julho 19, 2012

O CORPO (Texto: Ato I - Cena II)


CENA II
MARA: - Alguma notícia Nanci?
NANCI: - Não senhora. Por enquanto nenhuma.
MARA: - Ah, meu Deus! Por onde andará este irresponsável?
NANCI: - Isto é coisa de jovem. A senhora vai ver, logo, logo, seu Marcos entrará por esta porta, como nada estivesse acontecido, e tudo se esclarecera.
MARA: - Sei não, Nanci... Deus te ouça! Mas, algo me diz...
NANCI: - Não dona Mara. Pelo amor de Deus! Não pense bobagens. Vamos pensar em coisas positivas. Vai vê que seu querido filho está por ai, farrando com os amigos.
MARA: - Infelizmente, Nanci... Meu coração de mãe esta me dizendo que algo ruim está se aproximando. Sabe, quando você sente aquele aperto... Sei lá... Intuição de mãe.
NANCI: - Não diga uma coisa dessa! Pelo amor de Deus!
MARA: - Eu sinto Nanci! Algo de ruim aconteceu com meu filho.
NANCI: - Não... Que isso? A senhora está nervosa. Vamos rezar. Deus há de proteger seu Marcos.
MARA: - E a polícia? Bando de inúteis! Incompetentes... Por que não localizam logo meu filho?
NANCI: - Calma!
MARA: - Que calma?! Como posso ter calma. Meu filho está sumido e você me pede calma?
(Entra Tânia)
TÂNIA – Mãe... Viemos o mais rápido que podemos. Como está?
MARA: - Uma pilha de nervos.
TÂNIA – Por gentileza Nanci... Providencie um chá. (Nanci sai) E a polícia? Alguma novidade?
NANCI: - Nada. Só que estão trabalhando com várias hipóteses.
MARA: - Sequestro?
TÂNIA – Pago que for preciso pra ter meu filho de volta.
MARA: - E terá. Tenho certeza que papai vai mobilizar meio mundo para encontrar o Marcos.
TÂNIA – A única coisa que mobiliza seu pai... É essa maldita campanha. Política! Sempre em primeiro lugar.
NANCI: - Mãe, é a carreira dele. Também é importante pra ele.
MARA: - Nada neste mundo deveria ser mais importante que a família.
TÂNIA – Oh, mãe!
MARA: - Sabe filha... Fui criada numa família humilde. Éramos tão pobres... Mas o laço familiar que nos unia, era tão forte, mas tão firme, que não existia problemas ou dificuldades que nos abalasse, a ponto de ceder nossa estrutura familiar. Mas, quando vejo nossa família, temos tudo... Menos o principal.
TÂNIA – Temos amor.
MARA: - Mas nos falta união. Não sei onde errei. Não fui capaz de protegê-los.
TÂNIA – Mãe... Não gostaria de falar de meus problemas. Não foi pra isso que vim até aqui...
MARA: - Juro, que meu desejo é vê você feliz.
TÂNIA – Eu sou.
MARA: - Não. Não é...
TÂNIA – Felicidade... São momentos. E eu os tenho, nem que seja de vez em quando.
MARA: - Filha... Não se sabote. Mentir pra si mesma, é sempre a pior e mais dolorosa mentira. Sua infelicidade está estampada em seus olhos.
TÂNIA – E Marina?
MARA: - Não sei. Não faço ideia. Faz dois dias que a destrambelhada da sua irmã não aparece. Que não é novidade!
TÂNIA – Mãe, já disse que deveríamos interna-la numa clínica de recuperação.
MARA: - Pra que? Pra fugir novamente? Enquanto ela não se convencer que precisa de ajuda, pra se livrar desse maldito vício, nada poderemos fazer, a não ser vê-la se autodestruindo.
TÂNIA – Acho tão triste...
MARA: - Uma coisa por vez. Agora minha preocupação é esse sumiço do seu irmão.
TÂNIA – E vó?
MARA: - No quarto.
TÂNIA – Como está reagindo a tudo isto?
MARA: - Não contamos ainda.
TÂNIA – Não sentiu falta?
MARA: - Disse-lhe que estava viajando com alguns amigos.
TÂNIA – E Isabel?
MARA: - Está a beira de um ataque de nervos.
TÂNIA – Também, pudera. Marcos a trata como uma estranha.
MARA: - A relação dos dois não vai bem.
TÂNIA – Que pena! É uma mulher extraordinária.
MARA: - Mas trás junto, a encostada da mãe como pacote. Não suporto aquela mulher... Uma alpinista social!
TÂNIA – Uma coisa não podemos negar... Isabel ama verdadeiramente o Marcos.
MARA: - Isso é verdade.
TÂNIA – E esse chá que não vem? Vou apressar Nanci e aproveito pra vê a vó.
MARA: - Vai sim filha. Mas cuidado... Por enquanto é melhor que ela não perceba nada.
TÂNIA – Pode deixar. Fica tranquila. (Sai)
(Mara anda de um lado a outro preocupada. Apagam-se as luzes)

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