ATO IV CENAVI
(Laudo final da morte)
RODRIGUES: - Com licença...
NILTON: - Chega ai... (Dá a pasta) Ai está.
RODRIGUES: - Que é?
NILTON: - Como que é? Está a tempo empenhado neste caso...
RODRIGUES: - (Lê) Então essa foi a causa de sua morte?
NILTON: - Agora é definitivo. O laudo é incontestável.
RODRIGUES: - Possível arma... Objeto pontiagudo não identificado... Possivelmente material plástico. Material plástico?
NILTON: - E se dê uma lida mais abaixo vai vê que o possível criminoso tinha entre um metro e cinquenta a um metro e sessenta e cinco. Pela força aplicada e a forma que atingiu a vítima, suspeita-se que seja uma mulher, e que esta mulher é canhota.
RODRIGUES: - Isso já limita o número de suspeitos.
NILTON: - Exatamente.
RODRIGUES: - Então vamos começar o nosso trabalho...
NILTON: - Espera ai rapaz.
RODRIGUES: - Que foi?
NILTON: - Caso encerrado.
RODRIGUES: - como assim? Estamos a um passo de desvendar este mistério...
NILTON: - Doutor Egídio já providenciou tudo. O secretário de segurança pública a pedido do ministro da justiça, acabou de me ligar pedindo o arquivamento do caso.
RODRIGUES: - Isso é foda! Puta que pariu! Tanto trabalho pra que?
NILTON: - É o poder. Manda quem tem obedece quem é inteligente.
RODRIGUES: - Isso não está certo.
NILTON: - Não há certo, ou errado... O que há é que o poder é podre, e quando se mexe com os poderosos, fede... Liberado para um próximo caso.
RODRIGUES: - É revoltante!
NILTON: - É a realidade. (Sai)
RODRIGUES: - Se eu não posso fazer nada... Sei quem pode desmascarar estes malditos corruptos. (Pega o celular) Alô... Mônica? Tudo bem? Tenho uma bomba pra você... Isso mesmo. Posso te encontrar? Onde? Positivo! (Sai)
ATO IV CENAVII
(Na redação)
MÔNICA: - Vamos trabalhar?
TÁCIO: - Do que tá falando mulher?
MÔNICA: - Consegui...
TÁCIO: - O que?
MÔNICA: - Aqui tem tudo sobre o que provocou a morte do Marcos.
TÁCIO: - Isso não que dizer nada.
MÔNICA: - Não?
TÁCIO: - Não.
MÔNICA: - E se eu lhe disser que há uma grande possibilidade de quem matou o Marcos foi uma mulher.
TÁCIO: - Uma mulher? Naquele lugar?
MÔNICA: - Exatamente.
TÁCIO: - Diria que impossível. Surreal.
MÔNICA: - Não... O assassino... É uma pessoa próxima.
TÁCIO: - Será?
MÔNICA: - Vamos investigar todas as pessoas próximas do Marcos, mulheres entre 1.50m a 1.65 e que seja canhota.
TÁCIO: - Como faremos isso?
MÔNICA: - Começamos pela família... Depois amigos...
TÁCIO: - E você acha mesmo que a família dele vai deixar você pisar naquela casa?
MÔNICA: - Conheço alguém que possa nos ajudar... Lá de dentro.
TÁCIO: - A empregada?
MÔNICA: - Exatamente.
TÁCIO: - Não vai aceitar. Esqueceu do último encontro?
MÔNICA: - Vou usar a mesma arma que ela...
TÁCIO: - Extorsão?
MÔNICA: - Não. Troca de favores. Ela me ajuda, eu não conto que ela me procurou com informações em troca de dinheiro.
TÁCIO: - você é cruel.
MÔNICA: - Não meu querido. Eu sou viva! Agora vamos.
TÁCIO: - Espera... (Saem)
ATO IV CENAVIII
(Mara vai a casa de junior)
MARA: - Bom dia.
JÚNIOR: - Bom dia.
MARA: - Eu sou...
JÚNIOR: - sei quem é a senhora. Dona Mara... Mae do marcos.
MARA: - Exatamente.
JÚNIOR: - Por favor entre.
MARA: - Com licença.
JÚNIOR: - Fique a vontade. Sente-se por favor.
MARA: - Obrigada.
JÚNIOR: - A senhora aceita...
MARA: - Não... Não precisa se preocupar... Estou bem...
JÚNIOR: - Claro.
MARA: - Então, era aqui... Aqui que meu filho se refugiava...
JÚNIOR: - Não. Aqui era o segundo lar do seu filho.
MARA: - Por que nos escondeu?
JÚNIOR: - Não queria lhes magoar.
MARA: - Talvez tudo seria diferente.
JÚNIOR: - Também creio nisso.
MARA: - de muito bom gosto.
JÚNIOR: - Foi ele que me ajudou a decorar.
MARA: - Meu filho tinha bom gosto. (Vê uma foto do filho. Chora) Meu filho...
JÚNIOR: - Vou pegar uma água.
MARA: - Não precisa. (Júnior sai) Meu filho... Que saudade!
JÚNIOR: - Aqui. Beba.
MARA: - Obrigada. Você o amava?
JÚNIOR: - Muito. (Sem jeito)
MARA: - Foram felizes?
JÚNIOR: - Sempre.
MARA: - E a noiva?
JÚNIOR: - Sabia que era só faixada.
MARA: - Que?
JÚNIOR: - Não devia ter dito...
MARA: - Faixada?
JÚNIOR: - Só estava com ela, por vocês.
MARA: - Mas ela está grávida.
JÚNIOR: - Impossível.
MARA: - Que quer dizer?
JÚNIOR: - Que seu filho nunca teve nada com esta moça.
MARA: - Eram noivos.
JÚNIOR: - Marcos nunca transou com ela.
MARA: - Como sabe?
JÚNIOR: - Não mentiria pra mim. Não sobre isso.
MARA: - Então o que fazia naquele lugar? Dizem...
JÚNIOR: - Que era um lugar de pregação...
MARA: - Suspeito.
JÚNIOR: - Tínhamos brigado. Foi uma briga muito feia... Exigi que ele terminasse o noivado e assumisse de vez a nossa relação. Então se sentiu pressionado e foi...
MARA: - parar naquele lugar.
JÚNIOR: - Exatamente.
MARA: - Se ele não teve nada com ela...
JÚNIOR: - Posso lhe garantir.
MARA: - Então a gravidez...
JÚNIOR: - O pai não é o Marcos. Isso lhe garanto.
MARA: - Vamos deixar esta conversa de lado. Vim pra falar sobre vocês... E agora? O que pretende fazer?
JÚNIOR: - Tenho que continuar...
MARA: - Precisa de ajuda?
JÚNIOR: - Não, obrigado. Tenho minha profissão...
MARA: - E o que faz?
JÚNIOR: - Sou cabelereiro. Tenho um salão...
MARA: - Entendo. Bom, Júnior... Obrigada por me receber.
JÚNIOR: - Que isso! Foi um prazer.
MARA: - Se precisar de alguma coisa...
JÚNIOR: - Obrigado. (Ela sai) Caraca!
ATO IV CENA IX
(NO APARTAMENTO DE LUDIMILA)
LUDIMILA: - Como está se sentindo?
ISABEL: - Como estou me sentindo? Péssima!
LUDIMILA: - Um dia vai me agradecer...
ISABEL: - Você é um monstro. Que tipo de mãe dopa a filha e entrega a um estranho?
LUDIMILA: - O Sérgio é um cara de muita confiança...
ISABEL: - E se este cara estiver doente?
LUDIMILA: - Tá louca menina?
ISABEL: - Claro... Transou comigo sem preservativo. E se ele tiver alguma doença infecto contagiosa.
LUDIMILA: - Não tem. Dá pra parar de ser melodramática? Em algumas semanas você estará gravida.
ISABEL: - E se não estiver?
LUDIMILA: - Tentamos outra vez. Você tem um mês para engravidar.
ISABEL: - Você é doente.
LUDIMILA: - Não meu bem... Estou cuidando da nossa previdência. (Campanhia) Ah, não... O que quer aqui?
MÔNICA: - Seria educado me deixar entrar.
LUDIMILA: - Não preciso ser educada com você... Se insistir, chamo a polícia.
MÔNICA: - Ótimo. Chama! Sabe o que tenho aqui em minhas mãos? Tudo sobre a sua vida.
LUDIMILA: - Fofocas. Coisas dessas revistas de mexericos...
MÔNICA: - Que será que vão achar quando souber que você foi suspeitar de matar um milhionário envenenado em 77?
LUDIMILA: - Cala-se. Fui inocentada.
MÔNICA: - Posso?
LUDIMILA: - Entra. (Furiosa)
MÔNICA: - Prometo ser breve. Como vai Isabel?
ISABEL: - Bem...
MÔNICA: - Não me parece bem.
LUDIMILA: - Ela está cansada.
MÔNICA: - Você não me oferece uma água.
LUDIMILA: - Não.
ISABEL: - Eu pego.
MÔNICA: - Que gentil.
LUDIMILA: - Que quer?
MÔNICA: - Conhece os amigos do Marcos?
LUDIMILA: - Amigos?
MÔNICA: - Mulheres.
LUDIMILA: - Mulheres? Que isso?
MÔNICA: - É o que desejo.
LUDIMILA: - Por que não pergunta a família dele?
MÔNICA: - Acha mesmo que me receberiam.
LUDIMILA: - Preciso responder?
ISABEL: - Aqui está. (Entrega o copo)
MÔNICA: - Hei?
ISABEL: - Que foi?
MÔNICA: - Você é canhota?
ISABEL: - Sou.
MÔNICA: - Olha que conhecidência... Minha mãe também era.
LUDIMILA: - Você não veio aqui só por isso...
MÔNICA: - Por que Isabel não seguiu a mesma carreira que você?
ISABEL: - Não tenho altura.
MÔNICA: - Mede quanto?
ISABEL: - Um sete sete.
MÔNICA: - Interessante. Poderia ser modelo fotográfica. Tem um rosto bonito vai por mim.
LUDIMILA: - Que uma manchete? Então escreva neste jornaleco, que minha filha, está grávida.
MÔNICA: - Grávida?
LUDIMILA: - Exatamente. Minha filha terá o futuro herdeiro... Filho do Marcos.
ISABEL: - Mãe?
MÔNICA: - Isabel, não parece feliz...
LUDIMILA: - Ainda está abalada com a morte do seu grande amor.
ISABEL: - Eu estou cansada... Com licença. (Sai)
MÔNICA: - Essa menina não está bem.
LUDIMILA: - Ficará.
MÔNICA: - Boa cartada! Mas o jogo ainda não terminou. Bem... Preciso ir. Obrigada pela hospitalidade. (Sai)
LUDIMILA: - Vai carniça!