CENA
XIV
LISANDRA:
-
Pai...
VALTE:
-
Oi, filha?!
LISANDRA:
-
Posso lhe pedir uma coisa?
VALTE:
-
Depende... Se estiver ao meu alcance.
LISANDRA:
-
Acredito que sim.
VALTE:
-
Então fale.
LISANDRA:
-
É sobre meu aniversário...
VALTE:
-
Diga.
LISANDRA:
-
O senhor se importaria se eu dançasse a valsa com vovô Oberon?
VALTE:
-
Claro que não. Fico até feliz. Não poderia ter feito melhor escolha.
LISANDRA:
-
Só tem um problema.
VALTE:
-
Nerissa.
LISANDRA:
-
Exatamente.
VALTE:
-
Pode deixar que eu converso com ela.
LISANDRA:
-
Obrigado! O senhor é o melhor pai do mundo,
NERISSA:
-
E eu, você deve achar, que sou a pior mãe do mundo!
LISANDRA:
-
Não disse isso.
NERISSA:
-
Nem precisava. Mas mesmo assim... Amo você.
LISANDRA:
-
Então prove.
NERISSA:
-
Provar?
LISANDRA:
-
É.
NERISSA:
-
Que tipo de prova você deseja?
VALTE:
-
Deixa que eu falo com sua mãe.
NERISSA:
-
Lá vem aborrecimentos.
LISANDRA:
-
Quero que vovô Oberon dance a valsa comigo.
NERISSA:
-
Que brincadeira é esta? É uma pegadinha?
VALTE:
-
Não. É o desejo da aniversariante.
NERISSA:
-
Tudo isso só pra me contrariar...
LISANDRA:
-
Não mãe. Só quero dançar a valsa com vovô.
NERISSA:
-
sabe que isso esta fora de cogitação. Já contratei um modelo para ser o príncipe
e que lhe conduzirá para a valsa.
LISANDRA:
-
Então dance a senhora.
NERISSA:
-
Maldição!
VALTE:
-
Custa fazer a vontade da sua filha.
NERISSA:
-
Custa. Que me contrariar... Mas vamos vê quem é mais forte.
VALTE:
-
O aniversário é dela nada mais justo...
NERISSA:
-
Se teu pai pensa que vai estragar tudo que planejei... está enganado.
LISANDRA:
-
Dançarei com o vovô e pronto.
NERISSA:
-
Então não haverá festa.
LISANDRA:
-
Quem disse que não? Faço minha festa no lar. (Sai)
NERISSA:
-
Só se for por cima do meu cadáver.
VALTE:
-
O que há com você?
NERISSA:
-
Nem longe este encosto me dá sossego.
VALTE:
-
Cuidado. É do meu pai que está falando.
NERISSA:
-
Não vê os transtornos que me trás?
VALTE:
-
Por que te incomoda tanto?
NERISSA:
-
Todos preferem ele... (Murmura)
VALTE:
-
Que disse?
NERISSA:
-
Nada. Nada... (Sai)
VALTE:
-
Ah, Nerissa!
CENA
XV
(Ouve
a campanhia. Vai atender)
NERISSA:
-
É você?!
ARIELE:
-
Posso entrar?
NERISSA:
-
Estava de saída.
ARIELE:
-
Serei breve.
NERISSA:
-
Entre.
ARIELE:
-
Obrigada.
NERISSA:
-
Então?
ARIELE:
-
Vim até aqui por que precisava conversar com a senhora.
NERISSA:
-
Se for sobre o velho...
ARIELE:
-
Não.
NERISSA:
-
Se fosse teria perdido a viagem.
ARIELE:
-
É sobre a senhora.
NERISSA:
-
Não entendi.
ARIELE:
-
Logo entenderá. Realmente me preocupa a maneira que a senhora vem conduzindo...
NERISSA:
-
Espera ai... Você está querendo se intrometer na minha vida? Com que direito?
ARIELE:
-
Na verdade a partir do momento em que vocês colocaram o seu sogro sobre nossos
cuidados, é nosso dever zelar pelo bem estar dele.
NERISSA:
-
A senhora esta sendo inconveniente.
ARIELE:
-
Desarma-se. Não vim como inimiga...
NERISSA:
-
O que lhe faz pensar que é minha amiga?
ARIELE:
-
Não disse que era. Mas tenho muita estima por seu Oberon.
NERISSA:
-
Então por que não leva-o para sua casa.
ARIELE:
-
Apesar de gostar muito de seu Oberon, ele tem uma família e pelo que pude
perceber, o ama muito. Claro, com exceção.
NERISSA:
-
Não estou entendo o que deseja.
ARIELE:
-
Não sei por que desconta suas neuras no pobre Oberon?
NERISSA:
-
Como se atreve?
ARIELE:
-
Já conheci muitas mulheres como a senhora.
NERISSA:
-
Como eu? Ficou louca? Acha que pode entrar na minha casa e me ofender?
ARIELE:
-
A senhora tem sérios problemas...
NERISSA:
-
Tenho. Chama-se Oberon.
ARIELE:
-
Não. Chama-se intolerância.
NERISSA:
-
Chega! Saia da minha casa.
ARIELE:
-
Só vim lhe oferecer ajuda.
NERISSA:
-
Não preciso de sua ajuda.
ARIELE:
-
Tenho um amigo que pode lhe ajudar... (Dar
um cartão)
NERISSA:
-
Psicólogo. Olha que faço. (Rasga)
ARIELE:
-
Vou deixar esse outro... Ah, se tem alguém capaz de lhe fazer tanto mal, esse
alguém é você.
NERISSA:
-
Insolente!
ARIELE:
-
Sua filha com consentimento do pai, fará sua festa de aniversario em nosso salão
de festas, seria muito bom que a senhora fosse.
NERISSA:
-
Ela fez sua escolha.
ARIELE:
-
Então faça a sua. Escolha certo. Decida-se pela felicidade de sua família. Nerissa,
não deixe todo esse ódio e esse orgulho se maior que o amor que possa unir a
sua família. Tenha um bom dia.