fevereiro 05, 2013

LIÇÃO DE VIDA - TEATRO (CENA VII E VIII)


CENA VII
VALTER: - Bom dia.
ARIELE: - Bom dia!
VALTER: - Em que possa ajuda-la?
ARIELE: - Ah, sou Ariele. Sou assistente social do Lar Melhor Idade.
VALTER: - Assistente social?
ARIELE: - Sim. O senhor deve ser o senhor Valter.
VALTER: - Perfeitamente.
ARIELE: - Dona Nerissa esta?
VALTER: - Claro.
ARIELE: - É que sua esposa marcou comigo... Oh, perdão! O senhor não sabia.
VALTER: - Não.
ARIELE: - Sinto muito.
NERISSA: - Como vai?
ARIELE: - Bem. Perdão... Não sabia que...
NERISSA: - Tudo bem. Por favor, sente-se.
ARIELE: - Obrigada. Bom, acho que mais ou menos o senhor deva ter uma ideia sobre nosso lar...
VALTER: - Nerissa me falou. Mas sinto muito, não estamos interessados. Não vou colocar meu pai num asilo.
NERISSA: - Por que tem ser tão cabeça dura?
OBERON: - Mas eu estou interessado.
NERISSA: - Enfim, alguém sensato.
VALTER: - Pai...
OBERON: - Filho... Me escuta. Só estamos bem quando encontramos equilíbrio entre corpo e mente...
VALTER: - Não se sente bem conosco?
OBERON: - Não me sinto confortável com essa situação. E no mais vocês poderão me visitar, não é mesmo senhorita?
ARIELE: - Claro!
VALTER: - Não...
NERISSA: - Prefere o que? Que seu pai seja infeliz aqui?
OBERON: - Meu filho, eu ficarei bem. E quando quiser, poderá ir lá me ver. Estou mesmo precisando de novos ares... Senhorita, prepare os papeis.
VALTER: - Tem certeza papai?
OBERON: - Tenho. Já me decidi. (Sai)
VALTER: - Satisfeita?
NERISSA: - Quase.
ARIELE: - Aqui está o contrato.
NERISSA: - Ótimo.
ARIELE: - Amanhã poderemos vir busca-lo.
VALTER: - Não. Faço questão de leva-lo.
ARIELE: - Como preferi. Então, espero o senhor Oberon amanha... Com licença.
VALTER: - Satisfeita?
NERISSA: - Se é para o bem de todos? Estou. (Sai)
VALTER: - Ah, Nerissa! (Sai)
CENA VIII
(No lar. Oberon com a mala)
ARIELE: - Seja bem vindo senhor Oberon.
OBERON: - Obrigado linda moça.
ARIELE: - Como se sente?
OBERON: - Em paz. É um belo lugar.
ARIELE: - Ah, eu gosto daqui.
OBERON: - Imagino que sim.
ARIELE: - Também moro aqui.
OBERON: - E sua família?
ARIELE: - Perdi muito cedo. Fui criada em um orfanato.
OBERON: - Sinto muito.
ARIELE: - Já superei. Sabe seu Oberon... Estas pessoas são a minha família. Aqui fui recebida de braços abertos por todos.
OBERON: - Tem sorte de gostar do que faz.
ARIELE: - Não faço apenas por necessidade, dinheiro... Faço por amor.
OBERON: - Percebe-se.
ARIELE: - Conversei com seus netos...
OBERON: - São joias raras.
ARIELE: - Amam muito o senhor.
OBERON: - Sei disso.
ARIELE: - Seu filho também lhe ama muito.
OBERON: - É um bom homem.
ARIELE: - Teve um bom exemplo. Fala do pai com muito orgulho.
OBERON: - Não me perdoaria causar desarmonia em seu lar.
ARIELE: - Dona Nerissa?
OBERON: - É uma mulher difícil. Mas com o tempo, tenho fé, que Deus irá quebrantar o seu coração.
ARIELE: - Não tem raiva?
OBERON: - Não. Apenas sinto pena. Mas compreendo. Teve uma infância difícil, e uma adolescia complicada. Quando se é criada numa família desestruturada, não muito o que se esperar.
ARIELE: - É. A família é base de tudo. Mas acho que é hora de descansar um pouco.
OBERON: - Na minha idade se vive cada momento como se fosse único. Quero explorar um pouco deste lugar.
ARIELE: - Claro. Tem todo direito. Bom, é ótimo conversar com o senhor. Mas tenho que voltar ao trabalho.
OBERON: - Não quero lhe incomodar.
ARIELE: - Incomodo algum. Mas podemos dar um volata mais tarde. Temos aqui um jardim lindo.
OBERON: - Um encontro?
ARIELE: - Exatamente!
OBERON: - Senhorita, aguardarei ansiosamente...
ARIELE: - Então, até mais tarde.
OBERON: - Até. (Ela sai. Ele olha ao redor e sai).

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