O CORPO
De: Marcondys França
PERSONAGENS:
EGÍDIO: Deputado Federal Candidato ao Cargo de Governador.
MARA: Mulher de Egídio, Socialite Conservadora e Completamente Ligada as aparências.
TÂNIA: Filha Mais Velha Vive um casamento Infeliz.
EDNALDO: Marido de Tânia, braço direito de Egídio.
MARINA: Filha Mais Nova, Problemática, Dependente Química, Se Prostitui Para Manter o Vício.
MARCOS: Filho do Meio, misterioso.
DONA LIZ: Mãe de Mara, Religiosa, Coordena Projetos Sociais.
NANCÍ: Governanta de Confiança.
SELMA: Empregada de Pouca Confiança, Vende Informações à Imprensa.
TERESA: Empregada Recém Contratada.
LUDIMILA: Ex midelo, Alpinista Social, Mãe de Isabel.
ISABEL: Noiva de Marcos.
CLÓVIS: Mordomo de Ludimila.
RODRIGUES: Detetive de Polícia.
NILTON: Delegado.
MÔNICA: Jornalista Investigativa.
TÁCIO: Fotografo Jornalista.
JOÃO MANOEL: Chefe Redator, Homossexual Discreto.
JÚNIOR: Amante de Marcos.
PENÉLOPE: Travestir amigo de Júnior e Marcos.
HÉLIO: Amigo de Infância de Marcos.
VIRGÍNIA: Mulher de Hélio.
PRIMEIRO ATO
Cena I
Há uma grande movimentação de pessoas, barulhos de sirenes e helicópteros. Um corpo embrulhado em um saco preto é carregado.
MÔNICA: - (Para o fotografo) Registre tudo. Não deixe escapar um só detalhe...
DETETIVE: - Epá! Espere ai... Onde pensa que vai?
MÔNICA: - Imprensa!
DETETIVE: - Polícia.
MÔNICA: - Tá com medo que descobrimos a verdade antes de você?
DETETIVE: - Não. Apenas desejo que o local seja preservado. Suas mentiras para vender jornais não problema meu.
MÔNICA: - Então deixe-nos fazer nosso trabalho.
DETETIVE: - Deixo-nos fazer o nosso. Por favor senhorita, atrás da fita de isolamento.
MÔNICA: - Engraçado, né? Nos filmes os policiais são mais ágeis.
DETETIVE: - E os jornalistas são mais inteligentes.
MÔNICA: - Como sempre, atrasados!
DETETIVE: - Posso lhe enquadrar como desacato.
MÔNICA: - E o direito de imprensa?
DETETIVE: - Não atrapalhe nosso trabalho, moça.
MÔNICA: - O que temos aqui? Homicídio?
DETETIVE: - Poe enquanto... Só um presunto.
MÔNICA: - Engano seu. Não me parece um presunto qualquer... Olha só... Um corpo! Por mais insignificante que pareça, esse corpo tem uma história. E á atrás dessa história que iremos.
DETETIVE: - Sensacionalismo! Esse é seu negócio. Transformar as desgraças alheia em um grande espetáculo. Um grande show de horror! E como sempre, você a mocinha e nos, a polícia, os vilões.
MÔNICA: - Dou a notícia. Julgamento, deixo por conta dos leitores, e já quanto as desculpas esfarrapadas, deixo por conta da polícia. (Para o fotografo)
DETETIVE: - Não passe da fita!
MÔNICA: - (Para o fotografo) Fotografe. Então detetive... Que temos aqui?
DETETIVE: - Por enquanto não temos muitas informações.
MÔNICA: - Há, para... Alguma coisa sabe. Quebra essa vai...
DETETIVE: - Se eu lhe disse o que sei, promete me deixar em paz?
MÔNICA: - Dou minha palavra!
DETETIVE: - A vítima foi encontrada há mais ou menos uma hora, por um jovem que alega está passeando, a esta hora, nesta mata... Estranho, não?
MÔNICA: - Realmente. Passar por essa trilha a esta hora... Mas fazer trilha é considerado um esporte.
DETETIVE: - (Irônico) Conhece a história dessa trilha?
MÔNICA: - Adoraria.
DETETIVE: - Esta louquinha pra saber, não? Mas vou deixar como dever de casa pra você pesquisar. Divirta-se!
MÔNICA: - Hei! E quanto ao cadáver?
DETETIVE: - Homem, branco, alto, bem trajado, aparentando entre 20 a 25 anos de idade e sem identificação.
MÔNICA: - Causa da morte?
DETETIVE: - Não sabemos ao certo. Mas há sinal de perfuração na região do tórax. Maiores esclarecimentos só depois que a perícia terminar a autopsia.
MÔNICA: - Suspeitos?
DETETIVE: - Ainda é cedo.
MÔNICA: - Posso dá uma olhada?
DETETIVE: - Não.
MÔNICA: - Serei quase invisível!
DETETIVE: - Impossível. Se eu fosse a moça não...
MÔNICA: - Hí! Já vi coisas que até o diabo duvida.
DETETIVE: - Escuta aqui... Pra não dizer que sou mal. Vou abrir uma exceção. Um minuto.
MÔNICA: - Claro!
DETETIVE: - Ele fica. Sem fotos.
MÔNICA: - Sem fotos.
DETETIVE: - Venha.
MÔNICA: - Nossa! Que estrago. Ei?
DETETIVE: - Que foi? Vai desmaiar?
MÔNICA: - Imagina! Mas, esse rosto... Me parece conhecido.
DETETIVE: - Todos presuntos são parecidos.
MÔNICA: - Não seja insensível. Esse rosto não é estranho.
DETETIVE: - (Fecha o zíper) Você que é estranha.
MÔNICA: - Jura? Tenho um pressentimento que esse caso será um grande furo.
DETETIVE: - A sete palmos! Agora retirem esse corpo daqui. Com licença!
MÔNICA: - Toda. (Para o fotografo) Consegui uma foto.
FOTOGRAFO: - Como mulher?
MÔNICA: - Celular, meu bem! Agora vamos que temos muito trabalho pela frente.
(Saem. Apagam-se as luzes)
CENA II
MARA: - Alguma notícia Nanci?
NANCI: - Não senhora. Por enquanto nenhuma.
MARA: - Ah, meu Deus! Por onde andará este irresponsável?
NANCI: - Isto é coisa de jovem. A senhora vai ver, logo, logo, seu Marcos entrará por esta porta, como nada estivesse acontecido, e tudo se esclarecera.
MARA: - Sei não, Nanci... Deus te ouça! Mas, algo me diz...
NANCI: - Não dona Mara. Pelo amor de Deus! Não pense bobagens. Vamos pensar em coisas positivas. Vai vê que seu querido filho está por ai, farrando com os amigos.
MARA: - Infelizmente, Nanci... Meu coração de mãe esta me dizendo que algo ruim está se aproximando. Sabe, quando você sente aquele aperto... Sei lá... Intuição de mãe.
NANCI: - Não diga uma coisa dessa! Pelo amor de Deus!
MARA: - Eu sinto Nanci! Algo de ruim aconteceu com meu filho.
NANCI: - Não... Que isso? A senhora está nervosa. Vamos rezar. Deus há de proteger seu Marcos.
MARA: - E a polícia? Bando de inúteis! Incompetentes... Por que não localizam logo meu filho?
NANCI: - Calma!
MARA: - Que calma?! Como posso ter calma. Meu filho está sumido e você me pede calma?
(Entra Tânia)
TÂNIA – Mãe... Viemos o mais rápido que podemos. Como está?
MARA: - Uma pilha de nervos.
TÂNIA – Por gentileza Nanci... Providencie um chá. (Nanci sai) E a polícia? Alguma novidade?
NANCI: - Nada. Só que estão trabalhando com várias hipóteses.
MARA: - Sequestro?
TÂNIA – Pago que for preciso pra ter meu filho de volta.
MARA: - E terá. Tenho certeza que papai vai mobilizar meio mundo para encontrar o Marcos.
TÂNIA – A única coisa que mobiliza seu pai... É essa maldita campanha. Política! Sempre em primeiro lugar.
NANCI: - Mãe, é a carreira dele. Também é importante pra ele.
MARA: - Nada neste mundo deveria ser mais importante que a família.
TÂNIA – Oh, mãe!
MARA: - Sabe filha... Fui criada numa família humilde. Éramos tão pobres... Mas o laço familiar que nos unia, era tão forte, mas tão firme, que não existia problemas ou dificuldades que nos abalasse, a ponto de ceder nossa estrutura familiar. Mas, quando vejo nossa família, temos tudo... Menos o principal.
TÂNIA – Temos amor.
MARA: - Mas nos falta união. Não sei onde errei. Não fui capaz de protegê-los.
TÂNIA – Mãe... Não gostaria de falar de meus problemas. Não foi pra isso que vim até aqui...
MARA: - Juro, que meu desejo é vê você feliz.
TÂNIA – Eu sou.
MARA: - Não. Não é...
TÂNIA – Felicidade... São momentos. E eu os tenho, nem que seja de vez em quando.
MARA: - Filha... Não se sabote. Mentir pra si mesma, é sempre a pior e mais dolorosa mentira. Sua infelicidade está estampada em seus olhos.
TÂNIA – E Marina?
MARA: - Não sei. Não faço ideia. Faz dois dias que a destrambelhada da sua irmã não aparece. Que não é novidade!
TÂNIA – Mãe, já disse que deveríamos interna-la numa clínica de recuperação.
MARA: - Pra que? Pra fugir novamente? Enquanto ela não se convencer que precisa de ajuda, pra se livrar desse maldito vício, nada poderemos fazer, a não ser vê-la se autodestruindo.
TÂNIA – Acho tão triste...
MARA: - Uma coisa por vez. Agora minha preocupação é esse sumiço do seu irmão.
TÂNIA – E vó?
MARA: - No quarto.
TÂNIA – Como está reagindo a tudo isto?
MARA: - Não contamos ainda.
TÂNIA – Não sentiu falta?
MARA: - Disse-lhe que estava viajando com alguns amigos.
TÂNIA – E Isabel?
MARA: - Está a beira de um ataque de nervos.
TÂNIA – Também, pudera. Marcos a trata como uma estranha.
MARA: - A relação dos dois não vai bem.
TÂNIA – Que pena! É uma mulher extraordinária.
MARA: - Mas trás junto, a encostada da mãe como pacote. Não suporto aquela mulher... Uma alpinista social!
TÂNIA – Uma coisa não podemos negar... Isabel ama verdadeiramente o Marcos.
MARA: - Isso é verdade.
TÂNIA – E esse chá que não vem? Vou apressar Nanci e aproveito pra vê a vó.
MARA: - Vai sim filha. Mas cuidado... Por enquanto é melhor que ela não perceba nada.
TÂNIA – Pode deixar. Fica tranquila. (Sai)
(Mara anda de um lado a outro preocupada. Apagam-se as luzes)
CENA III
(No escritório)
SECRETÁRIA: - Sr. Deputado?
EGÍGIO: - Pois não?
SECRETÁRIA: - Detetive Rodrigues...
EGÍGIO: - Por favor, peça que entre.
SECRETÁRIA: - Sim senhor. Com licença. (Sai e retorna) Por favor...
EGÍGIO: - Feche a porta.
SECRETÁRIA: - Sim senhor.
RODRIGUES: - Bom dia deputado.
EGÍGIO: - Por favor, sente-se.
RODRIGUES: - Obrigado.
EGÍGIO: - Alguma novidade?
RODRIGUES: - Estamos fazendo o possível.
EGÍGIO: - Pois faça o impossível. Não poupe nenhum esforço para encontrar meu filho.
RODRIGUES: - Lhe garanto que estamos fazendo tudo que esta ao nosso alcance. Mas trabalhamos com todas as hipóteses, todas. Até mesmo com... a hipótese de assassinato.
EGÍGIO: - Que esta querendo dizer?
RODRIGUES: - Que não podemos descartar nada. Numa cidade como esta, onde a violência esta generalizada, tudo é possível. Sequestro, assalto, prostituição, drogas, assassinato...
EGÍGIO: - Simplifique. Meu tempo vale dinheiro.
RODRIGUES: - Claro!
EGÍGIO: - O que lhe trouxe aqui.
RODRIGUES: - Sei que não será fácil...
EGÍGIO: - Seja objetivo.
RODRIGUES: - Temos três cadáveres.
EGÍGIO: - Que?
RODRIGUES: - As características são muito próximas...
EGÍGIO: - Cadáver?
RODRIGUES: - Exatamente, senhor.
EGÍGIO: - Meu Deus!
RODRIGUES: - Por enquanto é só uma suspeita. Pra nós, são cadáveres. Apenas três corpos a espera de identificação. Preciso que o senhor ou alguém da família, me acompanhe até o IML para fazer este reconhecimento.
EGÍGIO: - Meu Deus!
RODRIGUES: - Calma, senhor Deputado. Pode ser apenas uma triste coincidência.
EGÍGIO: - (Pega o telefone) Senhora Eliane...
SECRETÁRIA: - Senhor?
EGÍGIO: - Avise ao senhor Ednaldo que precisei sair.
SECRETÁRIA: - Sim senhor.
EGÍGIO: - Por favor... (Para o detetive)
RODRIGUES: - O senhor não prefere ir acompanhado?
EGÍGIO: - Não. (Saem)
SECRETÁRIA: - Que clima! (Sai)
CENA IV
LUDIMILA – Quem ele pensa que é? Desaparece, assim, sem dar uma notícia.
ISABEL: - Mãe...
LUDIMILA – Isabel, você é a noiva dele. Noiva! E o mínimo que ele tinha que fazer, como forma de respeito, é dar satisfações.
ISABEL: - Mãe... Marcos, está desaparecido.
LUDIMILA – Desaparecido!
ISABEL: - Pode ter sido sequestrado.
LUDIMILA – Sequestrado!
ISABEL: - Sabe Deus o que está acontecendo. Pode até acontecer o pior.
LUDIMILA – Tomara. Tomara... Porque se não for isso... Eu mesmo vou esganá-lo com minhas próprias mãos.
ISABEL: - Pelo amor de Deus mamãe... Eu estou aqui, uma pilha de nervos, preocupada com o sumiço do Marcos e você ao invés de me tranquilizar me deixa mais tensa.
LUDIMILA – Isabel, minha querida. Abra seus olhos... Se não seguir minhas orientações você vai acabar perdendo este homem. Tá cheio de vagabundas ai querendo encontrar um idiota, igual a seu noivo, e lhe aplicar o golpe da barriga de ouro. Coisa que você devia ter feito, a muito tempo.
ISABEL: - Eu amo o Marcos. Será que você entende isso?
LUDIMILA – Entendo. Com amor, seria até mais fácil. Meu bem, essa história de amor, é linda, nos livros. Mas na vida real, só funciona quando a falta de dinheiro, as dificuldades mina qualquer relacionamento.
ISABEL: - Ainda que o Marcos fosse um pé rapado, eu o amaria mesmo assim.
LUDIMILA – Definitivamente! Você não é minha filha. Foi trocada na maternidade... Só pode!
ISABEL: - É uma hipótese provável!
LUDIMILA – Acorda, bela adormecida! Acorda antes que lhe ofereçam uma maçã. Minha filha, a vida não é um conto de fadas. Na maioria das vezes, ela é muito cruel.
ISABEL: - Por que acha que todos vão passar pelas mesmas coisas que você.
LUDIMILA – Não admito que fale assim. Você não pode imaginar um terço das coisas que tive que passar pra sobreviver.
ISABEL: - Desculpe-me mamãe.
LUDIMILA – Você está preste a se casar com o filho de um grande figurão... Logo seu noivo será apresentado a política, e poderá herdar o lugar do pai.
ISABEL: - Não é seu desejo.
LUDIMILA – Deus só dá asas pra quem não deseja voar.
ISABEL: - As vezes penso que a senhora gostaria de está no meu lugar.
LUDIMILA – Não tive esta oportunidade. Se tivesse, teria aproveitado ao máximo!
ISABEL: - Sei que sim.
LUDIMILA – Seria a noiva mais feliz do mundo!
ISABEL: - Mas não é.
LUDIMILA – Infelizmente.
ISABEL: - Acho que Marcos não me ama.
LUDIMILA – Que baixa estima!
ISABEL: - Me sinto insegura.
LUDIMILA – A família te aceita. E isto é um grande passo... A aceitação da família do seu noivo.
ISABEL: - Mas não é com a família dele que eu vou me casar.
LUDIMILA – Você quem pensa! Ah, minha menina... Tem muito que aprender.
ISABEL: - Oh, mãe!
LUDIMILA – Segue os conselhos da mamãe... Hein? Segue?
ISABEL: - Que quer que eu faça?
LUDIMILA – Dê um filho a este homem.
ISABEL: - Não acredito nisso. É obsessão!
LUDIMILA – Não meu bem. Quando chegar a minha idade você vai entender. Meu anjo, o maior arrependimento que sinto, é não ter aproveitado mais a minha beleza e juventude, garantindo o meu futuro.
ISABEL: - Não sou modelo.
LUDIMILA – Se fosse, talvez seria mais esperta.
ISABEL: - Vou a mansão... Quem sabe já teem notícias.
LUDIMILA – Espere.
ISABEL: - Não mãe.
LUDIMILA – Acha mesmo que vou perder esta? Vou com você.
ISABEL: - Mãe?
LUDIMILA – Solidariedade meu bem! (Pega a bolsa) Agora podemos ir. Estou pronta!
ISABEL: - Se eu pedir...
LUDIMILA – Não. (Saem)
CENA VI
(Na Mansão)
SELMA – Você acha que aconteceu alguma coisa com seu Marcos?
TERESA: - Num conheço ainda bem a rotina da casa. Tô aqui poucas semanas e pouco vi seu Marcos.
SELMA – Seu Marcos nunca foi de sumir assim.
TERESA: - E o que acha?
SELMA – Ou são cegos ou se fazem. Quem sabe seu Marcos num encontrou o amor da sua vida... Tomou coragem! È, caiu fora.
TERESA: - Coragem de que?
SELMA – Deixa pra lá. Boca calada num entra mosca.
TERESA: - Só se fosse muito louco! Deixá uma casa dessa, cheia de conforto. Tem gente que e mermo bobo, num sabe dar valor ao que tem.
SELMA – Não seja idiota mulé. Num se deixe enganar pelas aparências. Por trás dessa beleza toda tem muita insatisfação, infelicidade...
NANCI: - Mas que paga o teu salário. E paga pra fazer o teu trabalho, não pra ficar de conversa fiada. Quanto a você Teresa vai na onda dessa não. Não se esqueça que você ainda está na experiência, e pelo que me falou precisa desse emprego. No mais, se fosse Dona Mara que tivesse escutado estes infelizes comentários, as duas estavam na rua. Agora voltem ao trabalho. E de preferencia caladas.
CENA VII
(NO IML)
MÔNICA - Fotografou o carro?
TÁRCIO: - Claro.
MÔNICA – Oficial. Quem será? Que veio fazer aqui?
TÁRCIO: - Não vai ser fácil descobrir.
MÔNICA – Bom, acho melhor eu ir lá dentro, vê se eu descubro algo... Enquanto isso, você tenta tirar alguma informação do motorista.
TÁRCIO: - Eu?
MÔNICA – tá vendo mais alguém aqui? Claro.
TÁRCIO: - Mas eu sou só um fotografo.
MÔNICA – Use seu charme!
TÁRCIO: - Menos!
MÔNICA – Desculpe-me! Escapou.
TÁRCIO: - Não gosto desse tipo de brincadeira.
MÔNICA – Foi mal. Prometo que não se repetira. Hei? Ah! Não vai ficar agora assim... De bico! Desculpa vai...
TÁRCIO: - Tá bom. Mas que isso não se repita.
MÔNICA – Tem razão. Eu respeito. Juro. Juro que respeito. Perdoada?
TÁRCIO: - Perdoada.
MÔNICA – Ah que bom. Que alívio! Agora eu vou lá.
TÁRCIO: - Vai... Vai nessa.
MÔNICA – Então... Vou...
TÁRCIO: - Eu farei o máximo.
MÔNICA – Parceiros?
TÁRCIO: - Parceiros. (Saem)
CENA VII
DETETIVE – Mas isso que o senhor está me pedindo é...
EGÍDIO: - Escute...
DETETIVE – O senhor quer que eu...
EGÍDIO: - Exatamente.
DETETIVE – O senhor me perdoe, mas não posso.
EGÍDIO: - Não sabe o quanto isso poderá me prejudicar.
DETETIVE – Mas não posso fazer o que está me pedindo. É fraude.
EGÍDIO: - Não lhe peço isso como Deputado, mas como um pai desesperado, na tentativa de preservar a minha família.
MÔNICA – Hora, Hora... Se não é o detetive Rodrigues!?
DETETIVE – Posso saber o que faz aqui?
MÔNICA – Meu trabalho! Agora o que o ilustríssimo Deputado faz aqui é o que é curioso.
EGÍDIO – Acho que não lhe diz respeito.
MÔNICA – Como não? O senhor é um homem público e eu sou da impressa. O senhor me dá os fatos e eu publico.
EGÍDIO: - Pois então a moça perdeu a viagem.
MÔNICA – Tem haver com o corpo encontrado no bosque?
DETETIVE – Por favor, agora não.
EGÍDIO: - Preciso ir... (Sai)
MÔNICA – Então?
DETETIVE – Não vai desistir.
MÔNICA – Pode ter certeza que não.
DETETIVE – Em off.
MÔNICA – Em off.
DETETIVE – Acho que tem um furo.
MÔNICA – Sabia! O rapaz era conhecido do Deputado?
DETETIVE – Homicídio.
MÔNICA – Isso eu já sei. Qual a ligação entre o Deputado e o corpo encontrado?
DETETIVE – Uma bomba. E você vai ficar me devendo esta.
MÔNICA – Sou todo, ouvidos!
DETETIVE – Filho.
MÔNICA – Que merda é essa? Filho?
DETETIVE – Isso mesmo que você ouviu. O rapaz foi identificado, e é filho do Deputado.
MÔNICA – Meu Deus! Então... Primeira página! (Pega o celular) Oi... Chefinho!? Reune toda equipe. Tenho uma bomba! Escuta cara... Um super furo! É... Não estou dizendo? É... É sobre o corpo que foi encontrado hoje. Calma... Escuta. Reserva a primeira página... Por que? Como por que? Chefe, o corpo encontrado, ou seja, o cadáver, nada mais é que filho de um figurão. Maiores detalhes, conto na redação, ou melhor, entrego junto com a matéria. Por que isso seria primeira página? Meu querido, segundo minhas fontes, esse rapaz, o presunto, tinha uma vida oculta. Bom, agora eu vou confirmar com os peritos a causa da morte e todos aqueles detalhes necessários para depois levantar toda vida desse rapaz. Me dá um tempo e terás uma história incrível em sua mesa.
DETETIVE – Escuta... Meu nome não pode aparecer.
MÔNICA – Não se preocupe. Nunca revelo minhas fontes. Obrigado, meu querido.
DETETIVE – Hei, espera ai.
MÔNICA – Te devo essa.
DETETIVE – E vou te cobrar.
MÔNICA – Deixa eu ir. Tenho uma matéria para escrever. Há! Detetive... Obrigado!
(Saem)
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