agosto 11, 2017

CASAMENTO NO ARRAIÁ

De: MARCONDYS FRANÇA

SOCORRO (MÃE)
IDELFONSO (PAI)
MARIA BADALO (FILHA)
BOCA DE BURRO (JAGUNÇO)
ZÉ PINGA (NOIVO)
VIGÁRIO
ATO ÚNICO

SOCORRO:
- Desgraçada... Desgraçada! Minha filha, mais falada que tudo nessa vida! Ai de mim!

IDELFONSO:
- Se eu pego esse condenado... Eu capo esse cabra safado!

MARIA BADALO:
- Mainha...

SOCORRO:
- Calada!

MARIA BADALO:
- Painho...

IDELFONSO:
- Calada!

MARIA BADALO:
- Eu...

OS DOIS:
- Calada estrupício!

IDELFONSO:
- Vamos realizar logo este casamento antes que eu cometa uma loucura.

SOCORRO:
- O vigário já vem se chegano...

IDELFONSO:
- Que chegue logo. Que já tô sem paciência.

MARIA BADALO:
- Mais...

SOCORRO:
- E ocê se assossegue!

MARIA BADALO:
- Eu...

OS DOIS:
- Calada estrupício!

MARIA BADALO:
- Oxé! Num posso nem dizê nadica de nada...

OS DOIS:
- Não!

VIGÁRIO:
- Meus filhos... Deus os abençoe!

TODOS:
- Amém!

VIGÁRIO:
- Vamos então dá início ao casório... É esta a noiva?

SOCORRO:
- É... É essa sonsa!

MARIA BADALO:
- Mainha!

SOCORRO:
- Num diga nada! Calada estrupício!

VIGÁRIO:
- E onde tá o noivo?

IDELFONSO:
- Vou mandá buscá o cabra. Boca de Burro!

BOCA DE BURRO:
- Sim sinhô!

IDELFONSO:
- Traga cá aquele cabra safado... Que minha peixeira tá se cosandi... Tá doidinha pra sangrar um pescoço de um filho de uma égua!



VIGÁRIO:
- Fique calmo homem de Deus! Sem violência.
IDELFONSO: - Boca de Burro, se avexe... Tá ispeno o que? (Boca de Burro sai)

MARIA BADALO:
- Painho deixa eu falá...

IDELFONSO:
- Ocê num me abra essa boca Maria Badalo.

MARIA BADALO:
- Mai painho...

SOCORRO:
- Tá moca? Num ouviu teu pai? Oxé!
BOCA DE BURRO: - Aqui está o cabra!

ZÉ PINGA:
- Se é festa to drentro! (Música: Bebe, cair e levantar)

IDELFONSO:
- Me segura antes que eu faça uma bestera e desgrace minha vida.

VIGÁRIO:
- Calma homem! Não esqueça que tua filha precisa do noivo...

MARIA BADALO:
- Vigário...

TODOS:
- Calada!

ZÉ PINGA:
- Etá festa animada! Num tem uma branquinha?

SOCORRO:
- O sinhô se oriente!

ZÉ PINGA:
- Só um dedo... Em pé.

VIGÁRIO:
- Vamos logo à cerimônia.

IDELFONSO:
- É isso mermo seu vigário... Case logo essa sem vergonha.

MARIA BADALO:
- Mainha...

SOCORRO:
- Cale essa boca estrupício.

VIGÁRIO:
- Então vamo dá início a esta união... Aqui temos de um lado Zé Pinga e do outro Maria Badalo...

SOCORRO:
- Pule logo essa babozeira toda! O pio já acunteceu... Então vamo logo ao que interessa.

IDELFONSO:
- Isso mermo!

VIGÁRIO:
- Sendo assim... Prosseguiremos...

MARIA BADALO:
- Eu...

VIGÁRIO:
- Isso é pressa de se vê casada filha?

MARIA BADALO:
- Eu...

SOCORRO:
- Aceita!

MARIA BADALO:
- Mas...

SOCORRO:
- Você cala a boca. Sabeno que vai perguntá... A resposta é sim.

ZÉ PINGA:
- Não...



IDELFONSO:
- Como é que é seu cabra? (Mostra a peixeira)

ZÉ PINGA:
- Digo sim. É que ocês num deixa a pobre moça falá.

IDELFONSO:
- Vigário temine logo com essa agonia.

VIGÁRIO:
- Então... Maria Badalo, aceita...

SOCORRO:
- Já disse que sim. E se num disse eu como mãe e resposave digo sim.

IDELFONSO:
- E eu assino em baixo!

VIGÁRIO:
- Mais não é assim que funciona.

IDELFONSO:
- Com todo repeito vigário... Não cumprica! (Para Zé Pinga)
E você seu cabra safado diga logo sim.

ZÉ PINGA:
- Se num tem como escapuli...É sim, né?



MÃE E PAI:
- É.

VIGÁRIO:
- Então... Se não há ninguém que possa impedir essa união...

BOCA DE BURRO:
- Eu!

TODOS:
- Oh!

MARIA BADALO:
- Boca de Burro!

BOCA DE BURRO:
- Eu amo Maria Badalo e foi eu que bulí com ela...

MARIA BADALO:
- Meu mocinho, meu cawboy!

BOCA DE BURRO:
- Vambora...

MARIA BADALO:
- É Pra já! (Pula nas costas de Boca de Burro e foge do casamento. Socorro desmaia, Idelfonso a segura)

VIGÁRIO:
- Nome do pai, do filho e do Espírito Santo...

ZÉ PINGA:
- Etâ casamento bão! Que festança animada! (Música)


F I M

CAIXA DE BRINQUEDOS

De: Marcondys França

PERSONAGENS:
BONECA DE PANO
SOLDADO
URSO DE PELÚCIA
PALHAÇO
BALHARINA
DUENDE
BENTO (MENINO POBRE QUE NUNCA TEVE UM BRINQUEDO)
CARINA (MENINAS ESNOBE DONA DOS BRIQUEDOS)
VELHO ZIMBÁ (ARTESÃO QUE TEM UMA OFICINA QUE CONSERTA BRINQUEDOS)

CENA I

(NUM COMODO DA CASA HÁ UMA CAIXA CHEIA DE BRINQUEDOS QUEBRADOS E AO SEU REDOR OUTROS QUE COMO NUM PASSE DE MÁGICA GANHAM VIDA)
CARINA: 
- Pode entrar.

BENTO: 
- Então é aqui?

CARINA: 
- Sim. É aqui mesmo.

BENTO: 
- Nossa! Quantos brinquedos!

CARINA: 
- Não disse que era bastante!?
BENTO: 
- Tem certeza que quer mesmo jogá-los fora?
CARINA: 
- Claro. De que me servem esses brinquedos velhos?

BENTO: 
- Cada brinquedo desse deve ter uma história.

CARINA: 
- Que já passou. Agora estão velhos, não me servem mais.

BENTO: 
- Nunca tive um brinquedo.

CARINA: 
- Se quiser pode ficar pra você.

BENTO: 
- Não. São seus. Deveria amá-los.

CARINA: 
- São um bando de sucatas.

BENTO: 
- Se tivesse cuidado melhor...



CARINA: 
- Hei, você veio aqui pra me criticar?

BENTO: 
- Não. Me desculpe. Meu trabalho será recolher estes brinquedos.

CARINA: 
- Tá vendo aquela boneca? Foi minha preferida, era uma linda bailarina.

BENTO: 
- Só está um pouco descuidada.

CARINA: 
- Velha! Essa ali... É a Maricota, uma boneca de pano, presente da minha avó.

BENTO: 
- Não tem nenhum valor sentimental?

CARINA: 
- Impossível! Está velha e fede a mofo.

BENTO: 
- E esse soldado?

CARINA: 
- Foi do meu irmão...
BENTO: 
- É um bravo soldado.

CARINA: 
- Que nada! Só tá ocupando lugar.

BENTO: 
- Então você que jogar todos esses brinquedos fora?

CARINA: 
- Exatamente.

BENTO: 
- Então tá. Onde tem sacos?

CARINA: 
- Vem... Vou pegar pra você. (Saem)

CENA II
(Os brinquedos despertam)
BONECA: 
- E agora? Que vamos fazer?

SOLDADO: 
- Temos que criar um plano para escapar...

BALHARINA: 
- Mas como?


URSO: 
- Temos como sair deste quarto.

PALHAÇO: 
- Tem que haver um jeito.

BONECA: 
- Não podemos terminar assim.

BALHARINA: 
- Isso não é justo.

URSO: 
- É o fim de todos nós brinquedos.

PALHAÇO: 
- Nós brinquedos trazemos tantas alegrias para as crianças... E no final? Que fazem com agente? Nos joga fora.

SOLDADO: - Temos uma chance de não ir parar no lixo...

URSO: 
- Qual?

BALHARINA: 
- Que jeito?

BONECA: 
- Não temos chance.

SOLDADO: - Quem disse que não? Ele é só um garotinho...

URSO: 
- Mas é mais forte que a gente.

SOLDADO: 
- Mas somos mais espertos que ele. 

(O Duende sai de dentro da caixa) 

SOLDADO: 
- Alto lá. (Puxa a espada)

DUENDE: 
- Alto lá! Guarde sua espada bravo soldado. Não sou seu inimigo. Muito pelo contrário. Sou amigo e estamos no mesmo barco, ou melhor no mesmo quarto.

SOLDADO: 
- Então sabe o que pretende fazer conosco.

DUENDE: 
- Sei. Mas será que vocês perceberam que aquele menino tem um bom coração.


BONECA: 
- Mais vai fazer o que a nossa ex dona pediu.

DUENDE: 
- Não se agente o convencer do contrário.

URSO: 
- E como faremos isso?

PALHAÇO: 
- Mostrando a ele nossas qualidades.

DUENDE: 
- Tem razão... Só assim podemos convencê-lo a nos levar para oficina do velho Zimba.

BONECA: 
- E quem é esse velho Zimba?

DUENDE: 
- É um homem muito especial.

BALHARINA: 
- E porque esse velho Zimba é tão especial?

DUENDE: 
- Por que ele tem as mãos mágicas.
URSO: 
- Mãos mágicas?

PALHAÇO: 
- É um ilusionista?

DUENDE: 
- Não. É um grande artesão...

SOLDADO: 
- E o que faz de tão especial esse artesão?

DUENDE:
- Conserta brinquedos.

BALHARINA: 
- Então... Ele poderá me dar uma saia nova?

BONECA:
- Me costurar.

URSO: 
- Repor o olho que me falta...

SOLDADO: 
- Consertar minha perna... E eu deixarei de mancar.

PALHAÇO: - Repor meu nariz de palhaço! E assim devolver a minha alegria de viver...

DUENDE: 
- Exatamente. Só temos que conquistar a confiança do garoto. E assim, ele nos levará até o velho Zimba ao invés de nos jogar no lixo.

SOLDADO: 
- Ai vem gente! Rápido...  Voltem pro seus lugares. (Todos retornam)

CENA III

(Entra Bento com alguns sacos de lixo, acompanhado de Carina)

CARINA:
- Então já sabe... Junte todos esses brinquedos nestes sacos.

BENTO: 
- Tem certeza que quer mesmo jogá-los fora?

CARINA: 
- Não tenho dúvida. Pra vou querer estes brinquedos velhos e inúteis?

BENTO: 
- Tantas crianças gostariam de ter brinquedos como estes.

CARINA: 
- Mas não dou. Quero jogá-los fora.

BENTO: 
- Por que não doar?

CARINA: 
- Por que não quero. Olha o caro de lixo passa as quatro horas. Acho bom se apressar.

BENTO: 
- Você não brinca mais com brinquedos?
CARINA: 
- Pra que? Que graça tem? Hoje brinco com meu celular, meu notebook, Xbox... Não preciso destes brinquedos velhos e sem graça. Bom, agora tenho que ir pra minha aula de inglês. Bye! (Sai)

BENTO: 
- Há! Que pena! Não sabe o que está perdendo... Olha quanto brinquedo legal... (Duende pisca para o garoto) Ah! (Se assusta) Hei, você piscou pra mim? (O palhaço dar um cambalhota, a bailarina dança) O que está acontecendo aqui?

BONECA: 
- Não se assuste.

BENTO: 
- Você... Está falando!

URSO: 
- Precisamos da sua ajuda.

BENTO: 
- Não. Isso pode ser fruto da minha imaginação.

PALHAÇO: 
- Não é...

BENTO: 
- Só posso está ficando maluco.

DUENDE: 
- Você é tão bom que consegue enxergar com os olhos do coração.

BENTO: 
- Não... Isso não está acontecendo.

BALHARINA: 
- Sim está.

BONECA: 
- Por favor nos ajude.

BENTO: 
- Mas como?

URSO:
- Não nos jogando lixo.

BENTO: 
- Mas a sua dona não os que mais.

BALHARINA: 
- Não desse jeito. Se voltarmos a ser como erámos antes...

BONECA: 
- Não nos jogará fora.

BENTO: 
- Sinto muito... Não posso ajuda-los.

(A boneca e o soldado cantam. Música do trem da alegria: A boneca e o soldadinho)

BONECA: 
- Por favor... Nos ajude.

SOLDADO: 
- Só você pode nos ajudar.

DUENDE: 
- Basta que nos leve a oficina de brinquedos do velho Zimba.

BENTO: 
- Que é o velho Zimba?

DUENDE: 
- É um médico de brinquedos.

BENTO: 
- Médico de brinquedos?

PALHAÇO: 
- Dizem que com suas mãos mágicas restaura qualquer brinquedo.

BENTO: 
- Se podem falar comigo... Também podem falar com a Carina.

URSO: 
- Não. Seu coração já não é tão puro... Não conseguirá nos enxergar como somos...

PALHAÇO: 
- Apenas nos verá como um monte de brinquedos velhos e inúteis.

BENTO: 
- É uma pena...

BONECA: 
- Antes tinha imaginação. Hoje só enxerga a realidade. Ainda me lembro... Quando brincava comigo... E cantávamos assim... (Canta a música Emília a boneca gente)

BENTO: 
- Bravo! Além de cantar você dança muito bem.

BONECA: 
- Obrigada!

PALHAÇO: 
- E eu? Que a fazia sorrir... Com minhas cambalhotas engraçadas! (Música cambalhotas dos salte bancos)

BENTO: 
- Muito bom!

PALHAÇO: 
- Pena que me falta o nariz.

BENTO: 
- E você?

URSO: 
- Eu?

BENTO: 
- Que sabe fazer?
URSO: 
- Fui um companheiro inseparável. Sempre que precisava de uma companhia pra dormir... Lá estava eu.

DUENDE: 
- Vê? Você é a nossa única solução... Precisamos de você garoto.

BENTO: 
- Tá bom... Vou ajuda-los. Você tem o endereço desse senhor?

DUENDE: 
- Não... Mais não deve ser difícil de encontrar. Não deve ter muitos hospitais de brinquedo na cidade.

BENTO: 
- Vou tentar. Mas tenho que fazer a Carina acreditar que estou juntando todo esse brinquedo no saco...

URSO: 
- Claro! Tem razão.


PALHAÇO: 
- Vamos... Ajude-o.

BENTO: 
- Eu volto!

BONECA: 
- Ah! Ganhamos mais um amigo. 

(Cantam a música do Balão Mágico: Você e eu)

CENA IV

(Saem todos ficando apenas no palco a bailarina e o palhaço)
PALHAÇO: 
- Que foi? Não está feliz?

BALHARINA: 
- Já fui tão bonita...

PALHAÇO: 
- Você ainda é bonita.

BALHARINA: 
- Gentileza sua. Me lembro quando dançava para minha dona. Eu era linda bem vestida e graciosa.

PALHAÇO: - Linda e graciosa ainda é... Será que poderia dançar pra mim?
BALHARINA: 
- Eu? Dançar?

PALHAÇO: 
- Seria uma honra vê-la dançar. Por favor...

BALHARINA: 
- Sendo assim... Eu danço.

PALHAÇO: - Bravo!

(Toca uma música clássica e ela dança)

PALHAÇO: 
- Bravo! Demais! Maravilhoso.

BALHARINA: 
- Estou meio enferrujada.

PALHAÇO: 
- Imagina! Perfeita.

BALHARINA: 
- Vamos, estão nos esperando. (Saem)

CENA V
CARINA: 
- Já terminou?


BENTO: 
- Quase.

CARINA: 
- Quase?

BENTO: 
- É que são muitos brinquedos.

CARINA: 
- Então que está fazendo aqui?

BENTO: 
- É que eu preciso dar uma saída.

CARINA:
- Você vai sair?

BENTO: 
- É rapidinho... Volto logo.

CARINA: 
- Acho bom.
BENTO: 
- Vou num pé é volto noutro! (Sai)

CARINA: 
- Só o que me faltava... (Sai)

CENA VI

SOLDADO: 
- Poderíamos amarrar a Carina...

DUENDE: 
- Não bravo soldado. Não esqueça que somos brinquedos. E brinquedos não fazem mal a seus donos.

SOLDADO: 
- Isso é verdade. Mas ganharíamos tempo...

DUENDE: 
- O menino é esperto. Conseguirá chegar a tempo.

SOLDADO: 
- E se não consegui?

DUENDE: 
- Não vamos ser pessimistas. Já conseguimos um grande milagre. O menino está disposto a nos ajudar.

SOLDADO: 
- Isso é verdade. Se não fosse ele... Já estaríamos jogados naquele saco de lixo.

DUENDE: 
- Então, vamos esperar... Agora, precisamos voltar para o quarto... vai que a Carina resolva entrar.

SOLDADO: 
- Tem razão... Não podemos vacilar. Avante soldado! (Saem marchando)

CENA VII

(Bento encontra a casa do Velho Zimbá)

BENTO: 
- Oh, de casa?!

ZIMBA: 
- Quem é?

BENTO: 
- Oi?!

ZIMBA: 
- Oi... Entre meu jovem?!

BENTO: 
- Com licença.

ZIMBA: 
- Em que posso ajuda-lo meu jovem?

BENTO: 
- O senhor é... conserta brinquedos?


ZIMBA: 
- Sim. Conserto.

BENTO: 
- Posso lhe fazer uma pergunta?

ZIMBA: 
- Claro. Pergunte...

BENTO: 
- O senhor acredita...

ZIMBA: 
- Em que?

BENTO: 
- Que brinquedos tem vida...

ZIMBA: 
- Você acredita?

BENTO: 
- Não sei... Acho que estou ficando louco.

ZIMBA: 
- E por que?

BENTO: 
- Não sei... Acho que estou conversando com brinquedos.

ZIMBA: 
- Hi! Isso é super normal.

BENTO: 
- O senhor conversa com brinquedos?
ZIMBA: 
- Sempre. O tempo todo.

BENTO: 
- Estão me pedindo socorro...

ZIMBA: 
- Então você foi o escolhido. Tem uma missão.

BENTO: 
- Mas não sei como fazer...

ZIMBA: 
- Seu coração irá lhe guiar.

BENTO: 
- O senhor pode nos ajudar?

ZIMBA: 
- É por isso que estou aqui. Para ajudar a todos que precisam. Você faz o que lhe foi acreditado a você e eu farei o resto.

BENTO: 
- Então posso trazê-los aqui?
ZIMBA: 
- Não só pode como deve. Aguardarei você com esses brinquedos.
BENTO: 
- Então os trarei...

ZIMBA: 
- Serão bem vindos.

BENTO: 
- Então...

ZIMBA: 
- Até logo.

BENTO: - Até. (Sai)

ZIMBA: 
- Essa história só esta começando... (Sai)

CENA VIII
BONECA: 
- Nossa! O menino está demorando muito...

BAILARINA: 
- Será que conseguiu encontrar o velho Zimbá?

URSO: 
- Temos que ter fé.
SOLDADO: 
- O menino é um bravo guerreiro.

DUENDE: 
- E esperto!
PALHAÇO: 
- Espero que não demore muito...

BAILARINA: 
- afinal, o tempo está passando.

BONECA: 
- Vejam... É ele.

SOLDADO: 
- E ai bravo soldado? Conseguiu encontrar o velho Zimba?
DUENDE: 
- Hei, calma... Deixa ele respirar. Fala meu jovem e bom amigo.

BENTO: 
- Sim, encontrei.

BONECA: 
- E ai?

BENTO: 
- Vai nos ajudar. (Todos comemoram)



SOLDADO: 
- Agora só precisamos de um plano de fuga.

BENTO: 
- Tenho que arrumar um jeito de tirá-los daqui sem que a Carina perceba.

PALHAÇO: 
- Temos que pensar em algo.

BENTO: 
- Mas o que? Como?

URSO: 
- Acho que sei como...

BAILARINA: 
- Como?

URSO: 
- Vamos esperar que durma... E quando dormir... Saímos.

DUENDE: 
- É um bom plano. Quem está de acordo toca aqui. (Todos unem as mãos)



BENTO: 
- Vou dar uma desculpa para adiar o recolhimento de vocês para amanhã... Direi que são muitos e que não dará tempo. Vou lá fiquem aqui. (Sai. Os brinquedos comemoram cantando Música: É bom ter amigos)

CENA IX
CARINA: 
- Já juntou todos aqueles trecos?

BENTO: 
- É sobre isso que vim falar...

CARINA: 
- Há não! Não vai vim com outra novidade...

BENTO: 
- É que são tantos brinquedos... Que não vou conseguir arrumar tudo a tempo.

CARINA: 
- Se quer algo bem feito... Vai lá e faça.

BENTO: 
- Espere. Prometo que até amanhã a tarde eu dou conta do serviço.

CARINA: 
- Há! Então tá bom. Até amanhã. (Sai)

BENTO: 
- Pode deixar!

SOLDADO: 
- Então?

BENTO: 
- Tudo certo.

SOLDADO: 
- Como faremos?

BENTO: 
- Logo que escurecer... Iremos vê o velho Zimba.

SOLDADO: 
- Avisar a todos.

BENTO: 
- Vai nessa.

CENA X
SOLDADO: 
- Gente... É amanhã!

URSO: 
- Amanhã?
PALHAÇO: 
- Isso é maravilhoso.

DUENDE: 
- Não disse? Sabia que esse garoto iria nos ajudar.

BONECA: 
- Tenho medo...

BAILARINA: 
- Do que tem medo?

BONECA: 
- Sempre vivemos aqui. Não conhecemos outro lugar.

SOLDADO: 
- Tai uma boa chance de conhecemos outros lugares.

PALHAÇO: 
- Também, estaremos todos juntos.

(A boneca se afasta. Música: Alguém no céu)

BAILARINA: 
- Vamos... Temos que nos preparar. (saem)

CENA XI

BENTO: 
- Vamos... Venham... Por aqui. Cuidado, não façam barulho...
CARINA: 
- Mas o que é isso? (Todos brinquedos se jogam no chão)

BENTO: 
- Carina?!

CARINA: 
- Não! Quem sabe uma assombração!

BENTO: 
- É como se fosse!

CARINA: 
- Que?

BENTO: 
- Nada! Fedeu!

CARINA: 
- Quer me explicar o que estes brinquedos velhos estão fazendo jogados aqui fora?

BENTO: 
- É que estou juntando tudo... E como está com cheiro de mofo, pus um pouco aqui fora.
CARINA: 
- Não sei por que. Vão por lixo mesmo!

BENTO: 
- É por causa da minha renite.

CARINA: 
- Tá bom. Faz como quiser... Mas quero todos esses brinquedos no lixo, amanhã... (Sai)

BENTO: 
- Deixa comigo. (T) Já foi.

DUENDE: 
- Essa foi por pouco.

PALHAÇO: 
- É melhor não perdemos tempo.

BENTO: 
- Tem razão... Vamos!

BAILARINA: 
- Ah!

SOLDADO: 
- Que foi?

BAILARINA: 
- Não sei se posso.
BONECA: 
- Não vai desistir agora?

URSO: 
- Você não está sozinha nessa...

SOLDADO: 
- Estamos juntos nessa.

BENTO: 
- O velho Zimba é a única chance de salvá-los a um destino tão triste.

PALHAÇO: 
- Nós que só trouxemos alegrias, terminar assim... Na lata de lixo.

BENTO: 
- isso não vai acontecer. Vou ajuda-los. (Saem cantando)

CENA XII
BENTO: 
- É aqui.

DUENDE: 
- Nossa!

PALHAÇO: 
- Casa mais bonita.


BAILARINA: 
- Parece até uma casa de bonecas.

SOLDADO: 
- Deve ser muito criativo esse velho Zimba.

BONECA: 
- Será mesmo que ele vai conseguir nos consertar?

URSO: 
- Claro que vai. Ele é um médico de brinquedos.

BENTO: 
- Vocês vão gostar muito do velho Zimba. Tem um coração maravilhoso.

BAILARINA: 
- Não vejo a hora de conhecer esse velho Zimba.

BENTO: 
- Então, vamos entrar. (Bate palmas) Zimba... Zimbá...

ZIMBA: 
- Oh, meus queridos! Que bom que vieram... Entrem. Estava esperando por vocês.

BENTO: 
- Vamos... Entrem. Não tenham medo.

ZIMBA: 
- Podem ficar a vontade. Por que esta casa... (Canta a música: era uma casa) Conte-me seu problemas que prometo ajuda-los. (Pega uma caderneta e faz anotações)

SOLDADO: 
- Primeiro as damas.

BONECA: 
- Muito gentil de sua parte. Eu estou suja, e a minhas costuras estão se desfazendo, isso sem contar com meu vestido velho.

BAILARINA: 
- Eu era uma bailarina bonita, imponente... Minhas sapatilhas estão gastas, minha meia calça rasgada e minha saia de tule  já não me serve mais... Também gostaria que me fizesse um belo penteado, igualzinho ao que eu tinha quando vim da loja.

ZIMBA: 
- Sei. E você meu nobre soldado.

SOLDADO: 
- Só gostaria que arrumasse a minha perna.

ZIMBA: 
- Que houve com sua perna meu bravo soldado?

SOLDADO: 
- Foi numa dessas brincadeiras de batalha. Meu dono me deixou cai... E não mais parei de mancar.

ZIMBA: 
- Entendi.

SOLDADO: 
- E você meu bom urso? Aposto que embalou belas noites ao lado de sua dona...

URSO: 
- Isso é verdade. Onde ia, minha dona me levava. Era tanto amor! Não me largava um só minuto. E quando ia dormir... Ficava abraçadinha comigo. E eu? Passava a noite velando seu sono... (Dança ao som da música ursinho pimpão)



ZIMBA: 
- É uma bela história de companheirismo. Pelo jeito, precisa que eu reponha seu olho esquerdo.

URSO: 
- Seria maravilhoso! Pode fazer isso?

ZIMBA: 
- Meu caro... Veio ao lugar certo.

PALHAÇO: 
- Será que o senhor teria...

ZIMBA: 
- Um nariz de palhaço.

PALHAÇO: 
- É tão visível né?

ZIMBA: 
- Tenho. Vários... Você poderá escolher o mais lhe agradar.

PALHAÇO: 
- Não sabe a alegria que estaria me devolvendo.

ZIMBA: 
- Me retribua dando alegria a outras pessoas. Afinal, está é a função do palhaço. Alegria! Alegrar os corações...

PALHAÇO: 
- É tudo que quero... (Canta)

ZIMBA: 
- Bravo!

PALHAÇO: 
- Muito obrigado.

ZIMBA: 
- E você meu caro Duende?

DUENDE: 
- Não preciso de mais nada. Sabe senhor Zimba, que eu precisava eu já consegui... Vê a esperança renascer. E vejo isso nos olhos de cada um desses meus amigos. Se o senhor puder realizar os sonhos destes que tanto estimo. Pra mim já é o suficiente.

ZIMBA: 
- Então... Mãos a obra!

BENTO: 
- Só tem um problema.


ZIMBA: 
- Pra todo problema, há uma solução.

BENTO: 
- Temos que voltar antes do amanhecer.

ZIMBA: 
- Então, não podemos perder tempo. (Enquanto pega os objetos para consertar os brinquedos canta: aquarela) Estão prontos.

BENTO: 
- Vocês estão lindos! Novinhos em folha.
SOLDADO: 
- Eu já não manco mais!

BAILARINA: 
- Estou tão bonita que sinto até vontade de dançar!

BONECA: 
- Olha meu vestido? Minhas costuras... estou até emocionada. Mas não vou chorar, se não vou ficar encharcada...

URSO: 
- Eu... Tenho dois olhos!
BAILARINA: 
- Olha? Meu nariz... Sou um palhaço completo. (Canta: ai meu nariz)

DUENDE: 
- Agora é hora de voltar...

BONECA: 
- Será que a Carina vai gostar de nós?

BENTO: 
- Acho que não terá coragem de jogá-los fora. Estão maravilhosos.

DUENDE: 
- Senhor Zimba.

ZIMBA: 
- Pode me chamar de velho Zimba. É assim que todos me chamam.
DUENDE: 
- Muito obrigado.

SOLDADO: 
- Estamos muito agradecidos.

ZIMBA: 
- Não precisa agradecer. Basta fazer muitas outras crianças felizes.

BONECA:
- Faremos. Pode ter certeza.

BENTO: 
- Vamos. Já é hora... Obrigado velho zimba.

ZIMBA: 
- Vão em paz! (Saem. Música: Trut plat zum)

(Apagam-se as luzes)

CENA XIII – FINAL

(Estão todos os brinquedos no quarto entra Carina)

CARINA: 
- Mas o que é isso? Minha bailarina... Ah, quantas músicas dançamos juntas?! (Música clássica) Foram momentos tão maravilhosos. Meu ursinho? Você... Meu fiel companheiro. E você? Minha boneca de pano. Maricota! Quantas brincadeiras de casinha... Boboca! Meu palhacinho predileto. Quantas cambalhotas... Será que ainda sabe dar cambalhotas? (Música instrumental de circo) Bravo! Olha? Recuperou o nariz. Uma bitoca! (Beija) Todos recuperados... Todos. Mas como? Como? Já sei. Ele... Bento. Bento? Bento...

BENTO: 
- Oi...

CARINA: 
- Como fez isso?

BENTO: 
- Gostou?

CARINA: 
- Você os recuperou.

BENTO: 
- Agora não precisa mais jogá-los no lixo.

CARINA: 
- Mas não brinco mais de brinquedo.

BENTO: 
- Então pode doá-los a quem precisa.

CARINA: 
- Doá-los?

BENTO: - Isso. Esses brinquedos poderá trazer felicidade a muitas crianças.

CARINA: 
- Você tem razão. São tão bonitos... Seria mesmo um desperdiço jogá-los fora.

BENTO: 
- Então posso doá-los?

CARINA: 
- Pode.

BENTO:
- Não sabe o quanto fico feliz.

CARINA: - Permito. Desde que você entregue esses brinquedos na mão de crianças que cuidem deles, melhor que eu cuidei.

BENTO: 
- Esses brinquedos te amaram, tanto
Quanto você os amou.

CARINA: 
- Que faça outras crianças felizes tanto quanto eu fui feliz.

BENTO: - Não tenho dúvida.
CARINA: 
- Adeus... Minha bailarina, boneca, meu urso... Adeus! (Sai)

SOLDADO: - E agora? Ela não vai ficar com a gente.

BENTO:
- Mas vou leva-los para um lugar onde vocês serão bem recebidos.

BONECA: 
- Pra onde vai nos levar?

BENTO: 
- Irão todos para um orfanato.

URSO: 
- Orfanato?

BENTO: 
- Isso. Lá tem um monte de crianças esperando por vocês.

PALHAÇO: 
- Será que vão gostar de nós?

BENTO: 
- Não tenho dúvida. A menos que não queiram ser adotados por um monte de crianças que estão cheias de amor pra dar, e o que é melhor esperando por vocês.

SOLDADOS: 
- Bravos companheiro... Não perderemos mais tempo!

DUENDE : 
- O futuro nos espera!

(Cantam a música: As crianças e os animais)

F I M

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