agosto 11, 2017

BETH E LOW

          De: Marcondys França          



Episódio 1:  A DESCONFIANÇA

FADE IN.


BLOCO 1

CENA I

              Interna Noite / Apartamento.

Low Chega abra a porta, estranha as luzes apagadas acende, vai até o quarto, vê a cama arrumada, se dirige a cozinha, abre a geladeira pega a garrafa com água, bebe, senta pensativo.

CENA II

Interna Noite / Apartamento: Banheiro.

Low toma banho, ouve-se apenas barulho do chuveiro, câmera fecha no ralo do box.

CENA III

Interna Noite / Apartamento: Quarto.

Low só de pijama, anda de um lado pro outro, verifica o relógio, close na hora: é tarde.

CENA IV

Externa Noite / Saguão do prédio.

Beth entra apressada, deixa o portão bater, o porteiro estranha.

BETH:

- Desculpa!

Chama o elevado. Está tensa; mexe na bolsa. Retira o cigarro, acende.


BETH: 
- Seu Valdemar...?

VALDEMAR: 
- Senhora?!
BETH: 
- Sabe se Lou já chegou?

VALDEMAR: 
- Sim senhora. Faz um tempo!

BETH:
 - Danou-se!

VALDEMAR: 
- Senhora?

BETH: 
- Nada... Nada! (Entra no elevado)

VALDEMAR: 
- Dona Beth, não pode fumar aqui...
BETH: 
- Saco! (Apaga o cigarro)

Câmera fecha na porta do elevado fazendo a imagem de Beth sumir.

CENA V

Interna Noite / Apartamento: Quarto

Low ouve barulho de chaves, se joga na cama, se enrola, finge dormir.


CENA VI
Interna Noite / Apartamento: Sala

Beth entra nas pontas dos pés, esbarra no móvel, derrubando um jarro, faz barulho, joga a bolsa no sofá.

BETH: 
- Droga!

Olha desconfiada para vê se despertou Low, vai até a porta do quarto, confere se Low está realmente dormindo. Tira os sapatos e segue para o banheiro.

CENA VII
Interna Noite / Apartamento: Quarto

Low se levanta cuidadosamente vai até o corredor, ouve barulho da água do chuveiro escorrendo, segue até a sala.

CENA VIII
Interna Noite / Apartamento: Sala

Percebe a bolsa de Beth jogada no sofá, vasculha procurando algo que nem ele mesmo sabe o que.

LOW: 
- Tem que ter algo...

Não ouve mais barulho do chuveiro. Corre para o quarto.


CENA IX

Interna Noite / Apartamento: Quarto

Low se joga debaixo do edredom, finge dormir. Beth entra no quarto secando os cabelos com uma toalha, verifica mensagens no celular, passa creme no corpo, deita-se, parece exausta, dorme. Low levanta, pega o celular de Beth e vai para o corredor. (Música de suspense)

CENA X
Interna Noite / Apartamento: Corredor

Low fuça o celular, aparece mensagem: senha incorreta.

LOW: 
- Mudou a senha.
Volta para o quarto.

Interna Noite / Apartamento: Quarto.

Low coloca o celular no mesmo lugar, deita-se, tem insônia, o dia cai.

CENA XI

Externa: Dia / Cidade em movimento

CENA XII

Externa: Dia Num bar

PAULO: 
- Vim o mais rápido que pude.

LOW: 
- Senta ai...

PAULO: 
- Que houve? Pela sua cara... Algo de muito grave deve está acontecendo. Confesso, fiquei preocupado.
LOW:
 - É a Beth.

PAULO: 
- Que tem a Beth?

LOW: 
- Acho que tem um amante.

PAULO: 
- Só pode tá brincando...
LOW: 
- Tô com cara de quem está brincando?

Fim do primeiro bloco.

BLOCO 2

CENA I
Externa Dia: asilo
Beth é recebida por Cândida.

CÂNDIDA: 
- Minha querida! Você voltou...

BETH: 
- Não disse que voltava, então? Voltei.

CUIDADORA: 
- Que bom dona Beth! Dona cândida já não se aguentava de tanta ansiedade.

BETH: 

- Posso sequestrar dona Cândida pra dar uma volta?


CUIDADORA: 
- Claro! Só não vão muito longe. (Entra no asilo)

CÂNDIDA: 
- Há! (Suspira) As flores...

BETH:
 - São tão bonitas!

CÂNDIDA: 
- São como a vida.

BETH:
 - A vida?

CÂNDIDA: 
- Nos acompanham em momentos felizes e tristes!

BETH: 
- Hoje me parece um pouco nostálgica.

CÂNDIDA: 
- Saudade dói minha filha!

BETH: 
- Tem muito ainda que viver!

CÂNDIDA: 
- Diz isso por que é jovem. Meus dias são longos e solitários, parecem uma eternidade... ao mesmo tempo que tomo consciência que a cada dia que vivo, mais curta minha existência aqui neste plano vai ficando.

BETH: 
- Ai credo! Não fala assim. A senhora tem muito que viver ainda...

CÂNDIDA: 
- Pra que? Pra que viver tanto? Pra que? (Câmera fecha em Beth que está compadecida)


CENA II

Externa Dia: Num bar

PAULO: 
- Imagina Beth lhe traindo!? De onde tirou essa ideia?

LOW: 
- Não é pra desconfiar? Todas as terças e quintas chega tarde, e quando saí, sai sem dizer nada, e bem antes de mim... Claro que tem algo errado. Também tenho a achado meio estranha.

PAULO:
- Como assim estranha?

LOW: 
- Distante... pensativa. Meio aérea...

PAULO: 
- Pode está acontecendo algo...

LOW: 
- Disso não tenho dúvida. O que, por exemplo?

PAULO:
- Sei lá... Sendo assim, já que tá desconfiado... só vejo uma possibilidade.

LOW:
- Qual?

PAULO: 
- Seguir a Beth.


LOW: 
- Segui... Cara, você é um gênio!

PAULO: 
- Sou?

LOW: 
- É. (Dá um beijo na testa)

PAULO: 
- Sou! Espera ai... Pra onde vai? Que vai fazer?

LOW: 
- Vou colocar um investigador na cola da Beth. (sai apressado)

CENA III

Externa Dia: asilo

BETH: 
- Não gosto de vê-la assim... tão tristinha!

CÂNDIDA: 
- Ah, minha filha! Você é uma alma boa... Umas das poucas que se importa com pessoas como eu.
BETH: 
- A senhora é uma amor de pessoa.

CÂNDIDA: 
- Pena que meu filho não pensem assim...  Sou velha. E velho dá trabalho.

BETH:
- Então a senhora tem filhos?

CÂNDIDA:
- É como se não tivesse. Me abandonaram aqui... Como se abandonam uma coisa qualquer, que já não teem serventia pra nada.

BETH: 
- Que isso Cândida?! A senhora é muito especial, viu?

CÂNDIDA: 
- Você que é especial. Ah, está esfriando...

BETH: 
- Vamos entrar?

CÂNDIDA: 
- Vamos. (Caminham pra porta do asilo onde a cuidadora as espera)

BETH: 
- Fica bem. E nada de tristeza! (Candida beija a mão de Beth)

CÃNDIDA: 
- Obrigada! (Beth beija-a na testa) Você vai voltar, não vai?

BETH: 

- Claro! (Cândida entra)

CUIDADORA: 

- Hora do seu banho Dona Cândida. (Cândida entra)

BETH: 
- Como ela veio parar aqui?

CUIDADORA:
- Uma longa e triste história... Como a maioria das histórias que temos aqui. Mas posso lhe contar.

BETH: 
- Claro! E o filho?

CUIDADORA: 

- Tomou tudo que era dela... E depois a abandonou. Nunca vem visita-la.

BETH: 
- Tem o endereço dele?

CUIDADORA: 
- Sim... Ma, não tenho permissão...

BETH: 
- Por favor... Confie em mim. Creio que sei como mudar essa história.

Câmera fecha na cuidadora que expira inspira fundo. Parece confusa, dividida.
CENA IV

Externa Noite / Rua.


Beth conversa com um homem, do outro lado da rua um investigador tira algumas fotos, ela entra na casa, investigador continua a tirar fotos. Câmera fecha no olhar do investigador.

INVESTIGADOR: 

- Bingo!
CENA V

Numa rua pouco movimentada Low espera o investigador que para o carro próximo de low. Desce joga o cigarro aceso no chão, apaga. Câmera mostra o sapato do investigado apagando o cigarro.


INVESTIGADOR: 

- Trabalho concluído. (Entrega um cd). Pode conferir...

(Low recebe o envelope e sente-se desolado. Retira um envelope e passa para o investigador. O homem confere)


INVESTIGADOR: 

- Se precisar dos meus serviços.... sabe onde me encontrar..

O homem confere o dinheiro. Entra no carro e dar partida, Câmera pega um contra-plano de Low vendo o carro sumir no horizonte para o investigador.


CENA VI

Interna Noite / Apartamento

Beth entra, acende a luz, Low esta sentado com o not book no colo, ela se assusta.

BETH: 
- Que isso?! (Low vira o Not e mostra as fotos).

LOW: 

Me diz você. (Close na cara de surpresa de Beth)

Fim do segundo bloco


BLOCO 3

CENA I
Interna Noite / Apartamento

Beth Olha as fotos, fica indignada.

BETH: 
- Não consigo acreditar que você...

LOW: 
- Eu que não consigo acreditar. Isso explica tudo!

BETH: 
- Tudo o que? Do que você está falando?
LOW: 
- Da sua traição.

BETH: 
- Que? (Cai na gargalhada)

LOW: 
- Você está rindo?

BETH: 
- Hilário!
LOW: 
- Não vejo graça.

BETH: 
- Você pagou alguém pra me seguir... (Crise de riso) por que achou que eu... Demais!

LOW: 
- Quer me explicar o que está acontecendo?

BETH: 
- Claro meu querido! Amanhã vou te apresentar meu suposto amante... (sai rindo ele fica com cara de panaca, câmera fecha nele).

CENA II
Externa Dia / Cidade em movimento

CENA III
Externa Dia / Dentro do carro

LOW: 
- Então era isso?

BETH: 
- Exatamente!

LOW: 
- Por que não me disse antes?

BETH: 
- Que posso fazer se vocês homens, tem a cabeça cheia de caramiolas?!

LOW: 
- O que faz acreditar que seus argumentos intimidou o filho desse tal senhora?

BETH: 
- Cândida, Low.

LOW: 
- Cândida.

BETH: 
- Vamos vê... Espero que sim. Ficou de vir ao asilo hoje.

LOW: 
- Como pode um filho fazer uma coisa dessa? Fazer a mãe assinar uma procuração passando todos os bens para seu nome, vender tudo, deixando-a sem nada, e depois abandoná-la num asilo?
BETH: 
- O ser humano é muito complexo, não duvide de suas capacidades...

(Chegando próximo vê o filho segurando a mala de Cândida que se encontra de braços dados a ele)


BETH: 
- Funcionou.

CENA IV

Externa Dia / Asilo

CÂNDIDA: 
- Beth... (Abraça)

BETH: 
- Dona Cândida! (Beija-a)

CÂNDIDA: 
- Quem é esse moço?

BETH: 
- Low...




CÂNDIDA: 
- Então esse é o famoso Low. Prazer! Você é um grande felizardo, tem um mulher de ouro.

LOW: 
- Sei disso.

CUIDADORA: 
- Ele veio.

BETH: 
- É... Ele veio. Tenho certeza que cuidará da senhora com tal zelo e carinho que senhora merece.

CÂNDIDA:
- Você vai me visitar?

BETH: 
- Pode está certa disso. 

(Beth a abre a porta do carro Cândida entra. Beth se dirige ao filho)

BETH: 

Estou de olho em você. 

(Ele entra dá partida. Close em Cândida que se despede feliz).

CUIDADORA: 
- Como conseguiu?

BETH: 
- Usei o estatuto do idoso. Que diz: ARTIGO 3
V – Que é prioridade da família o atendimento do idoso e que asilo só em casos que não possuam condições de sua própria sobrevivência;

ARTIGO 4.
Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão, e todo atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será punido na forma da lei.

§ 1o É dever de todos prevenir a ameaça ou violação aos direitos do idoso.

E é ai que eu entro.


LOW: 
- Poderia não dá certo.

BETH: 
- Me valeria da justiça. Provaríamos que ela foi coagida e enganada pelo filho, recuperaria tudo...

CUIDADORA: 

- Menos o que mais desejava.

BETH: 

Também, ele não precisa saber que não sou advogada. Low, Já te disse que sempre me destaquei no colegial como atriz?

LOW: 
- Um milhão de vezes.

BETH: 
- Por isso fiz o caminho inverso. Enquanto ela pensar que ele voltou por arrependimento, por amor... Será feliz.

Low abraça Beth, a câmera se afasta aos poucos. Beth se despede da cuidadora. Low sai abraçado com Beth em direção ao carro. Dá partida no carro, câmera mostra o carro sumindo pela estrada. Sobe legendas.

Fim do episódio.
FADE OUT.


(SOBEM OS CRÉDITOS)

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