ATO IV - CENA XII
(Todos na mansão)
EGÍDIO: -Nanci...
NANCI: - Senhor?
EGÍDIO: - Mara?
NANCI: - Deuma saída senhor
EGÍDIO: - Mara sabe que detesto que atrase o jantar.
NANCI: - Mas já deve está voltando...
EDNALDO: - Egídio... Desculpe-nos o atraso.
EGÍDIO: - Que bom que chegaram.
TÂNIA: - Papai...
EGÍDIO: - Filha... Que marca é está?
TÂNIA: - Me machuquei. Escorreguei... E bati o rosto.
EDNALDO: - Já pedi pra ter cuidado... Mas sabe como é sua filha.
NANCÍ: - Doutor... é que Dona Ludimila...
EGÍDIO: - Essa mulher não...
EDNALDO: - Quer que eu dê um jeito?
LUDIMILA: - Que maravilha! A família reunida... Não há nada mais incrível que a família unida. Não é mesmo Egídio?
EGÍDIO: - o que você quer?
LUDIMILA: - Sem cerimonias meu caro... Somos parentes.
EGÍDIO: - Nanci... Coloque mais um lugar há mesa.
NANCÍ: - Sim senhor.
EGÍDIO: - Até que enfim...
MARA: - Fui vê Marina.
TÂNIA: - E ela? Como está?
DONA LIZ: - Como sempre. Só faltou nos enxotar...
LUDIMILA: - Ainda bem que minha Isabel não me dá este trabalho.
DONA LIZ: - Você está sendo desagradável. (Campanhia)
SELMA: - Eu atendo.
LUDIMILA: - Estou apenas participando da conversa... Afinal de contas somos da família.
MARA: - Quem disse que somos da família?
DONA LIZ: - Ora, Isabel terá um filho...
MARA: - Filho?
LUDIMILA: - Isso já não é novidade... É?
MARA: - Marcos nunca se deitou com sua filha.
LUDIMILA: - Que? Que absurdo é este?
DONA LIZ: - Meu neto nunca transou com sua filha.
EGÍDIO: -
MARA: - Meu filho era gay. E você sabe disso. Se tua filha esta grávida, não é do meu...
ISABEL: - Não estou grávida.
LUDIMILA: - Cala boca.
ISABEL: - Fiz o exame...
LUDIMILA: - Cala-se...
ISABEL: - E graça a você...
LUDIMILA: - Cale essa boca.
ISABEL: - Eu estou contaminada...
TÂNIA: - Que?
EDNALDO: - Deixe ela falar
ISABEL: - estou com o vírus da aids...
DONA LIZ: - Meu Deus!
LUDIMILA: - Isso não é verdade.
ISABEL: - O seu amiguinho... É portador do vírus. Satisfeita agora?
EGÍDIO: - que me explicar o que está acontecendo aqui?
DONA LIZ: - Você cale essa boca. Não diga mais nada.
ISABEL: - Tire essa suas mãos sujas de mim.
DONA LIZ: - Que isso... Sou tua mãe.
ISABEL: - Mãe? Sabe o que significa ser mãe? (Para todos) Essa mulher que aqui está... Essa que se diz ser minha mãe... Foi capaz de me dopar... É, é isso mesmo... Me dopou e me entregou a um estranho... Tudo isso, sabe por que? Pra dá um golpe em vocês... Tudo por dinheiro. Esse maldito dinheiro! Agora olha eu aqui... Estou contaminada...
TERESA: - Com licença... É que tem um detetive ai fora...
EGÍDIO: - Detetive?
TERESA: - É.
MARA: - Peça para ele entrar.
EGÍDIO: - Não.
MARA: - eu quero ouvi o que este detetive tem a dizer.
DETETIVE: - Boa noite.
EGÍDIO: - O que o trás aqui senhor detetive?
DETETIVE: - Estava a procura da senhorita Isabel.
LUDIMILA: - Isabel?
ISABEL: - Eu?
DETETIVE: - Sabe por que estou aqui, não sabe?
ISABEL: - Sei.
LUDIMILA: - Não. Filha... Não diga nada, não responda nada, vou providenciar um advogado...
ISABEL: - Minha vida acabou mãe... Sou uma infeliz! É isso mesmo, sou a pessoa mais infeliz da face da terra.
TÂNIA: - Que está dizendo Isabel...
ISABEL: - Fui trocada por meu noivo por outro homem... Todos esses anos... E nunca se quer meu noivo me tocou... Não sentia nada, nada, nada... Nada além de pena de mim. Eu? Eu era apenas um estandarte, um troféu, que servia de enfeite... Deste modo ninguém desconfiaria que ele... Ele tinha, um amante... Um amante não... Um marido. Um homem, que o satisfazia do modo que eu... Eu não podia...
TÂNIA: - Meu Deus!
DETETIVE: - Isto lhe pertence?
LUDIMILA: - Não.
ISABEL: - Sim.
DONA LIZ: - Isabel... Que você fez?
ISABEL: - Naquela noite ele me deixou em casa como sempre... Me deu um beijo no rosto... Me deu até logo e entrou no carro... Eu já desconfiava. Então peguei meu carro e o segui. E ele estava lá... Agarrado com outro homem... Ele o beijava de tal jeito que nunca... Nunca, jamais me bejou...
LUDIMILA: - Chega filha.
ISABEL: - Cale-se.
MARA: - Continue.
EDNALDO: - Que aconteceu?
ISABEL: - Me percebeu... Tentou se explicar... Explicar!? Então me confessou... Que não sentia nada por mim, que eu... era apenas uma amiga... e que jamais poderia se casar comigo... Eu fiquei louca! Comecei a bater nele. Ele me segurou forte... Então, peguei meu prendedor de cabelo, e o atingi...
MARA: - Você matou meu filho.
DONA LIZ: - Meu Deus!
TÂNIA: - Assassina! Matou meu irmão.
DETETIVE: - É melhor vir comigo.
ISABEL: - Eu juro que não queria... Foi um acidente... Aconteceu. Ninguém, mais amou o Marcos que eu.
MARA: - Quem ama não mata.
ISABEL: - Mata. Vocês matou Marina...
DETETIVE: - Vamos...
LUDIMILA: - Filha...
ISABEL: - Você me matou.
EGÍDIO: - Vai mofar numa cela.
ISABEL: - Já sou uma morta. Morta! Morri, no dia que tirei a vida di homem que eu amava. (Saem)
EGÍDIO: - Quanto a você sua vagabunda... Sai desta casa.
MARA: - Ludimila... Sua vigarista, nossos advogados vão lhe processar. (Ludimila sai)
TÂNIA: - Papai... Me ajude...
EDNALDO: - Que isso Tânia?
DONA LIZ: - Siga enfrente... Esse é o momento.
TÂNIA: - Quero me divorciar.
EDNALDO: - Ficou louca?
TÂNIA: - Eu não cai papai...
EDNALDO: - Cale-se.
EGÍDIO: - Foi...?
TÂNIA: - Sim papai. Foi ele... me bateu.
EDNALDO: - Hei, calma ai... Foi só uma briguinha...
EGÍDIO: - Sai desta casa.
EDNALDO: - Não vai fazer isso...
EGÍDIO: - Duvida?
EDNALDO: - Sabe que sei...
EGÍDIO: - E você do que sou capaz. Agora saia...
EDNALDO: - Você vem comigo...
TÂNIA: - Não. Nunca mais você vai tocar em mim. Acabou.
EDNALDO: - Idiota.
TÂNIA: - Fui.
DONA LIZ: - saia daqui rapaz. Não ouviu? (Edinaldo sai)
MARA: - Filha... Você foi muito corajosa.
TÂNIA: - Mamãe... E agora?
MARA: - Você vai ter a chance de recomeçar.
EGÍDIO: - acho que não há mais clima para jantar...
MARA: - Nós vamos lá pra cima...
EGÍDIO: - Vou dar alguns telefonemas... (Saem)
CENA FINAL
DETETIVE: - Bom... Conseguimos.
MÔNICA: - É conseguimos.
DETETIVE: - E agora?
MÔNICA: - Agora? Vim lhe mostrar isto.
DETETIVE: - Um livro?
MÔNICA: - É. Meu primeiro livro!
DETETIVE: - Sugestivo...
MÔNICA: - Gostou do titulo?
DETETIVE: - O corpo!
MÔNICA: - O corpo.
DETETIVE: - Não vão deixar lançar...
MÔNICA: - Troquei os nomes... Transformei a realidade em ficção... Então? Ninguém pode me proibir de lançar meu livro.
DETETIVE: - Você é demais...
MÔNICA: - Você acha.
DETETIVE: - Acho.
MÔNICA: - E é só isso?
DETETIVE: - Que que ouvir?
MÔNICA: - Pensei que ia me convidar...
DETETIVE: - Te convidar?
MÔNICA: - Pra um lugarzinho mais tranquilo... Mais íntimo...
DETETIVE: - Isso é um convite?
MÔNICA: - Convite? Não. Uma intimação.
DETETIVE: - Opa! Só se for agora. (A pega nos braços e saem de cena)
FIM