fevereiro 28, 2011

FELIZ É...

QUE FAZER
SE PRA VOCÊ
NÃO FUI NINGUÉM
SE TODOS OS NOSSOS SONHOS
NÃO PASSARAM DE ILUSÕES
HOJE BEM SEI
QUE TOLO
FUI EU
QUE ME ENTREGUEI
ME ENVOLVENDO
POR INTEIRO
DE CORPO
ALMA
CORAÇÃO
ME AFUNDEI
ME PERDI
FERIDO
ENTENDI
QUE AMAR
É SOFRER
É POR ISSO
QUE PREFIRO
A PAIXÃO
QUE MESMO DEPOIS
DO PRAZER
NÃO SOFRE
COM A DESILUSÃO
POR CHAMA
QUE CONSOME
EM SEGUNDOS
VIRA CINZAS
SE ESPALHANDO
AO VENTO
NÃO DANDO TEMPO
AO TEMPO
NEM MESMO PRA LAMENTOS
É COMO POIRA
IMCOMDA
SEM MUITO
DANOS CAUSAR
FELIZ É
QUEM BRINCA
DE VIVER
APRENDE COM
A VIDA
SEM MEDO
DE SE ARREPENDER
NÃO SOFRE
POR AMOR
NÃO TEM DÚVIDAS
AO ESCOLHER
APENAS VIVER!

fevereiro 27, 2011

HISTÓRIA DA TELEVISÃO NO BRASIL


O jornalista Assis Chateabriand, dono do maior imperio de emissoras de rádio no Brasil, ficou sabendo da novidade e foi aos Estados Unidos para conhecer a nova grande descoberta, a televisão.

Mesmo ouvindo do diretor do RCA, Devid Sarnoff, que televisão não é pra pais pobre como o Brasil, Assis Chateabriand comprou duas televisões uma RCA e outra G.E. e em em 1949 chega em São Paulo caminhões que anunciava a primeira televisão do Brasil.

Só em 1950 foram realizados os primeiros testes para enfim no mesmo ano, exatamente no dia 18 de setembro se concretizar a grande inauguração da televisão no Brasil.

Muitos artistas vindo do rádio, teatro e do circo, dançarinos e vedetes do teatro de revista, humoristas, assim como jornalistas influentes da época compuseram o elenco da primeira televisão brasileira.

O futebol uma paixão nacional passa a ser transmitido a parti de 18 de setembro de 1950 na TV Tupi.

O telejornalismo já apareceu no segundo dia após a inauguração e desde então tem seu lugar cativo nos lares dos brasileiros. Desde o Reporte Esso até o Nornal Nacional muitos outros seguiram a receita de sucesso e levaram ao telespectadores notícias e entrertimentos.

Nos anos 60 a TV Record tomou a liderança musical, trazendo ao Brasil grandes nomes da música internacional.

As crianças desde a estréia da televisão estiveram presentes, o primeiro rosto infantil foi a da menina Sonia Maria Dirce, na época com cinco anos de idade que anunciava a chegada da televisão no Brasil. Muitos programas direcionados a público infantil, foram produzidos e grandes programas como: Sítio do Pica-Pau Amarelo (Tv Tupi e Globo), Bambalalão, Castelo Rá Ti Bum (Tv Cultura), A Turma do Balão Mágico, Xou da Xuxa (Globo), Clube da Crian ça (Manchete) Show Maravilha, Bozo (SBT) entre outros.

Na década de 80 e 90 Xuxa, Angélica e Eliana se tornam as principais apresentadoras infantis da teve brasileira.

Como o homem é o único ser que rir, desde a inauguração um time de grandes humoristas que vieram do circo, do teatro e do Teatro de Revista para trazer alegria ao público brasileiro em programas que se eternizaram e são lembrados até hoje. São inesquecíveis: A Praça (Tv Paulista), Escolinha do Ciccilo, Família Trapo (Record), Os Trapalhões, Chico Anysio (Globo), entre outros.

Já as telenovelas viraram paixão nacional, desde o surgimento da primeira telenovela “Sura Vida Me Pertence” em 21 de setembro de 1951, escrita por Walter Forsster, onde foi protagonizado o primeiro beijo da televisão no Brasil.

A novela diária só surgiu na TV Excelsior e depois na TV Tupi. Mas a TV Globo entrou com tudo e atingiu o maior índice de audiência com um grande elenco de atores, diretores e autores que se especializaram em produzir novelas.

CURIOSIDADES DA TV.

FILMES: Eram comprados, foram eles que de início, preenchiam a programação da televisão.

REDE: Com a inauguração de Brasília em 1960, microondas colocados em três aviões transmitiam a festa de inauguração da Capital Federal, para vários Estados do Brasil.

VT: Só em 1960 chega o Vídeo-Tape, possibilitando que programas fossem gravados. O primeiro programa que foi todo editado foi “Chico Anisyo Show” da TV Globo.

A COR: A cor chega teve só em 14/03/72 com o programa “Vida em Movimento” na TV Gazeta, apresentada por Vida Alves. Já a primeira novela colorida que foi ao ar “O Bem Amado”, de Dias Gomes se tornou um grande sucesso na TV Globo.

O VIDEO-CASSETE: Trazido pela Sharp chega ao Brasil em 1982.

O SATÉLITE: A TV Brandeirantes em 1982 transmite pela primeira vez sua programação vaia satélite. Em 1985 a EMBRATEL lança o Brasilsat I, seu primeiro satélite domestico de comunicação, colocando a disposição de 24 canais de TV.

TV DIGITAL: Começou a ser utilizada no país a partir de 02 de dezembro de 2007.

TELEVISÃO 3D: No Brasil a Rede TV!, foi a primeira a transmitir regulamente sua programação.
Fonte de Pesquisa:

Exposição “60 anos de TV no Brasil” com curadoria de Vida Alves.

EXPOSIÇÃO SOBRE A HISTÓRIA DA TELEVISÃO NO BRASIL


Eram através do rádio que os brasileiros acompanhavam as novelas diárias, ouviam as notícias, os principais programas de auditórios.






Primeiro projeto utilizado para projetar filmes que seriam transmitidos na tv.



fevereiro 24, 2011

APRENDER ESCREVENDO

Pesquisa realizada na Universidade de Stavanger, na Noroega, e na Universidade de Marselha, na França, indentificou que aprender diante de um computador é menos eficiente que o método tradicional, a escrita.
Segundo a pesquisa aponta que o processo de leitura e escrita envolve uma série de sentidos. Ou seja, o célebro de quem aprende recebe uma resposta de ações motoras, em conjunto de sensação de tocar em um lápie e papel, que auxilia na indentificação das letras.
Quem já está a frente de uma sala de aula consegue nitidamente perceber a grande dificuldades dos educandos não apenas na leitura e escrita mas como também na dificuldade da coordenação motora. Claro que não podemos afirmar que o computador não é um mecanismo importante neste novo contexto de aprendizagem, mas como educadores devemos incentivar a escrita manual.

fevereiro 22, 2011

O TEXTO: LUGAR DE LIXO É NO LIXO É ESCOLHIDO PARA PARTICIPAR DE PROJETO DE PRESERVAÇÃO AO MEIO AMBIENTE

Projeto de preservação ao meio ambiente é aprovado em concurso estadual
Publicada em 14/12/2010

O bataguassuense, Flavio Aparecido Alves dos Santos, fiscal de inspeção de inspeção e vigilância sanitária (Secretaria de Saúde) da prefeitura de Bataguassu venceu concurso estadual que tinha como objetivo incentivar a estruturação e desenvolvimento de ações de Vigilância Sanitária Municipal, com ênfase na realização de atividades integradas que envolvia, para sua execução, média ou alta complexidade tecnológica.

O PROJETO
Flavio Santos realizou projeto com o propósito de apresentar uma solução sustentável para questão dos resíduos sólidos urbanos, que cresce na mesma proporção em que a cidade aumenta sua área urbana e industrial, tendo em vista que o município se tornou área de ZPE (Zona de Processamento e Exportação) através do Decreto de 30 de Junho de 2010, publicado no DOU no dia 01 de Julho de 2010.

ORGANIZAR
De acordo com o projeto, existe a necessidade de organizar o crescimento populacional de forma a preservar o meio ambiente e a saúde, se faz necessário conscientizar a comunidade local e regional da real importância em preservar nosso ecossistema reduzindo a emissão de poluentes na natureza, cria não só por parte do poder público como também da iniciativa privada e comunidade em geral, a obrigação a fazer de forma permanente um tratamento adequado para a questão de uma forma socialmente organizada, politicamente e ambientalmente correta no que concerne a educação em saúde ambiental e controle da emissão desses poluentes em nosso território.

VISÃO FUTURISTA
“Com uma visão futurista o poder constituinte deixou expresso em nossa carta magna a responsabilidade das mais diversas camadas da sociedade sobre o enfrentamento do problema desde a conscientização que se compreende educação à destinação final”, frisa o fiscal.
RECICLAGEM
Estudos comprovam que a reciclagem é a forma mais viável para a solução do problema, tendo em vista sua aplicação prática e proveitosa no sentido de contribuir com a natureza a saúde e elevar a renda das famílias que sobrevivem da coleta seletiva de resíduos.

JUSTIFICATIVA
“A vigilância sanitária local atende um a um alto número de denúncias devido ao mau armazenamento desses materiais que vão desde as residências quando não em terrenos baldios”, salienta Flavio.
O município conta com um número aproximado de 50 famílias que direta ou indiretamente sobrevivem ou tem como renda complementar a coleta de materiais recicláveis, sendo necessária uma melhor estruturação nas condições de trabalho dessas pessoas, compreendendo as questões de saúde, educação e bem estar.

“Outro ponto importante é o fato dos resíduos serem depositados em lixão, prejudicando o meio ambiente, necessitando a diminuição da alocação desses resíduos prejudiciais para que o restante dos resíduos, tratados como inservíveis possam no futuro ser destinados a um aterro sanitário além da necessidade de evitar as atividades de trabalho insalubre por parte dos catadores que vivem no local”, conta.
COLETA SELETIVA
O objetivo principal do presente projeto trata da instalação de um sistema de coleta seletiva dentro do território do município de Bataguassu.

METODOLOGIA
Firmando parceria com a Secretaria Municipal de Educação e Cultura, que conta com um grupo de teatro em pleno funcionamento, para ensaiar e apresentar em todos os locais necessários, o texto de Marcondys França, que será citado em todas as apresentações no intuito de preservar a livre expressão da atividade intelectual, artística, cientifica e de comunicação do autor, no intuito de despertar o senso ambiental na comunidade e principalmente nas crianças e adolescentes.

SENSIBILIZAÇÃO E EDUCANDO
“A realização de concursos no município de redação música, frases de conscientização que serão divulgadas amplamente no município através de folder, que além delas trarão a base jurídica para a preservação do meio ambiente e da saúde alem de explicar do que se trata a coleta seletiva de resíduos sólidos urbanos; o vencedor de cada concurso será premiado com troféu e terá seu nome divulgado na mídia local, alem de contribuir com seu dever de cidadão; as escolas do município serão convidadas a participar de uma gincana onde o tema único será a melhor ação desenvolvida na comunidade, através de seus alunos, e o julgamento se fará por uma comissão instaurada pela secretaria de educação contendo pelo menos dois membros da vigilância em saúde, e a escola campeã será recompensada com um kit data show”, cita Flavio no projeto.

LIXEIRAS
Instalação de lixeiras de coleta seletiva artesanal nas escolas e órgãos públicos par dar visibilidade e notoriedade durante o período dos trabalhos de conscientização, antecipando a distribuição dos pontos de coleta nos bairros.
A aquisição dos materiais necessários para confecção dos pontos de coleta correra por conta do projeto, e a instalação e posterior serviço de coleta nos pontos distribuídos em um total inicial de 100, por conta da Secretaria Municipal de Obras e Serviços Urbanos com freqüência de acordo com demanda ficando sob sua responsabilidade também o transporte dos materiais necessários de interesse coletivo e apenas estes para o eco ponto leiam-se pneus inservíveis; ficando à Associação dos catadores a responsabilidade de transportar o material dos associados e implantar 25 pontos adicionais ao ano, enquanto houver demanda, estendendo a abertura de novos bairros.
O acompanhamento a avaliação periódica dos resultados e a deliberação de assuntos de interesse do projeto no caso de assuntos fortuitos não previstos no projeto ficaram por conta do Departamento de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde, na pessoa do elaborador do projeto Flávio Aparecido Alves dos Santos.
A cidade, com esse projeto aprovado, ganha R$ 25 mil para por em prática o descrito no projeto. Flavio informou que a entrega da premiação será no dia 31 de março de 2.011. E que nos próximos dias estará se reunindo com o prefeito João Carlos Lemes (PT) para falar da premiação.

fevereiro 21, 2011

FOLIA DO CORAÇÃO (CARTAZ)

Estão tosos convidados para assistirem a nova peça encenada pelas crianças e adolescentes do C.P.C.A São Benedito, dia 18/03/11 as 9:30 e as 14:30h com entrada franca.
Rua Iboti, 292 - Jabaquara - São Paulo.

fevereiro 20, 2011

FOLIA DO CORAÇÃO (SINOPSE)

Nanci é uma jovem sonhadora que se dedica aos afazeres da casa, oprimida por Alice sua irmã mais velha, deixou para trás o seu grande sonho, desfiilar numa grande escola de samba. Com a chegada de sua amiga Graça, ex madrinha da bateria com passagem por várias escolas de samba, Nanci vê sua vida mudar.
Incentivada por sua amiga e contra a vontade de sua irmã inscrita num famoso programa de televisão apresentado pelo famoso Neguinho da Apoteose e sua assistente Nega Black, ela elimina sua principal oponente Luna Sapucaí e torna-se a nova Musa do Carnaval.

FOLIA DO CORAÇÃO (ENSAIO)



O núcleo de pesquisa teatral da São Benedito retorna sua atividades com a leitura dramática do texto Folia do Coração de Marcondys França, onde se preparam para montagem da peça que será apresentado durante os festejos de caranaval dando assim início a grade oficial de rogramações 2011 do CPCA.




Para este projetos foram selecionados dois grupos de adolescentes do CPCA, que se reversarão para dar vida as personagens.




Chaiévelyn Gaspar, Jaquelane Oliveira, Nayara Monteiro, Jefferson Oliveira, Naira Alves, Gabrielly Santos,
Ágata Almeida, Sarah Feretti, Daniela Stefanny, Pedro Henrique, Ewerton Henrique e Kauanny Rosana.

fevereiro 17, 2011

SINHANINHA (Texto de Teatro)

OBS: Este texto ainda é um rascunho da nova peça que breve será encenada pelos educandos do CPCA São Benedito, e que posteriomente passará por correções.
SINHÁ ANINHADe: Marcondys França

PERSONAGENS:

ANINHA
CEL SALES (Pai de Aninha)
ALVA (Mãe de Aninha)
BINÁ (Ama de Leite)
SEVERINA (Escrava Invejosa)
BERNADETE (Dama de Compania)
ZULÚ (Escravo Apaixonado Poe Aninha)
DR. RAMOS (Pretendente de Aninha)
CLOVIS (Pai de Ramos)
ALBERTINA (Mãe de Ramos)
QUILÊ (Escravo de Ramos) jose
PADRE SOARES
DALVA (Suposta Sobrinha de Soares)
COISA RUIM (Capitão do Mato)

ATO I
CENA I
(Entra vários escravos cruzando o palco em várias situações que remete ao trabalho do cotidiano escravo).
ANINHA: - Acho conveniente que paramos um pouco... Sinto que meu coração em saltos.
BERNADETE: - Que é conveniente, é que vortamo pra casa grande antes que vosso pai dê por nossa falta.
ANINHA: - Deixa de teu agoro Dete! Papai não tem desconfiar de nada. A menos que você dê com a lígua nos dentes.
BERNADETE: - Deus que livre e guarde! Tenho amor a minha vida. Se bem que seio, que se, vosso pai descobre esses seus desvaneios, quem vai pagar sou eu. O tronco é o menor castigo que receberei por lhe acobertar.
ANINHA: - Que exagero, Dete! Não atormentes vossa alma, tranquilise vosso coração... Papai não há de saber. Também, não fiz nada, fiz?
BERNADETE: - É mió parar com esses encontros as escondidas enquanto ainda há tempo.
ANINHA: - Não seja tola.
BERNADETE: - Sinhaninha num acha que isso ta ficano sério demais?
ANINHA: - E quem disse que o que sinto por Zulu, não é sério?!
BERNADETE: - Que futuro pode ter Sinhaninha ao lado de um negro, escravo?
ANINHA: - Pra mim, Zulu é apenas um homem, como todos os outros. E que eu o amo.
BERNADETE: - Mas é um escravo. E nada tem pra lhe oferecer.
ANINHA: - Quem disse? O amor, não conta?
BERNADETE: - Não vê que isto é uma grande loucura? Jamais esta sociedade irá consentir que uma branca se case com um negro escravo, ainda mais se tratando da sinhaninha.
ANINHA: - Chega Bernadete. Não desejo zangar-me com você. Agora vamos... Falta pouco. (Saem)
CENA II
QUILÊ: - De casa... De casa... De casa...
SEVERINA: - Etá! Que fundunço é esse logo cedo na porta do zotro?
QUILÊ: - Bons dias!
SEVERINA: - Só se for pra vossuncê. Pra eu o dia é igualzinho os zotro. Que vosmicê que?
QUILÊ: - Vim aqui mode um recado que tenho do meu sinhô pro coroné.
SEVERINA: - E que recado é esse?
QUILÊ: - Vossuncê é mermo muito encherida. O recado é pro tu sinhô, não pra vosmicê.
SEVERINA: - Vossuncê é mermo muito mal educado!
QUILÊ: - O recado é pro coroné, não é pra quarquer um.
SEVERINA: - Desde quando eu sou quarquer um? Poi fique o moço sabeno que sou uma criada de confiança aqui na casa.
QUILÊ: - É mermo?
SEVERINA: - É.
QUILÊ: - E o que faz uma criada de confiança vestida assim? Em trapos.
SEVERINA: - Vossuncê é um grosseirão.
QUILÊ: - E Vossuncê uma intrometida. Agora deixa de conversa e vai logo chamá teu sinhô que eu num tenho o dia todo não. (Ela sai) Só o que me fartava!
BINÁ: - Quilê!
QUILÊ: - Mãe Biná! Sua bença.
BINÁ: - Que Deus o abençoe, meu filho. O que faz por aqui?
QUILÊ: - Vim trazer um recado do meu sinhô para o coroné.
BINÁ: - Meu sinhô num ta não. Mas minha senhora está. Serve ela?
QUILÊ: - Acredito que sim.
BINÁ: - Então espere aqui. (Olha para Severina) E vossuncê... Vá pegar um ponche pra o nego Quilê.
SEVERINA: - Só que me fartava, selvir escravo. (Ela sai resmungando)
BINÁ: - Mai é muito atrevida essa negrinha. (Sai)
QUILÊ: - Então é aqui que mora Sinhaninha!
SEVERINA: - (Disfarça e cospe dentro do copo) Seu ponche senhor... Da mió qualidade! Espero que goste. Foi preparado com todo carinho. Inté mais vê. (Sai)
ALVA: - Bons dias!
QUILÊ: - Bons dias senhora.
ALVA: - O que o trás aqui?
QUILÊ: - Tenho um recado do meu sinhô pra o coroné.
ALVA: - Infelizmente Salles não se encontra na fazenda. É algo que eu possa ajudar?
QUILÊ: - Sim senhora, acredito que sim. É que meu sinhô pediu para avisar, ao sinhô seu marido, que o meu sinhô virar esta noite em sua casa para tratar de um assunto do interesse de seu marido.
ALVA: - Tudo bem. Pode deixar, que assim que Salles retornar a fazenda darei o recado do seu senhor.
QUILÊ: - Muito agradecido senhora. Com sua licença...
ALVA: - Fique a vontade.
QUILÊ: - Mãe Biná... Mais uma vez, sua benção.
BINÁ: - Vá com Deus meu filho. (Ele sai)
ALVA: - Ah, Biná! Será que é o que estou imaginando.
BINÁ: - Já era de se esperar sinhá.
ALVA: - Então... Prepare o melhor banquete possível para esta noite. Não podemos decepcionar em hipótese alguma.
BINÁ: - Sim sinha. A sinhá pode deixar... Cuidarei de tudo pessoalmente.
ALVA: - E Aninha?
BINÁ: - Deve está vortando do passeio...
ALVA: - Já pedi pra Aninha diminuir a freqüência desses passeios. É perigoso. Só ela e Bernadete. Me preocupa!
BINÁ: - Mas ta tudo bem. Notícia ruim corre rápido! (Saem)
SEVERINA: - Tomara que dê tudo errado!
CENA III
ANINHA: - Ah! Chagamos.
BERNADETE: - Ainda acho mió vorta pra fazenda
ANINHA: - Deixa de ser pessimista Dete. Aqui estamos segura. Conheço bem essa região.
BERNADETE: - Com Coisa Ruim rondando esse mundão de meu Deus, ninguém está seguro.
ANINHA: - Logo Zulu chegará.
BERNADETE: - Esse é meu temor.
ANINHA: - Se continuar, assim, resmungando... Da próxima vez, virei só.
BERNADETE: - E o que dirá a vossos pais?
ANINHA: - Que queria vê as rosas.
BERNADETE: - Uma jovem branca se encontrando a escondida com um negro. Nunca que isso dará certo.
ZULU: - Sinhaninha...
ANINHA: - Apenas Aninha, Zulu.
ZULU: - É a força do hábito.
ANINHA: - Que bom que veio.
ZULU: - Não a deixaria esperano por nada nesse mundo.
BERNADETE: - Vossuncê devia ara ter mais juízo. Assim pouparia a sua vida e a minha.
ANINHA: - Bernadete!
BERNADETE: - Perdão Sinhaninha, não dá pra ficar olhando essa loucura e ficar calada.
ANINHA: - Se você que é negra, escrava, se incomoda em nos ver juntos... Isso comprova que o preconceito vai muito além dos brancos.
BERNADETE: - É que eu quero muito bem a vossuncês. Não desejo que nada de ruim aconteça. A Sinhaninha bem sabe o que irá acontecer se esse romance entre a filha do coroné com um escravo for descoberto. Zulu será um homem morto. E quanto a mim? Só Deus terá piedade.
ZULU: - Amo Aninha e não tenho medo do que possa acontecer. Pelo amor de Aninha sou capaz inté de morrer.
ANINHA: - Por favor, meu querido... Não diga uma coisa dessa. Ninguém vai morrer. Lhe perder, como eu perdesse a minha própria razão de viver.
ZULU: - Amo você minha branquinha!
ANINHA: - E eu a você meu nego!
ZULU: - Me dá honra de um passeio?
BERNADETE: - Podem ser vistos!
ANINHA: - Claro!
BERNADETE: - Ah, céus! Oh, vida cruel!
ANINHA: - Já volto Dete.
BERNADETE: - Vê se não demora. Logo vai escurecer. (Eles saem) Fazê o que? Só me resta esperar. Preciso de uma sombra. (Sai)
CENA IV
CLÓVIS: - Quilê...
QUILÊ: - Meu sinhô.
CLÓVIS: - E então?
QUILÊ: - Seu recado foi passado. O Coroné Salles num tava não. Mas dei o recado a sua senhora, dona Alva.
CLÓVIS: - Que boa notícia! Pode ir
RAMOS: - E que recado é esse meu pai?
CLÓVIS: - Meu filho... Em breve seu noivado com Sinhá Aninha será oficializado.
RAMOS: - Só espero que Sinhaninha faça bom gosto neste noivado.
CLÓVIS: - E como não há de gostar? És um belo homem, bem apanhado, educado formado na melhor universidade da Europa, rico, melhor partido não há.
RAMOS: - Falo de amor meu pai.
CLÓVIS: - Amor vem com o tempo. Ou pensa que eu e sua mãe já nos conhecíamos antes de nos casar... Só conheci sua mãe no dia do nosso casamento. Claro que foi embaraçoso. Precisava vê a cara de assustada da tua mãe. Mas depois com o passar dos anos fomos nos conhecendo e... Ai sim veio o amor. E posso lhe garantir meu filho, hoje, nesta província, não há casal mais feliz que nós.
RAMOS: - A última vez que vi Aninha, ainda era uma menina, devia ter lá os seus sete pra oito anos de idade.
CLÓVIS: - Não imaginas a moça linda que se tornou.
RAMOS: - Tenho medo que não goste de mim.
CLÓVIS: - O coronel Salles deu sua palavra, e isto já é o suficiente. Além do mais a união entre vocês será muito bom os negócios de ambas famílias. Além do mais es um Brandão e os Brandão nunca foram rejeitados por uma mulher.
RAMOS: - Espero dar seguimento a tradição.
CLÓVIS: - És um bom homem. E isto a jovem Aninha irá perceber de imediato. E agora meu filho... Vamos comemorar. Albertina...
ALBERTINA: - Sim senhor meu marido.
CLÓVIS: - Traga o nosso melhor licor. Precisamos comemorar
ALBERTINA: - E o que vamos comemorar?
CLÓVIS: - O noivado do nosso amado filho.
ALBERTINA: - Noivado?
CLÓVIS: - Com a jovem Aninha, filha de Salles e Alva.
ALBERTINA: - Isso muito me alegra! Parabéns filho. Não poderia ter feito melhor escolha.
RAMOS: - Obrigado, minha mãe. Agora só me resta saber se Aninha está de comum acordo.
ALBERTINA: - E por que não haveria de está? És o melhor partido desta província. E moça alguma em idade de casar pensaria em recusar um pedido seu.
CLÓVIS: - Ouviu, filho? As opiniões são unânimes!
RAMOS: - Sendo assim... Só nos resta comemorar!
CENA V
BINÁ: - Por Deus! Por onde andará essas desmioladas? Já ta quase na hora da ceia.
ANINHA: - Chegamos!
BERNADETE: - Ainda bem.
ANINHA: - Disse-lhe que não havia com que se preocupar.
BERNADETE: - Diz isso por que não teu coro que será arrancado num tronco.
ANINHA: - Você é muito exagerada.
BINÁ: - Que pensam que estão fazendo? Isto é lá hora de chegar? Vossa mãe já pergunto pro vossuncê...
BERNADETE: - Estou com os nervos a flor da pele.
BINÁ: - Isto é lá hora de duas moças andarem por aí? É bom que vosso pai num fique sabeno disso.
BERNADETE: - Bem avisei a Sinhaninha... Mas não me deu ouvidos.
ANINHA: -
BINÁ: - Com você depois converso. Quanto a você mocinha, trate de tomar um belo banho...
ANINHA: - Que cara é essa Biná? Aconteceu algo enquanto estivemos fora?
BINÁ: - Não tenho autorização pra falá. Ordens de vossa mãe. Agora vá... Tome seu banho.
ANINHA: - Vai me deixar assim, curiosa?
BINÁ: - Que posso fazer menina? Sigo ordens... Agora vá e não pergunte mais nada.
ANINHA: - Ih, já não estou gostando nada disso. Biná... Se me contar, posso fingir que não estou sabendo de nada.
BINÁ: - Não deveria. Não foi isso que vossa mãe lhe ensinou. Agora vá, e não insista. Não direi.
ANINHA: - Acho que estás ficando velha e ranzinza!
BINÁ: - E mais obediente que nunca! Agora vá.
ANINHA: - Está bem! Já entendi...
BINÁ: - Aninha... Sei bem que estás aprontando alguma...
ANINHA: - O que sabes?
BINÁ: - Ora menina... Não nasci ontem.
ANINHA: - Não sei o que dizes.
BINÁ: - Pois eu sei. E como sei.
ANINHA: - Estás variando!
BINÁ: - Cuide de tomar seu banho e colocar seu melhor vestido. (Sai)
ANINHA: - Abriste tua boca.
BERNADETE: - Eu? Não. Juro que não.
ANINHA: - Espero que não. Não te esqueças que és minha dama de compania e devo confiar em você e você me deve lealdade.
BERNADETE: - Por tudo que é mais sagrado... Não disse. Além do mais meu pescoço também está em risco.
ALVA: - Onde estavam? Já é tarde e deve se aprontar.
BINÁ: - Vamos Bernadete. (Saem)
ANINHA: - Senhora minha mãe, da pra me dizer o que está acontecendo aqui?
ALVA: - Temos um jantar muito importante hoje...
ANINHA: - Jantar?
ALVA: - É, minha filha. O Cel Brandão e sua família virão hoje jantar conosco.
ANINHA: - E qual o motivo desse jantar tão especial?
ALVA: - Deixa de fazer tantas perguntas e vá se preparar... Já não lhe disse pra ter coisado com o sol? Os homens minha filha não gostam de mulheres com a pele queimada. Preferem peles alvas, delicadas. Agora vá... Se apronte... E não demore. Jovens! (Saem)
CENA VI
BERNADETE: - Que acontece nessa casa mãe Biná?
BINÁ: - Que acontece nessa casa eu sei, mas o que me preorcupa é o que acontece fora desta casa.
BERNADETE: - Por que está dizeno isso?
BINÁ: - Que os orixás guiem vossuncê e essa menina, pelo que estão fazeno, ou pensano em fazê. Espero que Aninha se case o quanto antes... Que to veno a hora é uma desgraça.
BERNADETE: - Casá?
BINÁ: - É casá. Hoje o coroné Brandão vem em nome de seu filho o Dr. Ramos, pedir a mão de Aninha em casamento.
BERNADETE: - Será que Sinhaninha vai aceitá?
BINÁ: - E por que num haveria de aceitá?
BERNADETE: - Sei lá...
BINÁ: - Menina, menina! Isso seria uma afronta para a família do jovem doutor. Além do mais, Aninha está prometida a Sr. Ramos desde que era uma menina.
BERNADETE: - É tão cruel esta forma de se escolher um noivo.
BINÁ: - Desde que o mundo é mundo é assim que é...
BERNADETE: - Por que?
BINÁ: - Por que é assim.
BERNADETE: - Não se passa na cabeças dos pais que eles podem não se gostarem?
BINÁ: - Vossuncê tem muito que aprender Bernadete. Agora deixa de conversa e me ajude a prepará a mesa.
BERNADETE: - Nós escravos que somos felizes. Ao menos podemos escolher o nosso marido.
BINÁ: - Num seja tola. Somos propriedade dos brancos. Vendidos e separados das pessoas que amamos. Nos tiram tudo. Marido, mãe, pai e intém filhos.
BERNADETE: - Foi assim com vossuncê?
BINÁ: - Tenho mais o que fazê que ficá aqui de conversa fiada.
SEVERINA: - Oia! Se não a Bernadete, a ilustríssima dama de companhia.
BERNADETE: - Poi pode oiá... E oiê bem, morrar de inveja.
SEVERINA: - Inveja? Eu? (Rir) Só que me fartava. Tê inveja de uma escravinha ralé, mentida a besta. Acha que só por que ta com essa roupa de branca é mio que eu?
BERNADETE: - Posso num sê mio. Mais sei que daria tudo pra ta no meu lugar.
SEVERINA: - Aproveita bem neguinha... Isso num durará muito tempo.
BERNADETE: - Que vossuncê ta quereno dizê?
SEVERINA: - Eu? Nada.
BINÁ: - Agora parem já com isso vocês duas. Preciso de ajuda. E você Severina... Já que num tem o que fazê, cai fora da minha cozinha.
SEVERINA: - To de oio em você Detinha!
BERNADETE: - Cobra!
BINÁ: - Chega. Se num sai chamo o capitão...
SEVERINA: - Isso... Chama. Aproveita e chama o Coroné Salles. Deixa ele sabê que coisas acuntece aqui, bem debaixo do bigode dele.
BINÁ: - Que isso agora? Do que ta falano moleca?
SEVERINA: - Num sabe? Logo vosmicê que sabe tudo! Que tudo vê... Num vai me dizê que seus búzios está te traino, ou será que a mãe Biná ta ficano gagá?
BINÁ: - procura teu rumo sua má criada.
SEVERINA: - Ah, que medo!
BERNADETE: - Cai fora daqui...
SEVERINA: - Pergunta pra Bernadete... Ela sabe do que to falano. Tenho certeza que vai preferir que eu fique de boca bem fechada. Num é mermo Detinha?
BERNADETE: - Num sei do que vossuncê ta falano.
SEVERINA: - Não? Então mode que ta com tanto medo?
BERNADETE: - Vossuncê é uma cobra venenosa e traiçoeira.
SEVERINA: - Então cuidado comigo.
BERNADETE: - Além de mentirosa.
SEVERINA: - O encontro de hoje a tarde, foi um fingimento?
BERNADETE: - Estava nos seguindo?
SEVERINA: - Mio vive mió os mais esperto.
BERNADETE: - O que você quer?
SEVERINA: - Na hora certa, saberá. Há detinha! Num quero ta na sua pele quando o capitão do mato, o Coisa Ruim, soubê... E vossuncê sabe muito bem, que ele é doidinho pra colocar as maõs nessa sua pelezinha de negrinha disfarçada de Sinhá.
BERNADETE: - Vossuncê é um montro!
SEVERINA: - Ah, se eu fosse vossuncê... Faria tudo que euzinha madar. (Sai)
BERNADETE: - Meu Deus!
BINÁ: -Calma menina. Vai vê que ela apenas ta te colocano medo.
SEVERINA: -
BERNADETE: - Ela descobriu tudo! Tenho certeza. Estou perdida! Perdida... Perdida, mãe Biná.
BINÁ: - Acalme teu coração filha. Não sofra por antecipação. Calma! Vou te preparar um chá de camomila.
BERNADETE: - E agora? Que farei?
BINÁ: - Me conte. Quem sabe, posso ajudar...
SEVERINA: -
BERNADETE: - Infelizmente, não posso. Não posso. Sinto muito mãe Biná.
BINÁ: - Entendo filha. Vamos... Venha comigo. (Saem)
CENA VII
ZULÚ: - Vossuncê só pode te ficando maluco...
QUILÊ: - Se amar verdadeiramente é maluquisse... Sim, estou maluco.
ZULÚ: - Nunca uma arrumação dessa dará certo.
QUILÊ: - É tão difícil acreditar no amor?
ZULÚ: - No amor não. Mas nessa loucura de um negro, escravo, amando uma moça branca. Ainda mais filha de quem é.
QUILÊ: - Se depender de mim... Vou me casar com Sinhaninha.
ZULÚ: - E assim assinará sua sentença de morte.
QUILÊ: - Se ela quiser... Fujo com ela pro quilombo.
ZULÚ: - Abestalhou de vez! Nunca que uma moça igual a Sinhaninha vai se acostumar a viver num quilombal.
QUILÊ: - Aninha me ama.
ZULÚ: - Mas não suportará uma vida ao lado de um negro fugitivo. Isto se o capitão do mato num te pegar antes.
COISA RUIM: - O que tanto conversam?
ZULÚ: - Nada não capitão...
COISA RUIM: - E o que faz vossuncê a cá?
ZULÚ: - Fazê um mandado pro meu sinhô.
COISA RUIM: - Então caça teu rumo.
ZULÚ: - Se sinhô...
COISA RUIM: - E tu nego, vorta a teu trabalho. Num quero nego preguiçoso aqui na fazenda não.
QUILÊ: - Se sinhô... (Sai)
COISA RUIM: - Arre! Estes negos estão aprontando... Eles que me arrumem alguma baderna... (Sai)
CENA VIII
ALVA: - Estou com os nervos a flor da pele.
CEL SALES: - Acalma-te. Tudo há de dá certo.
ALVA: - Fiz o possível para que a hospitalidade que oferecemos a nossos convidados seja o mais agradável possível.
ANINHA: - Por que tanto mistérios?
CEL SALES: - Está noite, é uma noite muito especial minha filha. Espero que comporte-se como de acordo a ocasião.
ANINHA: - Claro papai. Quanto a isso não há com que se preocupar. Os Jamais envergonharia
ALVA: - Quanto a isso não temos dúvidas.
BINÁ: - Sinhá...
ALVA: - Sim Biná?
BINÁ: - O coroné Clóvis e sua família acabam de chegar.
ALVA: - Peça que entram, Biná.
BINÁ: - Por favor...
CEL SALES: - Sejam bem vindos!
CLÓVIS: - Sales... Meu grande amigo. Quanta honra...
CEL SALES: - A honra é toda minha em recebê-los em minha humilde casa
CLÓVIS: - Quanta modéstia! Este é Ramos, meufilho.
RAMOS: - É um imenso prazer senhor.
CEL SALES: - Enfim, tenho a honra de conhecê-lo pessoalmente.
RAMOS: - Espero não desapontá-lo, senhor.
CLÓVIS: - Minha senhora creio que o senhor já conhece.
CEL SALES: - Claro. Encantadora como sempre.
CLÓVIS: - Então está deve ser a bela Ana.
ANINHA: - Gentileza sua senhor.
ALVA: - Bem, que tal sentamos...
ALBERTINA: - É uma ótima idéia... Estou com meus pés me matando.
ALVA: - Biná...
BINÁ: - Sinhora?
ALVA: - Traga-nos um suco.
CEL SALES: - Senhores... Vou servi-los a melhor bebida de toda redondeza. (Serve)
CLÓVIS: - Essa é das boas!
CEL SALES: - E ao que devo a honra dessa tão gratificante visita?
CLÓVIS: - Como o amigo já deve imaginar... Estou aqui fazendo as formalidades pra honrar a uma promessa feita há alguns anos atrás. Claro que espero que o amigo não há tenha esquecido.
CEL SALES: - A palavra de um homem é mais valiosa que qualquer fortuna.
CLÓVIS: - Represento meu filho Ramos e peço ao senhor a mão de sua filha Ana em nome do meu filho, conforme todas as formalidades...
CEL SALES: - Muito me honra este pedido, pois bem sei da índole de vosso filho e sei o quanto Dr Ramos poderá fazer Aninha feliz. E da minha palavra, não volto atrás. A mão de Aninha está concedida a seu filho.
CLÓVIS: - Então, só nos resta brindar!
ALBERTINA: - E você minha jovem o que diz?
ALVA: - Aninha esta feliz! Não é minha filha? Tão grande honra não.
BINÁ: - Com licença sinhá... O suco. (Serve)
ALVA: - Soubemos que o doutor advoga na capital.
RAMOS: - Pois é... Depois que regressei da Europa, onde conclui meus estudos, me estalei na capital e abri meu próprio escritório de advocacia.
ANINHA: -
ALBERTINA: - Ramos, sente-se muito sozinho na capital. E tendo ele uma vida estabilizada percebeu que chegou a hora de constituir sua própria família.
CLÓVIS: - E a senhorita?
ANINHA: - Eu? Que dizer? Se não... Encantada.
ALVA: - Aninha é tímida. Mas com o tempo o senhor Ramos perceberá a jóia de memina que é.
ALBERTINA: - Como se deu sua educação Ana?
ALVA: - Aninha foi educada pelos melhores professores particulares que há. Não é mesmo filha? Fala quatro idiomas fluentemente e é uma exinima pianista. Sem contar nos dotes que possui...
ALBERTINA: - Imagino que seja uma excelente aspirante a dona de casa.
ALVA: - Isto, eu, pessoalmente fiz questão de ensiná-la.
(Aninha sai um pouco Ramos a acompanha)
RAMOS: - Com licença...
ANINHA: - Fique a vontade.
RAMOS: - Ouvi muito falar de sua beleza... Mas não imaginava que fosse tanta.
ANINHA: - Obrigada, senhor.
RAMOS: - Ficaria feliz se ao menos esboçasse um sorriso... (Ela esforça um sorriso) Bem melhor assim. Realça mais com sua beleza.
ANINHA: - É melhor entrar. Não fica bem eu ficar aqui em companhia de um cavalheiro.
RAMOS: - Dá-me a honra? (Ela dá o braço ele a conduz)
BINÁ: - (Entra e cochicha no ouvido de Alva)
ALVA: - Obrigada, Biná. (Bina sai) Senhores... Senhora... O jantar já está servido.
CEL SALES: - Já estava na hora, não? Sem cerimônias...
ALVA: - Por aqui, por favor... (Saem)
CENA IX
QUILÊ: - Que vossuncê quê aqui?
SEVERINA: - Por que, num posso?
QUILÊ: - Num tô afim de conversa com vossuncê.
SEVERINA: - É uma pena. Sei de uma coisinha que vossuncê num sabe.
QUILÊ: - Num me interessa suas frutricas.
SEVERINA: - Mermo que seja de sua querida e amada sinhá Aninha?
QUILÊ: - Num envolva o nome de Aninha em tuas intrigas.
SEVERINA: - Ta maió festança lá na casa grande.
QUILÊ: - To sabeno.
SEVERINA: - Aposto que por isso ta bicudo.
QUILÊ: - Meta-se com tua vida.
SEVERINA: - É bonito! O tarzinho, filho do coroné... Dr Ramos, doutor. Bem apanhado mermo! E pelo que ouvi falá... Veio pra noiva com Sinhaninha.
QUILÊ: - Conversa!
SEVERINA: - Antes fosse! Pensou mermo que Sinhaninha é mulhé pra vossuncê?
QUILÊ: - E vossuncê ta se roendo de inveja. Que Aninha pode ter o homem que desejar e já vossuncê...
SEVERINA: - Quê arquer... Menos vossuncê. Vossuncê vai tê que se contentá com eu... Euzinha!
QUILÊ: - Isso nunca!
SEVERINA: - Ah, é? E vai querer cair nas garras do feitor? Se eu conto pro coisa ruim o que eu tô sabeno, Vai te levar pro tronco e vossuncê vai sangrar até a morte.
QUILÊ: - Por pié que seja o tronco, prefiro ele que vossuncê.
SEVERINA: - Ah, é? Egoísta. Num pensa no que pode acontece com Sinhaninha?
QUILÊ: - Se atreva e eu te mato.
SEVERINA: - Isto é... Se vossuncê num morrer antes. Escuta Quilê, se vossuncê num for meu, num será de ninguém. (Sai)
QUILÊ: - Ainda esgano essa criola. (Sai)

fevereiro 11, 2011

FOLIA DO CORAÇÃO! (Texto de Teatro)

FOLIA DO CORAÇÂO!
De: Marcondys França
PERSONAGENS:
NANCI
ALICE (Irmã de Nanci)
GRAÇA (Amiga de Nanci)
NEGUINHO DA APOTEOSE (Apresentador de TV)
LUNA (Candidata)
NEGA BLACK (Assistente de Palco)

CENA I
ALICE: - Olha, meu bem... Você não se esqueça de lavar a louça, a cozinha está um nojo. Depois queridinha trate de dar uma geral na casa.
NANCI: - Alice... Não posso. Já estou quase da saída. Hoje tenho que pegar a Gracinha no aeroporto.
ALICE: - Você tem muito que fazer. Primeiro as tarefas, depois estará livre pra fazer o que quiser.
NANCI: - Mas não posso deixar a Gracinha esperando.
ALICE: - Olha, você sabe suas obrigações. Espero que faça a sua parte. Bem, agora tenho que ir. Estou em cima do horário, e tenho que cuidar da minha beleza.
NANCI: - E eu vou pegar a Gracinha no aeroporto.
ALICE: - Você que sabe. Ou limpa, ou ficará tudo sujo! Tchauzinho... (Sai)
NANCI: - Isso não é justo! Cobra cascavel!
(Toca a campanhia)
NANCI: - Já vai...
GRAÇA: - Minha querida!
NANCI: - Gracinha...
GRAÇA: - Deixa eu olhar pra você. Meus Deus! Você está simplesmente maravilhosa.
NANCI: - Você então... Nem se fala.
GRAÇA: - Que saudades!
NANCI: - Também. Que bom que você está aqui. Entra...
GRAÇA: - Obrigada, meu bem.
NANCI: - Deixa eu te ajudar com as bagagens.
GRAÇA: - Estou destruída.
NANCI: - Quer um suco?
GRAÇA: - Daqui a pouco. Tenho uma surpresa pra você.
NANCI: - Surpresa?
GRAÇA: - Um presentinho... Acho que vai gostar. (Pega) Toma.
NANCI: - Ah, obrigada.
GRAÇA: - Abra.
NANCI: - É o que estou pensando?
GRAÇA: - Um convite para desfilar na escola de samba.
NANCI: - Escola de samba?
GRAÇA: - É. E do grupo especial.
NANCI: - Ah! Jura? Que maravilha! Um convite. Eu desfilando...
GRAÇA: - Sabia que iria gostar.
NANCI: - Adorei. Mas...
GRAÇA: - Que foi Nanci.
NANCI: - É que eu não tenho fantasia...
GRAÇA: - Isso já está resolvido. O convite inclui a fantasia.
NANCI: - É. Mas Gracinha... Eu não sei sambar.
GRAÇA: - Quanto a isso, você não precisa se preocupar. Não há melhor professora pra te ensinar a sambar que eu. Modesta parte.
NANCI: - Não duvido. Não é a toa que durante muitos anos você foi rainha da bateria de várias escolas de samba. Mas como aprenderei?
GRAÇA: - Praticando. Sambar é treino.
NANCI: - Será que vou conseguir?
GRAÇA: - Entenda uma coisa querida... Não se samba com os pés...
NANCI: - Não?
GRAÇA: - Não. É com a alma. Tem que se colocar o coração na avenida.
NANCI: - Tenho medo de não dar conta.
GRAÇA: - Querer é poder! É só se esforçar.
NANCI: - Se está dizendo... Eu acredito.
GRAÇA: - E hoje mesmo começaremos...
NANCI: - Olha... Quem está aqui!
GRAÇA: - Boa tarde pra você também.
ALICE: - (Pega o convite) Que isso?
NANCI: - É meu. Me dá isso aqui.
ALICE: - Não... Não dá pra acreditar. A mocoronga desfilando numa escola de samba?! Que isso, alguma brincadeira? É uma pegadinha, não é?
GRAÇA: - Não meu bem. E se que saber a Nanci vai arrasar.
ALICE: - Hum, hum! Claro que vai. Arrasar com a escola de samba. Vai rebaixar ao grupo de acesso.
GRAÇA: - Ainda vai morrer envenenada com seu próprio veneno.
ALICE: - Antes disso mando um monte pro buraco. Como sofre as pessoas que falam a verdade. É duro se honesta! Nanci... sambando. (Rir). (Sai).
NANCI: - Cobra venenosa! Talvez tenha razão.
GRAÇA: - Nada disso. Não se deixe levar pelas maldades da Alice. Vamos... Hoje mesmo começaremos a treinar. (Saem) (Entra Alice pega o convite e sai)

CENA II
(Entra Graça e Nanci que trás um micro system)
GRAÇA: - Bom... Primeiro vamos nos alongar um pouco. Isso... Agora preste atenção... É muito simples. Primeiro passo são os pés...
NANCI: - O que me preocupa é o molejo.
GRAÇA: - Isso vem naturalmente. Com o tempo você adquire o molejo, a Ginga. Vamos ao primeiro passo. Imagine que você vai matar uma barata...
NANCI: - Que nojo!
GRAÇA: - Então imagine uma formiga. E você tem que matar... Então, você pisa na barata, arrasta e puxa. E pisa na barata arrasta e puxa... Isso... Muito bem. De novo.
NANCI: - Isso cansa!
GRAÇA: - No começo é assim mesmo trabalhoso. Agora vamos ao segundo passo...
NANCI: - Qual é?
GRAÇA: - As mãos... É só colocar leveza... É tudo muito leve... Flutuando... Com graciosidade. Isso... Muito bem Nanci. Bom, agora vamos dá uma enfeitada nesse teu nome. Vamos colocar algo mais atraente.
NANCI: - Como assim?
GRAÇA: - Que tal, ao invés de Nanci, você passara a se chamar Nani?
NANCI: - Nani?
GRAÇA: - É. Acho um nome bacana. Que soa bem.
NANCI: - Gostei. Pode ser.
GRAÇA: - Então está bem, Nani... Vamos tentar colocar tudo de uma vez acrecentando um belo sorriso. Afinal, simpatia na avenida é tudo.
NANCI: - Um belo sorriso... Mas como coordenar tudo isso...
GRAÇA: - É fácil. É só se concentrar. Vamos? (Entra Alice e fica escondida observando) Vamos... Pisa na barata, arrasta e puxa, solta os braços, relaxa as mãos, e... sorrir...
NANCI: - Jesus!
GRAÇA: - Vamos... Você está conseguindo. É só treinar.
ALICE: - Bravo! Sinceramente... Nunca vi um show de horror mais trash que este.
GRAÇA: - Por que você é tão má?
NANCI: - Eu? Má é você que vai soltar está desengonçada na avenida. Que saber? Tenho pena desta escola de samba. (Nanci sai chorando)
GRAÇA: - Você ainda vai morder a língua...
ALICE: - Só se for de tanto rir. Vê a Nanci desfilando será uma grande comédia.
GRAÇA: - Mudo meu nome se a Nanci não arrasar... Terei o prazer de vê a tua cara aplaudindo a tua irmã.
ALICE: - Não acredito em milagres.
GRAÇA: - Nem eu. Acredito em esforço, determinação... Mas isso que você não sabe o que é. (Sai)
ALICE: - Isso... Vai... Vai lá consolar aquela fracassada. (Vê uma sacola. Abre) Que isso? Hã... Olha! A fantasia da mocoronga. Se eu... Sabotasse a fantasia? A mocorongozinha não teria como desfilar... (Rasga) Agora eu quero vê. (Sai)

CENA IV
GRAÇA: - Agora é hora de fazer a prova da fantasia.
NANCI: - Ah, eu estou tão nervosa.
GRAÇA: - Sei bem como é isso.
NANCI: - Mas... Que isso?
GRAÇA: - Que foi?
NANCI: - A fantasia.
GRAÇA: - Que tem a fantasia?
NANCI: - Está rasgada.
GRAÇA: - Não é possível.
NANCI: - Foi ela.
GRAÇA: - Não... Não pode ser. Alice não seria tão leviana.
NANCI: - Não há outra explicação. Ela me detesta.
GRAÇA: - Não querida. Tua irmã tem inveja. Por saber que você é capaz.Que te colocar pra baixo.
NANCI: - Mas, e agora?
GRAÇA: - Vou vai desfilar...
NANCI: - Como? Não tenho mais fantasia.
GRAÇA: - Você desfila com a minha.
NANCI: - Não...
GRAÇA: - Resolvido.
NANCI: - E você?
GRAÇA: - Vou ter a honra de assistir e aplaudir você passando pela avenida do samba.
NANCI: - Não posso.
GRAÇA: - Trabalhamos muito pra desistir agora. Bom, vamos ensaiar...

CENA V
GRAÇA: - Olha só isso...
NANCI: - Que é?
GRAÇA: - Uma inscrição.
NANCI: - Concurso?
GRAÇA: - É. E você querida esta inscrita.
NANCI: - Um concurso de musa do carnaval...
GRAÇA: - Acredito no seu potencial.
NANCI: - Não sei... E se eu...?
GRAÇA: - Perder?
NANCI: - É.
GRAÇA: - Ao menos você tentou.
NANCI: - Tenho medo.
GRAÇA: - Todos temos. Escute minha querida. É preciso enfrentar o medo. Viver com medo é viver pela metade. Não se esqueça disso. Agora vamos continuar... Temos que intensificar os ensaios. (Coloca a música) (Entra Alice)
ALICE: - Meu Deus! É assim que você quer desfilar numa escola de samba? É como se eu estive vendo a visão do inferno.
GRAÇA: - Não posso dizer que falta o diabo, pois não é que acabou de chegar... Vamos Nani...
ALICE: -Nani? Que coisa mais ridícula
GRAÇA: - Vamos ensaiar em outro lugar o ar está muito pesado. (Saem)
ALICE: - Que isso? (Pega a inscrição) Uma inscrição para um concurso de televisão... Só que faltava. Será uma vergonha em rede nacional. Mais é mesmo muito ridícula! (Sai)

CENA VI
(No programa de televisão)
NEGUINHO DA APOTEOSE: - Muito boa noite senhoras e senhores... Está no ar com muita alegria: O meu, o seu, o nosso programa da folia... Nesta noite só temos que celebrar a alegria, num programa alto astral, onde ira revelar a nova musa do carnaval. Então fiquem comigo que a partir de agora vocês irão torcer e vibrar coma as finalista aqui no programa EM BUSCA DA ESTRELA! (Música) Agora é com você Nega Black.
NEGA BLACK: - É isso ai Neguinho da Apoteose... Para completar este sonho, a campeã desta noite irá levar além do título de musa do carnaval 2011, um carro zero quilometro, uma viagem com direito a acompanhante para qualquer capital brasileira e uma conta corrente com vinte mil reais para fazer o que bem desejar. Agora é com você...
NEGUINHO DA APOTEOSE: - Muito obrigado Nega Black. Aqui é assim, só chega na final as melhores candidata. E você de casa que escolhe a campeã da noite, basta ligar para o número que aparece no roda pé da sua teve e escolher sua candidata preferida. Nesta noite temos duas sobreviventes. Vamos chamar até nosso palco a primeira candidata. Luna Sapucaí. (Entra Luna)Tudo bem?
LUNA: - Ótimo.
NEGUINHO DA APOTEOSE: - Qual comunidade representa?
LUNA: - Morro da alegria.
NEGUINHO DA APOTEOSE: - Veio pra vencer?
LUNA: - Com certeza.
NEGUINHO DA APOTEOSE: - Então arrebenta!
LUNA: - É pra já.
NEGUINHO DA APOTEOSE: - Maestro Zezão... Poe pra quebrar. (A candidata samba)
NEGUINHO DA APOTEOSE: - Muito bem... Agora é só aguardar a votação. Boa sorte! E agora vamos ao rápido intervalo e já voltamos com a nossa segunda candidata que também está em busca da estrela. Fica ai que eu volto já! (Música) Alguém retoca a minha maquiagem... (Sai)
NANCI: - É minha vez.
GRAÇA: - É querida.
NANCI: - Estou de pernas bamba!
GRAÇA: - É natural. Mas não se esqueça. Acredite em você. (Entra Alice)
NANCI: - Alice?
ALICE: - Sou eu.
GRAÇA: - Como conseguiu entrar?
ALICE: - Sou irmã da Nanci, não sou? Dei meu jeito.
NANCI: - Se veio pra...
ALICE: - Hei, calma! Estou desarmada. Também vim torce por você. Sou tua irmã. E desejo a tua felicidade.
NANCI: - Então... Você veio pra torcer por mim?
ALICE: - Claro. Somos uma família não somos?
NANCI: - É... Tem razão. Estou tão nervosa... Que estou com a boca seca.
ALICE: - Eu pego um copo com água pra você. (Enquanto pega mistura um pó na água)
GRAÇA: - Preste atenção... Aconteça o que acontecer mantenha sempre a postura. Como lhe disse antes, não sambamos apenas com os pés, mas também com a alma, o coração. E eu estou aqui torcendo por você. Independente de qualquer resultado, saiba que você chegou muito além.
ALICE: - Aqui a tua água.
NANCI: - Obrigada. O apresentador está entrando no palco. Esta chegando a hora.
GRAÇA: - Esta é sua hora.
NEGUINHO DA APOTEOSE: - Estamos de volta, com o meu, o seu, o nosso EM BUSCA DA ESTRELA. Hoje dia de grande final, agora você acompanha o replay da performance da nossa primeira candidata. E o desafio será acirrado pois a nossa segunda candidata estará aqui no palco para disputar a preferência do público e no final a decisão é toda sua meu caro telespectador. Vamos vê um tape e conhecer melhor a nossa segunda finalista.
NANCI: - Não estou me sentindo bem.
GRAÇA: - Que foi?
ALICE: - Vai vê que está com medo.
NANCI: - Estou com forte dor na barriga.
ALICE: - É melhor desistir enquanto ainda há tempo.
GRAÇA: - Isso nunca! Não nadamos até aqui pra morrer na praia. Escuta aqui Nani, você se concentra e vai até lá. Você pode e nós sabemos disso.
ALICE: - Não acho uma boa idéia.
GRAÇA: - Foi você...
ALICE: - Eu... O que sua louca?
GRAÇA: - Você colocou algo na água dela.
ALICE: - Que horror! Nanci é minha irmã jamais prejudicaria ela desta forma.
NANCI: - Não sei se vou conseguir...
GRAÇA: - Claro que vai. Acredite em você. Nada pode ser mais forte que seu sonho. Vai lá e arrase. Faça por você, pó mim, por nós.
NEGUINHO DA APOTEOSE: - E agora vamos chamar ao palco nossa segunda finalista... Por favor... (Nani entra) Qual seu nome meu bem?
NANCI: - Nani Veloso.
NEGUINHO DA APOTEOSE: - Já tem o nome de estrela. Que comunidade representa?
NANCI: - Represento a todas as pessoas que não se limita a sonhar, mas que vão em busca de seus sonhos.
NEGUINHO DA APOTEOSE: - Uma salva de palmas. No discurso já vimos que é boa. Agora é sua chance de provar que também é boa no samba. Preparada?
NANCI: - Creio que sim.
NEGUINHO DA APOTEOSE: - Nervosa?
NANCI: - Um pouco.
NEGUINHO DA APOTEOSE: - Podemos soltar a música?
NANCI: - Sim, pode.
NEGUINHO DA APOTEOSE: - Então boa sorte! Maestro Zezão... Solta o samba. (Ela samba)
GRAÇA: - Muito bem.
ALICE: - A outra foi melhor. Sem chance!
GRAÇA: - Que veremos.
NEGUINHO DA APOTEOSE: - Muito bem. Agora chegou o momento da decisão. Todos os votos estão sendo computados. E dentre alguns minutos saberemos quem será a musa do carnaval 2011 promovido por nosso programa EM BUSCA DA ESTRELA. Vamos chamar a outra candidata, Luna. Fiquem uma do lado da outra. Muito bem. Anciosa?
LUNA: - Não. Estou tranqüila.
NEGUINHO DA APOTEOSE: - E você?
NANCI: - Um pouco.
NEGUINHO DA APOTEOSE: - Bom, chegou o grande momento. Nega Black trará o envelope, e dentro dele, contem o nome da grande vitoriosa. (Entra Nega Black) Já está em minhas mãos o resultado... Vamos abrir... E a grande vencedora é... Com 75% dos votos, o público elegeu a Musa do Carnaval 2011... Você... Nani. Parabéns. Nani Veloso A Musa do Carnaval 2011. E voltaremos semana que vem com mais um EM BUSCA DA ESTRELA... Tenham todos uma boa noite. (Nani é coroada enquanto o apresentador se despede)
GRAÇA: - Há! Eu sabia... (Abraça Nanci) Parabéns, você merece.
NANCI: - Não vai me cumprimentar.
ALICE: - Essa maracutaia! Claro que os votos foram manipulados. Dá mais audiência. (Sai)
GRAÇA: - Liga pra ela não. É pura inveja... Hoje é seu dia, e vamos comemorar. A nova musa do carnaval!
NANCI: - Graças a você.
GRAÇA: - Nada disso. Graças a seu esforço, sua vontade, sua determinação. Você acreditou em seu sonho e chegou muito além. E eu estou muito orgulhosa de você. Agora vamos... Vamos festejar! (Música Vou Festejar)

F I M

fevereiro 02, 2011

A ENCALHADA (Texto de Teatro)

A ENCALHADA
De: Marcondys França

PERSONAGENS:
CORRINHO (Mãe)
SEBASTIÃO (Pai)
JANICE (Filha)
PAUMIRA (Amiga)

PEÇA EM UM ATO

JANICE: - Meu Santo Antônio, vou te deixar assim de cabeça para baixo, até o senhor me arrumar um marido. Onde já se viu, já estou na idade de casar e até agora nada!
CORRINHO: - Ocê que se aquete menina! Já disse que é bem mio ficar sorteira.
JANICE: - Mainha... Per todos os santos do mundo. Num diga uma derrota dessa não. Vá que Santo Antônio escuta uma coisa dessa. Ai é que num caso mermo! No caritó num fico. De jeito maneira.
CORRINHO: - Deixa de fuleragem menina! Te quebro os dentes. Ta achano o que? Que vou permiti pouca vergonha aqui em casa é? Quero morrer tesga se deixar ocê com quarquer um...
JANICE: - Que vida disgraçada é minha... Nem direito de mim casar eu tenho.
CORRINHO: -Tu ta é com fogo na bacurinha. Sei be como acabar com isso. Um bom banho de água fria. (Janice sai)
SEBASTIÃO: - Que gritaria é essa, Corrinho? Mai que diacho ta aconteceno aqui? Lá do fundo do quintá dá pra ouvi esse teretetê!
CORRINHO: - Ô, Tião... É nossa fia, que agora inventou quer casá.
SEBASTIÃO: - Uai! E isso num era já de se esperá? È bão... Mió assim, pelo meno, ela num pensa como muitas peldidas que tem poraí. Que vive vive correno atrás dos machos.
CORRINHO: - Oschem, e desde de quando ocê aprova vê sua filha de chamego com desses cabras?
SEBASTIÃO: - Prefiro ela namorando aqui nesta sala na nossa presença.
CORRINHO: - Num to acreditano no que to ouvino...
SEBASTIÃO: - O sonho de quarquer pai e vê sua fia bem casada.
CORRINHO: - Vou inté sai daqui porque meus ouvidos não agüentam ouvi mais tantas asneiras. (Sai)
SEBASTIÃO: - Mai quem ta bateno palma lá fora?
PAUMIRA: - Bom dia, seu Tião?!
SEBASTIÃO: - Bom dia, Parmira.
PAUMIRA: - A Nicinha está?
SEBASTIÃO: - Ta sim. Vou chamá. Janice! Janice!
JANICE: - Oi!
SEBASTIÃO: - Que oi o que cabrita. Sinhô!
JANICE: - Ta bom pai. Discupa.
SEBASTIÃO: - Num ta esqueceno nada?
JANICE: - Benção. (Ele sai) Que cara é essa? Inté parece que comeu e num gostou.
PAUMIRA: - Que cara é essa? Inté parece que comeu e num gostou.
JANICE: - To quereno casá, mas mainha num quer que nem se toque no assunto.
PAUMIRA: - E teu pai?
JANICE: - Painho, é a favor...
PAUMIRA: - Então é meio caminho andado. E ocê tem argúem em vista?
JANICE: - É ai que ta probrema. Aqui, todo mundo conhece todo mundo... E arrajar um marido é difici.
PAUMIRA: - Os homis aqui de Cacimba de Dentro ou é casado ou já tem compromissô.
JANICE: - Mais Santo Antônio tem que me ajudar. Ou me ajuda, ou afogo ele naquele copo. E em último caso, quebro o pescoço dele.
PAUMIRA: - Vigi santíssima! Ai que num casa mermo.
JANICE: - Ah, eu caso. Nem que eu tenha que embregar o padre.
PAUMIRA: - Que desespero! Sorte sua... Hoje tem festa. A festa do Arraia do Zé Perneta. Vem gente de todas as bandas.
JANICE: - Ah! Então, tenho que ficar linda. De hoje num passa.
PAUMIRA: - Mai tua mãe?
JANICE: - Vou escondida.
PAUMIRA: - Isso vai dar confusão.
JANICE: - E se encontrar um pretendente, fujo cum ele.
PAUMIRA: - Ficou louca?
JANICE: - Louca é ficá no caritó. Agora vamos.
PAUMIRA: - pra onde?
JANICE: - Pra tua casa. Acha mermo que vou correr o risco de mainha me prender pra num ir a festa. (Olha para Santo Antônio) Olha Santo Antõnio, vê se faz sua parte. (Saem)
CORRINHO: - Oh, minha virgi santíssima, cadê minha fia? Onde se enfiou essa dismiolada?
SEBASTIÃO: - Que disispero é esse mulé? Inté parece que morreu argúem.
CORRINHO: - Se num morreu, vai morrê. Tua fia, num vortô pra casa. Passaou a noite fora. Sabe que isso quê dizê?
SEBASTIÃO: - Que se divertiu...
CORRINHO: - Sei bem qual a diversão de uma moça que passa a noite fora sem os oios atentos dos pais.
SEBASTIÃO: - Ocia devia confiar mais na tua fia.
CORRINHO: - Confio, desconfiando. Ta pensano o que? Ninguém me engana, não. To ficano veia, mai num sou cega não, nem tão pouco lesada.
SEBASTIÃO: - Teu mal é que vê mardade em tudo.
CORRINHO: - Seio bem que to falando. Essa hora minha fia deve está disgraçada.
JANICE: - Mainha... Painho...
CORRINHO: - Onde tu tava até uma hora dessa sua desinfeliz.
JANICE: - Ai que estresse! Tava na festa.
CORRINHO: - Ai, num disse...
JANICE: - E tenho novidades!
SEBASTIÃO: - Que novidade é essa?
JANICE: - Eu vô casá.
SEBASTIÃO: - Mai que boa notícia fia minha!
CORRINHO: - Casá? E por que um casamento tão avexado?
JANICE: - Por que to apaixonada.
CORRINHO: - Ta perdida, né isso?
JANICE: - Não. Estou encontrada.
CORRINHO: - Pra se casá com esse cabra que nem seio quem, só se passar por cima de meu cadavé.
SEBASTIÃO: - deixa a menina em paz! Se ela quer casá, vai casa, e pronto.
JANICE: - Quer aber mainha... Num foi ele que buliu comigo não. Fui eu que buli com ele.
CORRINHO: - Sem vergonha! Num tem um pingo de bril nessa cara.
SEBASTIÃO: - Que diacho é isso que ocê ta dizeno?
JANICE: - Painho, ele e de confiança. É dono de uma pequena fazenda... Dispois que nóis casá vamo pra lá.
CORRINHO: - Homi de Deus... Faça arguma coisa. Num vê que essa menina virou a cabeça de vez?
SEBASTIÃO: -
JANICE: - Painho, ele vem aqui hoje conversar com o senhô. O Ademilso é uma boa pessoa.
CORRINHO: -
SEBASTIÃO: - O jeito que tem é marcar esse casamento logo... (Palmas)
JANICE: - Deve ser ele.
SEBASTIÃO: - Então atende. Num deixa o rapaz esperando.
JANICE: - Paumira?
PAUMIRA: - Posso falá com oscê?
JANICE: - Claro...
PAUMIRA: - Então vamo lá dentro?
CORRINHO: - Por que esse segredinho?
SEBASTIÃO: - Aqui não temos cerimônia...
JANICE: - Pode falá...
PAUMIRA: - Não sei...
CORRINHO: - Fala Parmira. O que tanto quer falar com nossa fia...
JANICE: - Pode falá.
PAUMIRA: - É sobre o Ademilso.
JANICE: - Fala.
PAUMIRA: - Ele num é fazendeiro coisa nenhuma.
CORRINHO: - Eu sabia.
JANICE: - Mai vai casá comigo.
PAUMIRA: - Vai não.
SEBASTIÃO: - Como não?
JANICE: - Que ta dizano?
PAUMIRA: - Que ele já é casado.
CORRINHO: - Um homi casado!
SEBASTIÃO: - eu capo esse disgraçado.
JANICE: - Não painho!
PAUMIRA: - Num vai adiantá. Já se mandou. E ninguém sabe pra onde.
JANICE: - Então, num vai me casá?
CORRINHO: - Não. E ainda vai ficá falada em toda cidade.
JANICE: - Isso foi agoro! Agoro! Agora estou encahada de vez! (Sai Chorando)
CORRINHO: - Eu te disse, num disse... Eu te disse!
F I M

A PAIXÃO DE CRISTO (Texto de Teatro)

A PAIXÃO DE CRISTO
Adaptação: Marcondys França

(Há uma grande movimentação de pessoas, todos estão curiosos sabem que Jesus passará por aquele local seguido por seus apóstolos)
CENA I
HOMEM: - Senhor, minha filha faleceu agora mesmo, mas vem, põe tua mão e ela viverá.
JESUS: - Leve-me até sua filha.
HOMEM: - Por aqui senhor...
(Uma mulher toca na veste de Jesus, ele para)
JESUS: - Quem me tocou?
MULHER: - Eu Senhor... Acredito que se tocar em tua veste,ficarei sã da minha doença.
JESUS: - Tem bom ânimo, filha, a tua fé te curou.
MULHER: - Obrigada mestre, obrigada!
HOMEM: - Aqui está meu Senhor.
JESUS: - Afastai-vos. A menina não está morta, dorme. (Todos riem) Menina... Levanta e anda. (A menina se levanta e os pais abraçam enquanto todos ficam maravilhados)
TODOS: - Milagre! Bendito seja o Senhor!
CENA II
CEGO 1: - Tem compaixão de nós filho de Davi.
JESUS: - Crêem que eu possa fazer isto?
CEGO 2: - Sim meu Senhor, cremos.
JESUS: - (Toca em seus olhos) Seja-vos feito segundo a vossa fé.
CEGO 1: - Estou vendo! Vejo... Milagre!
CEGO 2: - Bendito seja vosso nome! Posso vê.
CENA IIi
SENHORA: - Mestre, meu menino... Não fala. Peço-te, Cura-o
JESUS: - Já está curado.
MENINO: - Ma... ma... mãe... Mãe!
SENHORA: - És realmente o Messias! Meu filhinho foi curado.
CENA IV
LEPROSO: - Senhor se quiseres podes me livrar da lepra. Podes me tornar limpo.
JESUS: - (Estendendo a mão) Quero; estás limpo.
LEPROSO: - Bendito seja! Vejam! Estou curado. Estou limpo. Limpo!
JESUS: - Que isto sirva de testemunho.
FARISEU: - Ele cura as enfermidades com intermédio do demônio.
JESUS: - Bem aventurados os que crêem, por que serão chamados filhos de Deus!
CENA V
(Entra dois homens carregando um paralítico)
SENHOR 1: - Senhor, tem misericórdia.
SENHOR 2: - Cremos no teu poder.
SENHOR 1: - Livre-o Senhor desta condição.
JESUS: - Solte estas muletas e anda.
(O jovem aos poucos consegue caminhar sem muletas)
SENHOR 2: - Obrigado filho de Davi!
SENHOR 1: - És o filho do Deus todo poderoso.
CENA VI
FARISEU: - Mestre esta mulher foi apanhada em pecado de adultério.
POVO: - Vamos apedrejá-la.
(Jesus agacha e escreve com o dedo na areia)
ESCRIBA: - Devemos apedrejá-la.
FARISEU: - Assim manda a Lei de Moises.
POVO: - Morte!
(Há uma grande movimentação de pessoas com pedras na mão)
JESUS: - Aquele entre vocês que não tiver nenhum pecado que atire a primeira pedra.
(Soltam as pedras e saem envergonhados) Mulher onde estão os que te condenavam? Ninguém a condenou?
MARIA MADALENA: - Ninguém Senhor.
JESUS: - Nem eu. Vai em paz e não peques mais. (Madalena afasta-se. Jesus fala para o povo) Não julgueis para não ser julgados. Bem aventurados os que perdoam por que também serão perdoados. (Para seus discípulos) Meus discípulos convém ir para Jerusalém é chegada a hora do cumprimento das escrituras. Serei morto e ressuscitarei ao terceiro dia.
PEDRO: - Senhor tem compaixão de ti, de modo nenhum te acontecerá isto.
JESUS: - Não compreendes as coisas que são de Deus, só as dos homens. Se alguém quiser vir comigo, renuncie as i mesmo, tome sua cruz e siga-me. (Jesus sai seguido dos apóstolos)
(Crianças correm brincando e pessoas passam pelo palco de um lado para o outro).
SEGUNDA PARTE
CENA I
(Jesus pega uma toalha, uma bacia e com uma jarra enche a bacia e lava os pés de seus discípulos)
SIMÃO: - Senhor... Por que lavas os meus pés?
JESUS: - Isto que faço não compreendes agora, irá comprender depois.
TIAGO: - Peço que não laves apenas meus pés, mas também minha cabeça Mestre.
JESUS: - Bastam apenas os pés. Tua cabeça está limpa. O mesmo não posso dizer a todos.
FELIPE: - Que queres dizer com isto Senhor?
JESUS: - Em verdade vos digo que um dentre vos um me traíra.
ANDRÉ: - Quem de nós senhor?
TOMÉ: - Como isso é possível?
JOÃO: - Acaso sou eu Senhor?
MATEUS: - Quem de nós Mestre?
CENA II
JESUS: - Vamos para mesa.
(Todos se colocam em seu lugar a mesa. Jesus parte o pão)
JUDAS: - Quem é o traidor?
JESUS: - É aquele que eu dê o pedaço de pão molhado. (Entrega a Judas Iscaiotes)
JUDAS ISCARIOTES: - Sou eu o traidor Mestre?
JESUS: - Tu o dizes. O que pretendes fazer, faze-o depressa. (Judas sai) Isso é o meu corpo que é dado a vós. (Passa para os apóstolos que dividem). (Ergue a taça). Bebei dele todos; por que isto é o meu sangue. A nova aliança, o meu sangue derramado em favor de vós, para remissão de vossos pecados, Tomai e bebei, fazei isto em memória de mim.
JESUS: - É chegado à hora meus queridos discípulos em que o filho de Deus será glorificado. Logo deixarei vocês.
PEDRO: - Ainda que tenha que morrer contigo, nunca te negarei.
JESUS: - Pedro, hoje mesmo antes que o galo cante, você três vezes me negará.
PEDRO: - Nunca mestre! (Todos saem)
(Jesus levanta-se e sai os discípulos os acompanham)
CENA III
(Judas Iscariotes se encontra com os soldados)
SOLDADO: - Aqui estão as trinta moedas.
JUDAS ISCARIOTES: - Os levarei até ele.
SOLDADO: - Como saberei qual deles é Jesus?
JUDAS ISCARIOTES: - Aquele que eu beijar a face é o homem. (Saem).
CENA IV
(Jesus no Getsêmani. Está com ele Pedro, Tiago e João)
JESUS: - Fiquem aqui e vigiem comigo em oração. Vigiem para que não entrem em tentação. (Se afasta os discípulos adormecem)
- Pai, se é possível afasta de mim esse cálice de sofrimento. Porém que não seja feito o que eu quero e sim o que tu queres. (Vai até os discípulos)
- Será que não podem vigiar comigo ao menos uma hora? Vigiem e orem, para que não sejam tentados. O espírito está pronto, mas a carne é fraca. (Volta para o lugar de oração)
- Meu pai se este cálice não pode ser afastado que seja feita conforme a tua vontade! (Volta aos discípulos)
- Ainda estão dormindo? Vejam... O filho do homem está sendo entregue nas mãos dos pecadores.
CENA V
(Entra Judas e os soldados armados com lanças)
JUDAS ISCARIOTES: - Salve Mestre!
JESUS: - Amigo para que você veio? (Judas beija-o). Com um beijo você traiu o filho de Deus. (Há luta. João fere um soldado) João, guarda tua espada. Quem com ferro fere, com ferro será ferido. (Os apóstolos fogem)
SOLDADO 2: - Vamos levá-lo até Pilatos. (Levam-no com violência)
(Entra Pilatos. Há uma grande aglomeração de pessoas)
PILATOS: - O que vocês querem?
ANCIÃO: - Pegamos este homem fazendo subversão entre o nosso povo, dizendo e incentivando ao povo a não pagar impostos ao imperador. Ele também disse que é o Messias, um novo rei.
CLAUDIA: - Este homem é inocente do que o acusam.
PILATOS: - Você é o Rei dos Judeus?
JESUS: - Tu o dizes. Meu reino não é deste mundo. Foi para anunciar a verdade que eu vim ao mundo.
PILATOS: - De onde vens tu? Não respondes? Não sabeis que tenho poder para crucificar ou libertá-lo?
JESUS: - Nenhum poder terias contra mim se de cima não fosse dado.
PILATOS: - Não vejo nenhum motivo para condenar este homem.
ANCIÃO 2: - Ele está causando desordem entre o povo de toda Judéia. Começou na Galiléia e agora está aqui.
CLAUDIA: - Não o condenes meu senhor.
PILATOS: - Se este homem é da Galiléia Heródes deve julgá-lo. Soldados, levem-no.
ANCIÃO: - Já foi interrogado por Heródes e o mesmo mandou que vos o julgue.
PILATOS: - Já o interroguei e não vi nenhuma culpa dessas acusações. Este homem não fez nada que mereça a pena de morte. Mandarei chicoteá-lo e o deixarei ir.
ANCIÃO 2: - Se o deixar ir, não será amigo de Cesar.
PILATOS: - Sendo assim como é de costume de vosso povo, devo soltar um prisioneiro por ocasião da festa. (Para o soldado) Traga o outro prisioneiro. Aqui tendes Jesus e Barrabás...
ANCIÃO 3: - Barrabás! (Agita o povo)
POVO: - Solte Barrabás!
PILATOS: - Mas Barrabás é um criminoso; um assassino. E Jesus, nenhum mal fez! Que farei com ele?
POVO: - Crucifique-o! Crucifique-o!
PILATOS: - Mandarei chicoteá-lo.
ANCIÃO 1: - Nada disso! Cricifique-o!
POVO: - Crucifique-o! Crucifique-o!
PILATOS: - Soltem Barrabás. (Duas servas entram com um jarro e com uma bacia. Coloca água. Pilatos lava as mãos) Estou inocente do sangue deste justo (Sai).
SOLDADO: - Não és o Rei dos Judeus? Aqui esta sua coroa majestade! (Colocam na mão direita dele uma cana) Magestade! (Bate com a cana na cabeça de Jesus)
CENA VI
MULHER: - Este homem estava com ele.
PEDRO: - Estás enganada.
MENINO: - Eu o vi com Jesus.
PEDRO: - Estás enganado.
HOMEM: - És um deles.
PEDRO: - Não conheço este homem.
SOLDADO: - Levem-no.
CENA VII
(Jesus é chicoteado)
SOLDADO: - Saudações majestade... Um, dois,três... (Soldados se revezam)
(Maria e outras mulheres presenciam tudo. Choram)
JESUS: - Filhas de Jerusalém, não chorem por mim, chorai por vós e por vossos filhos.
CENA VII
(Jesus carrega a crus a multidão acompanha, ele cai Verônica vai até e limpa o seu rosto com seu manto, quando vai oferecer água um soldado impede)
SOLDADO: - Não vê que este homem não tem forças para continuar sozinho?
SOLDADO 2: - Você...
SIMÃO, CIRINEU: - Eu?
SOLDADO 2: - É. Você. Ajude-o a carregar a cruz.
SIMÃO: - Não tenho nada com isso.
SOLDADO 2: - Ajude-o. (Simão ajuda)
CENA FINAL
(Jesus é crucificado)
LADRÃO: - Salva os outros e a si mesmo não podes salvar-se?
LADRÃO 2: - Senhor, lembra-te de mim quando estiveres no teu reino.
JESUS: - Hoje mesmo estarás comigo no paraíso. Tenho sede.
SOLDADO: - Estás com sede. Tome. Bebes. (Põe uma esponja na ponta da espada molhada com vinagre)
JESUS: - Deus meu, Deus meu... Por que me desamparaste?
MARIA: - Meu filho! (Chora) Não... Meu Filho! Jesus...
JESUS: - Pai a ti entrego meu espírito! (Falece. Grande estrondo).
(Tiram o corpo de Jesus e entregam a Maria que com a ajuda de Maria Madalena e os discípulos o colocam no sepulcro. Soldados ficam vigiando. Um anjo retira a pedra. Os soldados fogem com medo)
MARIA MADELENA: - Já é domingo. Vamos prestar a última homenagem ao nosso mestre. Vamos embalsamar o seu corpo... Quem irá nos ajudar a remover a pedra que fecha o túmulo?
MARIA: - Veja... A pedra foi removida.
ANJO: - Não tenhais medo. Eu sei que buscai a Jesus. Ele não está aqui, por que ressuscitou. Ide e avisai aos discípulos que Jesus vive. (Maria sai)
MARIA MADALENA: - (Chora) Agora nem o corpo dele aqui está.Onde puseram o corpo do me Senhor?
JESUS: - Mulher, por que choras? A quem procuras?
MARIA MADALENA: - Se tu o tiraste, dize-me, onde puseste?
JESUS: - Maria!
MARIA MADALENA: - Mestre! (Se ajoelha e o adora) Ressuscitou!
JESUS: - Ide e dei as boas novas. (Sai)
MARIA MADALENA: - Meu Senhor vive! (Sai feliz para dar as boas novas)

F I M

A ROUPA NOVA DO IMPERADOR (Texto deTeatro)

A ROUPA NOVA DO IMPERADOR
Inspirado na obra de: H. C. Andersen
Adaptação: Marcondys França

PERSONAGENS:

LION: Golpista
JEAN: Golpista
GERARD: Imperador
MINISTRO: Braço direito de Gerard
LORD BYRON
CRIADO
LADY FRANÇOÁ
(Toda história é ambientada na França do século XVIII)
CENA I
LION: - Jean meu caro, tenho a solução para todos nossos problemas financeiros.
JEAN: - Você e suas idéias mirabolantes! Não basta termos que sair fugidos da de Marcele?
LION: - Planejamento é tudo meu caro! Agora tenho tudo esquematizado. E nenhum rabo de saia vai desviar minha atenção. Desta vez lhe garanto, é infalível.
JEAN: - Se continuarmos seguindo seus planos desastrosos vamos acabar com nossas cabeças na forca! E cá entre nós meu querido irmão, sou muito jovem um fim tão trágico.
LION: - Devias confiar mais em mim!
JEAN: - Da ultima vez que confiei em você quase fui condenado à guilhotina.
LION: - Ossos do oficio! No mundo dos negócios estamos expostos a tudo!
JEAN: - Ossos do oficio! Quase perdemos as nossas vidas Lion!
LION: - Ora Jean! Não seja pessimista. Agora é diferente...
JEAN: - Desejo ficar longe de confusões. O quanto mais longe de encrenca melhor!
LION: - Bravo! Bravo! Um picareta redimido.
JEAN: - Passei a dar mais valor a minha vida. Depois que estive de frente para a morte percebi o quanto é bom viver. Casei desses pequenos golpes!
LION: - Ai é que esta o x da questão... Não se trata de um pequeno golpe e sim de um grande golpe.
JEAN: - Não, não, não… Estou fora.
LION: - Mesmo que isto lhe rendesse uns quinhentos francos?
JEAN: - Quinhentos francos? Não! Está blefando.
LION: - Não é blefe.
JEAN: - Tens um minuto para me convencer...
LION: - Não precisarei de tanto.
JEAN: - O tempo esta se esgotando!
LION: - De certo já ouviu falar do grande imperador e seus exageros...
JEAN: - Gerard!
LION: - Isso. Gerard… É um fanático por roupas...
JEAN: - E?
LION: - E não economiza quando o assunto é novidades...
JEAN: - Hei, hei, hei! Onde estas querendo chegar?
LION: - Não imagina?
JEAN: - Você ta pensando em aplicar um golpe no imperador?
LION: - Já está tudo planejado.
JEAN: - Estas louco homem?
LION: - Disseste que estavas cansada de pequenos golpes...
JEAN: - Mas isso é mesmo que assinar a sentença de morte.
LION: - Esta tudo bem planejado. Nós passaremos por grandes tecelões. Os melhores! Nos tornaremos os mais famosos do mundo.
JEAN: - Faz-me rir! Não sabemos nem segurar numa agulha.
LION: - Nem precisamos saber. Basta espalhar por todo império a notícia que somos os melhores e que fazemos os tecidos maravilhosos...
JEAN: - Descobirão a farsa antes mesmo de comerçar... Não entendemos nada de tecido e nem tão pouco de moda.
LION: - Ai é que está. Diremos que os nossos tecidos alem de ser maravilhosos, são especiais. Para algumas pessoas são invisíveis. Quem é estúpido ou incompetente no trabalho não consegue enxergá-los.
JEAN: - E o que o faz crer que acreditarão?
LION: - Me diga meu caro irmão, quem irá assumir que não vê? Assumir é declarar em público sua estupidez.
JEAN: - Oh, céus! Pirou de vez! (Lion pega o chapéu) Que vai fazer?
LION: - Dar início ao plano. Espalhar a notícia! Logo-logo chegará aos ouvidos do imperador. (Sai)
JEAN: - E nós seremos mortos! Oh, vida cruel! (Sai)
CENA II
GERARD: - Sr. Ministro?! Sr. Ministro?!
MINISTRO: - Sim, meu senhor...
GERARD: - Onde está meu novo traje?
MINISTRO: - Aqui está meu senhor.
GERARD: - É semelhante ao que já usei no baile em homenagem a condessa Ranielle.
MINISTRO: - Tem alguns detalhes que o diferencia do outro.
GERARD: - Desejaria que fosse todo diferente!
MINISTRO: - Senhor...
GERARD: - Não me importa o quanto custe desde que seja totalmente diferente. Tem que ser suntuoso.
MINISTRO: - Claro meu senhor.
GERARD: - O que há? Será que todos os tecelões deste império não conseguem entender que preciso de um modelo novo para cada hora do dia?
MINISTRO: - Irei providenciar.
GERARD: - Se não há tecelão capaz de confeccionar uma roupa a minha altura aqui no império busque em outro lugar.
LADY FRANÇOÁ: - Acredito que tenho a solução para acabar de vez com sua insatisfação.
GERARD: - Lady Françoá!
LADY FRANÇOÁ: - Meu senhor!
MINISTRO: - E qual seria a solução?
LADY FRANÇOÁ: - Ai é que está. Sou uma mulher bem informada. Ouvi falar de dois novos tecelões que vieram de muito longe e confeccionam tecidos maravilhosos.
GERARD: - Preciso de algo novo. Algo que seja esplendoroso... Como nunca visto!
LADY FRANÇOÁ: - Aposto que estas pensando no grande desfile de honra.
GERARD: - Exato! Neste desfile teremos grandes autoridades além de todo camponeses. E eu como sempre, não posso fazer feio.
LADY FRANÇOÁ: - Então este tecelões chegaram em boa hora.
MINISTRO: - O que tem de especial estes tecelões?
LADY FRANÇOÁ: - Confeccionam tecidos especiais.
MINISTRO: - De tecidos especiais nosso império esta cheio.
LADY FRANÇOÁ: - Só que os tecidos que estes tecelões fazem meu caro Ministro, são muito mais que especiais...
MINISTRO: - Por que?
LADY FRANÇOÁ: - Por que quem é estúpido e incompetente no trabalho não consegue enxergá-los.
GERARD: - Então deve ser tecidos magníficos! Se eu tivesse roupas feitas por eles, poderia saber quem não trabalha direito!
LADY FRANÇOÁ: - É isso mesmo! Também saberia distinguir os inteligentes dos estúpidos.
GERARD: - Quero conhecê-los.
LADY FRANÇOÁ: - Meu imperador só há um pequeno probleminha...
GERARD: - Qual?
LADY FRANÇOÁ: - Seus serviços são um pouco alto.
GERARD: - Quanto?
LADY FRANÇOÁ: - Mil francos.
MINISTRO: - É abusivo.
GERARD: - Não importa! Eu pago. Pago o preço que for desde que satisfaça a minha vontade. Lady Françoá, agora vá e traga-os a minha presença.
LADY FRANÇOÁ: - Claro! Com vossa permissão... (Sai)
MINISTRO: - Mas meu senhor...
GERARD: - Se não tens competência para encontrar bons tecelões, não fique ai criticando. (Sai)
MINISTRO: - Tecidos especiais... Hum! (Sai)
CENA III
LION: - Jean...
JEAN: - Que escacéu é este?
LION: - Veja!
JEAN: - Que é isto?
LION: - A solução...
JEAN: - Que está aprontando agora Lion?
LION: - Esta aqui em minhas mãos a solução dos nossos problemas.
JEAN: - Vejo apenas um envelope.
LION: - Não seja tolo! O que há aqui dentro é que é o caminho para nossa fortuna.
JEAN: - E o que há de tão extraordinário ai dentro?
LION: - Veja você mesmo com seus próprios olhos.
JEAN: - (Pega o envelope e ler) Oh, não!
LION: - Que lhe disse!
JEAN: - Deve esta louco.
LION: - Louco? É um golpe de mestre! Observou bem? Veja o remetente... Lady Françoá.
JEAN: - E quem é Lady Françoá?
LION: - Ninguém mais que uma das protegidas do imperador.
JEAN: - Não podemos!
LION: - Não seja covarde. Segundo a carta, Lady Françoá estará aqui.
CRIADO: - (Entra) Lady Françoá.
LADY FRANÇOÁ: - Senhores!
JEAN: - Senhora. Por favor...
LADY FRANÇOÁ: - Obrigada!
LION: - Madimosele, fique a vontade.
JEAN: - Em que podemos ser úteis?
LADY FRANÇOÁ: - Vim aqui em nome do imperador Gerard. Sabendo as maravilhas que os senhores são capazes de fazer com seus talentos fui incumbida com o intuito de contratá-los.
JEAN: - Nos contratar?
LADY FRANÇOÁ: - Sim. A fama dos senhores chegou aos ouvidos do meu senhor e o mesmo deseja que os senhores confeccionem uma roupa para que ele possa usar no desfile de honra.
JEAN: - É uma grande honra para nós senhora. Mas...
LION: - Temos nosso preço.
LADY FRANÇOÁ: - Claro! Foi que pensei. Meu imperador esta disposto a pagar o preço que for, por essa grande novidade.
LION: - É que os nossos tecidos são muito especiais, jamais visto antes.
LADY FRANÇOÁ: - Sabemos. Amanhã mesmo irei levá-los a presença do imperador.
JEAN: - Não será possível.
LION: - Claro que será. Senhora, o imperador sabe qual o nosso preço?
LADY FRANÇOÁ: - Quinhentos francos, certo?
LION: - Certo. Quinhentos francos.
LADY FRANÇOÁ: - Amanhã as dez enviarei meu cocheiro para buscá-los.
LION: - Estaremos esperando.
LADY FRANÇOÁ: - Será uma grande honra negociar com os senhores.
LION: - Digo o mesmo.
LADY FRANÇOÁ: - Senhores... (Sai)
JEAN: - Ficou maluco! Enlouqueceu de vez?
LION: - Tarde demais para voltar atrás.
JEAN: - Oh, céus!
LION: - Coragem homem, coragem! (Saem)
CENA IV
MINISTRO: - Meu senhor... Não creio que seja necessário pagar um preço tão alto por uma roupa.
GERARD: - Se é uma roupa feita com um tecido tão especial, então o preço é justo.
MINISTRO: - Quinhentos francos!
GERARD: - É pouco por tamanha novidade.
MINISTRO: - Isto poderá causar revolta no povo.
GERARD: - Quem é o imperador?
MINISTRO: - O senhor.
GERARD: - Então, eu tomo as decisões.
CRIADO: - Lady Francoá!
LADY FRANÇOÁ: - Meu senhor...
Muito me alegra vê-la.
GERARD: - Muito me alegra vê-la.
LADY FRANÇOÁ: - Tenho boas novas.
GERARD: - Não me deixe curioso.
LADY FRANÇOÁ: - estive com os artesões.
GERARD: - Ótimo!
LADY FRANÇOÁ: - Já estão a caminho. Muito breve estará aqui, em sua presença.
CRIADO: - Mister Jean e Mister Lion!
LION: - Meu senhor…
JEAN: - Senhor...
GERARD: - Sejam bem vindos!
LADY FRANÇOÁ: -
LION: - Obrigado meu senhor.
GERARD: - Ouvi falar maravilhas a respeito dos senhores.
LADY FRANÇOÁ: - Estes homens são realmente incríveis. Não é por acaso que sua fama se espalhou.
GERARD: - Senhores... Desejo um traje de gala como nunca visto.
LADY FRANÇOÁ: - Isto não será problema para os senhores aqui estão.
MINISTRO: - Ouvimos falar deste tal tecido especial. Os senhores trouxeram uma amostra?
JEAN: - Amostra?
LION: - Não podemos andar por ai com um tecido tão raro.
MINISTRO: - Então sugiro que devemos conhecer o vosso ateliê.
JEAN: - Nosso atelier?
LION: - Claro! Quando quiserem.
JEAN: - Ficou loco?
LION: - Acalma-te. Sei o que estou fazendo. Senhores, senhora... Claro que podem conhecer nosso ateliê. Só que há uma pequena exigência.
MINISTRO: - Qual?
LION: - Precisamos de um adiantamento.
LADY FRANÇOÁ: - Pode deixar que eu cuido disso. Afinal, estou a frente das negociações.
GERARD: - Sendo assim tudo bem. Confio em sua competência Lady Françoá. Agora preciso repousar. (Sai)
MINISTRO: - Não vejo a hora de conhecer este tecido especial. (Sai)
LADY FRANÇOÁ: - Senhores o que significa isto?
LION: - Lady Françoá com todo respeito, é que temos despesas iniciais. Como o imperador ira nos fazer uma visita para conhecer nossas instalações...
LADY FRANÇOÁ: - Tudo bem.
LION: - tudo bem?
LADY FRANÇOÁ: - Quanto?
LION: - Duzentos francos.
LADY FRANÇOÁ: - Duzentos? Cento e cinqüenta.
LION: - Cento e oitenta.
LADY FRANÇOÁ: - Cento e sessenta.
LION: - Aceito.
LADY FRANÇOÁ: - Enviarei um criado com a quantia. Não me decepcionem! (Sai)
JEAN: - Cento e sessenta francos!
LION: - Não se anime tanto meu caro! Esta quantia é para compra um tear e alugar um galpão.
JEAN: - Um tear? Para que precisamos de um tear?
LION: - faz parte do plano.
JEAN: - Quer nos matar?
LION: - Não seja pessimista!
JEAN: - vamos pegar o dinheiro e dar o fora.
LION: - E deixar para trás trezentos e quarenta francos? Deve esta ficando louco!
JEAN: - Louco eu? Ah!
LION: - Agora vamos que temos muito o que fazer. (Saem)
CENA V
GERARD: - Não vejo a hora de experimentar esta nova roupa tão especial.
MINISTRO: - Espero que valha a pena!
GERARD: - Que o faz pensar que não possa valer apena?
MINISTRO: - Nunca ouvimos falar desses tecelões.
GERARD: - Segundo tenho informações, vieram de longe. E no mais confio em lady Françoá.
MINISTRO: - Claro.
GERARD: - Senhor ministro peço que apresse a minha visita a estes senhores.
MINISTRO: - Como desejar.
GERARD: - Só há uma coisa que me incomoda.
MINISTRO: - O que meu senhor?
GERARD: - Se eu não enxergar este tecido?
MINISTRO: - Confesso que achei muito estranha esta história.
GERARD: - Se eu não enxergar será que não sou um bom imperador?
MINISTRO: - Já lhe ocorreu a possibilidade destes tecelões serem impostores?
GERARD: - Por isso que vou lhe enviar para investigar a autenticidade das informações destes tecelões.
MINISTRO: - Eu?
GERARD: - Não penso em ninguém melhor que você. Você é um homem honesto e muito competente. Com toda certeza me fará confiável relatório.
MINISTRO: - Se assim deseja...
GERARD: - Obrigado Sr. Ministro. Sabia que podia contar com seus serviços.
MINISTRO: - Claro. Sempre. Com vossa permissão...
GERARD: - A tens! (Saem)
CENA VI
CRIADO: - Senhores...
JEAN: - Sim?
CRIADO: - Venho através do Sr. Ministro, representante de vossa excelência o imperado Gerard.
LION: - O que lhe trás aqui?
CRIADO: - Trago esta mensagem.
JEAN: - Que diz a mensagem?
CRIADO: - Diz que o próprio Sr. Ministro vira aqui hoje para inspecionar o tão especial tecido.
JEAN: - Isso vai mal!
LION: - Claro! Estaremos aguardando.
CRIADO: - Senhores, com vossa permissão... (Sai)
JEAN: - Estamos perdidos!Maldita hora que concordei com esse plano maluco.
LION: - Relaxa!
JEAN: - Relaxar. Não percebe que vamos parar na forca?
LION: - Não seja tolo.
JEAN: - Como pretende sair dessa maçada?
LION: - Lembra do que disse? Só quem é estúpido ou incompetente não consegue enxergar o tecido especial. Sendo assim nosso nobre ministro não irá querer passar por estúpido ou incompetente.
JEAN: - Acho arriscado.
LION: - És um homem de pouca fé. Precisas confiar mais em mim.
JEAN: - Maldita hora que entrei nessa!
LION: - deixa de ser frouxo! E vamos montar o tear antes que o Sr. Ministro chegue. (Saem)
CENA VII
LADY FRANÇOÁ: - Sr. Ministro, quanta honra!
MINISTRO: - Não posso dizer o mesmo.
LADY FRANÇOÁ: - Parece preocupado.
MINISTRO: - E não deveria esta?
LADY FRANÇOÁ: - Preocupa-se demais! Por que não relaxa?
MINISTRO: - Tenho uma grande missão...
LADY FRANÇOÁ: - De certo... Vais conferir os trabalhos dos senhores tecelões Jean e Lion...
MINISTRO: - Absolutamente.
LADY FRANÇOÁ: - Posso lhe garantir que não deixarão nada a desejar.
MINISTRO: - Tenho minhas dúvidas.
LADY FRANÇOÁ: - Como sempre desconfiado! E por falar nisso tenho aqui uma pequena lista...
MINISTRO: - Que significa isto?
LADY FRANÇOÁ: - É só uma exigências!
MINISTRO: - Que absurdo! Acha mesmo que vou permitir que essas exigência sejam atendidas? Onde já se viu! Mais seda, ouro e pedras preciosas...
LADY FRANÇOÁ: - Nosso imperador quer uma roupa mais que diferente. Luxuosa!
MINISTRO: - Negativo.
LADY FRANÇOÁ: - O senhor que sabe. Que será que meu senhor o grande imperador Gerard pensará disso? Se a roupa não ficar pronta por sua causa, terás que prestar conta com nosso imperador.
MINISTRO: - Tudo bem. Irei providenciar.
LADY FRANÇOÁ: - Saiba decisão!
MINISTRO: - Onde estão os tecelões?
LADY FRANÇOÁ: - Senhores?!
JEAN: - Senhor Ministro…
MINISTRO: - Onde está a nova roupa do imperador?
LION: - Ainda não esta pronta. Mais já está ficando uma belezura. Veja!
MINISTRO: - Onde?
LION: - Aqui. Bem debaixo de seu nariz.
MINISTRO: - Onde?
LION: - Não vê?
JEAN: - Aqui senhor. Veja!
LADY FRANÇOÁ: - Não é um primor?
MINISTRO: - (Confuso) Será que sou estúpido e incompetente? (A parte) Que ninguém saiba disso. É mesmo maravilhoso! Que bela cores! Vocês são mesmo bons. Irei imediatamente informar ao imperador o trabalho Maravilhoso que os senhores estão realizando. (Sai)
LADY FRANÇOÁ: - Há! Que bom que o senhor ministro aprovou. Se passou pela aprovação do rígido ministro com certeza o nosso imperador irá adorar. Senhores... Com vossa permissão... (Sai)
JEAN: - Que houve aqui?
LION: - É melhor não tentar entender. (Saem)
CENA VIII
GERARD: - Então senhor ministro?
MINISTRO: - Bom senhor...
GERARD: - Algum problema?
MINISTRO: - Não, não...
GERARD: - E minha nova roupa?
MINISTRO: - Está ficando maravilhosa. Segundo Lady Françoá só falta alguns ajustes. Basta o senhor fazer algumas provas...
GERARD: - Claro! Estou ansioso. Pode marcar para amanha. Não vejo a hora de conhecer este tecido tão especial!
MINISTRO: - E põe especial nisto! Vou ordenar que um criado vá avisar aos tecelões que Vosso Imperador irar fazer a prova. Com vossa permissão...
GERARD: - A tens. (Saem)
CENA IX
JEAN: - E agora que faremos?
LION: - Sossega! Quem em sã consciência irá assumir publicamente que é incompetente e estúpido a ponto de não enxergar este tecido tão especial?
JEAN: - Céus! És muito confiante.
LADY FRANÇOÁ: - Senhores! O imperador Gerard está chegando para fazer a prova.
CRIADO: - Senhor imperador Gerard!
LION: - Meu senhor.... Que honra! Jean traga a roupa...
JEAN: - A roupa...
LION: - Sim. A roupa. Fizemos conforme as medidas que nos foi enviadas.
GERARD: - estou ansioso para vê esta nova roupa e conhecer este tecido tão especial jamais visto em todo o mundo.
JEAN: - Aqui esta senhor.
GERARD: - Onde?
LION: - Bem aqui... Na sua frente.
JEAN: - Não é linda?
LADY FRANÇOÁ: - Nunca vi nada igual!
MINISTRO: - Veja as cores... É realmente um trabalho extraordinário.
LADY FRANÇOÁ: - Um luxo!
GERARD: - (Aparte) O que está acontecendo aqui? Não vejo nada. Será que sou estúpido e ignorante? Ninguém pode ficar sabendo que não estou vendo. Ah, é lindo! É extraordinário! Adorei!
MINISTRO: - Encantador! Esplendido! Maravilhoso!
LADY FRANÇOÁ: - Vai ficar maravilhoso nesta nova roupa.
GERARD: - Não resta dúvida!
MINISTRO: - Sabia que ia aprovar.
LADY FRANÇOÁ: - Que bom que passou por sua aprovação. Então senhores continue o trabalho que esta belíssima roupa precisa ficar pronta antes do grande desfile de honra do nosso imperador.
MINISTRO: - Senhor... (Saem)
LION: - Que lhe disse?
JEAN: - Me custa crer!
LION: - Não demorará muito e seremos ricos. Agora meu querido irmão, vamos terminar a nova roupa do imperador. (Saem)
CENA X
GERARD: - Senhor ministro...
MINISTRO: - Meu senhor...
GERARD: - Onde estão os tecelões? Esta quase na hora do grande desfile.
MINISTRO: - Já estão chegando meu senhor.
GERARD: - Ótimo!
LION: - Aqui está sua maravilhosa roupa meu grande imperador.
LADY FRANÇOÁ: - Vai ficar maravilhoso! Bom, é melhor aguardar lá fora. (Sai)
LION: - Jean, ajude-me a vestir nosso imperador.
JEAN: - Claro! (Fingem vestir o imperador que fica só com os trajes de baixo )
MINISTRO: - Maravilha!
LION: - Pronto meu senhor!
MINISTRO: - Lady Françoá?
LADY FRANÇOÁ: - Sim. (Se assusta. Disfarça)
MINISTRO: - Que acha?
LADY FRANÇOÁ: - Maravilhosa! Ficou realmente magnífica! Espetacular!
GERARD: - Gostaram?
LADY FRANÇOÁ: - Claro meu senhor!
CRIADO: - Meu senhor, o povo o espera para o grande desfile. Todos estão ansiosos para vê sua nova veste.
GERARD: - Então estou pronto. Lady Françoá... Pague a estes grandes artesões pelos seus serviços.
LADY FRANÇOÁ: - Já esta acertado meu senhor.
GERARD: - Então vamos ao desfile. (Sai o Ministro, Lady e o Imperador)
JEAN: - Não acredito!
LION: - Nem eu!
JEAN: - É melhor agente dar o pé daqui.
LION: - Concordo com você. (Saem)
VOZ: - O imperador está nu!

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