agosto 22, 2012

O CORPO (Texto de Teatro - Ato II, Cenas III e IV)


ATO II – CENA III
(Na delegacia)
DELEGADO: - Rodrigues...
RODRIGUES: - Pois não chefe?I
DELEGADO: - Desta vez tiramos a sorte grande! Todos os holofotes estão sobre nós. (Risos) Veja. (Entrega uma pasta)
RODRIGUES: - É a conclusão da perícia.
DELEGADO: - Isso mesmo! Temos um trabalho em tanto pela frente.
RODRIGUES: - É peixe grande.
DELEGADO: - Exatamente. A minha experiência me diz que o papaizinho vai querer abafar o caso.
RODRIGUES: - Ainda sem suspeitos!
DELEGADO: - Trate de arrumar um. Casos como esse são raros e quando vem parar em nossas mãos, não podemos facilitar e desperdiçar a visibilidade que podemos ter na mídia. Meu caro, casos como esses, geralmente é nosso passaporte para uma boa promoção.
RODRIGUES: - Aqui diz a vítima foi morto por um objeto pontiagudo, mas que não se trata de faca ou punhal.
DELEGADO: - E o que está esperando? Vá atrás de pistas.
RODRIGUES: - Sim senhor.
DELEGADO: - Quero um relatório  amanhã cedo em cima da minha mesa. E de preferencia com novidades. Amanhã isso aqui vai está cercado por reportes! A fama nos espera.
RODRIGUES: - E quanto aquela reporte?
DELEGADO: - Aquela xereta?
RODRIGUES: - Exatamente.
DELEGADO: - Diga que estamos investigando e que assim que tivermos novidades vamos convocar uma coletiva. Coletiva!
RODRIGUES: - Sim senhor.
DELEGADO: - Bom meu caro. Vamos nos preparando para nosso minuto de fama. Há! Convoque, família, amigos, inimigos... Quero depoimentos. Temos que ter um suspeito.
RODRIGUES: - Sim senhor.
DELEGADO: - Essa bichona é nosso passaporte para ascensão profissional. Vi a página dois? Diz que a vítima manteve relações sexuais antes do falecimento. Tava queimando a rosca! (Risos) Afinal, já diz o ditado: Pra que guardar se a terra há de comer! (Risos)
RODRIGUES: - Bom... O papo está divertido... Mas preciso ir. Tenho que trabalhar.
DELEGADO: - Sei que dará o melhor neste caso. Dará! Dará não. Fará. (Risos. Saem)
ATO II – CENA IV
(Entra Mara amparada por Egídio. Todos estão reunidos na sala)
MARA: - Oh, filha! (Abraça Tânia)
TÂNIA: - Oh, mãe! Sinto muito.
ISABEL: - Por favor... Não escondam nada de mim. Seja lá o que está acontecendo... Quero saber.
EGÍDIO: - Saberá.
LUDIMIRA: - Por Deus! Quanto mistério! Assim nos mata de tanta curiosidade.
ISABEL: - Encontraram Marcos?
EGÍDIO: - Sim, encontramos.
LUDIMIRA: - E onde está?
EDINALDO: - Está morto.
ISABEL: - Que?
LUDIMIRA: - Calma filhinha!
MARA: - Mataram meu filho.
ISABEL: - Calma mãe.
LUDIMIRA: - Lá se vão os anéis com os dedos.
EDINALDO: - Pra sua infelicidade.
ISABEL: - Mãe... Não pode ser... Meu Marcos... Oh, meu Deus! Meu noivo mãe...
LUDIMIRA: - Sente-se filha. Mantenha a calma!
TÂNIA: - Selma? (Entra Selma) Traga um copo com água.
LUDIMIRA: - Mas como foi isso? Assalto?
EGÍDIO: - Ainda não se sabe ao certo. Mas a polícia está investigando.
MARA: - Quero que este assassino pague. Este crime não pode ficar impune.
EGÍDIO: - E não ficará.
EDINALDO: - A imprensa está toda de campana na frente da mansão.
EGÍDIO: - Não temos nada a declarar.
TÂNIA: - Será que nem num momento desses não nos dão paz?
ISABEL: - E agora? O que será de mim?
LUDIMIRA: - Calma filha! Mamãe está ao seu lado. E também Egídio não a deixará desamparada, ainda mais se tratando de uma situação tão delicada. Não é mesmo Egídio?
EGÍDIO: - Claro.
MARA: - E Marina?
TÂNIA: - Só Deus sabe!
MARA: - Localizem Marina...
EDINALDO: - Posso providenciar isto. Não se preocupe.
EGÍDIO: - E dona Liz? Quem dará a notícia?
TÂNIA: - Creio que já saiba. Mas não se preocupem... Dr. Alfredo está vindo pra cá.
EGÍDIO: - Preciso providenciar o funeral.
LUDIMIRA: - Não queremos atrapalhar... Filha, acho melhor irmos pra casa.
ISABEL: - Mas mãe?!
LUDIMIRA: - Muita gente atrapalha! Agora vamos. Se precisarem de qualquer coisa... É só ligar.
EDINALDO: - Claro!
LUDIMIRA: - Mara... Meus pêsames!
MARA: - Obrigada.
LUDIMIRA: - Vamos filha! (Se abraçam e saem)
EDINALDO: - O celular da Marina está fora de área.
TÂNIA: - Como se fosse novidade! Meu Deus! Quando é que essa garota vai ter responsabilidade?
MARA: - Não vamos agora se preocupar com isto. Marina logo aparecerá.
EGÍDIO: - Bando de abutres! Continuam de plantão lá fora.
EDINALDO: - E o que diremos?
EGÍDIO: - O de sempre.
EDINALDO: - Nada a declarar.
MARA: - Teu irmão... Morto! Como foi?
EGÍDIO: - Não falamos nisso agora.
TÂNIA: - É melhor que saiba por nós.
MARA: - Saiba o que?
EGÍDIO: - Nada.
TÂNIA: - Pai.
MARA: - Egídio?
EGÍDIO: - Marcos foi encontrado morto dentro de um matagal.
MARA: - Meu Deus!
EGÍDIO: - É muito importante que tenhamos uma mesma versão para a morte de Marcos. Muitas versões estão circulando na imprensa. Mas vamos afirmas com toda firmeza, que Marcos era um homem integro.
TÂNIA: - Por que está dizendo isto pai?
EDINALDO: - Pra abafar o caso.
MARA: - Como assim abafar?
EGÍDIO: - Parece que estava envolvido com que não devia.
TÂNIA: - Não posso acreditar. Meu irmão não é nenhum criminoso. E vocês falam como se...
EGÍDIO: - Há algo de obscuro nesta história.
EDINALDO: - E por isso temos que estar preparados.
MARA: - Assassinato!
EGÍDIO: - Vamos alegar sequestro.
EDINALDO: - Vamos dizer que houve uma tentativa de pedido de resgate.
MARA: - Parem com isso... Que está acontecendo aqui?
EGÍDIO: - Fora o fato de termos uma filha viciada em drogas, que não mede esforços para conseguir seus entorpecentes... Agora descubro que tinha um filho com uma vida obscura.
TÂNIA: - Não estou entendendo nada.
EDINALDO: - Seu irmão era gay.
MARA: - Como se atreve?
EGÍDIO: - É a mais pura realidade.
TÂNIA: - E Isabel?
EDINALDO: - Ou estava de combinação com ele, ou foi tão enganada quanto nós.
MARA: - Meu Deus!
EGÍDIO: - Isso não pode vazar na imprensa. Se isso for publicado. Minha candidatura estará arruinada.
TÂNIA: - Se preocupa mais com essa sua carreira que a vida do seu próprio filho?
EGÍDIO: - Que vida? Está morto. Morreu fazendo sem vergonhasse.
MARA: - Não... Meu filho não era isso... (Saem)
EDINALDO: - Que Deus me perdoe! Mas se ele não estivesse morto. Seu pai o mataria.
TÂNIA: - Não diga tolices! Meu pai jamais seria capaz...
EDINALDO: - O ser humano é imprevisível! Capaz de coisa que até o diabo duvida. (Saem)

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