fevereiro 02, 2011

JURA QUE ME AMA (Texto de Teatro)

JURA QUE ME AMA
De: Marcondys França

Personagens:
DOLORES:............................................................Cantora da Noite
ANTÔNIO:...........................................................Amante de Dolores
LÚCIA:.............................................................Mulher de Antônio
CONCEIÇÃO:..............................................................Mãe de Lúcia
RAMON:..............................................................Amigo de Dolores
ORLANDO:............................................................Amigo de Antônio

(Foco sobre Dolores Cantando. Antônio bebe admirando-a. A música vai baixando. Foco passa para Antônio. Black-out, ouve o barulho de uma garrafa se quebrando. Luz Geral).

CENA I
DOLORES: -Vá embora daqui seu filho de puta!
ANTÔNIO: -Isso, me xinga! Me xinga mesmo!
DOLORES: -Seu canalha!
ANTÔNIO: -É isso ai... Eu mereço ser xingado de filho da puta pra baixo! Quem mais poderia se envolver com vadia igual a você?
DOLORES: -Seu bolha!
ANTÔNIO: -Você não passa de uma cadela, uma rameira, mulherzinha vulgar que só serve como depósito de porra...
DOLORES: -Seu merdinha... Por que não pega essa sua gravata, esse seu orgulho e enfia no...
ANTÔNIO: -Que tem sido sua vida se não abrir a perna por migalhas dada pelos mais diversos tipos...
DOLORES: -Hipócrita. Odeio você Antônio. Crápula, idiota!
ANTÔNIO: -E você? Uma piranha em fim de carreira.
DOLORES: -Puta ramera, uma piranha em fim de carreira que você sempre procura.
ANTÔNIO: -Pago por isso. É assim, e sempre será. Mulheres como você, são objetos baratos, sempre estão a disposição como uma liquidação barata implorando que alguém pague o preço, mesmo que sejam de poucas utilidades. Sempre vão está a disposição de qualquer um!
DOLORES: -É muito fácil se enganar... No fundo, você sabe que a verdade é, que mulheres como eu, tira homens como você da melancolia, de uma vida sem graça, de um casamento casando, rastejado pelo dissabor de um tédio que já vem de longo prazo. Não sou igual a sua mulher, jamais suportaria a capinha da sociedade por um êxodo social.. Sou melhor que ela, não me contento com pouco. Faço homens como você rastejar aos meus pés feito um cão sarnento.
ANTÔNIO: -Não se compare a minha mulher. Nunca! Não lhe dou esse direito... Minha mulher é uma santa. Santa! É isso que é.
DOLORES: -Bravo! Bravo! Bravo! Muitas aves para a santa da tua mulher. Frígida, é isso que ela é.
ANTÔNIO: -Sua vaca. (Esbofeteia)
DOLORES: -Covarde! Miserável! Aposto que ela nunca soube o que é um orgasmo.
ANTÔNIO: -Ela não é mundana como você.
DOLORES: -E o que faz aqui, ao lado de uma mundana?
ANTÔNIO: -Que faço aqui? Quer mesmo saber? As putas são de domínio público. São como postes qualquer um pode por o pinto pra fora sem receios e fazer o que der na teia... Eu pago. Você obedece.
DOLORES: - (Pega o dinheiro na gaveta) Você paga é? Aqui está seu maldito dinheiro. (Joga) Toma essa merda! Seu porco imundo. Desaparece daqui... Fique sabendo que essa foi a última vez que você tocou em mim.
ANTÔNIO: - (Puxa mais dinheiro) Dobro a oferta.
DOLORES: -Pode vir coberto de ouro! Nunca mais! A partir de hoje todos me terão, mesmo que seja por quantias insignificantes... Mas, você? Por nada nesse mundo.
ANTÔNIO: -Duvido que Ramon recuse minha oferta.
DOLORES: -Deite com ele...
ANTÔNIO: - (Agride) Nunca mais repita isso sua vadia!
DOLORES: -Covarde! Cretino... Fora, fora...
ANTÔNIO: - (Agarra ela e rasga sua roupa)
DOLORES: -Me solta, me solta seu maníaco. Está me machucando. Tira essas mão sujas de cima de mim...
ANTÔNIO: -Você é minha, só minha e de mais ninguém...
DOLORES: -Sou de propriedade pública, sou de todos. Todos! Menos sua.
ANTÔNIO: -Não! (Descontrolado) Minha!
DOLORES: - Tua. (Ele a solta)
ANTÔNIO: -Minha. Só minha!
DOLORES: -Quando deixar esse quarto, passar por está porta, saiba que sairei com todos homens que encontrar à minha frente. Farei juz a que sou, servirei ao exercito...
ANTÔNIO: - (Parte pra cima dela. Ela puxa um punhal e parte pra cima dele.Tenta se defender, ela se desequilibra e atingida pelo punhal. Ele fica desesperado)
(Black-out. Ascende a luz sobre uma sala de jantar)

Cena II
LÚCIA: -Chegou tarde ontem.
ANTÔNIO: -Fiquei até tarde na repartição.
LÚCIA: -Foi o que pensei! Café?
ANTÔNIO: -Obrigado.
LÚCIA: -Preciso comprar algumas coisas...
ANTÔNIO: -De novo?
LÚCIA: -Mês passado não deu pra comprar tudo que precisávamos...
ANTÔNIO: -Compramos o suficiente.
LÚCIA: -Antônio, a cada mês você diminui o valor do supermercado...
ANTÔNIO: -É uma crítica?
LÚCIA: -Não meu amor! É só uma comparação. Se levo menos, trago menos coisas, menos dias as temos suplementos.
ANTÔNIO: -Se pesquisasse mais! Também não trabalha, não sabe o valor que tem o dinheiro. Tudo que ver, quer comprar. Seu problema é que compra com os olhos, não com a necessidade.
LÚCIA: -Mis que eu pesquiso! É até injustiça dizer que não sou econômica.
ANTÔNIO: -Quanto mais boca, mais gasto!
LÚCIA: -Antônio!
ANTÔNIO: -Acho que está na hora de sua mãe voltar pra casa dela.
LÚCIA: -Isso não! Mamãe ainda está abalada com a morte de papai... E ficar sozinha? Não, isso não Antônio, por favor....
ANTÔNIO: -Então não reclama. Não tenho culpa que a inflação sobe desordenadamente a cada dia, enquanto o salário diminui...
CONCEIÇÃO: -Bom dia!?
ANTÔNIO: -Bom dia, dona Conceição!
LÚCIA: -Bom dia mamãe!
CONCEIÇÃO: -Não seu como meu genro consegue acordar tão cedo, trabalha até tarde! Não é Antônio? São poucos os homens que são tão dedicados ao trabalho como você.
ANTÔNIO: -Alguém precisa trabalhar nesta casa minha sogra! Nem todos tem a felicidade de ficar de pernas por ar o dia inteiro.
CONCEIÇÃO: -Então meu genro aproveita seu emprego que outro igual a esse é difícil.
LÚCIA: -Mamãe?
CONCEIÇÃO: -Apesar de achar que não é dos melhores, pois vejo o sufoco da minha filha.
ANTÔNIO: -Viviamos muito bem antes de sua chegada. Pro seu governo, não existe emprego bom pra sustentar uma sogra abelhuda e intrometida. Uma cascavel que só come e dorme, enquanto espera a hora de dar o bote. Se a senhora não está satisfeita com a hospitalidade, a porta é serventia da casa.
LÚCIA: -Antônio!
CONCEIÇÃO: -É o que espera que eu faça... Que vá embora ... e não veja sua sem vergonhisse .
ANTÔNIO: -Não lhe devo explicações, estou na minha casa.
LÚCIA: -Onde vai Antônio?
ANTÔNIO: -Perdi a fome. E não quero perder a paciência.
LÚCIA: -Antônio!
CONCEIÇÃO: -Deixa filha! Deixa... Ele sabe que estou falando a verdade.
LÚCIA: -Antônio está com problemas...
CONCEIÇÃO: -Sei bem qual é o problema do seu marido. E isso o assusta!
LÚCIA: -Mãe!
CONCEIÇÃO: -Não abra os olhos não, que vai ver. Homem quando fica assim, todo estranho... É que tem outra.
LÚCIA: -Como pode achar isso mamãe? Antônio não seria capaz...
CONCEIÇÃO: -Não se iluda minha filha. O lobo se disfarça de cordeiro pra surpreender a presa. Reclama em casa pra compensar a frustação do dia seguinte. Pensa que é mole, acordar no outro dia e perceber que torrou todo dinheiro na zona com uma vadia? É mole não! É na zona que Antônio torra todo dinheiro. Tem vadia nesse angu. Enquanto você fica aqui passando por perrengue. Enquanto ele chega altas horas e ainda cheio de moral. Cafajeste!
LÚCIA: -Talvez a senhora tenha razão... Mas que posso fazer? Ele é homem. Não posso prendê-lo.
CONCEIÇÃO: -Claro que não. Também já passei por isso e fui burra. Ah, se o tempo volta-se! Mais o tempo é cruel com agente filha...
LÚCIA: -A senhora amava meu pai!
CONCEIÇÃO: -O amor nos torna tolas. Quando eles percebem que os amamos, nos pisam feito uvas na vinha. (Muda o tom) Antônio lhe procura?
LÚCIA: -Que pergunta...
CONCEIÇÃO: -Responda filha.
LÚCIA: -Não me sinto a vontade pra falar sobre esse assunto. Sei lá, é estranho... A senhora é minha mãe!
CONCEIÇÃO: -Esqueça que sou sua mãe. E vamos conversar como amigas, de mulher pra mulher...
LÚCIA: -É impossível fazer de conta que a senhora não é minha mãe.
CONCEIÇÃO: -Não tem lhe procurado. Se satisfaz com as mundanas...
LÚCIA: -Isso não é verdade! Como pode afirmar com tanta convicção?
CONCEIÇÃO: -Experiência minha querida!
LÚCIA: -Enganou-se desta vez.
CONCEIÇÃO: -Ora minha filha... Comparada a mim, você é uma menina. Uma feliz, sexualmente realizada exala felicidade pelos pólos... Seus olhos brilham a ponto de ofuscarem qualquer ambiente. Você percebe satisfação no mais simples gesto. Há harmonia, não obrigação.
LÚCIA: - (Uma ponta de tristeza) Se quer saber nesse ponto sou a mulher mais feliz do mundo! (sai)
CONCEIÇÃO: -Coloca mel na minha boca! Sou velha mas não sou burra! (Campanhia)

Cena III
(Conceição atende a porta)
ORLANDO: -Bom dia dona Conceição?
CONCEIÇÃO: -Melhor agora! Entre...
ORLANDO: -Antônio?
CONCEIÇÃO: -Está descendo. Aceita um cafezinho?
ORLANDO: -Vou aceitar sim senhora...
CONCEIÇÃO: -Por favor...
ORLANDO: -Obrigado.
CONCEIÇÃO: -Então, muito trabalho? Imagino que estejam trabalhando muito.
ORLANDO: -Até que não. Essa época do ano é mais tranqüila!
CONCEIÇÃO: -É mesmo? Pensei que...
LÚCIA: -Senhor Orlando?
ORLANDO: -Dona Lúcia! Bom dia!
LÚCIA: -Bom dia. Que surpresa.
ORLANDO: -Combinei com Antônio em passar aqui pra pegar uma carona já que meu carro está no prego.
LÚCIA: -Antônio deve ter esquecido... Saiu a pouco.
CONCEIÇÃO: -Sabe que nem percebi. Se fosse uma cobra tinha me mordido!
ORLANDO: -É uma pena! Acho que me esqueceu... Bem, vou nessa. Até logo senhoras!
CONCEIÇÃO: -Até Senhor Orlando! E desculpe minha distração.
ORLANDO: -Que isso! Acontece. (Sai)
CONCEIÇÃO: -Gosto desse moço!
LÚCIA: -É. Orlando é uma ótima pessoa.
CONCEIÇÃO: -Senhor Orlando é casado/
LÚCIA: -É.
CONCEIÇÃO: -Nunca o vi mencionar nada sobre sua mulher ou família.
LÚCIA: -Senhor Orlando é muito reservado.
CONCEIÇÃO: -Ele sente uma queda por você.
LÚCIA: -Mamãe!
CONCEIÇÃO: -Pensa que não percebi.
LÚCIA: -Do que a senhora está falando?
CONCEIÇÃO: -Da maneira que ele te olha. Cuidado filha!
LÚCIA: -Cuidado com o que?
CONCEIÇÃO: -Com os encantos e galanteios de um homem modesto.
LÚCIA: -Que isso mamãe?! Está me estranhando? Sou uma mulher casada, e bem casada. Amo meu marido. Entendeu?
CONCEIÇÃO: -Não é a mim que tem que convencer. O espírito pode ser forte, mas a carne é fraca! E você é tão jovem, tem tanto pra aprender, tanto pra viver!
LÚCIA: -Aprendo vivendo com o meu marido. Assim som feliz!
CONCEIÇÃO: -Carente. (Sai)
LÚCIA: -Sou feliz! Amo e sou amada.

Cena IV
(No escritório)
ORLANDO: -Passei na tua casa.
ANTÔNIO: -Que foi fazer?
ORLANDO: -Ora Antônio, esqueceu o que combinamos?
ANTÔNIO: -É verdade! Desculpe-me cara.... Foi mau! Aquela velha me tira do sério.
ORLANDO: -Sem problemas!
ANTÔNIO: -Sogra é mesmo uma mala sem alça que agente tem que carregar por toda vida.
ORLANDO: -Será mesmo a sogra que está te tirando do sério?
ANTÔNIO: -Ah, se eu pudesse! Eu esganava!
ORLANDO: -Acho uma simpatia!
ANTÔNIO: -Por que não tem que conviver com ela. Imagine você... Que agora deu pra se me ter na nossa vida íntima.
ORLANDO: -Como assim...
ANTÔNIO: -Quer saber se eu chego junto! É mole? Ou melhor se é duro!
ORLANDO: -Não, estou besta!
ANTÔNIO: -Veja só você que absurdo, não faltava mais nada!
ORLANDO: -Mas, você tem chego...
ANTÔNIO: -Oh, meu amigo... Não saiu por ai falando que eu e minha mulher fazemos em nossa intimidade.
ORLANDO: -Me perdoe. Não está aqui quem falou! (T) Acho tua mulher uma santa!
ANTÔNIO: -Como é que é?
ORLANDO: -Com todo respeito.
ANTÔNIO: -Acho bom. Quanto a isso não há dúvida! Poucas são tão virtuosas quanto Lúcia. (Pensativo)
ORLANDO: -Que foi?
ANTÔNIO: -Conheci uma mulher...
ORLANDO: -Sai...
ANTÔNIO: -Linda. Perfeita... Ou quase perfeita!
ORLANDO: -Não entendi. Algum defeito físico encobria sua beleza?
ANTÔNIO: -Físico não. Moral!
ORLANDO: -Casada?
ANTÔNIO: -Nunca tinha visto tanta perfeição numa única mulher. Uma verdadeira ninfa!
(Abaixa a luz. Foco nele e outro em Dolores cantando)
ORLANDO: -Quem é essa Ninfa?

CENA V
RAMON: -Já vi que não conhece a casa. Está é a maior estrela que a noite já revelou, por sua beleza e talento! Reconhecida pelo mais alto e exigente escalão da sociedade. Todos meu bem que tem o prazer e o poder de conhecê-la se rende a sua beleza. Dolores! Não é qualquer um não. Só os mais poderosos figurões usufruem deste encanto de mulher. Os outros só sonham. Se contentam apenas em apreciar sua beleza.
ANTÔNIO: -Eu pago.
RAMON: -Você. (Rir) Não seja tolinho meu bem! Escolha outra.
ANTÔNIO: -Quero esta.
RAMON: -Dolores não é pro seu bico. Ou melhor, pro seu bolso!
ANTÔNIO: -Eu pago.
RAMON: -Já vi que vamos ter problemas! (Encerra a música) Bravo! Bravo! Que maravilha!
DOLORES: -Obrigada!
RAMON: -Além de custar caro ainda escolhe os parceiros conforme seu agrado.
ANTÔNIO: -Pago qualquer preço.
RAMON: -Tens certeza?
ANTÔNIO: -Estou disposto.
RAMON: -Falarei com ela. Primeiro... Se tiver a aprovação... Mas posso lhe garantir que a quantia é alta.
ANTÔNIO: -Já disse que estou disposto.
RAMON: -Com licença, cavalheiro. (Vai até Dolores e fala em seu ouvido. Dolores sai de cena)
RAMON: -Senhorita Dolores lhe receberá em seu quarto. Ei calma... O preço. Mil e quinhentos reais a hora.
ANTÔNIO: -Aqui está.
RAMON: -Parece que lhe fará falta.
ANTÔNIO: -Não volto atrás a minha palavra.
RAMON: -Ótimo! Gosto de homens que honra sua palavra. Subindo a escada primeira porta a direita. Boa diversão! (Antônio sai) Só espero que não se apaixone. Que impossível!

Cena VI
(Black-aut. No quarto. Ela faz stripe. Ele a observa deitado)
DOLORES: -Então... gosta? Posso sentir o calor do seu corpo através de minha roupa. Sua excitação é meu prazer! Isso... Me toca. Que acha? Não são lindos? Aproveita meu bem! Aproveita que está noite eu sou sua. Viva esse momento como se fosse único. Quero que me molhe com suor de seu corpo... Que me faça delirar! Quero gemer de prazer... Vamos meu homem me pega com força. Isso assim... Realiza tua vontades, as mais loucas e quentes! Faz comigo que jamais faria com outra mulher. Quero enlouquecer em teu prazer...Quero me sentir como nunca... és capaz? (Rasga a camisa dele) Isso! Assim...
ANTÔNIO: -Vou acabar com você...
DOLORES: -Todos prometem a mesma coisa. Só promessas! Quero orgasmo., não promessas! Me sacia. (Ele a pega com força) Hei, calma! Temos bastante tempo. Não me decepcione meu bem. Não vai terminar antes mesmo de começar. Faça valer seu dinheiro.
ANTÔNIO: -Pode deixar. Não sou principiante!
DOLORES: -Menos mau! Já presenciei muito experientes se borrando antes mesmo de começar. ANTÔNIO: -Vou te deixar de quatro!
DOLORES: -Então por que não começa? Sou incrédula! Só acredito no que vejo... Ou melhor... Hum! Tocando.
ANTÔNIO: -Todo seu. (Luz baixa. Ouve gemidos)

CENA VII
CONCEIÇÃO: - Acordada?
LÚCIA: -Insônia.
CONCEIÇÃO: -Sei bem como é isso... conheço bem...
LÚCIA: -Chega mamãe.
CONCEIÇÃO: -Está bem! Dessa boca não sai mais nada.
LÚCIA: -Melhor assim.
CONCEIÇÃO: -Não é fácil conviver com a verdade...
LÚCIA: -Não estou entendendo.
CONCEIÇÃO: -O telefone está ali. Quer entender, saber a verdade... Liga.
LÚCIA: -Que desatino. Conheço meu marido.
CONCEIÇÃO: -Por este motivo não tem coragem de ligar.
LÚCIA: -Não farei isso! Confio em Antônio.
CONCEIÇÃO: -Quem ama confia, mas não desafia! A verdade está a poucos metros do seu nariz. Boa noite!(Sai)
LÚCIA: -Não vou fazer isso! E se ela estiver com a razão? Onde andará Antônio a esta hora? Com alguma puta? Não, não devo tirar conclusões precipitadas... Está trabalhando. Precisou ficar até mais tarde. E se eu ligar? Ele vai ficar furioso. Mas é meu marido. Isso não me dar o direito de vigiar seus passos... Meu deus! Não sei oque fazer. Antônio não tem me procurado... Deve esta cansado. Meu marido ama. (Cai chorando. Adormece)
ANTÔNIO: -Lúcia?
LÚCIA: -Antônio...
ANTÔNIO: -Que houve?
LÚCIA: -Acho que adormeci enquanto lhe esperava.
ANTÔNIO: -Estava chorando?
LÚCIA: -Chorando, eu? Não. Estou resfriada.
CONCEIÇÃO: -Cuidado com a gripe Antônio. Ouvi dizer que há uma epidemia. Trabalhando como anda. É batata! Afinal, expondo-se ao sereno de madrugada... Espero ao menos que se previna.
ANTÔNIO: -Obrigado senhora minha sogra por sua preocupação mas sei me cuidar.
CONCEIÇÃO: -Espero que sim.
LÚCIA: -Mamãe!
CONCEIÇÃO: -Já estou saindo. Só desci pra ir ao banheiro. (Sai)
LÚCIA: -Lhe esperei pra jantar.
ANTÔNIO: -Não deu.
LÚCIA: -Custava avisar.
ANTÔNIO: -Me perdoe. Tive muito trabalho. Juro que nem deu tempo de sentir fome.
LÚCIA: -Tudo bem!
ANTÔNIO: -Prepara uma roupa pra mim... Vou tomar um banho pra gente dormir. (Tira a Camisa e dar a Lúcia)
LÚCIA: -Que foi isso?
ANTÔNIO: -Tentaram me assaltar. (sai)
LÚCIA: - (Senti perfume) Desgraçado!
CONCEIÇÃO: -Aos poucos a verdade vai se confirmado!
LÚCIA: -Por favor mamãe! (Conceição sai. Lúcia fica imóvel sem ação. A Luz abaixa)

CENA VIII
(Em outro plano)
DOLORES: -Bom dia vida! Bom dia! Bom dia sol! Bom dia! Bom dia Ramon!
RAMON: -Nossa! Que felicidade é essa/?Parece que viu o passarinho verde!
DOLORES: -Verde, azul,amarelo,vermelho,branco, todas as cores que você puder imaginar!
DOLORES: -Que merda!
RAMON: -Ah, meu caro! Nunca me senti tão completa.
DOLORES: -Não tõ entendendo.
DOLORES: -Pela primeira vez depois de tanto tempo quase que não consigo acompanhar...
RAMON: -Calma menina! Devagar com a dor... A bicha não é louca mas não está entendendo nada!
DOLORES: -Fiz uma aposta com aquele homem. O Antônio... Antônio! Que homem é esse!
RAMON: -. Aquele que deixou quase todo salário por uma hora com você.
DOLORES: -É. E não é que acabou ganhando bônus e ficou quase que toda noite.
RAMON: -E que aposta foi essa?
DOLORES: -Se eu chegasse ao orgasmo primeiro, ele teria mais uma noite comigo sem pagar.
RAMON: -Ah, minha virgem de Lorena! Enlouqueceu mulher?
DOLORES: -é enlouqueci. Pirei,uivei, delirei... E perdi!
RAMON: -E se ele decide cobrar a aposta?
DOLORES: -Pago com maior prazer!
RAMON: -E se for num dia que um dos seus ilustres clientes estiver aqui?
DOLORES: -Eles que esperem. Sou uma mulher de palavra!
RAMON: -Sei. Que mais? A bicha é louca mais não é burra! Acho bom se cuidar. O amor é uma armadilha. É a desgraça de muitas estrelas. Não vou permitir que você suje seu nome e o prestígio desta casa. Negativo! Você não vai destruir sua vida por causa de um pinto pobre! Sempre agimos com distinção meu bem.
DOLORES: -Você não entendeu Ramon... Estou apaixonada! Se precisar até lambo as botas daquele homem. Me fez sentir viva! Viva! Como a muito tempo não sentia.
RAMON: -Que homem é esse? Só pode ser o demo. Mas nem que seja preciso buscar um exorcista, ele vai sair da tua vida!
DOLORES: -Estou apaixonada, entende?
RAMON: -Só pode está com febre. Ele é casado.
DOLORES: -E daí?
RAMON: -Não volta.
DOLORES: -Deixa de ser do contra! Volta sim. Pode apostar que esse volta. As vezes me parece que você faz questão de ir contra a minha alegria.
RAMON: -Benzinho, estou tentando lhe proteger. Acordar amiga! Piranha não ama, não se apaixona! Dar prazer. Amor nunca. Quando isso acontece, ama sozinha. Entende? Por mais palavras bonitas que ouçam, a verdade é só uma, sempre vão jogar na cara de onde tiraram vocês.
DOLORES: -É! Talvez tenha razão...
RAMON: -Isso menina! Não se iluda.

CENA IX
CONCEIÇÃO: -Com Licença!
ORLANDO: -Dona conceição? Que surpresa!
CONCEIÇÃO: -Bom dia, senhor Orlando!
ORLANDO: -Antônio não está, teve que sair, foi resolver uns assuntos...
CONCEIÇÃO: -É com o senhor que desejo falar.
ORLANDO: -Comigo?
CONCEIÇÃO: -Sim com o senhor. Me sinto constrangida em vim até aqui. Não tive outra saída. Em casa não fica bem, sou uma senhora viúva e Lúcia mulher de seu amigo.
ORLANDO: -No que posso ser útil?
CONCEIÇÃO: -Não vim por mim.
ORLANDO: -Antônio?
CONCEIÇÃO: -Lúcia.
ORLANDO: -Dona Lúcia?
CONCEIÇÃO: -É.
ORLANDO: -Algum problema com dona Lúcia?
CONCEIÇÃO: -Notei que o senhor a que muito bem...
ORLANDO: -Não estou entendendo.
CONCEIÇÃO: -Sei que seu amigo Antônio não anda trilhando um caminho muito correto.
ORLANDO: -Não sei de nada que possa...
CONCEIÇÃO: -Minha filha anda muito carente. Meu genro não cumpre com suas obrigações de marido a muito tempo.
ORLANDO: -É embaraçoso...
CONCEIÇÃO: -Sabe por que não choro a morte do falecido? Por não se sentir falta do que não se tem. Há anos não cumpria com suas obrigações de marido. Só me restava a solidão. E uma mulher sozinha.... Desculpe-me, estou sobre muita tensão... A morte de meu marido, a solidão da minha filha... Era preciso fazer este desabafo.
ORLANDO: -Como posso ajudar?
CONCEIÇÃO: -É muito difícil, ainda mais pra uma mulher nova, dormir ao lado do marido e se sentir só. Tenho certeza que a muito tempo meu genro não procura minha filha, e isto a faz sofrer. Se senti rejeitada.
ORLANDO: -É muito delicado... Não posso me intrometer na vida íntima deles.
CONCEIÇÃO: -Descubra se ele tem outra.
ORLANDO: -Não posso!
CONCEIÇÃO: -Assim o caminho fica livre!
ORLANDO: -Caminho livre?
CONCEIÇÃO: -Sim. Eu lhe ajudarei a conquistar o coração da minha filha. Faço gosto!
ORLANDO: -Não posso. Antônio é meu amigo!
CONCEIÇÃO: -Mas minha filha é infeliz! Pense bem e depois me procure. Tenho Certeza que não se arrependerá.

CENA X
DOLORES: -Olha soquem resolveu aparecer!
ANTÔNIO: -Quem é vivo sempre aparece!
DOLORES: -Pensei que não voltaria.
ANTÔNIO: -Tenho uma dívida a receber.
DOLORES: -Só por isso voltou?
ANTÔNIO: -Talvez...
DOLORES: -Tua mulher?
ANTÔNIO: -Quem disse que tenho uma?
DOLORES: -A aliança.
ANTÔNIO: -Que aliança?
DOLORES: -A que deixou a marca em seu dedo.
ANTÔNIO: -Estou me separando.
DOLORES: -Contra outra! Essa é velha.
ANTÔNIO: -Te juro!
DOLORES: -Todos juram...
ANTÔNIO: -Mas todos não te amam.
DOLORES: -Metem.
ANTÔNIO: -Eu não!
DOLORES: -Começa a mentir.
ANTÔNIO: -A quero.
DOLORES: -Como todos.
ANTÔNIO: -Não. Quero que seja só minha. Só pro meu prazer!
DOLORES: -Egoísta!
ANTÔNIO: -Completamente! (Tirando a roupa dela)
DOLORES: -Para...
ANTÔNIO: -Não. Faz!
(Outro plano)
LÚCIA: -E Antônio que não chega!
(Outro plano)
RAMON: -Isso tem que acabar. Onde já se viu! Dispensar doutor Lourival... Pra passar a noite com um Zé Ninguém. Sabe o quanto isso custou pra nosso estabelecimento? Sabe? Não sabe!
DOLORES: -Diga o que quiser. Mas nada que disser vai conseguir tirar a felicidade que estou sentindo. Você sabe o que é uma mulher feliz? Não... Não sabe.E por isso esta estranhando.
RAMON: -Só quero ver por quanto tempo vai durar esse conto de fada!
DOLORES: -Que seja eterno enquanto dure!
RAMON: -Ou enquanto duro! Acorda Dolores! Depois não diga que lhe avisei.

CENA XI
ANTÔNIO: -Preciso lhe falar...
ORLANDO: -Que afobação é essa?
ANTÔNIO: -Confio em você.Sei disso. Entre nós nunca houve segredos.
ORLANDO: -Por isso mesmo... Talvez se fossemos irmãos de sangue não seriamos tão amigos!
ANTÔNIO: -Pela empolgação, creio que aconteceu algo bom.
ORLANDO: -Sim. Algo maravilhoso!
ANTÔNIO: -Sendo assim... É sempre bom ouvi boas notícias!
ORLANDO: -Estou apaixonado!
ANTÔNIO: -Como assim?
ORLANDO: -Dolores!
ANTÔNIO: -Esse é seu nome. Uma rosa. Selvagem!
ORLANDO: -E Lúcia?
ANTÔNIO: -Dona Lúcia. Olha o respeito!
ORLANDO: -Dona Lúcia.
ANTÔNIO: -Uma Santa! Minha mulher continua como sempre esteve, no lugar de esposa, nada muda entre nós.
ORLANDO: -Isso não vai interferir no seu casamento?
ANTÔNIO: -Mais que pergunta... Claro que não!
ORLANDO: -Que pensei...
ANTÔNIO: -Pensou errado meu caro! Precisa vê que formosura de mulher... Uma jóia!
ORLANDO: -Deve ser uma colegial. Todo homem casado tem fantasias...
ANTÔNIO: -Uma prostituta.
ORLANDO: -Vai trocar sua mulher por uma puta?
ANTÔNIO: -Esta saindo da vida...
ORLANDO: -É engraçado, mas já ouvi isso!
ANTÔNIO: -E quem foi quem falou em trocar! Eu falei em trocar, falei?
ORLANDO: -Quem vive na zona, morre na zona.
ANTÔNIO: -Ela me ama...
ORLANDO: -Faz parte do trabalho dela dizer a todos que ama...
ANTÔNIO: -Você não entende nada!
ORLANDO: -Uma aventura, posso entender.... Mas levar isso adiante... É loucura!
ANTÔNIO: -Se amar é loucura: sou louco convicto!
ORLANDO: -Procurar uma puta pra sair da rotina tudo bem... Mas se apaixonar?
ANTÔNIO: -É meu amigo... Nunca ouviu o ditado:só os loucos são felizes!
ORLANDO: -Cuidado, cuidado! A camisa de força não é nada confortável!
ANTÔNIO: -A pressão que esta sociedade hipócrita nos impõe já é uma camisa de forças!
ORLANDO: -Silvia me pediu para convidá-los a almoçar lá em casa neste domingo.
ANTÔNIO: -Vou combinar com Lúcia e amanhã lhe dou uma resposta.
ORLANDO: -Tudo bem. Aguardaremos sua resposta.

CENA XII
CONCEIÇÃO: -Perde seu tempo filha.
LÚCIA: -Me prometeu que chegaria cedo!
CONCEIÇÃO: -Já devia ter se acostumado. Homens! Prometem...
LÚCIA: -Não tente espelhar minha vida na sua mamãe. Os tempos são outros.
CONCEIÇÃO: -As desculpas continuam as mesmas! Filha não cometa o mesmo erro que eu. Você é jovem, é bonita e...
LÚCIA: -Chega mãe! Nem sempre idade tem a ver com razão. Hoje quero jantar sossegada, sem brigas, por favor!
CONCEIÇÃO: -Tudo bem! Não abro mais a boca.
LÚCIA: -Hoje é nosso aniversário de casamento.
CONCEIÇÃO: -Não querendo lhe desanimar filha, mais acho que não terás motivos de comemoração. Aposto o que quiser que ele não se lembrará.
LÚCIA: -Poxa mamãe! Que boa forma de colocar pra cima. Obrigada pelo incentivo. Pensei que as mães quisessem ver seus filhos felizes.
CONCEIÇÃO: -Sua felicidade é o que mais quero. Mas, já cheguei a conclusão que ao lado desse homem isso será impossível. É um crápula!
LÚCIA: -Chega mamãe!
CONCEIÇÃO: -Não se engane minha filha. Os piores cegos ainda são os que não querem enxergar.
LÚCIA: -Chega. Se não pode ajudar, então, por favor, não atrapalhe!
CONCEIÇÃO: -Um dia não muito distante você me dará razão. (Sai)
(Lúcia expira.Luz some aos poucos)

CENA XIII
(Dolores entra correndo pela platéia)
DORORES: -Vem...
ANTÔNIO: -Ah! Quando eu te pegar... Vou te pegar de jeito!
DORORES: -Ulá! Se me queres, que venha... Rasteje aos meus pés... Faça por merecer que terás o melhor de uma mulher! (Tira a roupa) Veja! Aprecie. É todo seu.
ANTÔNIO: -Linda.
DORORES: -E quente! Meu sangue ferve, feito larva, me sinto como um vulcão pronto para entrar em erupção... Ainda há tempo de se salvar!
ANTÔNIO: -Quero morrer banhado em sua larva e presenciar cada momento dessa erupção.
DORORES: -Tolinho! Este jogo está ficando muito perigoso.
ANTÔNIO: -O perigo me atrai.
DORORES: -Gosto disso!
ANTÔNIO: -Nem o mais sublime pintor, lhe pintaria com tamanha perfeição!
DORORES: -Filosofando Antônio?
ANTÔNIO: -Esse é o efeito que você causa em mim.
DORORES: -Você é o pintor... Então... Me mostra o teu pincel...
ANTÔNIO: - (Abre a calça) É pra já! (A beija)
DORORES: -Que maravilha! Me xinga.
ANTÔNIO: -Que?
DORORES: -Me xinga!
ANTÔNIO: -Vaca!
DORORES: -Sou.
ANTÔNIO: -Ramera!
DORORES: -Me rasga...
ANTÔNIO: -Puta. Vadia... (A segura com força) Não grita.
DORORES: -Grito! (Em outro plano Lúcia anda de um lado para o outro) Casa comigo...
ANTÔNIO: -O que?
DORORES: -Se me achas tão perfeita, casa comigo. O que lhe impede? Você está se divorciando...
ANTÔNIO: -Não sei... Ainda é cedo. Vamos nos conhecer melhor...
DORORES: -Uma pinóia! Já fizemos o diabo a quatro! Espera aí... Então é mentira? A separação, o amor que diz sentir por mim... É tudo mentira. E eu acreditando! Que estúpida! Te veste.
ANTÔNIO: -Que?
DORORES: -Fora!
ANTÔNIO: -Pirou?
DORORES: -Não vou continuar sendo sua amante. Se é isso que pensa... Chega! Não vou continuar dando prejuízo na casa, enquanto você vive sua indecisão.
ANTÔNIO: -Vamos conversar...
DORORES: -Não tem conversa. Você acha que o Ramon vai permitir que eu more aqui sem trabalhar? Tolinho!
ANTÔNIO: -Nem pense nisso.
DORORES: -Vou viver de que? De promessas? Amor é bom mais não enche barriga. Quer dizer barriga enche, mais não mata fome!
ANTÔNIO: -Sou casado.
DORORES: -Problema seu. Sou livre!
ANTÔNIO: -Seja compreensiva...
DORORES: -Sou prostituta meu bem, não psicóloga!
ANTÔNIO: -Eu te amo!
DORORES: -Ah, é?! Me ama? Separe-se.
ANTÔNIO: -Não posso.
DORORES: -Então adeus... Seja muito feliz ao lado da sua mulherzinha!
ANTÔNIO: -Sou feliz ao seu lado.
DORORES: -Mas opta por ela.
ANTÔNIO: -Tenho pena!
DORORES: -Fraco.
ANTÔNIO: -Entenda...
DORORES: -Já entendi tudo. Ela poderá ser fria, uma geladeira, um robô estático, que faz de tudo que você quer, conforme sua vontade sem se opor... Que cozinha, que lava, que passa... Que representa o papel de mulher perfeita. Mas na hora de gozar é aqui que você vem. Vai te danar!
ANTÔNIO: -Por favor Dolores não me peça pra sair.
DORORES: -Não estou pedindo baby! Estou mandando. Ou me assume ou me deixa. Pra me ter em seus braços, só pagando.
ANTÔNIO: -Arrumo um lugar pra...
DORORES: -Conversa! Vai pagar como? Com que dinheiro? Muito mau dá conta da tua mulherzinha.
ANTÔNIO: -Me dá um tempo...
DORORES: -O tempo passa, e junto com ele a juventude também... Não vou esperar meu corpo desmoronar pra viver ao lado de um homem. Chega! Vai.
ANTÔNIO: -Meu amor!
DORORES: -Quando cruzar esta porta esqueça essa Dolores que esteve em teus braços. De hoje em diante só pagando o preço.
ANTÔNIO: -Te amo!
DORORES: -Sinto muito por você. Agora sai.
ANTÔNIO: -Dolores...
DORORES: -Sai. (Antônio sai)

CENA XIV
CONCEIÇÃO: -Ainda acordada?
LÚCIA: -É... Insônia!
CONCEIÇÃO: -É melhor subir.
LÚCIA: -Não quero. Será possível? Me deixa em paz! (Vira a mesa)
CONCEIÇÃO: -Seu descontrole é a prova que eu tinha razão.
ANTÔNIO: -O que está acontecendo aqui?
LÚCIA: -O que está acontecendo? São dez anos de casados. Dez anos! Dez anos que espero uma única manifestação, um gesto de carinho, uma única palavra de amor. É como se... você.... só estivesse comigo por obrigação, por pena, piedade. E eu aqui esperando por uma migalha do seu amor.
ANTÔNIO: -Meu anjo, você está nervosa!
LÚCIA: -Nervosa?
ANTÔNIO: -Calma!
LÚCIA: -Calma! Não me peça pra ficar calma.
ANTÔNIO: -Lúcia estou te estranhando.
LÚCIA: -Onde estava Antônio?
ANTÔNIO: -Trabalhando.
LÚCIA: -Trabalhando? Meu Deus! Como meu marido é trabalhador
ANTÔNIO: -Bebeu?
LÚCIA: -Sim bebi. Tomei toda garrafa de vinho que havia comprado para comemorar nosso aniversário de casados. E graças a esse vinho criei coragem de jogar pra fora toda essa angústia... Ou que sabe crio coragem e me entrego ao primeiro homem que encontrar a minha frente... E este homem faça comigo o que meu marido deixa de fazer...
ANTÔNIO: -Cale-se! (Esbofetea) Está agindo feito uma vagabunda.
LÚCIA: -Ainda não! Mas na primeira oportunidade serei. Quem sabe assim você consiga me dar o devido valor.
ANTÔNIO: -Ordinária!
LÚCIA: -Isso! Me agride. Me chuta, bate em minha cara, me pisa, me araste pelos cabelos, me rasga, me joga na parede, mas me faça sentir mulher. Quero me sentir viva. Desejada!
ANTÔNIO: -Me perdoa meu amor, me perdoa! Sou um idiota.
LÚCIA: -Você tem outra...
ANTÔNIO: -Acabou.
LÚCIA: -Você a ama?
ANTÔNIO: -Você é minha mulher, e ninguém vai tomar o seu lugar.
LÚCIA: -Não, não quero. Não quero o lugar de esposa perfeita. Quero lugar de mulher em sua vida, em seu coração, em sua cama. Se não posso ocupar estes lugares prefiro sair da tua vida.
ANTÔNIO: -Separação! Nunca. Não. Jamais alguém se separou em minha família.
LÚCIA: -Sempre há uma primeira vez!
ANTÔNIO: -(Segura o braço) Separação só com morte.
LÚCIA: -Não se morre duas vezes. (Solta-se. Cai aos prantos)
ANTÔNIO: -Do que esta falando.
LÚCIA: -Estás diante de uma morta.

CENA XV
CONCEIÇÃO: -Novidades senhor Orlando?
ORLANDO: -Sim.
CONCEIÇÃO: -Conte-me homem de Deus! Vamos...
ORLANDO: -Atônio nunca saberá?
CONCEIÇÃO: -E eu sou lá mulher de fofoca! Dessa boca nunca. Fique tranqüilo!
ORLANDO: -Ele está apaixonado.
CONCEIÇÃO: -Triste do que eu por na cabeça. Como imaginava! Então minha intuição estava certa.
ORLANDO: -Apaixonou-se por uma... uma...
CONCEIÇÃO: -Quenga... (Ele assente) Deus! Então eu estava com a razão! O tempo todo estive certa.
ORLANDO: -Até onde sei Antônio pretende manter um caso sério com essa...
CONCEIÇÃO: -Vadia. Canalha! Desde o começo sabia que não prestava. Nunca foi homem pra minha filha.
ORLANDO: -Pelo amor de Deus...
CONCEIÇÃO: -Fique tranqüilo! Jamais saberá. Lhe dou minha palavra.
ORLANDO: -Só estou lhe contando por não achar justo que Dona Lúcia seja enganada.
CONCEIÇÃO: -O senhor é um homem de ouro! Logo minha filha perceberá. Brigaram...
ORLANDO: -Brigaram? Isso é normal pra um casal.
CONCEIÇÃO: -Não daquele jeito. Lúcia disse na cara dele que não agüenta mais, e que se...
ORLANDO: -Continue...
CONCEIÇÃO: -Chegou a mencionar seu nome. Sua distinção. Isso muito me agrada!
ORLANDO: -Tocou em meu nome?
CONCEIÇÃO: -Confessou a admiração que sente por sua pessoa. Pelo carinho e o respeito com o qual o senhor trata sua esposa.
ORLANDO: -E Antônio?
CONCEIÇÃO: -Ficou uma pilha! Chegou até agredi-la.
ORLANDO: -Por Deus! Agressão?
CONCEIÇÃO: -Pois é! A que ponto chegou! Pro senhor ver como está com a cabeça virada. Isso fica entre nós... Lucinha me confidenciou que se não fosse casada e, que se o senhor também fosse livre... Simpatiza pelo senhor.
ORLANDO: -Mas não podemos.
CONCEIÇÃO: -Se não quiser...
ORLANDO: -Não se trata da vontade.
CONCEIÇÃO: -Então não quer?
ORLANDO: -Claro que quero. Não podemos.
CONCEIÇÃO: -Hum! Sei como.
ORLANDO: -Sabe?
CONCEIÇÃO: -Se prometer fazê-la feliz...
ORLANDO: -Confesso que estou surpreso. E até meio constrangido!
CONCEIÇÃO: -Se faço isso, é pela felicidade da minha filha. Qual mãe não quer ver sua cria feliz e realizada?
ORLANDO: -Que devo fazer?
CONCEIÇÃO: -Esta noite vá lá em casa, em torno das oito da noite... Este horário Antônio não está em casa... Pontualmente nesse horário Lúcia toma seu banho, quando estiver no banho o senhor entra no banheiro... Como por uma distração...
ORLANDO: -Por Deus! E se gritar?
CONCEIÇÃO: -Vá por mim senhor Orlando... É uma mulher carente. Não gritará. Ainda mais na presença de um homem jovem, bonito, viril igual ao senhor. Ah! Entre nu. Quanto acesso a casa eu ajudo o resto é com o senhor.
ORLANDO: -Sei não... É arriscado.
CONCEIÇÃO: -O risco excita! Só depende do senhor. Charme tem. Só falta atitude.
ORLANDO: -Sei não...
CONCEIÇÃO: -Só depende do senhor.
ORLANDO: -Antônio é meu amigo.
CONCEIÇÃO: -Lhe garanto que Antônio não pensaria duas vezes...
ORLANDO: -Confio nele.
CONCEIÇÃO: -E ele no senhor. E isso deixa o caminho livre. Sei o que digo. Faça o que tem que ser feito e não se arrependerá. Confie em mim.

CENA XVI
RAMON: -Que cara é essa menina? Até parece que passou a noite de ressaca! Ta mau hein! Que tem aquele bofe de tão especial? Não responda! Capitei seu pensamento através de seu olhar de peixe morto.
DOLORES: -Por acaso você sabe o que é amor?
RAMON: -Sei.E já ouvi essa pergunta tantas outras vezes, acredite. Vou ser franco com você amiga, o amor é um sentimento que nos maltrata e pode até nos destruir. É como um furacão passa por cima de tudo que levamos uma vida para construir e só deixa um rastro de destruição, feliz aquele que sobrevive e ainda adquire forças para reconstruir a vida juntando os cacos do que restou. Já chorei rios de lágrimas, tentei até a morte. Enquanto eu arruinava minha vida o bofe estava sempre lindo e cheiroso nos braços de outras pessoas. Imagine se eu tivesse realmente morrido por causa dele, acha que ele iria perder seu precioso tempo chorando sobre meu caixão? Ora se... Ele iria dançar e beber sobre meu túmulo.Isso se não cuspisse sobre meu cadáver! Somos parecidos Dodô... Marcados pela solidão, pelo glamour... Não devemos nos iludir, pra pessoas como nós não há espaço para ilusões. Os que nos procuram sentem-se só para só nos deixar. É nossa sina! O que nos diferencia das outras pessoa é nosso brilho, somos estrelas, solitária,ainda que infelizes, mais eternas. Quando morremos outras nos substituem e talvez por isso nem percebem que se fomos. Mais enquanto estamos aqui, este brilho não pode se apagar.
DOLORES: -É triste ter que acordar. Ainda mais quando o sonho é tão bonito!
RAMON: -È apenas um sonho...
DOLORES: -Nem isso tenho direito!
RAMON: -Conhece a realidade e sabe que esse sonho pode se tornar um pesadelo.
DOLORES: -Tem razão! Não posso me deixar levar por um Antônio qualquer.
RAMON: -É isso ai menina! É assim que se fala. Levanta, põe a roupa mais linda e sexy, com muitas plumas e paitês. Jogo os cabelos,...Ah! Não se esqueça, carrega a maquiagem, que te quero linda e única! Este noite quero anunciar no palco a mulher mais linda e talentosa de todos os tempos: Dolores Vollares! Bravo!

CENA XVII
CONCEIÇÃO: -Está no banho! É só subir.
ORLANDO: -E se gritar?
CONCEIÇÃO: -Ora, se gritar... Beije-a.
ORLANDO: -Antônio?
CONCEIÇÃO: -Preciso lhe dizer? O senhor sabe muito bem por onde anda seu amigo.
ORLANDO: -Que Deus me ajude!
CONCEIÇÃO: -Ah, se Deus pudesse! Lhe garanto que ele mesmo faria.
ORLANDO: -As vezes a senhora me mete medo.
CONCEIÇÃO: -Só quero que minha filha sinta o que não posso! Se fosse eu, não gritaria. Gritar/ Só se fosse de prazer!
ORLANDO: -Então fique de olho.
CONCEIÇÃO: -Fique tranqüilo. Esse será nosso segredo!
ORLANDO: -Sendo assim fico mais seguro.
(Foco em Lúcia de costas, enrolada com uma toalha)
LÚCIA: -Estava lhe esperando.
ORLANDO: -A mim?
LÚCIA: -A muito tempo esperava por esse momento.
ORLANDO: -Vingança?
LÚCIA: -Desejo.
ORLANDO: -Deseja-me?
LÚCIA: -Fantasio.
ORLANDO: -Aqui estou.
LÚCIA: -(Abre a toalha) Que acha?
ORLANDO: -Linda! Perfeita... Um anjo.
LÚCIA: -Anjo não.
ORLANDO: -O que quiser...
LÚCIA: -Faz de mim uma mulher de verdade, nem que pra isso precise me tratar feito uma ramera, vadia, vagabunda, uma puta da pior espécie. Faça comigo tudo aquilo que deixa de fazer com tua mulher... (Deixa cair levemente a toalha. Ele a envolve com seu corpo, luz baixa, ouve se gemidos. Em outro plano Conceição)
CONCEIÇÃO: -Aproveita minha filha! Aproveita tudo aquilo que não posso aproveitar.

CENA XVIII
RAMON: -Estamos fechados! Hoje não há expediente.
ANTÔNIO: -(Embreagado) Quero falar com Dolores.
RAMON: -Esquece. Dolores já esta curada. Nem mais lembra de sua existência. Você é página virada! Virada não... Rasgada, queimada para sempre na vida da minha amiga!
ANTÔNIO: -Mentira!
RAMON: -Dolores é uma estrela! Neste momento está vivendo uma vida de glórias e luxuria, como sempre foi!
ANTÔNIO: -Ela me ama.
RAMON: -Assim como ama a todos que possam pagar seu preço. Só que entre você e um ilustre político ou um grande empresário leva quem tem mais! Você foi uma aventura que na minha opinião durou até demais. Conforme-se! Seu tempo já passou.
ANTÔNIO: -Sua bicha maldita! Isso tudo não passa de desvaneios teus! Esta com inveja. Tens inveja do nosso amor. Você nunca será amado.
RAMON: -Inveja eu, meu bem? Invejaria o amor de uma diva por um... Fracassado.
ANTÔNIO: -Um homem de verdade! E isso você nunca terá.
RAMON: -Pode ser que tenha razão. Pode ser minha sina. Tanto eu como ela nunca teremos um homem de verdade. Sabe porque? Por que homens de verdade só nos faz enganar.
ANTÔNIO: -Vou entrar.
RAMON: -Vá embora, já disse.
ANTÔNIO: -Dolores!?
RAMON: -Sai daqui ou...
ANTÔNIO: -Ou o que seu maricão?
RAMON: -Não queira conhecer meu lado macho!
ANTÔNIO: -Então a menina lembrou que tem um pênis entra as pernas!
RAMON: -E uma navalha na mão. (Puxa a navalha)
ANTÔNIO: -Ei calma ai... (Afasta-se)
RAMON: -Que foi, amarelou?
ANTÔNIO: -Isso não vai ficar assim! Você me paga. Dolores! (Grita) Dolores, você é minha, só minha! Sua vadia ordinária! Se não for minha não será de mais ninguém.

CENA XIX
(Lúcia entra cantando)
CONCEIÇÃO: -Que felicidade!
LÚCIA: -Sou uma nova mulher! É como algo de novo corresse dentro de mim. Vida mamãe, vida! Vida em abundancia jorrou ontem à noite.
CONCEIÇÃO: -Antes tarde que nunca!
LÚCIA: -É tão bom se sentir viva!
CONCEIÇÃO: -Se depensesse de mim essa felicidade teria vindo muito antes.
LÚCIA: -Se sentir desejada é bom demais! Talvez melhor quer ser apenas amada.
CONCEIÇÃO: -Não entendo. Toda mulher que se sentir amada e desejada.
LÚCIA: -Mas quando isso não é possível, basta se sentir desejada. Já ta bom demais! Veja só... As santas são amadas por seus fieis maridos e até mesmo respeitadas, mas, já o desejo ainda que se passe pela cabeça deles são repelidos, e nós, as santas, somos como estatuetas imóveis proibidas de expor o mínimo desejo.
CONCEIÇÃO: -Está falando de como se sentis.
LÚCIA: -Sentia. Mas ontem tudo mudou. È como se fosse arrancada as amarras. Sou uma nova mulher!
ANTÔNIO: -Que felicidade é essa?
CONCEIÇÃO: -Onde há anjos, há demônios! Conlicença.
LÚCIA: -Nada. Só estou feliz! (Canta um trecho da música dom de iludir)
ANTÔNIO: -Posso saber o motivo dessa felicidade?
LÚCIA: -O dia está lindo! Sou casada com homem que me ama, respeitada, tenho um nome... O que mais posso desejar? Tenho que está feliz e agradecida.
ANTÔNIO: -Está estranha.
LÚCIA: -Acostumou-se me vê chorando pra baixo... (Campanhia)
CONCEIÇÃO: -Eu atendo.
ANTÔNIO: -Pelo menos isso. Essa vlha não faz nada a não ser ouvir conversas por trás da porta. Mexeriqueira!
CONCEIÇÃO: -Senhor Orlando! Que prazer...
ORLANDO: -Antônio?!
ANTÔNIO: -Por que o espanto?
ORLANDO: -Não...
ANTÔNIO: -Parece que todo mundo resolveu acordar ao avesso hoje!
CONCEIÇÃO: -Vai vê que descobriram que estavam ao avesso!
LÚCIA: -Sente-se a mesa seu Orlando.
ORLANDO: -Não obrigado! Dona Lúcia.
CONCEIÇÃO: -Oh, senhor Orlando, fazemos questão. Afinal, o Senhor é quase da família...
ORLANDO: -Só passei pra pegar uma carona...
ANTÔNIO: -Então no acompanhe.
ORLANDO: -Já que insistem... Só uma xícara de café.
LÚCIA: -Sirva-se a vontade.
ORLANDO: - (Primeiro gole. Crise de risos)
ANTÔNIO: -Qual a graça?
ORLANDO: -Minha mulher... Perdeu o filho....
CONCEIÇÃO: -Não vejo motivos pra risos.
ORLANDO: -Há sim. Ela deveria ter ido junto pro quintos do inferno!
ANTÔNIO: -Orlando... Bebeu homem?
ORLANDO: -Você sim é santa Lúcia...
ANTÔNIO: -Dona Lúcia.
LÚCIA: -Lúcia!
ORLANDO: -Mesmo quando geme é uma santa.
ANTÔNIO: -Respeite minha mulher, minha casa...
ORLANDO: -Você respeitou minha mulher, minha casa?
ANTÔNIO: -Do que está falando?
ORLANDO: -Meu amigo, quase irmão...Depositei em você toda minha confiança... Pra que? Pra ser apunhalado pelas costas.
ANTÔNIO: -Está louco? Pare com esses delírios...
ORLANDO: -Chame de delírio a criança que a vaca das minha mulher abortou? Você se aproveitou de nossa amizade pra levar aquela vadia pra cama.
ANTÔNIO: -É loucura.
ORLANDO: -Sou estério! Ela confessou tudo. Esta lá no hospital, entre ávida e a morte.Espero quer morra e que queime nas profundezas do inferno!
CONCEIÇÃO: - (Se benze)
LÚCIA: -Canalha. Fez um filho nela.
CONCEIÇÃO: -Não me admiro nada.
ANTÔNIO: -É mentira!
ORLANDO: -Covarde! Ainda tem a coragem de negar diante de todos!
LÚCIA: -Você não presta! Sem caráter.
CONCEIÇÃO: -
ORLANDO: -Ninguém presta. Minha honra já foi lavada!
LÚCIA: -Então foi por vingança?
ORLANDO: -Todos nós nos vingamos. Eu dele e da minha mulher, você dele e sua mãe de todos nós. Até mesmo do falecido.
ANTÔNIO: -Um corno!
CONCEIÇÃO: -Morreu com dignidade. Morreu sem saber!
ANTÔNIO: -O que essa jararaca que dizer Lúcia?
ORLANDO: -Que eu tirei o atraso de sua mulher!
ANTÔNIO: -Mentira. Diz que é mentira Lúcia...
LÚCIA: -Pro inferno! É verdade.
ORLANDO: -fiz de tudo com ela. O imaginável e o não imaginável. Fiz tua mulher gemer, berrar, uivar feito uma cadela. Fiz ela se sentir uma mulher de verdade! A usei como se usa uma ramera qualquer... (Antônio dá um soco)
ANTÔNIO: -Canalha.
ORLANDO: -E te garanto que ela gostou.
ANTÔNIO: -Mentira! Diz que é mentira...
LÚCIA: -É verdade. E fui eu que pedi. Ah, meu Deus! Como foi bom! É maravilhoso sentir alguém nos tocando com desejo, nos invadindo feito uma avalanche... Sentir a garganta seca de desejo, um ardor louco percorrendo todo corpo, um beijo ardente e molhado, os lábios descobrindo cada centimetro do corpo. Ouvir em nosso ouvido sussurros e indecências que jamais pode imaginar. Pela primeira vez na vida eu me sentir viva! Uma mulher de verdade!
ANTÔNIO: -Puta!
LÚCIA: -Puta! A puta mais feliz. Foi preciso ser puta pra saber o que é a felicidade. Pra sentir pela primeira vez um orgasmo.
ANTÔNIO: -Mato vocês.
CONCEIÇÃO: - (Com uma arma) Não. Você não mata ninguém.
ORLANDO: -Lúcia, eu vim lhe buscar. Vem comigo...
LÚCIA: -Pra onde?
ORLANDO: -Pra felicidade
LÚCIA: -Com você vou até pro inferno. (Em direção a Antônio) Corno!
ORLANDO: -Vamos... (Saem)
CONCEIÇÃO: -Vai atrás da tua puta. (Cospe na cara dele) Corno! (Sai)
ANTÔNIO: -Dolores... Dolores!
VOZ EM OFF: -Foi encontrada nesta madrugada o corpo da prostituta Dolores Vollares, uma das mais conhecidas e prestigiada do Rio de Janeiro. A polícia abriu inquérito e estão sendo investigados clientes que freqüentava a casa noturna onde a prostituta se apresentava como cantora. Segundo ao delegado encarregado do caso a lista de freqüentadores inclui pessoas importantes como empresários e políticos.
ANTÔNIO: - (Com as mãos suja de sangue) Dolores!

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