agosto 26, 2012

O CORPO (Texto Teatro- AtoII -Cenas VII e VIII)


ATO II – CENA VI
(Na redação do jornal)
MÔNICA: - É um absurdo! Proibir a imprensa de acompanhar o velório?
TÁRCIO: - Também acho. Mas é um momento tão doloroso para os familiares.
MÔNICA: - Mas a questão aqui, não é apenas dor. Querem deixar a sujeira debaixo do tapete.
TÁRCIO: - Sabe o que acho?
MÔNICA: - Que?
TÁRCIO: - Que a polícia esta escondendo todos os detalhes sórdidos desta história.
MÔNICA: - Sabe que também tive esta impressão! Aquela nota meia boca divulgada pelo assessor de imprensa do deputado... “Sequestro no qual terminou na morte da vítima”. Não colou. Veja bem, o rapaz era filho de um grande figurão, valia uma grana alta, eles não seriam burros de se livrar de um refém tão valioso sem receber o resgate. Esta história está muito má contada.
TÁRCIO: - Má contada ou não... Nosso trabalho neste caso terminou. A nota é oficial.
MÔNICA: - Se está má contada e nossa obrigação conta-la da forma correta, com todos seus pontos e vírgulas nos seus devidos lugares.
TÁRCIO: - Ah, não! Não vai me dizer...
MÔNICA: - (Pega a bolsa) Isso mesmo! Vamos a campo... Temos uma investigação a fazer.
TÁRCIO: - E onde vamos, posso saber?
MÔNICA: - Vamos não. Você vai.
TÁRCIO: - Eu?
MÔNICA: - É.
TÁRCIO: - Não estou entendendo.
MÔNICA: - Meu amor... Você vai voltar aquele lugar...
TÁRCIO: - Lugar? Que lugar?
MÔNICA: - Onde o corpo foi encontrado.
TÁRCIO: - Por que eu?
MÔNICA: - Uma mulher, não nada atrativo, para o público que ali frequenta.
TÁRCIO: - Não estou gostando nada disso!
MÔNICA: - Ah! Mais vai gostar. Olha pelo lado positivo... Você vai unir trabalho com prazer. E quem sabe você não encontra um bofe maravilhoso!
TÁRCIO: - Já disso que não gosto desse tipo de brincadeira.
MÔNICA: - Tá bom homem sério! Agora vamos ao trabalho.
TÁRCIO: - Me mete em cada uma!
MÔNICA: - Que seria de mim sem você, hein?
ATO II – CENA VII
(No apartamento de Ludmila)
LUDMILA: - Que ódio!
ISABEL: - Não imaginava que gostasse tanto do Marcos.
LUDMILA: - Minha lágrimas são de ódio!
ISABEL: - Ora mãe! Não tenho saco pra seus chiliques hoje!
LUDMILA: - Desgraçado! Tinha que morrer antes do casamento?
ISABEL: - Você não tem coração?
LUDMILA: - Oh! Tô vendo a hora enfartar de tanta raiva.
ISABEL: - Não percebe o quanto estou sofrendo?
LUDMILA: - Eu também. Está tão perto!
ISABEL: - Perdi o homem que amava. E você pensa neste porcaria de fortuna...
LUDMILA: - Foi o que ficou. E não foi para você filhinha...
ISABEL: - Pro inferno o dinheiro.
LUDMILA: - Inferno se tornará nossa vida. Ou você acredita mesmo que o mão de vaca do deputado Egídio vai continuar sendo generoso conosco?
ISABEL: - Não somos aleijadas, podemos trabalhar.
LUDMILA: - Não faça-me rir! Acha mesmo que com um misero salário vamos poder sustentar esse padrão de vida?
ISABEL: - Posso viver com muito menos.
LUDMILA: - Esse é seu pior defeito! Desejar sempre menos.
ISABEL: - que queria que eu fizesse?
LUDMILA: - Que devia ter feito. Devia ter engravidado... Teria garantido o nosso futuro.
ISABEL: - Meu Deus! Não acredito nisso.
LUDMILA: - Pois pode acreditar. Você perdeu a maior oportunidade de sua vida.
ISABEL: - Não mãe... Não perdi uma oportunidade. Perdi o homem que amava.
LUDMILA: - Homem! (Meio riso)
ISABEL: - Para mãe... Por favor, não me torture mais...
LUDMILA: - Ele se foi, e levou com ele toda esperança que eu depositava no nosso futuro... Acha que vai ser fácil daqui pra frente? Estamos com dinheiro contado, joias penhoradas, e não faltará muito para sermos despejadas daqui.
ISABEL: - Que culpa tenho se você não soube guardar o que meu pai nos deixou?
LUDMILA: - Um verme! Seu pai era um fracassado. Nos deixou uma ninharia.
ISABEL: - Se é tão esperta, por que está passando por isso?
LUDMILA: - Fiz a burrada de engravidar de um bosta! E burrada maior, foi não ter abortado como das outras vezes. Apostei muito em você, e olha o resultado.
ISABEL: - Apostou errado! Não pedi para nascer. Não sou um investimento. Nem tão pouco uma prostituta pra você me vender ao primeiro homem rico que apareça. Jamais faria o golpe da barriga para segurar o marcos ou qualquer outro homem. Não sou como você...
LUDMILA: - Que tem eu?
ISABEL: - Uma prostituta de luxo!
LUDMILA: - (Tapa na cara) Você é o pior erro que cometi na minha vida.
ISABEL: - Então é hora de reparar este erro...
LUDMILA: - Teria reparado se tivesse sido mais esperta.
ISABEL: - Me deixe em paz! (Sai)
LUDMILA: - Ingrata! Além de burra, ingrata. (Anda de um lado para o outro) Preciso encontrar um jeito de convencer o deputado a continuar nos ajudando. Mas como? Pense Ludmila... Pense! Ah, por que não pensei nisso? Uma gravidez... Sempre funcionou. E Mara estando fragilizada não rejeitaria a vinda de um neto... A continuação da família. Um herdeiro! Há, deputado!... (Sai)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado! Sua opinião é muito importante.

JOÃO ASSUNÇÃO PREFERE SEGUIR CAMINHO DIFERENTE DE PAI FAMOSO

Segundo publicado no site NA TELINHA, João Assunção filho de  Fabio Assun ção decidiu trilhar um caminho diferente do pai e ir p...