No
século XVI, o teatro religioso didático, moralizador e de catequese do padre
jesuíta Anchieta, contava não só com atores, mas também com público infantil.
No entanto, esta participação ativa de crianças nos seus autos religiosos se dava,
por Anchieta acreditar no impacto que essas crianças teriam na formação e conversão religiosa
e moral dos nossos índios.
É
período medieval, no final do século XIII, que se percebe, a falta de
sentimento para com a infância, onde a criança está inserida no contexto da
vida adulta, ou seja, a criança era vista como uma miniatura, replica do
adulto.
Não
havia uma visão especifica que beneficiasse esses seres, acreditava-se que a
criança, era uma página em branco, e cabia aos adultos, seus tutores,
preencherem esta página em branco, com seus costumes, morais e crenças, sem
respeitar quais quer diferenças de pensamentos ou individualidade.
Foram preciso mais de um
século para que a criança fosse vista como um ser, autônomo, único e com suas
especificidades. Mas, este é, um outro, assunto, que nos serve para introduzir
o nosso tema de hoje: o teatro infantil.
Em
meados do século XVII e XVIII, havia os teatros de marionetes e fantoches que
se apresentavam ao ar livre, portanto eram assistidos por crianças também. No
entanto, podemos dizer que apesar do estreito laço que este gênero sempre
manteve com o teatro infantil, seus temas e formas de representação estavam
mais próximos do público adulto do que do infantil.
O Teatro Infantil no Brasil
chega a seis décadas de historia, E tema em resistir ao tempo, as dificuldades
em busca de levar ao seu público, neste caso, infantil, uma experiência mágica
revisitando os mais diversos tipos de histórias e contos infantis, envolvendo
os pequenos, em um mundo mágico, cheios de aventuras e muita criatividade.
Mas
a primeira dramaturgia brasileira infantil: O Casaco Encantado, de
Lúcia Benedetti, em 1948, revelou uma dramaturgia dotada de valor artístico e
sem cunho pedagógico ou moralizante. O espetáculo fez muito sucesso.
E
foi a partir do sucesso desta peça, que artistas de renome começaram a fazer
teatro infantil, além de grupos jovens. E deste o teatro infantil conseguiu
desvincular-se de mero apoio didático e alcançou destaque de obra artística.
No contexto
da infância, o teatro é uma atividade que tem tomado grande espaço não somente
nas escolas, como também entre as alternativas de lazer e entretenimento. Mesmo
assim, o teatro como a literatura, recebe, muitas vezes, um tratamento que o
relega ao segundo plano, sendo considerado como “teatrinho”, ou seja uma atividade
menor.
No
fim do século XVIII e início do XIX, o que se via com frequência no Brasil eram
crianças representando para adultos, isto é, companhias infantis formadas por
jovens estrelas de 9 a 14 anos que brilhavam nos palcos, cantando, dançando e
representando peças do repertório clássico de teatro.
No
século XIX, o teatro infantil, surgirá com o Teatro Escolar, que se constituía
de monólogos escritos por autores famosos da época para serem representados em
datas comemorativas nas casas ou escolas. E estes monólogos tinham um cunho
moralizador e deveriam ser recitados por crianças.
Em 12 de junho de 1905 do
jornal carioca Correio da Manhã trazia, à terceira página, a resenha de um
livro destinado ao público infantil: Theatro Infantil, de Olavo Bilac e Coelho
Netto. O resenhista afirmava que o livro continha a qualidade de recrear as
crianças de forma inteligente, contribuiria de forma decisiva para que as
crianças brasileiras descansassem do francês das já batidas comédias
estrangeiras.
Assim, o ator e embaixador
brasileiro Paschoal Carlos Magno veio a público 1944, no jornal O Globo, fazer
um apelo à sociedade: que os brasileiros se unissem em favor da criação de
espetáculos teatrais para o público infantil. Suas justificativas fundavam-se
na inadiável necessidade de educação das crianças, no fomento do interesse
destas pela arte
No Brasil,
o teatro infantil passou a despertar o interesse de um número maior de pessoas
a partir da década de 1970. O teatro trabalha com uma linguagem múltipla. Não é
mais somente a palavra presa ao papel, mas outros recursos também passam a ser
explorados nesse gênero textual.
Cenário, figurino, iluminação, música, expressão corporal, enfim, os recursos utilizados no teatro conseguem chamar a atenção das crianças. O lúdico encantava aos pequenos, mesmo aqueles que ainda não eram alfabetizados.
Cenário, figurino, iluminação, música, expressão corporal, enfim, os recursos utilizados no teatro conseguem chamar a atenção das crianças. O lúdico encantava aos pequenos, mesmo aqueles que ainda não eram alfabetizados.
Há
diferentes opções: peças adaptadas, seja de textos literários, sejam de
programas de televisão; peças folclóricas, ou que buscam conscientização sobre
o meio ambiente, entre outros temas; peças interativas, nas quais há
participação direta do público.
Em 1938, é lançado o livro
Teatro da Criança, de Henrique Pongetti e Joracy Camargo. A obra, além de
reunir 18 histórias que, segundo seus autores, consistiriam em pequenas
comédias juvenis e infantis para uso nas escolas, em clubes, em associações e
em casas de família, é acompanhada de um manual com instruções de como se
deveria preparar um espetáculo.
Em
1948, crianças assistiam aos espetáculos teatrais, crianças representavam, mas
nunca se pensara numa dramaturgia para crianças, numa linguagem específica do
universo infantil.
Pensando
nesta dramaturgia e nesse universo, foram fundadas companhias de teatro
infantil formadas por atores, diretores, autores e produtores profissionais.
No
Rio de Janeiro, Pernambuco de Oliveira e Pedro Veiga fundam o Teatro da
Carochinha e, no mesmo ano, Tatiana Belinky e Júlio Gouveia fundam O Teatro Escola
de São Paulo (TESP), e estreiam com Peter Pan a série de espetáculos teatrais
para crianças baseados em contos clássicos.
Em 1950,
Maria Clara Machado conseguiu uma bolsa para estudar teatro em Paris.
Permaneceu por um ano na capital francesa, chegando a estudar improvisação com
o grande mestre Charles Dullin.
E voltar para o Brasil, cheia de entusiasmo e vontade de estar em cena, Maria Clara se deu conta de que não podia esperar por convites. Numa sala do Patronato, que ela utilizava para entreter crianças da região, havia um palco, olhou para esse palco com outros olhos e isso mudaria a história de sua vida e consequentemente da historia do teatro infantil e juvenil brasileiro.
E voltar para o Brasil, cheia de entusiasmo e vontade de estar em cena, Maria Clara se deu conta de que não podia esperar por convites. Numa sala do Patronato, que ela utilizava para entreter crianças da região, havia um palco, olhou para esse palco com outros olhos e isso mudaria a história de sua vida e consequentemente da historia do teatro infantil e juvenil brasileiro.
Em 1951,
juntou-se a alguns jovens amigos e fundaram o grupo de Teatro Amador O Tablado e
o teatro infantil dá a grande largada
Desde de
primeiro espetáculo para crianças, O
Boi e o Burro a Caminho de Belém (53), um auto de natal
originalmente escrito para o teatro de bonecos, foi só o começo da carreira de
grandes sucessos da autora.
Que nos suas
obras, clássicos da dramaturgia infantil textos como: Pluft, o Fantasminha, O Rapto das Cebolinhas, Tribobó City, A Bruxinha que era Boa, A
menina e o vento, dentre muitas outras.
Nos
anos 70, em meio a ditadura militar, Ilo Krugli apresenta seu teatro para
crianças com a peça Histórias
de Lenços e Ventos, considerada um divisor de águas pelos
especialistas do gênero.
Mas
foi partir dos anos 80, o que se vê é uma grande variedade de estilos,
dramaturgias e linguagens que continuam se diversificando com o passar dos
anos.
O
teatro infantil, apesar de aparentemente definido enquanto estrutura, temática
e manifestação artística desde o ano de 1948, continua a passar por profundas
transformações, graças à inquietação dos profissionais competentes que a ele se
dedicam. Hoje podemos apreciar espetáculos tão incríveis que encantam não
somente as crianças como também a muitos adultos.