julho 25, 2012

O CORPO (Texto: Ato I - Cena V e VI)


CENA V
(Na redação)
MÔNICA: - As fotos ficaram prontas.
TÁRCIO: - Ótimo! Deixa eu dar uma olhada.

MÔNICA: - Não mostra muita coisa.
TÁRCIO: - Seria mais fácil fotografar um saco preto.

MÔNICA: - Descobriu alguma coisa?
TÁRCIO: - Ainda nada. Mas uma coisa esta me intrigando.

MÔNICA: - Ih! Quando você com essa conversa...
TÁRCIO: - Esse cara...

MÔNICA: - Que tem?
TÁRCIO: - Tenho a certeza que já vi este rosto antes.

MÔNICA: - Sabe que tive esta mesma impressão.
TÁRCIO: - Se conseguíssemos uma foto melhor do rosto, que sabe poderíamos revirar nossos arquivos e identificar o falecido.

MÔNICA: - Vamos fazer plantão no IML.
TÁRCIO: - Mônica...
MÔNICA: - Fala.
TÁRCIO: - Sabe o que me chamou mais a atenção?
MÔNICA: - O que?
TÁRCIO: - O lugar onde o corpo foi encontrado.
MÔNICA: - Que tem o lugar?
TÁRCIO: - Como posso lhe dizer...
MÔNICA: - Desembucha, vai...
TÁRCIO: - É um local de ferveção.
MÔNICA: - Que?
TÁRCIO: - Um point.
MÔNICA: - Que tipo de point?
TÁRCIO: - De casacão.
MÔNICA: - Ta querendo dizer que...
TÁRCIO: - Exatamente.
MÔNICA: - Você...
TÁRCIO: - É. Sou.
MÔNICA: - Cara! Por que não me disse antes?
TÁRCIO: - E precisa?
MÔNICA: - Eu tô...
TÁRCIO: - Bege!

MÔNICA: - Lilás, talvez?! (Riem)
TÁRCIO: - Pode ser. Olha, mas fica entre nós.

MÔNICA: - Claro.
TÁRCIO: - Este local onde o corpo foi encontrado é freqüentado por gays em busca de aventuras.
MÔNICA: - Hum! Então meu faro não me enganou. Temos um grande furo. Uma grande matéria nos espera.
TÁRCIO: - Exatamente.

MÔNICA: - Vê o que consegue com as fotos. Eu vou ao IML colher informações sobre a causa da morte.
TÁRCIO: - Então... Mãos a obra! (Saem)

CENA VI

(Na mansão)

LIZ: - Oi vó?!
TÂNIA: - Oi. Como está?
LIZ: - Depende.
TÂNIA: - Do que?
LIZ: - Se vai pra me por a par do que esta acontecendo, ou se vai fazer como sua mãe, que age de forma imbecil conforme seu pai e sua mãe.
TÂNIA: - Vó. È preocupação com Marcos.
LIZ: - Desapareceu e não deu notícias.
TÂNIA: - Exatamente.
LIZ: - Quem sabe tomou coragem.
TÂNIA: - Como assim?
LIZ: - Ah, minha filha! Nem tudo parece ser o que é. As vezes só enxergamos aquilo que queremos.
TÂNIA: - Não entendi.
LIZ: - Tem coisas que é melhor deixar pra lá. Não entender.
TÂNIA: - Continuo sem compreender.
LIZ: - Minha querida é preciso está atenta para perceber o que acontece ao nosso redor. Posso lhe garantir que muita coisa tem acontecido nesta casa nesses últimos anos e tem passado por despercebido.
TÂNIA: - E a senhora com sua experiência saca tudo.
LIZ: - Posso ser velha mais ainda sou lúcida. Sei que algo muito ruim está acontecendo. Mas todos tentam esconder de mim, imaginando que sou uma lesa.
TÂNIA: - Só querem lhe poupar. Evitando maiores preocupações.
LIZ: - Meu bem, já vivi o bastante, e nesta vida já vi de tudo. Suportei as piores decepções. Posso lhe garantir, sou mais forte que muitos nesta casa.
TÂNIA: - Vozinha!
LIZ: - E seu casamento?
TÂNIA: - Não vamos falar sobre isso.
LIZ: - Foi um grande engano.
TÂNIA: - Amo meu marido.
LIZ: - Não basta. Que dependência é essa? Você é jovem, bonita...
TÂNIA: - Será que é tão óbvio assim?
LIZ: - Dê um novo passo. Não deixe a vida passar por você.
TÂNIA: - Vou vê a mamãe.
LIZ: - Vai passa a vida toda assim?
TÂNIA: - Assim como vó?
LIZ: - Fugindo da verdade. Ela sempre nos alcança.
TÂNIA: - Estão todos enganados.
LIZ: - Inclusive você. (Tânia sai)

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