CENA
III
LISANDRA:
-
O clima aqui tá pesado.
LEANDRO:
-
Olha, depois da discursão de ontem, sei não...
LISANDRA:
-
Mamãe tá pegado pesado.
LEANDRO:
-
Novidade!
LISANDRA:
-
Enquanto não despejar vovô Oberon, não sossega.
LEANDRO:
-
Só resta saber se nosso pai vai aceitar esse capricho.
LISANDRA:
-
Não duvido nada. Sempre consegue o quer. Nosso pai sempre cede.
LEANDRO:
-
temos que fazer alguma coisa...
LISANDRA:
-
Que podemos fazer?
LEANDRO:
-
Não podemos deixar que jogue o vovô num asilo.
LISANDRA:
-
Não sei que fazer...
LEANDRO:
-
Bater de frente. Fazemos parte desta família e temos e não fomos consultados. E
nossa opinião tem que ter algum peso.
LISANDRA:
-
Quer saber? Não.
NERISSA:
-
Ainda estão aqui? Andem... Vão se atrasar para a escola. (Filhos saindo) Hei? É assim?
LISANDRA:
-
Benção.
LEANDRO:
-
Benção...
NERISSA:
-
Deus os abençoem. (Saem)
ARIELE:
-
Bom dia...
NERISSA:
-
Bom dia.
ARIELE:
-
Sou Ariele...
NERISSA:
-
Ah, sei. Assistente social... Por favor, entre... Sente-se.
ARIELE:
-
Obrigado. (Senta)
NERISSA:
-
Uma água, um suco?
ARIELE:
-
Aceito uma água.
NERISSA:
-
Só um momento... (Pega) Aqui.
ARIELE:
-
Obrigada.
NERISSA:
-
Estava a sua espera.
ARIELE:
-
Bom, Como já lhe adiantei por telefones, vim exclusivamente para apresentar a
senhora a nossa instituição... Nesse prospecto posso reforçar as informações
prestadas, apresentando todos os benefícios que diferencia nossa instituição
das outras.
NERISSA:
-
Sei... Me interessou muito.
ARIELE:
-
Nosso espaço é pensado para o bem estar das pessoas que hospedamos, com espaço
amplo com várias áreas de lazer e com profissionais qualificados para lidar
tanto com questões emocionais quanto físicas.
NERISSA:
-
Isso é bom... fica mais fácil para convencer meu marido...
ARIELE:
-
Sem contar que também damos importância a higiene física e mental através de
estímulos apropriado a cada necessidade. Se perceber nesta parte lateral, temos
duas opções de leito, que é o individual ou o coletivo, isso vai conforme o
perfil do cliente,
NERISSA:
-
Nossa! Parece até um hotel cinco estrelas.
ARIELE:
-
Nosso desejo é proporcionar o maior conforto a nossos hospedes assim como
trazer tranquilidade a seus familiares.
NERISSA:
-
E o custo?
ARIELE:
-
Neste outro prospecto temos os preços conforme cada perfil.
NERISSA:
-
Nossa! Bem salgadinho.
ARIELE:
-
Conosco seu...
NERISSA:
-
Sogro.
ARIELE:
-
Seu sogro estará em boas mãos.
NERISSA:
-
Por esse preço, tem que ser tratado como rei. Embora ache um exagero. Bem...
Vou conversar com meu marido, e logo que possível entro em contato.
ARIELE:
-
Claro. Então, aguardo sua ligação e espero que nossa instituição possa prestar
serviço para sua família.
NERISSA:
-
Pode deixar...
ARIELE:
-
Também aguardamos a visita em nossa intuição para que possam confirmar as
informações que estão neste prospecto.
NERISSA:
-
Pode deixar. Assim que conversar com meu marido, ligo para marcar uma visita.
ARIELE:
-
Então... Prazer... E até breve.
NERISSA:
-
Até. (Ariele sai) Por mim jogava
esse velho rabugento em qualquer muquifo. Atraso de vida! (Sai)
CENA
IV
(Entra
Oberon)
LISANDRA:
-
Vovô...
OBERON:
-
Oi minha querida.
LISANDRA:
-
Que faz aqui tão solitário?
OBERON:
-
Nem sempre está cercado de pessoas nos faz sentir acompanhados. Já ouviu falar
em solidão a dois?
LISANDRA:
-
Já.
OBERON:
-
É um tipo de solidão e muitas vezes mais doloridas que existe. Solidão é como
felicidade, um estado de espírito, esta muito ligado a sua satisfação
LISANDRA:
-
Não está se sentindo assim, esta?
OBERON:
-
Não minha querida, claro que não. As vezes precisamos nos isolar um pouco para
ouvir a voz que vem de dentro do nosso coração.
LISANDRA:
-
Que está tentando dizer?
OBERON:
-
Que na vida somos pego por cada surpresa.
LISANDRA:
-
As vezes a vida é tão cruel...
OBERON:
-
Não minha queria. A vida, nunca é cruel, é perfeita, as pessoas com sua
ignorância, é que são cruéis.
LISANDRA:
-
Refere-se a mamãe?
OBERON:
-
Não. Meu bem, sua mãe é uma vítima do próprio egoísmo... Mas essa mesma vida
ainda dá outras chances de se modificar, de aprender com os erros.
LISANDRA:
-
Não concordo com que deseja fazer.
OBERON:
-
Não se preocupe minha menina... Não cai uma só folha se não for da vontade de
Deus. Como dizia o poeta desconhecido: Tudo fica bem quando se termina bem... E
se não terminar bem? É por que não terminou.
LISANDRA:
-
Não pode fazer isso. O senhor é meu avô, faz parte dessa família.
OBERON:
-
Não importa onde eu esteja. Nunca deixarei de ser teu avô, ou de fazer parte
dessa família. (Mão no peito) Por
que perto está quem aqui está. (Se
abraçam)
LISANDRA:
-
Papai não deixará.
OBERON:
-
Que tem que ser, será. Me acompanha a um passeio?
LISANDRA:
-
Claro. É sempre uma honra.
OBERON:
-
Senhorita... (Saem)
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