ter dado uma prensa nele e mostrado quem manda aqui.
WILDEBRANDO:
- Mas ai é que está. O povo está começando a dar ouvido a esse infeliz...
GILMAR:
- Por isso mesmo que temos que tomar providências, se tomarmos providencias, perdemos as rédeas e ai sim, o senhor sabe, que isso não é bom, nem pra mim, nem pro senhor. Entreguei ao senhor, prefeito, a cidade de Campo Verde. Cabe ao senhor cuidar dessa administração. O senhor não vai me decepcionar, vai?
WILDEBRANDO:
- O senhor acha melhor, eu dar cabo desse filho do cabrunco?
Imagem congela. Continua...

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