fevereiro 06, 2013

LIÇÃO DE VIDA - TEATRO (CENA XIV E XV)


CENA XIV
LISANDRA: - Pai...
VALTE: - Oi, filha?!
LISANDRA: - Posso lhe pedir uma coisa?
VALTE: - Depende... Se estiver ao meu alcance.
LISANDRA: - Acredito que sim.
VALTE: - Então fale.
LISANDRA: - É sobre meu aniversário...
VALTE: - Diga.
LISANDRA: - O senhor se importaria se eu dançasse a valsa com vovô Oberon?
VALTE: - Claro que não. Fico até feliz. Não poderia ter feito melhor escolha.
LISANDRA: - Só tem um problema.
VALTE: - Nerissa.
LISANDRA: - Exatamente.
VALTE: - Pode deixar que eu converso com ela.
LISANDRA: - Obrigado! O senhor é o melhor pai do mundo,
NERISSA: - E eu, você deve achar, que sou a pior mãe do mundo!
LISANDRA: - Não disse isso.
NERISSA: - Nem precisava. Mas mesmo assim... Amo você.
LISANDRA: - Então prove.
NERISSA: - Provar?
LISANDRA: - É.
NERISSA: - Que tipo de prova você deseja?
VALTE: - Deixa que eu falo com sua mãe.
NERISSA: - Lá vem aborrecimentos.
LISANDRA: - Quero que vovô Oberon dance a valsa comigo.
NERISSA: - Que brincadeira é esta? É uma pegadinha?
VALTE: - Não. É o desejo da aniversariante.
NERISSA: - Tudo isso só pra me contrariar...
LISANDRA: - Não mãe. Só quero dançar a valsa com vovô.
NERISSA: - sabe que isso esta fora de cogitação. Já contratei um modelo para ser o príncipe e que lhe conduzirá para a valsa.
LISANDRA: - Então dance a senhora.
NERISSA: - Maldição!
VALTE: - Custa fazer a vontade da sua filha.
NERISSA: - Custa. Que me contrariar... Mas vamos vê quem é mais forte.
VALTE: - O aniversário é dela nada mais justo...
NERISSA: - Se teu pai pensa que vai estragar tudo que planejei... está enganado.
LISANDRA: - Dançarei com o vovô e pronto.
NERISSA: - Então não haverá festa.
LISANDRA: - Quem disse que não? Faço minha festa no lar. (Sai)
NERISSA: - Só se for por cima do meu cadáver.
VALTE: - O que há com você?
NERISSA: - Nem longe este encosto me dá sossego.
VALTE: - Cuidado. É do meu pai que está falando.
NERISSA: - Não vê os transtornos que me trás?
VALTE: - Por que te incomoda tanto?
NERISSA: - Todos preferem ele... (Murmura)
VALTE: - Que disse?
NERISSA: - Nada. Nada... (Sai)
VALTE: - Ah, Nerissa!
CENA XV
(Ouve a campanhia. Vai atender)
NERISSA: - É você?!
ARIELE: - Posso entrar?
NERISSA: - Estava de saída.
ARIELE: - Serei breve.
NERISSA: - Entre.
ARIELE: - Obrigada.
NERISSA: - Então?
ARIELE: - Vim até aqui por que precisava conversar com a senhora.
NERISSA: - Se for sobre o velho...
ARIELE: - Não.
NERISSA: - Se fosse teria perdido a viagem.
ARIELE: - É sobre a senhora.
NERISSA: - Não entendi.
ARIELE: - Logo entenderá. Realmente me preocupa a maneira que a senhora vem conduzindo...
NERISSA: - Espera ai... Você está querendo se intrometer na minha vida? Com que direito?
ARIELE: - Na verdade a partir do momento em que vocês colocaram o seu sogro sobre nossos cuidados, é nosso dever zelar pelo bem estar dele.
NERISSA: - A senhora esta sendo inconveniente.
ARIELE: - Desarma-se. Não vim como inimiga...
NERISSA: - O que lhe faz pensar que é minha amiga?
ARIELE: - Não disse que era. Mas tenho muita estima por seu Oberon.
NERISSA: - Então por que não leva-o para sua casa.
ARIELE: - Apesar de gostar muito de seu Oberon, ele tem uma família e pelo que pude perceber, o ama muito. Claro, com exceção.
NERISSA: - Não estou entendo o que deseja.
ARIELE: - Não sei por que desconta suas neuras no pobre Oberon?
NERISSA: - Como se atreve?
ARIELE: - Já conheci muitas mulheres como a senhora.
NERISSA: - Como eu? Ficou louca? Acha que pode entrar na minha casa e me ofender?
ARIELE: - A senhora tem sérios problemas...
NERISSA: - Tenho. Chama-se Oberon.
ARIELE: - Não. Chama-se intolerância.
NERISSA: - Chega! Saia da minha casa.
ARIELE: - Só vim lhe oferecer ajuda.
NERISSA: - Não preciso de sua ajuda.
ARIELE: - Tenho um amigo que pode lhe ajudar... (Dar um cartão)
NERISSA: - Psicólogo. Olha que faço. (Rasga)
ARIELE: - Vou deixar esse outro... Ah, se tem alguém capaz de lhe fazer tanto mal, esse alguém é você.
NERISSA: - Insolente!
ARIELE: - Sua filha com consentimento do pai, fará sua festa de aniversario em nosso salão de festas, seria muito bom que a senhora fosse.
NERISSA: - Ela fez sua escolha.
ARIELE: - Então faça a sua. Escolha certo. Decida-se pela felicidade de sua família. Nerissa, não deixe todo esse ódio e esse orgulho se maior que o amor que possa unir a sua família. Tenha um bom dia.

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