ATO IV – CENA I
(Na redação)
SELMA: - Boa tarde!
TÁCIO: - Boa. Em que posso ajuda-la?
SELMA: - Tenho uma informação bombástica!
TÁCIO: - Não diga! Sobre o que?
SELMA: - Acha que sou trouxa? Vim negociar...
TÁCIO: - E o que você tem que possa nos interessar?
SELMA: - Você não parece jornalista.
TÁCIO: - E não sou. Sou fotografo.
SELMA: - Quero falar com a Mônica...
TÁCIO: - Posso saber o que?
SELMA: - Sigiloso.
TÁCIO: - Ela é muito ocupada...
SELMA: - Se não quer a informação... Vendo pra outro jornal...
TÁCIO: - Espere. É sobre o corpo encontrado...
SELMA: - Marcos. O corpo tem nome... Marcos!
TÁCIO: - O que sabe sobre ele?
SELMA: - Só falo com essa talzinha...
TÁCIO: - Tá bom... Só um minuto. Vou localizá-la.
SELMA: - Ótimo.
TÁCIO: - Tudo bem... Só um minuto. (Pega o celular) Mônica? Escuta... Onde está? Que bom. Sobe. Tem aqui uma moça que diz ter informações bombásticas sobre o Marcos... Como que Marcos? O falecido. Quem é? (Pra Selma) Quer saber quem é você.
SELMA: - Diz a ela que sou empregada na mansão...
TÁCIO: - É empregada da Mansão do Dr. Egídio. Tudo bem... (Desliga) Já esta vindo.
SELMA: - Vai demorar muito?
TÁCIO: - Não. Está no anda de baixo.
SELMA: - Espero que não demore. Tenho pressa.
MÔNICA: - Oi?!
SELMA: - Mônica?
MÔNICA: - A própria.
TÁCIO: - Bom... Vou pegar uma água... (Sai)
SELMA: - Não acha estranho não sair nada além de um assalto seguido de morte nos jornais...
MÔNICA: - Por que será? Tenho a impressão que sabe de algo...
SELMA: - Muito mais que imagina.
MÔNICA: - Como o que?
SELMA: - A vida oculta do falecido que a família faz tanta questão de esconder.
MÔNICA: - Que sabe além do fato do falecido ser homossexual?
SELMA: - Como sabe?
MÔNICA: - Sou jornalista. Meu trabalho é investigar. Seu nome é?
SELMA: - Selma.
MÔNICA: - Selma... Creio que foi contratada por ser uma pessoa de confiança. O que está fazendo é crime...
SELMA: - Crime?
MÔNICA: - Usar de informações confidenciais, invadir a vida alheia, pra se beneficiar... Que será que o Sr Egídio diria ou faria se soubesse?
SELMA: - Por favor... Não diga nada.
MÔNICA: - Cai fora daqui. (Selma sai)
TÁCIO: - E?
MÔNICA: - Nada demais. É só uma idiota se achando esperta. Agora vamos trabalhar. (Saem)
ATO IV – CENA II
TERESA: - Bom dia.
HÉLIO: - Bom dia.
TERESA: - Dona Mara os espera. Por aqui por favor...
HÉLIO: - Obrigado.
MARA: - Boa tarde meus queridos.
HÉLIO: - Boa tarde.
VIRGÍNIA: - Como vai dona Mara?
HÉLIO: - E a senhora Dona Liz?
DONA LIZ: - Dentro do possível, bem.
MARA: - Sentem-se, por favor.
HÉLIO: - Obrigado.
VIRGÍNIA: - Com licença.
DONA LIZ: - Fiquem a vontade.
MARA: - Teresa, sirva-nos um chá.
TERESA: - Sim senhora.
HÉLIO: - Sentimos muito...
MARA: - Sabemos que sim. Vocês eram os melhores amigos do Marcos.
DONA LIZ: - Eram sempre presentes na vida do meu neto.
MARA: - Por isso os chamamos aqui.
HÉLIO: - Se for algo possamos ajudar...
MARA: - Mãe... Não acha melhor subir...
DONA LIZ: - Não me trate como se eu fosse uma inútil... Não subestime a minha inteligência.
MARA: - Mamãe...
DONA LIZ: - Meu jovens... O que minha filha deseja saber é sobre os segredos do Marcos.
HÉLIO: - Segredos?
MARA: - A vida oculta do meu filho.
VIRGÍNIA: - Vida oculta?
MARA: - Sim. Foi por causa desse segredo que meu filho está morto.
HÉLIO: - Não entendi.
DONA LIZ: - Entendeu sim. Marcos era gay.
MARA: - Admiro sua lealdade... Mas precisam nos ajudar.
VIRGÍNIA: - Dona Mara...
MARA: - Sei que davam cobertura a vida dupla que ele vivia.
HÉLIO: - Como podemos ajuda-la?
MARA: - Quem era o rapaz... que...
DONA LIZ: - O namorado do Marcos.
VIRGÍNIA: - Não sabemos muito...
DONA LIZ: - Não precisam mentir. Sabemos que sabem.
MARA: - Só gostaria de conhecer essa pessoa.
HÉLIO: - Não sei se posso fazer isso...
MARA: - Quem é ele?
VIRGÍNIA: - Por que a senhora que conhecê-lo.
MARA: - Se meu filho o amou e foi feliz... É que ele deve ser uma pessoa muito especial.
VIRGÍNIA: - E é.
MARA: - Quero falar com ele. Preciso conhecer essa parte da vida do meu filho que eu não participei.
HÉLIO: - Dona Mara, com todo respeito... Não podemos fazer isso... É a intimidade dele...
VIRGÍNIA: - Deixe-nos consulta-lo primeiro. Se ele nos permitir...
DONA LIZ: - É justo.
MARA: - Por favor...
HÉLIO: - Agora vamos...
VIRGÍNIA: - Obrigada pelo chá.
MARA: - Espero que nos ajude.
DONA LIZ: - É muito importante para nós.
HÉLIO: - Logo tenha resposta... Ligo pra senhora.
VIRGÍNIA: - Até logo.
MARA: - Eu os acompanho.
VIRGÍNIA: - Até mais.
MARA: - Até. (Saem)
DONA LIZ: - Acha que vão nos ajudar a encontrar esse rapaz.
MARA: - Estou bem confiante mamãe. Agora venha, é hora do seu remédio. (Saem)
ATO IV CENAIII
(Marina é presa por porte de drogas)
TÂNIA: - Boa noite...
NILTON: - Só aguardar ser chamados.
EDNALDO: - Gostaríamos de falar com o delegado.
NILTON: - Só aguardar...
EDNALDO: - (Pega o celular) Alô... Dr. Egídio?
NILTON: - Espere... O senhor disse, dr. Egígio?
EDNALDO: - Exatamente.
NILTON: - Por favor... Sentem-se.
EDNALDO: - Podemos falar com o delegado?
NILTON: - Dr. Ednaldo... Delegado.
EDNALDO: - Prazer.
NILTON: - O senhor?
EDNALDO: - Assessor do Dr. Egídio.
NILTON: - Claro. Então já sabem...
EDNALDO: - Sim... E nos sentimos completamente envergonhados...
NILTON: - Imagino. Um prato cheio pra imprensa.
TÂNIA: - Então, todos já sabem?
NILTON: - Não. Logo que soube de quem era filha o elemento...
TÂNIA: - Marina.
NILTON: - Perdão. Mas a moça foi pega com uma quantidade razoável de droga. Enquadrada como traficante.
TÂNIA: - Marina não é traficante.
EDNALDO: - Uma irresponsável. Doutor, que podemos fazer?
NILTON: - Em nome do Dr. Egídio, posso dar um jeito...
EDNALDO: - Imagino que isso terá um custo.
NILTON: - Sobre isso conversaremos depois.
TÂNIA: - Posso ver minha irmã.
NILTON: - Claro! Rodrigues...
RODRIGUES: - Senhor?
NILTON: - Traga a moça.
RODRIGUES: - É pra já.
TÂNIA: - Como ela está?
NILTON: - Esquenta não... A moça teve tratamento vip.
MARINA: - Vieram zombar da minha cara?
EDNALDO: - Por mim apodreceria aqui.
MARINA: - Babaca!
TÂNIA: - Que pensa que esta fazendo?
MARINA: - Vivendo.
TÂNIA: - E isso é lá vida?
MARINA: - O que é vida? Isto que você vive ao lado desse encostado?
EDNALDO: - Cala a boca.
MARINA: - Quem vai fazer calar? Você?
EDNALDO: - Deveriam deixar você apodrecer numa cela. Quem sabe assim você aprenderia.
MARINA: - Sou a única que tem a coragem de dizer a verdade. Nesta família ninguém presta... São todos mascarados...
EDNALDO: - Cala essa boca. Você não passa de uma vadia drogada!
TÂNIA: - Chega vocês dois. Temos que sair daqui... Daqui a pouco a imprensa chega e teremos outro escândalo.
MARINA: - Escândalo? É essa vidinha de mentirinha que vocês vivem... Um casal perfeito, só diante da plateia, por que na cama... (Rir)
TÂNIA: - Agora chega! (Esbofeteia) Já passou do limite.
MARINA: - Prefiro apodrecer aqui do que ir com vocês...
EDNALDO: - Não seja por isso...
TÂNIA: - Não. Marina, por favor.
NILTON: - Vamos fazer o seguinte... Eu peço que o detetive Rodrigues acompanhe a moça até sua casa.
MARINA: - Praquela casa não volto. Nunca mais!
NILTON: - A moça volta sim... Nem que eu tenha que lhe entregar algemada.
MARINA: - Vou lhe denunciar...
NILTON: - Primeiro responderá ao processo. Você não é primaria... Por isso não poderá responder em liberdade. A escolha é sua.
TÂNIA: - Marina...
MARINA: - Já entendi.
EDNALDO: - Não sei como lhe agradecer.
NILTON: - Depois conversamos.
EDNALDO: - Vamos Tânia.
TÂNIA: - Marina...
MARINA: - Esquece que eu existo.
NILTON: - Detetive leve-a. (Saem)
ATO IV CENA IV
(No escritório)
LUDIMILA: - Que bom que você pode me receber.
EGÍDIO: - Espero que seja breve.
LUDIMILA: - Mara já deve ter adiantado o assunto.
EGÍDIO: - Espero que não seja um golpe.
LUDIMILA: - assim você me ofende e ofende a honra da minha filha.
EGÍDIO: -Então Isabel está grávida?
LUDIMILA: - Fiquei surpresa, porém feliz.
EGÍDIO: - Não seja idiota. Meu filho era gay.
LUDIMILA: - Não seja ridículo. Se ele fosse gay não teria engravidado minha filha.
EGÍDIO: - Seu golpe deu errado.
LUDIMILA: - Não me ofenda.
EGÍDIO: - Você que esta subestimando minha inteligência.
LUDIMILA: - Isabel está grávida.
EGÍDIO: - Se está grávida não é do meu filho.
LUDIMILA: - Posso lhe processar...
EGÍDIO: - Primeiro terá que provar a paternidade... Já ouviu falar em teste de DNA?
LUDIMILA: - Vou esfregar o resultado na sua cara.
EGÍDIO: - Sai do meu escritório...
LUDIMILA: - Vou pedir tudo que for necessário para minha filha.
EGÍDIO: - Deus permita que sua filha esteja grávida... E que seja do Marcos. Caso contrário, lhe meto numa boa cela.
LUDIMILA: - Vai engolir cada palavra. (Sai)
EGÍDIO: - Vadia!
ATO IV CENAVI
(Laudo final da morte)
RODRIGUES: - Com licença...
NILTON: - Chega ai... (Dá a pasta) Ai está.
RODRIGUES: - Que é?
NILTON: - Como que é? Está a tempo empenhado neste caso...
RODRIGUES: - (Lê) Então essa foi a causa de sua morte?
NILTON: - Agora é definitivo. O laudo é incontestável.
RODRIGUES: - Possível arma... Objeto pontiagudo não identificado... Possivelmente material plástico. Material plástico?
NILTON: - E se dê uma lida mais abaixo vai vê que o possível criminoso tinha entre um metro e cinquenta a um metro e sessenta e cinco. Pela força aplicada e a forma que atingiu a vítima, suspeita-se que seja uma mulher, e que esta mulher é canhota.
RODRIGUES: - Isso já limita o número de suspeitos.
NILTON: - Exatamente.
RODRIGUES: - Então vamos começar o nosso trabalho...
NILTON: - Espera ai rapaz.
RODRIGUES: - Que foi?
NILTON: - Caso encerrado.
RODRIGUES: - como assim? Estamos a um passo de desvendar este mistério...
NILTON: - Doutor Egídio já providenciou tudo. O secretário de segurança pública a pedido do ministro da justiça, acabou de me ligar pedindo o arquivamento do caso.
RODRIGUES: - Isso é foda! Puta que pariu! Tanto trabalho pra que?
NILTON: - É o poder. Manda quem tem obedece quem é inteligente.
RODRIGUES: - Isso não está certo.
NILTON: - Não há certo, ou errado... O que há é que o poder é podre, e quando se mexe com os poderosos, fede... Liberado para um próximo caso.
RODRIGUES: - É revoltante!
NILTON: - É a realidade. (Sai)
RODRIGUES: - Se eu não posso fazer nada... Sei quem pode desmascarar estes malditos corruptos. (Pega o celular) Alô... Mônica? Tudo bem? Tenho uma bomba pra você... Isso mesmo. Posso te encontrar? Onde? Positivo! (Sai)
ATO IV CENAVII
(Na redação)
MÔNICA: - Vamos trabalhar?
TÁCIO: - Do que tá falando mulher?
MÔNICA: - Consegui...
TÁCIO: - O que?
MÔNICA: - Aqui tem tudo sobre o que provocou a morte do Marcos.
TÁCIO: - Isso não que dizer nada.
MÔNICA: - Não?
TÁCIO: - Não.
MÔNICA: - E se eu lhe disser que há uma grande possibilidade de quem matou o Marcos foi uma mulher.
TÁCIO: - Uma mulher? Naquele lugar?
MÔNICA: - Exatamente.
TÁCIO: - Diria que impossível. Surreal.
MÔNICA: - Não... O assassino... É uma pessoa próxima.
TÁCIO: - Será?
MÔNICA: - Vamos investigar todas as pessoas próximas do Marcos, mulheres entre 1.50m a 1.65 e que seja canhota.
TÁCIO: - Como faremos isso?
MÔNICA: - Começamos pela família... Depois amigos...
TÁCIO: - E você acha mesmo que a família dele vai deixar você pisar naquela casa?
MÔNICA: - Conheço alguém que possa nos ajudar... Lá de dentro.
TÁCIO: - A empregada?
MÔNICA: - Exatamente.
TÁCIO: - Não vai aceitar. Esqueceu do último encontro?
MÔNICA: - Vou usar a mesma arma que ela...
TÁCIO: - Extorsão?
MÔNICA: - Não. Troca de favores. Ela me ajuda, eu não conto que ela me procurou com informações em troca de dinheiro.
TÁCIO: - você é cruel.
MÔNICA: - Não meu querido. Eu sou viva! Agora vamos.
TÁCIO: - Espera... (Saem)
ATO IV CENAVIII
(Mara vai a casa de junior)
MARA: - Bom dia.
JÚNIOR: - Bom dia.
MARA: - Eu sou...
JÚNIOR: - sei quem é a senhora. Dona Mara... Mae do marcos.
MARA: - Exatamente.
JÚNIOR: - Por favor entre.
MARA: - Com licença.
JÚNIOR: - Fique a vontade. Sente-se por favor.
MARA: - Obrigada.
JÚNIOR: - A senhora aceita...
MARA: - Não... Não precisa se preocupar... Estou bem...
JÚNIOR: - Claro.
MARA: - Então, era aqui... Aqui que meu filho se refugiava...
JÚNIOR: - Não. Aqui era o segundo lar do seu filho.
MARA: - Por que nos escondeu?
JÚNIOR: - Não queria lhes magoar.
MARA: - Talvez tudo seria diferente.
JÚNIOR: - Também creio nisso.
MARA: - de muito bom gosto.
JÚNIOR: - Foi ele que me ajudou a decorar.
MARA: - Meu filho tinha bom gosto. (Vê uma foto do filho. Chora) Meu filho...
JÚNIOR: - Vou pegar uma água.
MARA: - Não precisa. (Júnior sai) Meu filho... Que saudade!
JÚNIOR: - Aqui. Beba.
MARA: - Obrigada. Você o amava?
JÚNIOR: - Muito. (Sem jeito)
MARA: - Foram felizes?
JÚNIOR: - Sempre.
MARA: - E a noiva?
JÚNIOR: - Sabia que era só faixada.
MARA: - Que?
JÚNIOR: - Não devia ter dito...
MARA: - Faixada?
JÚNIOR: - Só estava com ela, por vocês.
MARA: - Mas ela está grávida.
JÚNIOR: - Impossível.
MARA: - Que quer dizer?
JÚNIOR: - Que seu filho nunca teve nada com esta moça.
MARA: - Eram noivos.
JÚNIOR: - Marcos nunca transou com ela.
MARA: - Como sabe?
JÚNIOR: - Não mentiria pra mim. Não sobre isso.
MARA: - Então o que fazia naquele lugar? Dizem...
JÚNIOR: - Que era um lugar de pregação...
MARA: - Suspeito.
JÚNIOR: - Tínhamos brigado. Foi uma briga muito feia... Exigi que ele terminasse o noivado e assumisse de vez a nossa relação. Então se sentiu pressionado e foi...
MARA: - parar naquele lugar.
JÚNIOR: - Exatamente.
MARA: - Se ele não teve nada com ela...
JÚNIOR: - Posso lhe garantir.
MARA: - Então a gravidez...
JÚNIOR: - O pai não é o Marcos. Isso lhe garanto.
MARA: - Vamos deixar esta conversa de lado. Vim pra falar sobre vocês... E agora? O que pretende fazer?
JÚNIOR: - Tenho que continuar...
MARA: - Precisa de ajuda?
JÚNIOR: - Não, obrigado. Tenho minha profissão...
MARA: - E o que faz?
JÚNIOR: - Sou cabelereiro. Tenho um salão...
MARA: - Entendo. Bom, Júnior... Obrigada por me receber.
JÚNIOR: - Que isso! Foi um prazer.
MARA: - Se precisar de alguma coisa...
JÚNIOR: - Obrigado. (Ela sai) Caraca!
ATO IV CENA IX
(NO APARTAMENTO DE LUDIMILA)
LUDIMILA: - Como está se sentindo?
ISABEL: - Como estou me sentindo? Péssima!
LUDIMILA: - Um dia vai me agradecer...
ISABEL: - Você é um monstro. Que tipo de mãe dopa a filha e entrega a um estranho?
LUDIMILA: - O Sérgio é um cara de muita confiança...
ISABEL: - E se este cara estiver doente?
LUDIMILA: - Tá louca menina?
ISABEL: - Claro... Transou comigo sem preservativo. E se ele tiver alguma doença infecto contagiosa.
LUDIMILA: - Não tem. Dá pra parar de ser melodramática? Em algumas semanas você estará gravida.
ISABEL: - E se não estiver?
LUDIMILA: - Tentamos outra vez. Você tem um mês para engravidar.
ISABEL: - Você é doente.
LUDIMILA: - Não meu bem... Estou cuidando da nossa previdência. (Campanhia) Ah, não... O que quer aqui?
MÔNICA: - Seria educado me deixar entrar.
LUDIMILA: - Não preciso ser educada com você... Se insistir, chamo a polícia.
MÔNICA: - Ótimo. Chama! Sabe o que tenho aqui em minhas mãos? Tudo sobre a sua vida.
LUDIMILA: - Fofocas. Coisas dessas revistas de mexericos...
MÔNICA: - Que será que vão achar quando souber que você foi suspeitar de matar um milhionário envenenado em 77?
LUDIMILA: - Cala-se. Fui inocentada.
MÔNICA: - Posso?
LUDIMILA: - Entra. (Furiosa)
MÔNICA: - Prometo ser breve. Como vai Isabel?
ISABEL: - Bem...
MÔNICA: - Não me parece bem.
LUDIMILA: - Ela está cansada.
MÔNICA: - Você não me oferece uma água.
LUDIMILA: - Não.
ISABEL: - Eu pego.
MÔNICA: - Que gentil.
LUDIMILA: - Que quer?
MÔNICA: - Conhece os amigos do Marcos?
LUDIMILA: - Amigos?
MÔNICA: - Mulheres.
LUDIMILA: - Mulheres? Que isso?
MÔNICA: - É o que desejo.
LUDIMILA: - Por que não pergunta a família dele?
MÔNICA: - Acha mesmo que me receberiam.
LUDIMILA: - Preciso responder?
ISABEL: - Aqui está. (Entrega o copo)
MÔNICA: - Hei?
ISABEL: - Que foi?
MÔNICA: - Você é canhota?
ISABEL: - Sou.
MÔNICA: - Olha que coincidência... Minha mãe também era.
LUDIMILA: - Você não veio aqui só por isso...
MÔNICA: - Por que Isabel não seguiu a mesma carreira que você?
ISABEL: - Não tenho altura.
MÔNICA: - Mede quanto?
ISABEL: - Um sete.
MÔNICA: - Interessante. Poderia ser modelo fotográfica. Tem um rosto bonito vai por mim.
LUDIMILA: - Que uma manchete? Então escreva neste jornaleco, que minha filha, está grávida.
MÔNICA: - Grávida?
LUDIMILA: - Exatamente. Minha filha terá o futuro herdeiro... Filho do Marcos.
ISABEL: - Mãe?
MÔNICA: - Isabel, não parece feliz...
LUDIMILA: - Ainda está abalada com a morte do seu grande amor.
ISABEL: - Eu estou cansada... Com licença. (Sai)
MÔNICA: - Essa menina não está bem.
LUDIMILA: - Ficará.
MÔNICA: - Boa cartada! Mas o jogo ainda não terminou. Bem... Preciso ir. Obrigada pela hospitalidade. (Sai)
LUDIMILA: - Vai carniça!
ATO IV CENA X
MARINA: - O que você quer?
DONA LIZ: - Filha, não fale assim com sua mãe.
MARINA: - Não tenho mãe.
DONA LIZ: - Não diga isto.
MARINA: - Será que não percebe que não é bem vinda?
MARA: - Então é aqui que você vive.
MARINA: - É. E aqui sou feliz.
MARA: - Vive?! (Risos) Se é que pode chamar isso de viver...
MARINA: - Acha mesmo que vida só há debaixo do conforto?
DONA LIZ: - Marina... Isso não é lugar pra você.
MARINA: - Não? Onde é lugar pra mim? Naquela mansão mal assombrada... De tantas mágoas, mentiras, infelicidade e desamor...
MARA: - Eu vim lhe propor uma trégua...
MARINA: - Faça-me rir.
DONA LIZ: - Escute sua mãe.
MARINA: - Que palhaçada é está?
MARA: - Você tem razão Marina...
MARINA: - Do que está falando, agora?
DONA LIZ: - Escute filha...
MARINA: - Fala, vai... Mas fala logo que estou compressa.
MARA: - Falhei como mãe. Falhei... Reconheço. Na tentativa de proteger meus filhos, eu os expos aos piores sofrimentos...
MARINA: - Que lindo! Vai ganhar o óscar por sua interpretação.
DONA LIZ: - Não seja sarcástica.
MARINA: - Vai... Segue enfrente com seu teatrinho...
MARA: - Você... Entregue a estes entorpecentes... Teu irmão, perdeu a vida por esconder... Que...
MARINA: - Era gay.
MARA: - Gay. Tua irmã...
MARINA: - A mulher mais infeliz do mundo. Vive num casamento sem amor... Onde o marido a faz de gato e sapato... A coloca mais baixo que a sola de um sapato...
MARA: - Quero consertar as coisas...
MARINA: - Não há mais jeito. Não percebe?
DONA LIZ: - pra tudo há um jeito.
MARINA: - Vão fazer o que? Me internar novamente numa dessas clínicas? Vai dá uma de Jesus Cristo? Vai ressuscitar Marcos? Vai tirar minha irmã daquele casamento infeliz? Arrancando do coração dela todo amor que ela sente por aquele crápula? Hein?
MARA: - Quero que me ajude...
MARINA: - Lhe ajudar?
MARA: - É filha. Me ajudar... Sou eu quem preciso de você.
MARINA: - Sinto muito mamãe... Eu... morrei. Estou morta. Você me mataram...
DONA LIZ: - Não diga bobagem menina!
MARINA: - Agora saiam...
DONA LIZ: - Não se trata assim a família.
MARINA: - Família? Eu não tenho família.
DONA LIZ: - Olha aqui menina...
MARA: - Deixe mamãe, deixe.
DONA LIZ: - Mimada! O que precisa...
MARINA: - Não podem me dar. Nunca puderam...
MARA: - Filha...
MARINA: - Saiam.
MARA: - Vamos mamãe. (Saem)
ATO IV CENA XI
MÔNICA: - Que bom que veio...
DETETIVE: - Tinha dúvida?
MÔNICA: - Sem piadinhas, por favor...
DETETIVE: - Nossa! Quanta seriedade...
MÔNICA: - Tenho um suspeito...
DETETIVE: - Você não esquece isso mesmo...
MÔNICA: - Jamais. Vou publicar essa matéria.
DETETIVE: - Se fosse você não confiava muito nisso...
MÔNICA: - Não nadei tanto pra morrer na praia.
DETETIVE: - Que descobriu?
MÔNICA: - Tenho quase certeza de quem assassinou o Marcos.
DETETIVE: - Quem é sua aposta?
MÔNICA: - Alguém muito próximo.
DETETIVE: - O frutinha?
MÔNICA: - O Júnior? Não.
DETETIVE: - Quem?
MÔNICA: - A noivinha.
DETETIVE: - Tá brincando.
MÔNICA: - Não. Tudo bate.
DETETIVE: - Mas ainda falta a arma do crime.
MÔNICA: - Meu fotografo... Encontrou isso...
DETETIVE: - Que isso?
MÔNICA: - Um prendedor de cabelo japonês.
DETETIVE: - Como sabe que isso foi arma usada?
MÔNICA: - Só pode ter sido. Como lá só há um... Que dizer que quem matou, tem o outro.
DETETIVE: - E o que quer fazer com isso?
MÔNICA: - Nem parece que é dá polícia. Precisamos que este objeto seja periciado.
DETETIVE: - Tenho um amigo na perícia.
MÔNICA: - Pode fazer isso?
DETETIVE: - Por você... Mas vai ter um preço.
MÔNICA: - Ah, é? Qual?
DETETIVE: - No momento certo você saberá.
MÔNICA: - Bom... Preciso ir.
DETETIVE: - Mas já?
MÔNICA: - É.
DETETIVE: - Por que será que tenho sempre a impressão que você está fugindo de mim?
MÔNICA: - Por que gosto de brincar de gata e rato. (Sai)
DETETIVE: - Tchaú... (Sai)
ATO IV CENA XII
(Todos na mansão)
EGÍDIO: -Nanci...
NANCI: - Senhor?
EGÍDIO: - Mara?
NANCI: - Deuma saída senhor
EGÍDIO: - Mara sabe que detesto que atrase o jantar.
NANCI: - Mas já deve está voltando...
EDNALDO: - Egídio... Desculpe-nos o atraso.
EGÍDIO: - Que bom que chegaram.
TÂNIA: - Papai...
EGÍDIO: - Filha... Que marca é está?
TÂNIA: - Me machuquei. Escorreguei... E bati o rosto.
EDNALDO: - Já pedi pra ter cuidado... Mas sabe como é sua filha.
NANCÍ: - Doutor... é que Dona Ludimila...
EGÍDIO: - Essa mulher não...
EDNALDO: - Quer que eu dê um jeito?
LUDIMILA: - Que maravilha! A família reunida... Não há nada mais incrível que a família unida. Não é mesmo Egídio?
EGÍDIO: - o que você quer?
LUDIMILA: - Sem cerimonias meu caro... Somos parentes.
EGÍDIO: - Nanci... Coloque mais um lugar há mesa.
NANCÍ: - Sim senhor.
EGÍDIO: - Até que enfim...
MARA: - Fui vê Marina.
TÂNIA: - E ela? Como está?
DONA LIZ: - Como sempre. Só faltou nos enxotar...
LUDIMILA: - Ainda bem que minha Isabel não me dá este trabalho.
DONA LIZ: - Você está sendo desagradável. (Campanhia)
SELMA: - Eu atendo.
LUDIMILA: - Estou apenas participando da conversa... Afinal de contas somos da família.
MARA: - Quem disse que somos da família?
DONA LIZ: - Ora, Isabel terá um filho...
MARA: - Filho?
LUDIMILA: - Isso já não é novidade... É?
MARA: - Marcos nunca se deitou com sua filha.
LUDIMILA: - Que? Que absurdo é este?
DONA LIZ: - Meu neto nunca transou com sua filha.
EGÍDIO: -
MARA: - Meu filho era gay. E você sabe disso. Se tua filha esta grávida, não é do meu...
ISABEL: - Não estou grávida.
LUDIMILA: - Cala boca.
ISABEL: - Fiz o exame...
LUDIMILA: - Cala-se...
ISABEL: - E graça a você...
LUDIMILA: - Cale essa boca.
ISABEL: - Eu estou contaminada...
TÂNIA: - Que?
EDNALDO: - Deixe ela falar
ISABEL: - estou com o vírus da aids...
DONA LIZ: - Meu Deus!
LUDIMILA: - Isso não é verdade.
ISABEL: - O seu amiguinho... É portador do vírus. Satisfeita agora?
EGÍDIO: - que me explicar o que está acontecendo aqui?
DONA LIZ: - Você cale essa boca. Não diga mais nada.
ISABEL: - Tire essa suas mãos sujas de mim.
DONA LIZ: - Que isso... Sou tua mãe.
ISABEL: - Mãe? Sabe o que significa ser mãe? (Para todos) Essa mulher que aqui está... Essa que se diz ser minha mãe... Foi capaz de me dopar... É, é isso mesmo... Me dopou e me entregou a um estranho... Tudo isso, sabe por que? Pra dá um golpe em vocês... Tudo por dinheiro. Esse maldito dinheiro! Agora olha eu aqui... Estou contaminada...
TERESA: - Com licença... É que tem um detetive ai fora...
EGÍDIO: - Detetive?
TERESA: - É.
MARA: - Peça para ele entrar.
EGÍDIO: - Não.
MARA: - eu quero ouvi o que este detetive tem a dizer.
DETETIVE: - Boa noite.
EGÍDIO: - O que o trás aqui senhor detetive?
DETETIVE: - Estava a procura da senhorita Isabel.
LUDIMILA: - Isabel?
ISABEL: - Eu?
DETETIVE: - Sabe por que estou aqui, não sabe?
ISABEL: - Sei.
LUDIMILA: - Não. Filha... Não diga nada, não responda nada, vou providenciar um advogado...
ISABEL: - Minha vida acabou mãe... Sou uma infeliz! É isso mesmo, sou a pessoa mais infeliz da face da terra.
TÂNIA: - Que está dizendo Isabel...
ISABEL: - Fui trocada por meu noivo por outro homem... Todos esses anos... E nunca se quer meu noivo me tocou... Não sentia nada, nada, nada... Nada além de pena de mim. Eu? Eu era apenas um estandarte, um troféu, que servia de enfeite... Deste modo ninguém desconfiaria que ele... Ele tinha, um amante... Um amante não... Um marido. Um homem, que o satisfazia do modo que eu... Eu não podia...
TÂNIA: - Meu Deus!
DETETIVE: - Isto lhe pertence?
LUDIMILA: - Não.
ISABEL: - Sim.
DONA LIZ: - Isabel... Que você fez?
ISABEL: - Naquela noite ele me deixou em casa como sempre... Me deu um beijo no rosto... Me deu até logo e entrou no carro... Eu já desconfiava. Então peguei meu carro e o segui. E ele estava lá... Agarrado com outro homem... Ele o beijava de tal jeito que nunca... Nunca, jamais me bejou...
LUDIMILA: - Chega filha.
ISABEL: - Cale-se.
MARA: - Continue.
EDNALDO: - Que aconteceu?
ISABEL: - Me percebeu... Tentou se explicar... Explicar!? Então me confessou... Que não sentia nada por mim, que eu... era apenas uma amiga... e que jamais poderia se casar comigo... Eu fiquei louca! Comecei a bater nele. Ele me segurou forte... Então, peguei meu prendedor de cabelo, e o atingi...
MARA: - Você matou meu filho.
DONA LIZ: - Meu Deus!
TÂNIA: - Assassina! Matou meu irmão.
DETETIVE: - É melhor vir comigo.
ISABEL: - Eu juro que não queria... Foi um acidente... Aconteceu. Ninguém, mais amou o Marcos que eu.
MARA: - Quem ama não mata.
ISABEL: - Mata. Vocês matou Marina...
DETETIVE: - Vamos...
LUDIMILA: - Filha...
ISABEL: - Você me matou.
EGÍDIO: - Vai mofar numa cela.
ISABEL: - Já sou uma morta. Morta! Morri, no dia que tirei a vida di homem que eu amava. (Saem)
EGÍDIO: - Quanto a você sua vagabunda... Sai desta casa.
MARA: - Ludimila... Sua vigarista, nossos advogados vão lhe processar. (Ludimila sai)
TÂNIA: - Papai... Me ajude...
EDNALDO: - Que isso Tânia?
DONA LIZ: - Siga enfrente... Esse é o momento.
TÂNIA: - Quero me divorciar.
EDNALDO: - Ficou louca?
TÂNIA: - Eu não cai papai...
EDNALDO: - Cale-se.
EGÍDIO: - Foi...?
TÂNIA: - Sim papai. Foi ele... me bateu.
EDNALDO: - Hei, calma ai... Foi só uma briguinha...
EGÍDIO: - Sai desta casa.
EDNALDO: - Não vai fazer isso...
EGÍDIO: - Duvida?
EDNALDO: - Sabe que sei...
EGÍDIO: - E você do que sou capaz. Agora saia...
EDNALDO: - Você vem comigo...
TÂNIA: - Não. Nunca mais você vai tocar em mim. Acabou.
EDNALDO: - Idiota.
TÂNIA: - Fui.
DONA LIZ: - saia daqui rapaz. Não ouviu? (Edinaldo sai)
MARA: - Filha... Você foi muito corajosa.
TÂNIA: - Mamãe... E agora?
MARA: - Você vai ter a chance de recomeçar.
EGÍDIO: - acho que não há mais clima para jantar...
MARA: - Nós vamos lá pra cima...
EGÍDIO: - Vou dar alguns telefonemas... (Saem)
CENA FINAL
DETETIVE: - Bom... Conseguimos.
MÔNICA: - É conseguimos.
DETETIVE: - E agora?
MÔNICA: - Agora? Vim lhe mostrar isto.
DETETIVE: - Um livro?
MÔNICA: - É. Meu primeiro livro!
DETETIVE: - Sugestivo...
MÔNICA: - Gostou do titulo?
DETETIVE: - O corpo!
MÔNICA: - O corpo.
DETETIVE: - Não vão deixar lançar...
MÔNICA: - Troquei os nomes... Transformei a realidade em ficção... Então? Ninguém pode me proibir de lançar meu livro.
DETETIVE: - Você é demais...
MÔNICA: - Você acha.
DETETIVE: - Acho.
MÔNICA: - E é só isso?
DETETIVE: - Que que ouvir?
MÔNICA: - Pensei que ia me convidar...
DETETIVE: - Te convidar?
MÔNICA: - Pra um lugarzinho mais tranquilo... Mais íntimo...
DETETIVE: - Isso é um convite?
MÔNICA: - Convite? Não. Uma intimação.
DETETIVE: - Opa! Só se for agora. (A pega nos braços e saem de cena)
FIM
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