julho 22, 2012

O CORPO (Texto: Ato I - Cena III e IV)


SECRETÁRIA: - Sr. Deputado?
EGÍGIO: - Pois não?
SECRETÁRIA: - Detetive Rodrigues...
EGÍGIO: - Por favor, peça que entre.
SECRETÁRIA: - Sim senhor. Com licença. (Sai e retorna) Por favor...
EGÍGIO: - Feche a porta.
SECRETÁRIA: - Sim senhor.
RODRIGUES: - Bom dia deputado.
EGÍGIO: - Por favor, sente-se.
RODRIGUES: - Obrigado.
EGÍGIO: - Alguma novidade?
RODRIGUES: - Estamos fazendo o possível.
EGÍGIO: - Pois faça o impossível. Não poupe nenhum esforço para encontrar meu filho.
RODRIGUES: - Lhe garanto que estamos fazendo tudo que esta ao nosso alcance. Mas trabalhamos com todas as hipóteses, todas. Até mesmo com... a hipótese de assassinato.
EGÍGIO: - Que esta querendo dizer?
RODRIGUES: - Que não podemos descartar nada. Numa cidade como esta, onde a violência esta generalizada, tudo é possível. Sequestro, assalto, prostituição, drogas, assassinato...
EGÍGIO: - Simplifique. Meu tempo vale dinheiro.
RODRIGUES: - Claro!
EGÍGIO: - O que lhe trouxe aqui.
RODRIGUES: - Sei que não será fácil...
EGÍGIO: - Seja objetivo.
RODRIGUES: - Temos três cadáveres.
EGÍGIO: - Que?
RODRIGUES: - As características são muito próximas...
EGÍGIO: - Cadáver?
RODRIGUES: - Exatamente, senhor.
EGÍGIO: - Meu Deus!
RODRIGUES: - Por enquanto é só uma suspeita. Pra nós, são cadáveres. Apenas três corpos a espera de identificação. Preciso que o senhor ou alguém da família, me  acompanhe até o IML para fazer este reconhecimento.
EGÍGIO: - Meu Deus!
RODRIGUES: - Calma, senhor Deputado. Pode ser apenas uma triste coincidência.
EGÍGIO: - (Pega o telefone) Senhora Eliane...
SECRETÁRIA: - Senhor?
EGÍGIO: - Avise ao senhor Ednaldo que precisei sair.
SECRETÁRIA: - Sim senhor.
EGÍGIO: - Por favor... (Para o detetive)
RODRIGUES: - O senhor não prefere ir acompanhado?
EGÍGIO: - Não. (Saem)
SECRETÁRIA: - Que clima! (Sai)
CENA IV
LUDIMILA – Quem ele pensa que é? Desaparece, assim, sem dar uma notícia.
ISABEL: - Mãe...
LUDIMILA – Isabel, você é a noiva dele. Noiva! E o mínimo que ele tinha que fazer, como forma de respeito, é dar satisfações.
ISABEL: - Mãe... Marcos, está desaparecido.
LUDIMILA – Desaparecido!
ISABEL: - Pode ter sido sequestrado.
LUDIMILA – Sequestrado!
ISABEL: - Sabe Deus o que está acontecendo. Pode até acontecer o pior.
LUDIMILA – Tomara. Tomara... Porque se não for isso... Eu mesmo vou esganá-lo com minhas próprias mãos.
ISABEL: - Pelo amor de Deus mamãe... Eu estou aqui, uma pilha de nervos, preocupada com o sumiço do Marcos e você ao invés de me tranquilizar me deixa mais tensa.
LUDIMILA – Isabel, minha querida. Abra seus olhos... Se não seguir minhas orientações você vai acabar perdendo este homem. Tá cheio de vagabundas ai querendo encontrar um idiota, igual a seu noivo, e lhe aplicar o golpe da barriga de ouro. Coisa que você devia ter feito, a muito tempo.
ISABEL: - Eu amo o Marcos. Será que você entende isso?
LUDIMILA – Entendo. Com amor, seria até mais fácil. Meu bem, essa história de amor, é linda, nos livros. Mas na vida real, só funciona quando a falta de dinheiro, as dificuldades mina qualquer relacionamento.
ISABEL: - Ainda que o Marcos fosse um pé rapado, eu o amaria mesmo assim.
LUDIMILA – Definitivamente! Você não é minha filha. Foi trocada na maternidade... Só pode!
ISABEL: - É uma hipótese provável!
LUDIMILA – Acorda, bela adormecida! Acorda antes que lhe ofereçam uma maçã. Minha filha, a vida não é um conto de fadas. Na maioria das vezes, ela é muito cruel.
ISABEL: - Por que acha que todos vão passar pelas mesmas coisas que você.
LUDIMILA – Não admito que fale assim. Você não pode imaginar um terço das coisas que tive que passar pra sobreviver.
ISABEL: - Desculpe-me mamãe.
LUDIMILA – Você está preste a se casar com o filho de um grande figurão... Logo seu noivo será apresentado a política, e poderá herdar o lugar do pai.
ISABEL: - Não é seu desejo.
LUDIMILA – Deus só dá asas pra quem não deseja voar.
ISABEL: - As vezes penso que a senhora gostaria de está no meu lugar.
LUDIMILA – Não tive esta oportunidade. Se tivesse, teria aproveitado ao máximo!
ISABEL: - Sei que sim.
LUDIMILA – Seria a noiva mais feliz do mundo!
ISABEL: - Mas não é.
LUDIMILA – Infelizmente.
ISABEL: - Acho que Marcos não me ama.
LUDIMILA – Que baixa estima!
ISABEL: - Me sinto insegura.
LUDIMILA – A família te aceita. E isto é um grande passo... A aceitação da família do seu noivo.
ISABEL: - Mas não é com a família dele que eu vou me casar.
LUDIMILA – Você quem pensa! Ah, minha menina... Tem muito que aprender.
ISABEL: - Oh, mãe!
LUDIMILA – Segue os conselhos da mamãe... Hein? Segue?
ISABEL: - Que quer que eu faça?
LUDIMILA – Dê um filho a este homem.
ISABEL: - Não acredito nisso. É obsessão!
LUDIMILA – Não meu bem. Quando chegar a minha idade você vai entender. Meu anjo, o maior arrependimento que sinto, é não ter aproveitado mais a minha beleza e juventude, garantindo o meu futuro.
ISABEL: - Não sou modelo.
LUDIMILA – Se fosse, talvez seria mais esperta.
ISABEL: - Vou a mansão... Quem sabe já teem notícias.
LUDIMILA – Espere.
ISABEL: - Não mãe.
LUDIMILA – Acha mesmo que vou perder esta? Vou com você.
ISABEL: - Mãe?
LUDIMILA – Solidariedade meu bem! (Pega a bolsa) Agora podemos ir. Estou pronta!
ISABEL: - Se eu pedir...
LUDIMILA – Não. (Saem)

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