janeiro 27, 2013

O CORPO (ATO I)

 O CORPO
De: Marcondys França


PERSONAGENS:

EGÍDIO: Deputado Federal Candidato ao Cargo de Governador.

MARA: Mulher de Egídio, Socialite Conservadora e Completamente Ligada as aparências.

TÂNIA: Filha Mais Velha Vive um casamento Infeliz.

EDNALDO: Marido de Tânia, braço direito de Egídio.

MARINA: Filha Mais Nova, Problemática, Dependente Química, Se Prostitui Para Manter o Vício.

MARCOS: Filho do Meio, misterioso.

DONA LIZ: Mãe de Mara, Religiosa, Coordena Projetos Sociais.

NANCÍ: Governanta de Confiança.

SELMA: Empregada de Pouca Confiança, Vende Informações à Imprensa.

TERESA: Empregada Recém Contratada.

LUDIMILA: Ex midelo, Alpinista Social, Mãe de Isabel.

ISABEL: Noiva de Marcos.

CLÓVIS: Mordomo de Ludimila.

RODRIGUES: Detetive de Polícia.

NILTON: Delegado.

MÔNICA: Jornalista Investigativa.

TÁCIO: Fotografo Jornalista.

JOÃO MANOEL: Chefe Redator, Homossexual Discreto.

JÚNIOR: Amante de Marcos.

PENÉLOPE: Travestir amigo de Júnior e Marcos.

HÉLIO: Amigo de Infância de Marcos.

VIRGÍNIA: Mulher de Hélio.

PRIMEIRO ATO

Cena I

Há uma grande movimentação de pessoas, barulhos de sirenes e helicópteros. Um corpo embrulhado em um saco preto é carregado.

MÔNICA: - (Para o fotografo) Registre tudo. Não deixe escapar um só detalhe...

DETETIVE: - Epá! Espere ai... Onde pensa que vai?

MÔNICA: - Imprensa!

DETETIVE: - Polícia.

MÔNICA: - Tá com medo que descobrimos a verdade antes de você?

DETETIVE: - Não. Apenas desejo que o local seja preservado. Suas mentiras para vender jornais não problema meu.

MÔNICA: - Então deixe-nos fazer nosso trabalho.

DETETIVE: - Deixo-nos fazer o nosso. Por favor senhorita, atrás da fita de isolamento.

MÔNICA: - Engraçado, né? Nos filmes os policiais são mais ágeis.

DETETIVE: - E os jornalistas são mais inteligentes.

MÔNICA: - Como sempre, atrasados!

DETETIVE: - Posso lhe enquadrar como desacato.

MÔNICA: - E o direito de imprensa?

DETETIVE: - Não atrapalhe nosso trabalho, moça.

MÔNICA: - O que temos aqui? Homicídio?

DETETIVE: - Poe enquanto... Só um presunto.

MÔNICA: - Engano seu. Não me parece um presunto qualquer... Olha só... Um corpo! Por mais insignificante que pareça, esse corpo tem uma história. E á atrás dessa história que iremos.

DETETIVE: - Sensacionalismo! Esse é seu negócio. Transformar as desgraças alheia em um grande espetáculo. Um grande show de horror! E como sempre, você a mocinha e nos, a polícia, os vilões.

MÔNICA: - Dou a notícia. Julgamento, deixo por conta dos leitores, e já quanto as desculpas esfarrapadas, deixo por conta da polícia. (Para o fotografo)

DETETIVE: - Não passe da fita!

MÔNICA: - (Para o fotografo) Fotografe. Então detetive... Que temos aqui?

DETETIVE: - Por enquanto não temos muitas informações.

MÔNICA: - Há, para... Alguma coisa sabe. Quebra essa vai...

DETETIVE: - Se eu lhe disse o que sei, promete me deixar em paz?

MÔNICA: - Dou minha palavra!

DETETIVE: - A vítima foi encontrada há mais ou menos uma hora, por um jovem que alega está passeando, a esta hora, nesta mata... Estranho, não?

MÔNICA: - Realmente. Passar por essa trilha a esta hora... Mas fazer trilha é considerado um esporte.

DETETIVE: - (Irônico) Conhece a história dessa trilha?

MÔNICA: - Adoraria.

DETETIVE: - Esta louquinha pra saber, não? Mas vou deixar como dever de casa pra você pesquisar. Divirta-se!

MÔNICA: - Hei! E quanto ao cadáver?

DETETIVE: - Homem, branco, alto, bem trajado, aparentando entre 20 a 25 anos de idade e sem identificação.

MÔNICA: - Causa da morte?

DETETIVE: - Não sabemos ao certo. Mas há sinal de perfuração na região do tórax. Maiores esclarecimentos só depois que a perícia terminar a autopsia.

MÔNICA: - Suspeitos?

DETETIVE: - Ainda é cedo.

MÔNICA: - Posso dá uma olhada?

DETETIVE: - Não.

MÔNICA: - Serei quase invisível!

DETETIVE: - Impossível. Se eu fosse a moça não...

MÔNICA: - Hí! Já vi coisas que até o diabo duvida.

DETETIVE: - Escuta aqui... Pra não dizer que sou mal. Vou abrir uma exceção. Um minuto.

MÔNICA: - Claro!

DETETIVE: - Ele fica. Sem fotos.

MÔNICA: - Sem fotos.

DETETIVE: - Venha.

MÔNICA: - Nossa! Que estrago. Ei?

DETETIVE: - Que foi? Vai desmaiar?

MÔNICA: - Imagina! Mas, esse rosto... Me parece conhecido.

DETETIVE: - Todos presuntos são parecidos.

MÔNICA: - Não seja insensível. Esse rosto não é estranho.

DETETIVE: - (Fecha o zíper) Você que é estranha.

MÔNICA: - Jura? Tenho um pressentimento que esse caso será um grande furo.

DETETIVE: - A sete palmos! Agora retirem esse corpo daqui. Com licença!

MÔNICA: - Toda. (Para o fotografo) Consegui uma foto.

FOTOGRAFO: - Como mulher?

MÔNICA: - Celular, meu bem! Agora vamos que temos muito trabalho pela frente.

(Saem. Apagam-se as luzes)

CENA II

MARA: - Alguma notícia Nanci?

NANCI: - Não senhora. Por enquanto nenhuma.

MARA: - Ah, meu Deus! Por onde andará este irresponsável?

NANCI: - Isto é coisa de jovem. A senhora vai ver, logo, logo, seu Marcos entrará por esta porta, como nada estivesse acontecido, e tudo se esclarecera.

MARA: - Sei não, Nanci... Deus te ouça! Mas, algo me diz...

NANCI: - Não dona Mara. Pelo amor de Deus! Não pense bobagens. Vamos pensar em coisas positivas. Vai vê que seu querido filho está por ai, farrando com os amigos.

MARA: - Infelizmente, Nanci... Meu coração de mãe esta me dizendo que algo ruim está se aproximando. Sabe, quando você sente aquele aperto... Sei lá... Intuição de mãe.

NANCI: - Não diga uma coisa dessa! Pelo amor de Deus!

MARA: - Eu sinto Nanci! Algo de ruim aconteceu com meu filho.

NANCI: - Não... Que isso? A senhora está nervosa. Vamos rezar. Deus há de proteger seu Marcos.

MARA: - E a polícia? Bando de inúteis! Incompetentes... Por que não localizam logo meu filho?

NANCI: - Calma!

MARA: - Que calma?! Como posso ter calma. Meu filho está sumido e você me pede calma?

(Entra Tânia)

TÂNIA – Mãe... Viemos o mais rápido que podemos. Como está?

MARA: - Uma pilha de nervos.

TÂNIA – Por gentileza Nanci... Providencie um chá. (Nanci sai) E a polícia? Alguma novidade?

NANCI: - Nada. Só que estão trabalhando com várias hipóteses.

MARA: - Sequestro?

TÂNIA – Pago que for preciso pra ter meu filho de volta.

MARA: - E terá. Tenho certeza que papai vai mobilizar meio mundo para encontrar o Marcos.

TÂNIA – A única coisa que mobiliza seu pai... É essa maldita campanha. Política! Sempre em primeiro lugar.

NANCI: - Mãe, é a carreira dele. Também é importante pra ele.

MARA: - Nada neste mundo deveria ser mais importante que a família.

TÂNIA – Oh, mãe!

MARA: - Sabe filha... Fui criada numa família humilde. Éramos tão pobres... Mas o laço familiar que nos unia, era tão forte, mas tão firme, que não existia problemas ou dificuldades que nos abalasse, a ponto de ceder nossa estrutura familiar. Mas, quando vejo nossa família, temos tudo... Menos o principal.

TÂNIA – Temos amor.

MARA: - Mas nos falta união. Não sei onde errei. Não fui capaz de protegê-los.

TÂNIA – Mãe... Não gostaria de falar de meus problemas. Não foi pra isso que vim até aqui...

MARA: - Juro, que meu desejo é vê você feliz.

TÂNIA – Eu sou.

MARA: - Não. Não é...

TÂNIA – Felicidade... São momentos. E eu os tenho, nem que seja de vez em quando.

MARA: - Filha... Não se sabote. Mentir pra si mesma, é sempre a pior e mais dolorosa mentira. Sua infelicidade está estampada em seus olhos.

TÂNIA – E Marina?

MARA: - Não sei. Não faço ideia. Faz dois dias que a destrambelhada da sua irmã não aparece. Que não é novidade!

TÂNIA – Mãe, já disse que deveríamos interna-la numa clínica de recuperação.

MARA: - Pra que? Pra fugir novamente? Enquanto ela não se convencer que precisa de ajuda, pra se livrar desse maldito vício, nada poderemos fazer, a não ser vê-la se autodestruindo.

TÂNIA – Acho tão triste...

MARA: - Uma coisa por vez. Agora minha preocupação é esse sumiço do seu irmão.

TÂNIA – E vó?

MARA: - No quarto.

TÂNIA – Como está reagindo a tudo isto?

MARA: - Não contamos ainda.

TÂNIA – Não sentiu falta?

MARA: - Disse-lhe que estava viajando com alguns amigos.

TÂNIA – E Isabel?

MARA: - Está a beira de um ataque de nervos.

TÂNIA – Também, pudera. Marcos a trata como uma estranha.

MARA: - A relação dos dois não vai bem.

TÂNIA – Que pena! É uma mulher extraordinária.

MARA: - Mas trás junto, a encostada da mãe como pacote. Não suporto aquela mulher... Uma alpinista social!

TÂNIA – Uma coisa não podemos negar... Isabel ama verdadeiramente o Marcos.

MARA: - Isso é verdade.

TÂNIA – E esse chá que não vem? Vou apressar Nanci e aproveito pra vê a vó.

MARA: - Vai sim filha. Mas cuidado... Por enquanto é melhor que ela não perceba nada.

TÂNIA – Pode deixar. Fica tranquila. (Sai)

(Mara anda de um lado a outro preocupada. Apagam-se as luzes)

CENA III

(No escritório)

SECRETÁRIA: - Sr. Deputado?

EGÍGIO: - Pois não?

SECRETÁRIA: - Detetive Rodrigues...

EGÍGIO: - Por favor, peça que entre.

SECRETÁRIA: - Sim senhor. Com licença. (Sai e retorna) Por favor...

EGÍGIO: - Feche a porta.

SECRETÁRIA: - Sim senhor.

RODRIGUES: - Bom dia deputado.

EGÍGIO: - Por favor, sente-se.

RODRIGUES: - Obrigado.

EGÍGIO: - Alguma novidade?

RODRIGUES: - Estamos fazendo o possível.

EGÍGIO: - Pois faça o impossível. Não poupe nenhum esforço para encontrar meu filho.

RODRIGUES: - Lhe garanto que estamos fazendo tudo que esta ao nosso alcance. Mas trabalhamos com todas as hipóteses, todas. Até mesmo com... a hipótese de assassinato.

EGÍGIO: - Que esta querendo dizer?

RODRIGUES: - Que não podemos descartar nada. Numa cidade como esta, onde a violência esta generalizada, tudo é possível. Sequestro, assalto, prostituição, drogas, assassinato...

EGÍGIO: - Simplifique. Meu tempo vale dinheiro.

RODRIGUES: - Claro!

EGÍGIO: - O que lhe trouxe aqui.

RODRIGUES: - Sei que não será fácil...

EGÍGIO: - Seja objetivo.

RODRIGUES: - Temos três cadáveres.

EGÍGIO: - Que?

RODRIGUES: - As características são muito próximas...

EGÍGIO: - Cadáver?

RODRIGUES: - Exatamente, senhor.

EGÍGIO: - Meu Deus!

RODRIGUES: - Por enquanto é só uma suspeita. Pra nós, são cadáveres. Apenas três corpos a espera de identificação. Preciso que o senhor ou alguém da família, me acompanhe até o IML para fazer este reconhecimento.

EGÍGIO: - Meu Deus!

RODRIGUES: - Calma, senhor Deputado. Pode ser apenas uma triste coincidência.

EGÍGIO: - (Pega o telefone) Senhora Eliane...

SECRETÁRIA: - Senhor?

EGÍGIO: - Avise ao senhor Ednaldo que precisei sair.

SECRETÁRIA: - Sim senhor.

EGÍGIO: - Por favor... (Para o detetive)

RODRIGUES: - O senhor não prefere ir acompanhado?

EGÍGIO: - Não. (Saem)

SECRETÁRIA: - Que clima! (Sai)

CENA IV

LUDIMILA – Quem ele pensa que é? Desaparece, assim, sem dar uma notícia.

ISABEL: - Mãe...

LUDIMILA – Isabel, você é a noiva dele. Noiva! E o mínimo que ele tinha que fazer, como forma de respeito, é dar satisfações.

ISABEL: - Mãe... Marcos, está desaparecido.

LUDIMILA – Desaparecido!

ISABEL: - Pode ter sido sequestrado.

LUDIMILA – Sequestrado!

ISABEL: - Sabe Deus o que está acontecendo. Pode até acontecer o pior.

LUDIMILA – Tomara. Tomara... Porque se não for isso... Eu mesmo vou esganá-lo com minhas próprias mãos.

ISABEL: - Pelo amor de Deus mamãe... Eu estou aqui, uma pilha de nervos, preocupada com o sumiço do Marcos e você ao invés de me tranquilizar me deixa mais tensa.

LUDIMILA – Isabel, minha querida. Abra seus olhos... Se não seguir minhas orientações você vai acabar perdendo este homem. Tá cheio de vagabundas ai querendo encontrar um idiota, igual a seu noivo, e lhe aplicar o golpe da barriga de ouro. Coisa que você devia ter feito, a muito tempo.

ISABEL: - Eu amo o Marcos. Será que você entende isso?

LUDIMILA – Entendo. Com amor, seria até mais fácil. Meu bem, essa história de amor, é linda, nos livros. Mas na vida real, só funciona quando a falta de dinheiro, as dificuldades mina qualquer relacionamento.

ISABEL: - Ainda que o Marcos fosse um pé rapado, eu o amaria mesmo assim.

LUDIMILA – Definitivamente! Você não é minha filha. Foi trocada na maternidade... Só pode!

ISABEL: - É uma hipótese provável!

LUDIMILA – Acorda, bela adormecida! Acorda antes que lhe ofereçam uma maçã. Minha filha, a vida não é um conto de fadas. Na maioria das vezes, ela é muito cruel.

ISABEL: - Por que acha que todos vão passar pelas mesmas coisas que você.

LUDIMILA – Não admito que fale assim. Você não pode imaginar um terço das coisas que tive que passar pra sobreviver.

ISABEL: - Desculpe-me mamãe.

LUDIMILA – Você está preste a se casar com o filho de um grande figurão... Logo seu noivo será apresentado a política, e poderá herdar o lugar do pai.

ISABEL: - Não é seu desejo.

LUDIMILA – Deus só dá asas pra quem não deseja voar.

ISABEL: - As vezes penso que a senhora gostaria de está no meu lugar.

LUDIMILA – Não tive esta oportunidade. Se tivesse, teria aproveitado ao máximo!

ISABEL: - Sei que sim.

LUDIMILA – Seria a noiva mais feliz do mundo!

ISABEL: - Mas não é.

LUDIMILA – Infelizmente.

ISABEL: - Acho que Marcos não me ama.

LUDIMILA – Que baixa estima!

ISABEL: - Me sinto insegura.

LUDIMILA – A família te aceita. E isto é um grande passo... A aceitação da família do seu noivo.

ISABEL: - Mas não é com a família dele que eu vou me casar.

LUDIMILA – Você quem pensa! Ah, minha menina... Tem muito que aprender.

ISABEL: - Oh, mãe!

LUDIMILA – Segue os conselhos da mamãe... Hein? Segue?

ISABEL: - Que quer que eu faça?

LUDIMILA – Dê um filho a este homem.

ISABEL: - Não acredito nisso. É obsessão!

LUDIMILA – Não meu bem. Quando chegar a minha idade você vai entender. Meu anjo, o maior arrependimento que sinto, é não ter aproveitado mais a minha beleza e juventude, garantindo o meu futuro.

ISABEL: - Não sou modelo.

LUDIMILA – Se fosse, talvez seria mais esperta.

ISABEL: - Vou a mansão... Quem sabe já teem notícias.

LUDIMILA – Espere.

ISABEL: - Não mãe.

LUDIMILA – Acha mesmo que vou perder esta? Vou com você.

ISABEL: - Mãe?

LUDIMILA – Solidariedade meu bem! (Pega a bolsa) Agora podemos ir. Estou pronta!

ISABEL: - Se eu pedir...

LUDIMILA – Não. (Saem)

CENA VI

(Na Mansão)

SELMA – Você acha que aconteceu alguma coisa com seu Marcos?

TERESA: - Num conheço ainda bem a rotina da casa. Tô aqui poucas semanas e pouco vi seu Marcos.

SELMA – Seu Marcos nunca foi de sumir assim.

TERESA: - E o que acha?

SELMA – Ou são cegos ou se fazem. Quem sabe seu Marcos num encontrou o amor da sua vida... Tomou coragem! È, caiu fora.

TERESA: - Coragem de que?

SELMA – Deixa pra lá. Boca calada num entra mosca.

TERESA: - Só se fosse muito louco! Deixá uma casa dessa, cheia de conforto. Tem gente que e mermo bobo, num sabe dar valor ao que tem.

SELMA – Não seja idiota mulé. Num se deixe enganar pelas aparências. Por trás dessa beleza toda tem muita insatisfação, infelicidade...

NANCI: - Mas que paga o teu salário. E paga pra fazer o teu trabalho, não pra ficar de conversa fiada. Quanto a você Teresa vai na onda dessa não. Não se esqueça que você ainda está na experiência, e pelo que me falou precisa desse emprego. No mais, se fosse Dona Mara que tivesse escutado estes infelizes comentários, as duas estavam na rua. Agora voltem ao trabalho. E de preferencia caladas.

CENA VII

(NO IML)

MÔNICA - Fotografou o carro?

TÁRCIO: - Claro.

MÔNICA – Oficial. Quem será? Que veio fazer aqui?

TÁRCIO: - Não vai ser fácil descobrir.

MÔNICA – Bom, acho melhor eu ir lá dentro, vê se eu descubro algo... Enquanto isso, você tenta tirar alguma informação do motorista.

TÁRCIO: - Eu?

MÔNICA – tá vendo mais alguém aqui? Claro.

TÁRCIO: - Mas eu sou só um fotografo.

MÔNICA – Use seu charme!

TÁRCIO: - Menos!

MÔNICA – Desculpe-me! Escapou.

TÁRCIO: - Não gosto desse tipo de brincadeira.

MÔNICA – Foi mal. Prometo que não se repetira. Hei? Ah! Não vai ficar agora assim... De bico! Desculpa vai...

TÁRCIO: - Tá bom. Mas que isso não se repita.

MÔNICA – Tem razão. Eu respeito. Juro. Juro que respeito. Perdoada?

TÁRCIO: - Perdoada.

MÔNICA – Ah que bom. Que alívio! Agora eu vou lá.

TÁRCIO: - Vai... Vai nessa.

MÔNICA – Então... Vou...

TÁRCIO: - Eu farei o máximo.

MÔNICA – Parceiros?

TÁRCIO: - Parceiros. (Saem)

CENA VII

DETETIVE – Mas isso que o senhor está me pedindo é...

EGÍDIO: - Escute...

DETETIVE – O senhor quer que eu...

EGÍDIO: - Exatamente.

DETETIVE – O senhor me perdoe, mas não posso.

EGÍDIO: - Não sabe o quanto isso poderá me prejudicar.

DETETIVE – Mas não posso fazer o que está me pedindo. É fraude.

EGÍDIO: - Não lhe peço isso como Deputado, mas como um pai desesperado, na tentativa de preservar a minha família.

MÔNICA – Hora, Hora... Se não é o detetive Rodrigues!?

DETETIVE – Posso saber o que faz aqui?

MÔNICA – Meu trabalho! Agora o que o ilustríssimo Deputado faz aqui é o que é curioso.

EGÍDIO – Acho que não lhe diz respeito.

MÔNICA – Como não? O senhor é um homem público e eu sou da impressa. O senhor me dá os fatos e eu publico.

EGÍDIO: - Pois então a moça perdeu a viagem.

MÔNICA – Tem haver com o corpo encontrado no bosque?

DETETIVE – Por favor, agora não.

EGÍDIO: - Preciso ir... (Sai)

MÔNICA – Então?

DETETIVE – Não vai desistir.

MÔNICA – Pode ter certeza que não.

DETETIVE – Em off.

MÔNICA – Em off.

DETETIVE – Acho que tem um furo.

MÔNICA – Sabia! O rapaz era conhecido do Deputado?

DETETIVE – Homicídio.

MÔNICA – Isso eu já sei. Qual a ligação entre o Deputado e o corpo encontrado?

DETETIVE – Uma bomba. E você vai ficar me devendo esta.

MÔNICA – Sou todo, ouvidos!

DETETIVE – Filho.

MÔNICA – Que merda é essa? Filho?

DETETIVE – Isso mesmo que você ouviu. O rapaz foi identificado, e é filho do Deputado.

MÔNICA – Meu Deus! Então... Primeira página! (Pega o celular) Oi... Chefinho!? Reune toda equipe. Tenho uma bomba! Escuta cara... Um super furo! É... Não estou dizendo? É... É sobre o corpo que foi encontrado hoje. Calma... Escuta. Reserva a primeira página... Por que? Como por que? Chefe, o corpo encontrado, ou seja, o cadáver, nada mais é que filho de um figurão. Maiores detalhes, conto na redação, ou melhor, entrego junto com a matéria. Por que isso seria primeira página? Meu querido, segundo minhas fontes, esse rapaz, o presunto, tinha uma vida oculta. Bom, agora eu vou confirmar com os peritos a causa da morte e todos aqueles detalhes necessários para depois levantar toda vida desse rapaz. Me dá um tempo e terás uma história incrível em sua mesa.

DETETIVE – Escuta... Meu nome não pode aparecer.

MÔNICA – Não se preocupe. Nunca revelo minhas fontes. Obrigado, meu querido.

DETETIVE – Hei, espera ai.

MÔNICA – Te devo essa.

DETETIVE – E vou te cobrar.

MÔNICA – Deixa eu ir. Tenho uma matéria para escrever. Há! Detetive... Obrigado!

(Saem)

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