De: Marcondys
França
FADE IN.
BLOCO 1
CENA I
Externa Tarde /
Comunidade.
Numa Roda de samba Madalena se
diverte chamando a atenção de todos por ali. Enquanto isso Toninho está num
boteco enchendo a cara. Completamente embriagado, parece transtornado. Anda
pelo beco da comunidade meio que cambaleando. Madalena desce apressada do
ônibus se dirige para sua casa, no beco sua tia lhe espera.
CENA II
Externa Tarde /
Comunidade.
Nilda está tensa, espera Madalena, precisa avisá-la
que Toninho já está em casa.
NILDA:
-
Mulher, tu num sabe como é teu marido?...
MADALENA:
- Já chegou?
NILDA:
-
Faz tempo. E tá daquele jeito...
MADALENA:
- Lascou!
NILDA:
-
Num é melhor tu ir lá pra casa?
MADALENA:
- Pra que? Só pra mudar o barraco de lugar? (Se benze) Seja lá o que Deus quiser! (Madalena segue)
NILDA:
-
Que vida é essa?! (Resmunga. Entra para
sua casa)
CENA III
Interna Tarde /
Casa.
Toninho está
completamente embriagado, tem ódio em seu olhar, pega um porta retrato num
móvel, olha com ódio para a foto de Madalena, está tomado pelos ciúmes, joga-o
no chão que espedaça, dá mais um gole em sua bebida. Madalena entra.
MADALENA:
-
Toninho?!
TONINHO:
- Sua vadia... Tava com os machos...
Carol está em seu quarto e
ouve toda conversa por trás da porta. Há medo e pavor no olhar da menina que
chora desesperadamente.
MADALENA:
- Para com isso, não sabe que está dizendo,
homem... (Ele dá um tapa na cara dela.
Madalena cai batendo a cabeça na mesa, fazendo um corte na testa) Olha o
que você fez... Não fiz nada!
TONINHO:
- Isso é muito pouco pelo que vou fazer... (Tira o cinturão)
MADALENA:
- Você tá louco!
TONINHO:
- Tô... Tô loco pra deixar minha marca nessa
tua cara cínica. (Pega ela pelos cabelos
a arrasta para o quarto, Carol a filha do casal ouve os gritos da mãe, sem
poder fazer nada. Senta-se em um canto e chora)
CENA IV
Interna Dia /
Apartamento.
Beth procura
desesperada a chave do carro que não consegue encontrar em meio à bagunça.
LOW:
-
Posso ajudar?
BETH:
- Meu Deus! Parece que as coisas se escondem
nessa casa...
LOW:
- Por que será?
BETH:
- Sem piadinhas Low... Ah, estou atrasada,
ainda tenho que passar no supermercado...
LOW:
- Procurando por isso? (Mostra as chaves)
BETH:
- Que chato! Sabia onde estava o tempo
todo... (Ele rir) Dá isso aqui...
LOW:
-
Vem pegar...
BETH:
-
Low, deixa de brincadeira... Estou atrasada.
(Ela tenta pegar)
CENA V
TRANSIÇÃO COMUNIDADE / CIDADE NOITE / CIDADE DIA.
PRÉDIO DE BETH E LOW
VADEMAR:
- Bom dia Rosinha?!
ROSA:
- Rosa. Não dou essas confianças... (Gostando) Que intimidade é essa? Quem
vê pensa...
VADEMAR:
- Cada dia, mais jeitosa.
VADEMAR:
- Só que me faltava! Vem cá... Te conheço?
Deixa de intimidade, eu recramo com o sindico.
VADEMAR:
- Ai papai! Que pequena difícil! Oh, Rosa...
ROSA:
- Pra você sou dona, dona Rosa. Entendeu,
Valdemar? Dona Beth, tá ai?
VADEMAR:
- Tá sim...
ROSA:
- Avisa que tô subindo...
Se dirige requebrando para o elevador. Para e olha
pra José.
ROSA:
- Valdemar... Visualiza, dá um close. Viu?
Num é pro teu bico não! (Entra no
elevador)
VADEMAR:
- Eita, pequena difícil...
CENA VI
INTERNA DIA /
APARTAMENTO
(Beth tentando
pegar as chaves)
LOW:
-
Vem pegar...
BETH:
-
Dá isso aqui! Low... Olha, a campainha.
(Campainha. Beth
atende)
(Entra Rosa)
LOW:
-
Chegou nossa salvadora!
BETH:
- Low... as chaves... (Ele joga, ela agarra) Liga não Rosa, tem homem que pensa que
trabalhos domésticos, é só pra mulher.
LOW:
- Ei... Espera ai... (Pega a mochila) Dá uma carona. (Sai)
Rosa olha para bagunça e se espanta.
ROSA:
- Jesus!
(Câmera
fecha nela)
TRANSIÇÃO DIA
CENA VII
EXTERNA / DIA/
SUPERMERCADO
Beth está saindo
do supermercado a caminho do estacionamento tem algumas sacolas nas mãos,
encontra Madalena, tem um curativo perto da sombra selhas e óculos escuros.
BETH:
- Mada?!
MADALENA:
-
Beth?!...
BETH:
- Que coincidência boa!
MADALENA:
-
Quanto tempo, Beth!
BETH:
- Pois é! Está indo pro estacionamento?
MADALENA: (Confusa,
sem graça)
-
Claro!
BETH:
- Posso ajudar? Meu carro está...
MADALENA:
-
Não, que isso... Tudo bem... Eu vou pro outro lado...
BETH:
- Certo. Mas, anota ai meu celular... (Há uma confusão entre elas) Vai... me
passa o teu, estou com as mãos mais livres. Melhor, leva meu cartão.
MADALENA:
-
Tá certo.
BETH:
- (Entrega
o cartão) Mas me liga mesmo! Temos muito que conversar. Vamos colocar nosso
papo em dia.
MADALENA:
-
Tá certo Beth. Ligo sim... Então, vou nessa! (Dão beijinhos. Madalena sai, Beth a observa. Beth segue para seu carro
enquanto Madalena segue para o ponto de ônibus)
CENA VIII
INRTENA TARDE /
BAR
No balcão do bar
Low toma uma cerveja enquanto desabafa com Paulo.
PAULO:
- É melhor ir devagar...
LOW:
-
Hoje tô daquele jeito! Que se dane a razão!
PAULO:
- Calma, meu amigo. É assim mesmo, essas coisas
acontecem.
LOW:
-
Diz isso por que não é com você. Nina? Traz outra.
PAULO:
- Hei. Pega leve!
LOW:
- Dizem que a vida começa aos quarenta... A minha
parece que está chegando ao fim.
PAULO:
-
Deixa de exagero. Vai pra casa esfria a cabeça... Logo encontrará uma
solução...
PAULO:
- Tá certo! Ficar aqui choramingando não vai
adiantar de nada. Paga a conta. (Se
levanta e sai)
PAULO:
Pago né? Nina... A conta.
NINA:
-
Nossa, hoje achei o Low tão pra baixo.
PAULO:
- Que continue em baixo Nina, problema é se passar
por cima de um viaduto...
NINA:
-
Não entendi!
PAULO:
- Nada Nina, nada! (Vira ao contrário bebe um último gole e resmunga) Depois, eu é
que sou dramático.
CENA IX
Interna Tarde / Apartamento.
BETH:
-
Oi Rosa...
ROSA:
- Deixa eu lhe ajudar... (Pega algumas sacolas)
BETH:
-
Uau! Parece outra casa.
ROSA:
- Fiz o melhor que pude.
BETH:
-
Sempre caprichosa! (Guardando as
compras)
ROSA:
- Que isso dona Beth, só faço meu trabalho.
(Low
passa pela porta da cozinha e vai em direção ao banheiro)
BETH:
- Me dá só um
tempinho.
(Vai
até o banheiro. Low está na pia lavando o rosto)
BETH:
- Que houve?
LOW:
- Agora não, Beth.
BETH:
- Low...
LOW:
- Depois...
BETH:
- Seja lá o que
for... Não está sozinho.
Beth
sai Low fica se olhando no espelho, parece meio transtornado. Ao fundo voz de
Beth se despedindo de Rosa. Low fecha a porta do banheiro. Câmera fecha na
porta.
CENA X
INTERNA / CASA DE
NILDA.
NILDA:
-
Até quando Madá?
MADALENA:
-
O que?
NILDA:
-
Vai viver assim? Levando essa vidinha desgraçada.
MADALENA:
-
É meu marido, não é?
NILDA:
-
Chama esse demônio de marido?
MADALENA:
-
É o pai da minha filha.
NILDA:
-
Esse é o exemplo que quer dá pra tua filha? Criar a menina dentro desse
inferno!
MADALENA:
- Tia chega! Toninho só fez o que fez por que
estava bêbado. Disse que vai mudar, se arrependeu.
NILDA:
- Quantas vezes já não repetiu a mesma
ladainha... Conversa! Não vai mudar nunca. Nilda sai. (Madalena deixa cair uma lágrima)
CENA XI
INTERNA/ NOITE /
APARTAMENTO / QUARTO - SALA
(Low está com
insônia anda de um lado pra outro dentro do quarto. Vai à cozinha pega um copo com água e vai para sala, Beth se
levanta e segue-o)
BETH:
- Low... Estou
preocupada. Também não consigo dormir.
LOW:
- Depois de tanto
tempo, nos descarta como fossemos um objeto inútil...
BETH:
- Do que está
falando?
LOW:
- Fui demitido.
BETH:
- É só arrumar
outro emprego.
LOW:
- Simples assim! Acorda Beth. O Brasil está
passando por uma crise econômica. Também não sou mais um moleque.
BETH:
- Hei! Para com
isso, você ainda é muito jovem...
LOW:
- Há Beth! No Brasil, passou dos quarenta, somos
considerados velhos para o mercado.
BETH:
- Se é velho para o mercado. Faça você mesmo o seu
próprio mercado.
LOW:
- Tá ai... Sabe,
você tem razão.
BETH:
- Agora vem...
Vamos tentar descansar. Amanhã com a cabeça mais fria, pensaremos em algo. (Saem)
Transição: Noite / Dia
CENA XII
INTERNA / DIA / COMUNIDADE
NILDA:
- Madá?...
MADALENA:
- Oi tia!?...
NILDA:
-
Tem roupa pra lavar?...
MADALENA:
-
Tem sim tia...
NILDA:
-
Então joga ai...
MADALENA:
-
Tem sim peraí... (Pega as roupas) Aqui
tia...
NILDA:
-
Joga...
NILDA:
-
Segura ai...
MADALENA:
-
Oh, menina relaxada, viu... Amanhã passa lá em casa pra pegar.
NILDA:
-
Passo sim.
MADALENA:
-
Beijos...
CENA XIII
INTERNA / DIA / APARTAMENTO
(Low está agitado, houve a campainha e vai atender)
LOW:
- Entra ai...
PAULO:
-
Vim o mais rápido que pude.
LOW:
-
Que bom! Cara! Acho que tenho a soluções para meus problemas.
PAULO:
-
Que bom, fico feliz! E o qual foi essa solução?
LOW:
- Música.
PAULO:
-
Não entendi
LOW:
-
Faremos uma dupla. Law e Low.
PAULO:
-
É brincadeira né?
LOW:
-
Nunca falei tão sério. E como sei que você toca na igreja...
PAULO:
-
Ah... E você vai cantar?!
LOW:
-
Por que não?!
PAULO:
-
Deus salve a América! Por que estamos perdidos!
LOW:
- Que?
PAULO:
-
Nada. (Câmera fecha em Paulo)
CENA XIV
INTERNA / DIA / COMUNIDADE
Nilda
está colocando roupas na máquina quando encontra no meio das roupas um cartão.
NILDA:
- Beth?... Será que... Ah meu São Jorge Guerreiro!
Será que é a Beth?
CENA XV
EXTERNA / DIA / RUA
(José
está passando pela rua e vê Beth conversando com Nilda)
NILDA:
-
Obrigado por ter vindo...
BETH:
-
Que isso Dona Nilda é um prazer lhe reencontrar.
NILDA:
- O que eu tenho pra conversar, tem que ser
assim, pessoalmente. E Madalena nem pode imaginar que tive essa conversa com
você.
BETH:
-
A senhora pode ficar tranquila...
NILDA:
-
Não sabe o alívio que sinto... Minha filha, vou te contar tudo, ai você vai me
entender...
BETH:
-
Nossa! Estou curiosa.
NILDA:
-
É minha sobrinha... Minha filha, você não sabe da missa um terço... (Sobe música)
(Nilda conta sobre as agressões que Madalena tem
sofrido)
TRANSIÇÃO DIA/ NOITE / DIA
CENA XVI
INTERNA / DIA / APARTAMENTO - SALA
BETH:
-
Só deve está ficando maluco!.
LOW:
-
Por que, maluco?
BETH:
-
Onde já se viu? Low, músico?
LOW:
-
Sim, músico. Por quê não?
BETH:
-
E desde quando você canta?
LOW:
-
Claro que canto. Canto e encanto!
BETH:
-
Não faça-me rir...
LOW:
-
Assim me ofende. Onde está todo aquele apoio?
BETH:
-
Sejamos práticos... Low, você não canta e Paulo toca pessimamente mal.
LOW:
-
Você vai se impressionar com nossa estreia.
BETH:
-
Você não vai fazer isso Low...
LOW:
-
Tarde demais baby! Já investi no negócio...
BETH:
-
Você não fez isso... Low, eram nossas economias.
LOW:
-
Você pode nos empresariar, eu deixo... (Sai)
BETH:
-
Low... Mais essa.
CENA XVII
INTERNA / DIA / COMUNIDADE
(Beth vai à comunidade para conversar com Madalena)
CAROL:
-
OI?!
BETH:
-
Oi minha linda. Você deve ser a filha da Madalena.
CAROL:
-
Sou. A senhora quer falar com minha mãe?
BETH:
-
Pode me chamar de você meu bem. Quero sim.
NINA:
-
Ela tá lá na laje. Vou chamar. E a senhora... você, quem é?
BETH:
- Uma amiga. Beth... (A menina sai Beth fica sozinha, observa a casa. Chega Madalena)
MADALENA:
-
Beth
BETH:
-
Em carne, osso e curiosidade...
MADALENA:
-
Não entendi.
BETH:
- Entendeu sim, Oh, Madalena! Sou eu, Beth.
Sua melhor amiga, lembra? Eu sei que as coisas não andam boas... Me deixa
ajudar.
(Madalena deixa escapar as lágrimas)
.
MADALENA:
-
Eu me sinto tão envergonhada...
BETH:
- Você não tem do que se envergonhar. O
criminoso aqui é ele. Seu marido. E isso tem que parar... Você precisa dar um
basta nisso. Você já ouviu falar da lei Maria da Penha?
MADALENA:
- Já. Que adianta? Ele sai de casa, dão aquela
tal de medida protetiva que diz que o homem tem que ficar alguns metros da
mulher... E do nada ele aparece e tira a vida dela.
BETH:
- Compreendo a sua apreensão... Todas nós, somos
frustradas com a lei. Mas amiga, é um começo pra mostrar que estamos prontas
para lutar contra a violência que muitas mulheres, assim como você sofre dentro
de sua própria casa.
MADALENA:
-
Será que vai dar certo?.
BETH:
- Tente. Não fique ai pacificamente sofrendo
tudo isso. Se não consegue fazer isso por você, faça pela sua pequena.
Madalena, você não está sozinha nessa luta. Essa luta é de todas nós mulheres!
(As duas seguram as mãos fortemente e depois se
abraçam)
CENA XVIII
EXTERNA / NOITE / COMUNIDADE
(Ao sair da casa de Madalena
Beth encontra Valdemar que fica surpreso por ver Beth na comunidade)
VALDEMAR:
-
Dona Beth?!...
BETH:
- Oi seu Valdemar!.
VALDEMAR:
-
Que faz a senhora aqui?
BETH:
- Vim visitar uma amiga. E você, mora aqui?
VALDEMAR:
- Desde que nasci. Não sabia que a senhora
tinha uma amiga aqui na comunidade...
BETH:
- Madalena... Conhece?
VALDEMAR:
-
Ih, Dona Beth... Aqui todo mundo, conhece todo mundo! É uma pena né?
BETH:
- O que?
VALDEMAR:
-
Não sei se a senhora sabe... Não que eu goste de fofoca... Mas Madá, assim que
a conhecemos por aqui, era pra ser a rainha da bateria da Império do Futuro,
minha escola de coração! Mas no dia da final do concurso...
BETH:
- Já até posso imaginar...
VALDEMAR:
- O marido dela, recém casado, bêbado, não
segurou a onda de vê aquele mulherão nas plumas, subiu no palco e arrastou ela
pela comunidade na maior violência... E foi um deus pra capar! De lá pra cá...
Nunca mais Madá foi a mesma!
BETH:
- Que pena! Bom, mas tenho que ir. Amanhã te
vejo lá...
VALDEMAR:
- Se Deus quiser! (Beth sai) Quem diria... Beth na minha comunidade!
CENA XIX
INTERNA / DIA / RUA
Low
e Paulo estão a caminho do show e encontram com um funcionário do Recanto da
Véia, chega Beth e Valdemar, se apertam e seguem para o destino.
CENA XX
INTERNA – CASA DE SHOW – CAMARIM
(Enquanto Low faz exercícios de voz, Paulo
afina o violão)
PAULO:
- É preciso mesmo tanto exercícios de voz?
LOW:
- Antes de começar a soltar a voz, tenho que aquecer.
PAULO:
- Eu preferia esquecer.
LOW:
- Oi?
PAULO:
- Nada. Continua ai com teu aquecimento.
BETH:
- Meninos... Tudo pronto?
LOW:
- Quase. Só falta mais uma sequência para relaxar o
diafragma.
BETH:
- Tem certeza que quer subir naquele palco?
LOW:
- Assim você me ofende. Deveria me dar força.
BETH:
- Low... Acho loucura...
LOW:
- Loucura é ter adiado uma carreira promissora por tanto
tempo. Nasci pra isso. Providenciou minha água de coco?
BETH:
- Conforme vossa celebridade exigiu. Água de coco,
toalhas brancas e outras coisitas a mais...
PAULO:
- Acho que estou sentindo um revertério.
LOW:
- Frescura, agora não Paulo...
BARBARA:
- E meus astros, estão prontos?
LOW:
- Nascemos prontos.
BARBARA:
- Ótimo. Vou pedir pra anuncia-los.
BETH:
- É agora ou nunca... Seja lá o que Deus quiser! Vamos
rapazes?
CENA XXI
NOITE INTERNA – PALCO
APRESENTADOR:
- É com muito orgulho, que aqui, nesta data histórica O
Recanto Da Véia tem a honra de apresentar, lançando uma das duplas mais
promissoras do momento, Law e Low. (Todos
aplaudem)
PAULO:
- É hoje.
LOW:
- Bora... É nossa estreia.
BETH:
- Merda!
BARBARA:
- Agora é com vocês.
PAULO:
- I do not!
(ELES SOBEM NO
PALCO)
BETH:
- Isso vai baba!
BARBARA:
- Que?
BETH:
- Nada.
(Paulo dá a introdução, Low atravessa a nota.
Todos estranham)
LOW:
- Desculpem... Creio que o amigo errou a nota.
PAULO
- Eu?
LOW:
- Dá um rebemol maior. (Sai do tom outra vez. O público fica impaciente começam a vaiar e
jogar copos no palco)
PAULO
- É melhor a gente dá o pé....
LOW:
- Nem pensar.
PAULO
- Vão nos linchar.
BARBARA:
- É melhor intervir. Vão destruir minha casa...
BETH:
- Vou lá.
BARBARA:
- Oh, meu pai! Cadê a segurança?!
LOW:
- Hei que isso? Isso é uma falta de respeito com o
artista. me atingirá... (É arremessado um copo que pega na cabeça de
Low)
(Beth Sobe no
palco)
BETH:
- Hora de sair de cena. (Eles saem) Boa noite, calma gente. Muita calma nesta hora. Em nome
do Recanto da Véia e toda produção venho em primeiro lugar lhes pedir
desculpas, Calma... Também gostaria de comunicar que o dinheiro das entradas
serão devolvidos... E também fica por nossa conta uma rodada de shopp. (Todos comemoram)
CENA XXII
INTERNA NOITE
- CAMARIM
PAULO:
-
Que fria! Tô tremendo até agora.
LOW:
-
Bando de insensíveis.
(Próximo do
palco)
BARBARA:
- Que loucura é essa de devolver o dinheiro e ainda mais
uma rodada de bebida?
BETH:
- Melhor isso que perder a casa. Essa gente ia por isso a
baixo.
BARBARA:
- Quero saber quem vai arcar com o prejuízo?
BETH:
- Fique tranquila. Arcaremos com todas as despesas.
BARBARA:
- Que diabo foi aquilo no palco?
BETH:
- Prefiro nem comentar. Agora me ajude a tirar eles
daqui, antes que esse povo se rebele.
(Público
bebendo e dançando)
(Lado de fora)
CENA XXIII
EXTERNA NOITE
- RUA
LOW:
- Povinho viu... É por isso que o Brasil está como está.
Não valorizam a verdadeira arte.
PAULO:
- Não vejo a hora de está bem longe deste lugar.
BETH:
- Vamos logo... O carro está pronto... Vamos pelos
fundos.
LOW:
- Sair como um fugitivo?
PAULO:
- Melhor assim que morto.
BETH:
- Vamos...
LOW:
- Ainda vão ouvir falar de mim. Vão gritar meu nome. (Saem)
CENA
XXV
INTERNA / DIA / BAR
NINA:
-
E ai, quando será o show?
LOW:
-
Não será.
BETH:
-
Beth tinha razão.
NINA:
-
Então caíram em si!
LOW:
-
Até tu Nina!
NINA:
-
Eu já estava gostando de Law e Low! (Rir)
PAULO:
-
Vai zombando, vai...
LOW:
-
Deixa ela.
PAULO:
-
Não tem nada pra fazer não é, Nina?
NINA:
-
Com licença ... (Zomba. Sai)
LOW:
-
Deixa ela. Vou nessa!
PAULO:
-
Hei? E a conta?
NINA:
-
E ai, quando será o show?
LOW:
-
Ah, você não vai querer que eu... Oh, Paulo! Eu tô....
PAULO:
-
Tá... Já entendi. (Abre a carteira
retira o dinheiro e deixa em cima da mesa).
.(As duas seguram as mãos fortemente e
depois se abraçam)
CENA XVI
INTERNA / NOITE / COMUNIDADE
(Toninho
completamente embriagado, caminha belo beco da comunidade com certa dificuldade.
Ao entrar em casa vê umas bolsas de viagem arrumadas)
TONINHO:
-
Que merda é essa?
CAROL:
-
Não mãe...
MADALENA:
-
Vai filha... Vou ficar bem... (A menina
sai)
TONINHO:
- Que carnaval é esse? Vai embora é? Posso
saber pra onde? Pra onde é que a inútil da minha mulher vai, assim, de mala e
cuia?
MADALENA:
- Em primeiro ligar, Toninho, o inútil aqui é
você.
TONINHO:
- Tá a fim de perder os dentes sua vagabunda?
MADALENA:
- Encosta essa tuas mãos nojentas em mim e eu
chamo a polícia. Te coloco na cadeia por agressão,
TONINHO:
- Conversa!
MADALENA:
- Nunca ouviu falar da Lei Maria da Penha?
Encosta em mim, e é com um delegado que você vai ter que conversar.
TONINHO:
- Pra onde você vai?
MADALENA:
- Eu não. Você... E não me interessa pra onde
vai.,, Acabou.. (Madalena pega as bolsas
e joga pra fora de casa) Sai daqui, só no dia em que. Não quero ver essa
tua cara nunca mais...
TONINHO:
- Você acha mesmo que vai se livrar de mim
assim tão fácil? Tem que ser muito burra mesmo! (Ele parte de modo agressivo pra coma dela)
MADALENA:
- Vem Toninho.. (Pega uma faca) Experimenta. Ele recua. (Pega as bolsas e sai)
CAROL:
- Mãe... (Abraça)
NILDA:
Você está bem?
MADALENA:
Estou ótima. Tia, você pode ficar com Carol?
NILDA:
- Claro. Mas pra onde você vai?
MADALENA:
Fazer o que mais amo nesta vida... sambar!
(Câmera fecha no sorriso de Madalena)
CENA XXVII
INTERNA / NOITE /
APARTAMENTO
(Beth prepara uma
mesa, coloca uma vela no centro, ela está arrumada e feliz)
LOW:
-
Que isso? Cortaram a luz?
BETH:
-
Não.
LOW:
-
Nossa!
BETH:
-
Gostou?
LOW:
-
Você está linda!
BETH:
-
Mesmo?
LOW:
-
Mesmo.
BETH:
-
Vem cá... Senta.
LOW:
-
Uau!
BETH:
-
Gostou?
LOW:
-
Perfeita. Mas deve ter custado uma fortuna...
BETH:
-
Shissss! Não Low... Vamos comemorar,
LOW:
-
É? E o que vamos comemorar?
BETH:
-
A vida Low! Enquanto há vida, há esperança... E todos problemas são
passageiros...
LOW:
-
Só não o cobrador!
BETH:
-
Palhaço. (Os dois caem na risada)
FIM
FADE OUT.
(SOBEM OS CRÉDITOS)