fevereiro 02, 2011

O CASAMENTO (Texto de Teatro)

O CASAMENTO
De: Marcondys França


Pesonagens: Elenco:
Virino (Namoraado de Creuza)..............................................IVAN DELLON
Creuza..................................................................IVETHY DIANNE
Sebastiana e Mané (Mãe de Creuza).........................................LEILA NUNES
Mané (Pai de creuza).................................................MARCONDYS FRANÇA
Quitéria (mãe de Virino)...............................................CÍCERA MARINS
Fifi (amiga de Creusa).....................................................GESI VITOR
Padre..............................................................HELENILTON VIGÁRIO
Coronel..................................................................LUCIANO JOSÉ

(Entra Virino correndo atrás de Creuza)
VIRINO -Ah,se eu te pego Creuzinha!
CREUZA: -Assim num vale não! Assim num vale. Espia que robo!
VIRINO: -Creuzinha ,vem cá minha nega!
CREUZA: -Que é?! (Desconfiada)
VIRINO: -Vem cá mulé. Num vou te fazer nenhum mau não. Só o bem!
CREUZA: -Não sei...
VIRINO: -Eu te ensino.
CREUZA: -Tu me respeita que sou fia de um cabra macho e de família.
VIRINO: -Vala-me Deus creuzinha desrespeitá tu que é meu mozinho, uma rosa, a mais bela de todas!
CREUZA: -Oh, Virino! (Beijo calorosa)
VIRINO: -Mozinho,carma...
CREUZA: -Tô loca par vê o que ocê vai me mostrar.
VITINO: -Qué mermo vê, qué?
CREUZA: -Mai assim, assim...
VIRINO: -Feicha os oio, feicha!
CREUZA: -Assim...
VIRINO: -É isso mermo,assim. Vai abrindo bem devagazinho...
CREUZA: -O quê? (espantada)
VIRINO: -O oio,ora!
CREUZA: -Te oriente vi Virino, coidado que o santo é de barro...
VIRINO: -Ah num é não, num é mermo! Esse tá dificí de ...
CREUZA: -Quê?
VIRINO: -Nada não!Fecha os oios... (ele a guia) Abra! (Mostra uma casa de taipa) Espero que goste.
CREUZA: -É isso que teim par me mostrá!?
VIRINO: -É...
CREUZA: -Fantástico...
VIRINO: -Que bom mozinho que oscê gostô!
CREUZA: -Eu... num tenho nem palavra, num seio que te falar... simprismenti...
VIRINO: -Já seio oscê adorou! Quando nois casar vamo morá aqui.
CREUZA: -Como pode home de Deus, Virino num tá vendo que num vou morá numa derrota dessa.
VIRINO: -Oscê, num gostô?
CREUZA: -Quilaro que não, Eu num gostei não e num vou morar nessa tapera.
VIRINO: -Se oscê acha que é grande eu procuro uma mais pequena.
CREUZA: -Mai cumo oscê é lerdo mermo né?! Num é isso não! É... Que essa casa é de taipa.
VIRINO: -Mai Creuzinha...
CREUZA: -E eu num vou morar em casa de taipa não. Oscê disse que ia me dá vida de princesa. Pelo que eu seio princesa num mora em casa de taipa. Mora?
VIRINO: -Mozinho...
CREUZA: -Mai num diga mai nada, homi de Deus eu acho mió oscê ficá calado...
VIRINO: -Pruquê?
CREUZA: -O que acha?
VIRINO: -Vai me batê é?
CREUZA: -O que oscê acha?
VIRINO: -Essa é boa... Oschem!
CRUZA: -Num mi irrite Virino... (pega um galho)
VIRINO: -Carma mozinho, vamo cunvessá...
CREUZA: -Oh,meu santo Antônio, eu num merecia isto!
VIINO: -Teimosa feito uma mula1
CREUZA: -Cumo é Qui é?
VIRINO: -Eu num disse nada, mai nem abri a boca!
CREUZA: -Virino,virino cuidado cum a vida...
VIRINO: -Minha vida é oscê Creuzinha!
CREUZA: -Num merecia isso!
VIRINO: -Num recrama não que nesta cidade feliz é quem num fica moça velha ou falada. E eu te amo tanto mozinho.
CREUZA: -Num seio.
CREUZA: -E as quengas?
VIRINO: -Que quengas?
CREUZA: -Do chamego.
VIRINO: -Se fui lá quero ficá cego de guia... (sente a visão)
CREUZA: -Oh,mô! (Abre os braço)
VIRINO: -Quero que minhas costas estrale!(Ela abraça) Ai...
CREUZA: -Que foi? (Ele sente dor nas costas)
VIRINO: -Nada! (Saem)
(Sebastiana varre à casa chega Quitéria)
SEBASTIANA: -(Canta “entre tapas e beijos”) Cumade,Cumade!Vem cá, vem cá, mulé de Deus!
QUITÉRIA: -Que foi cumade, arguma disgraça?
SEBASTINA: -E que disgraça!
QUITÉRIA: -Mai que acunteceu? Conta logo mulé de Deus...
SEBASTIANA: -Como já dizia minha santa mãe: “É o fim dos tempos!” que Deus a tenha.
QUITÉRIA: -Conta logo mulé, pela tua cara deve ser...
SEBASTIANA: -A cumade sabe que detesto fofoca,e isso é coisa de quem não tem o que fazer. Né mermo?
QUITÉRIA: -É!
SEBASTINA: -Mai num tá sabeno mermo?
QUITÉRIA: -Não! Mai num já disse que não, oschen! Ou a cumade fala, ou vou mebora num vou ficar aqui empalhada.
SEBASTIANA: -Coitada da cumade Benidita, mai que desgosto...
QUITÉRIA: -Que disgosto ela teve?
SEBASTINA: -Filhos só selvi par envergonhar agente...
QUITÉRIA: -Num tô entendendo mai nada.
SEBASTIANA: -Mai deixa de ser tonta, a filha da cumade Benidita que era tão santa, se bombardiou com um homi da usina, e agora tá mais falada que chão.
QUITÉRIA: -Minha vigi santíssima!
SEBASTINA: -É... é isso que dá, fica confiando nesses homis que vem das bandas do pernambuco trabaiá aqui, deixa as moças solta até tarde, é isso que dá. Minha fia eu fico de oio, se não ó...
QUITÉRIA: -Como a cumade ficou sabeno?
SEBASTIANA: -Sabe como é, eu num queria escutá, detesto fofoca, mai num pude deixá de escuta. Tamem eu acho que elas queria que todo mundo escutasse, só não escutava quem num quizesse, só se fosse moca, e moca eu num sou! (Entra Creuza)
CREUZA: -O que oscês cochicham ?
SEBASTINA: -Nada não minha santa filha! Essa aqui ó, eu boto a mão no fogo sem medo.
QUITÉRIA: -Eu que num botava.
SEBASTIANA: -Que a cumade falou?
QUITÉRIA: -Cuncordo com a cumade essa menina vale ouro!
SEBASTIANA: -ô, e se vale, é o xodó do pai.
CLEUZA: -Tanta bazulação vou acabá ficano velmelha!
SEBASTIANA: -Um anjo!
CREUZA: -Mai falava de que as duas?
QUITÉRIA: -Noi tava falano...
SEBASTIANA: -Que acumade tava lembrano que tinha um bocado de roupa suja par lavá e não tinha tempo par trororó.
QUITÉRIA: -Num falô que todo mundo tá sabeno?
SEBASTIANA: -É uma criança! Pelo que seio a cumade não gosta de fuchico, num é mermo?
QUITÉRIA: -Assim como a cumade dou minhas escurregadinhas!
SEBASTIANA: -Se oriente cumade.
QUITÉRIA: -Creuza, inté mais vê, tenho que í, meu fio tá qualse vortando pro armoço. Aparece meu fio vai ficá muito satisfeito, ele gosta muito da menina. Com todo respeito! Inté mai vê cumade!
SEBASTINA: -Inté! (Sai) Essa gente pensa que nois num tem mai o que fazé!
CREUZA: -Parecia que a senhora tava gostando da convessa.
SEBASTIANA: -empressão sua. Educação, num vou botá a cumade par corré, num é mermo?!
CREUZA: -É, mainha tem razão! (Entra Mané)

MANÉ: -Preta! Bota cumida que tô morreno de fomi. Dia inteiro no roçado num é mole não!
SEBASTIANA: -Já vou bota Negô, num precisa de tanto escandio, oschen, se passa arguem vai pensá inté que tá passando fome!
CREUSA: -Como foi o dia lá no roçado painho pegou muito na mandioca, quero dizer descobriu a mandioca, prantou a mandioca...
MANÉ: -Filha?
CREUZA: -Se roçou muito?
MANÉ: -O que tá aconteceno com oscê?
CREUZA: -Só quero sabê como foi oseu dia, é isso?
MANÉ: -como sempre, o dia inteiro debaixo de sol quente vendo a hora pegar uma disentiria braba!
CREUZA: -Eu qero ajuda painho num deixa!
MANÉ: -Fia minha num trabaia na roça não, enquanto vida eu tivé, oscê num pega no cabo...
CREUZA: -Quê?
MANÉ: -De uma inxada...
CREUZA: -Ah! (Expira tranquila)
MANÉ: -Tem arguém bateno na porta.
CREUZA: -Já vai...
MANÉ: -Vai lá filha, se não vai derrubá a porta!
CREUZA: -Carma, já tô indo ô!
FIFI:-Oi queridinha!
CREUZA: -Fifi, num pricisa derrubar a porta, né!?
FIFI: -Ai credo, creu! Isso é jeito de receber uma visita?
CREUZA: -Que bom que oscê chegô, tô precisando mermo falá com oscê.
FIFI: -Que foi? Menina que cara é essa? Vosmicê tá tào amarela, tão fria, disfigurada, ai,ai,ai... o que vosmicê andou aprontano poraí?
MANÉ: -Taide Fifi!?
FIFI: -Tarde, seu Mané!
MANÉ: -Como vai dona Conceição?
FIFI: -Naquela vida de sempre, seu Mané, como todo mundo neste buraco não é mermo?
MANÉ: -Mai oscê num gosta mermo daqui, num é mermo?
FIFI: -Num vejo a hora de imebora daqui!
MANÉ: -Ah, essa juventude! Vai me dano licença que vou armuçar, se quizer...
FIFI: -Num se incomode, muito agradecido!
MANÉ: -Se quiser a menina num se acanhe...
FIFI: -Muito obrigado...
MANÉ: -sinta em casa...
FIFI: -Obrigado...
MANÉ: -Nois tem inhame, macacheira, batate, carne de sol...
FIFI: -Obrigado...
MANÉ: -Feijão marcaça, farva...
CREUZA: -Farinha...
MANÉ: -Cação, avoadó,quiabo, piaba...
FIFI: -Tá bom seu Mané...
MANÉ: -Suquinho de mangaba...
FIFI: -Chega! Num quero nada, brigado!
MANÉ: -Nem...
CREUZA: -Não painho.
MANÉ: Tá bom, tá bom! (Sai)
FIFI: -Mai o que foi que acunteceu, mulé de Deus?
CREUZA: -Ave Maria, oschen meu Deus, Mai nem seio que vou fazê da minha vida!
FIFI: -Que é? Assim oscê me assusta!
CREUZA: -Se painho e mainha discobri serei escumungada!
FIFI: -0... 0... 0... Qui oscê tá querendo dizê?
CREUZA: -Eu... tava... eu... e... Virino...tava... Eu tava cum Virino....
FIFI: -Com Virino é?
CREUZA: -É.
FIFI: -Seio... Mai e daí?
CREUZA: -E aí ele foi chegano perto, e mais perto... e...
FIFI: -Acunhou?
CREUZA: -Não, ainda não!
FIFI: -Então, deixa de arrodeio e conta logo!
CREUZA: -Ai, ele foi chegando perto, e mai perto, e fio subino...
FIFI: -Vigi, subino é?
CREUZA: -Um calô inorme!
FIFI: -Urfa! Ah tá! E que mai?
CREUZA: -Ele me incostou no tronco.
FIFI: -Era grosso é...
CREUZA: -Mai deixa disso, todo tronco é igual.
FIFI: -É rim. O tronco que meu namorado incostou em mim num era igual o tronco...
CREUZA: -Mai tu é muito leza mermo, só pensa bobage
FIFI: -Então dexa cuvessa e fala logo.
CREUZA: -Aí...
FIFI: -Aí o que? Aconteceu!?
CREUZA: -Ainda Não. Mai ele foi chegano perto, e Mai perto...
FIFI: -E foi!
CREUZA: -Eu impurrei cum força...
FIFI: -Num intendi. Num era ele Qui devia...
CREUZA: -Ai Fifi como oscê é mardosa, só pensa...
FIFI: -Só penso mermo. Sou moça!
CREUZA: -Ele caiu.
FIFI: -Brochou!
CREUZA: -Eu impurrei, ele caiu, do banco Fifi!
FIFI: -Ah, Creuza tadinho!
CREUZA: -Tadinho deu, eu que me machuquei...
FIFI: -Então Oscê caiu tamem?
CREUZA: -Cum ele em cima deu.
FIFI: -E aí?
CREUZA: -Aí que o cumeço a pegá fogo e o fogo foi subino, subino e só iscutei o estoro!
FIFI: -Então é verdade que quebra ...
CREUZA: -Num diga bobage! O estoro foi do banco dond noi istava.
FIFI: -Oh, creuza deixa de falá bobage e fala logo o principá.
CREUZA: -Mai falá o quê?
FIFI: -É... aquilo?
CREUZA: -Fico sem jeito.
FIFI: -Acunteceu?
CREUZA: -É acunteceu!
FIFI: -Amiga, intão oscê num é mai mulé moça?
CREUZA: -É, Sou uma moça mulé.
FIFI: E agora?
CREUZA: -Num sei.
FIFI: -Se mainha subé num vai querer que eu ande cumoscê enquanto num casá. Mainha é muito dura, num que que eu faç amizade com todo mundo não, ainda mai sabeno que foi bombardiada, xi!
CREUZA: -Pió, é qui,... ói! Como tô redonda!
FIFI: -Num diga qui...
CREUZA: -Só num ssio cumo vou falá par painho
FIFI: -Pode deixá que eu falo, euconto tudo cum jeitinho, num se aveixe não visse!
CREUZA: -Oscê é tão boa, tem um coração tão bão!
FIFI: -Amiga é par isso mermo!
CREUZA: -Acha mió contá quando?
FIFI: -Agorinha mermo!
CREUZA: -Agora...
FIFI: -Seu Mané!
CREUZA: -Fifi!
FIFI: -Dna. Bastiana...
CREUZA: -Ai,meu Jesus, me acuda!
MANÉ: -Mai o que se sucede aqui, que gritaria é essa?
FIFI: -Prepare o cinturão, quero dizê o coração, poi vou dá uma nutícia que é: boa e ao mermo tempo rim! Vou falá bem arto par todo mundo ouví.
CREUZA: -É só par eles Fifi! ( belisca Fifi )
FIFI: -Ai, tá, Tá bão! Isso doi ô!
MANÉ: -Fale logo essa nutícia que já tô Precupado!
SEBASTIANA: -Mai que foi que acunteceu?
FIFI: -Se aveche não Dna. Bastiana, seu Mané... Mai olhe bem pra eu. Eu tô mai redondinha?
OS DOIS: -Não.
FIFI: -Oscês Já me viro agarrada, sendo amassado por algum macho?
OS DOIS: -Tamen Não.
SEBASTIANA: -Mai quem sabe as escondida nas brenhas né meu veio?!
MANÉ: -Mai sim, sei lá o que vosmicê anda aprontando poraí. Só ponho a mão no fogo pela minha fia!
FIFI: -Xi! Queimou legal.
MANÉ: -Que?
CREUZA: -Nada Não sinhô!
FIFI: -Eu nunca cai cum meu namodo por cima deu... Nem mermo meu bucho cresceu sem painho notá!
SEBASTIANA: -Quem vai garanti, tanta bichota que faz chazinho de cabacinha...
MANÉ: -Do jeito que essa juventude vai num duvido nada.
FIFI: -Poi é, sua fia fez tudo isso... Tá prenha! TchaúCreuzinha ( sai correndo )
CREUZA: -Fifi, Fifi!
MANÉ: -Mai que chafurdo é esse creuzinha?
SEBASTIANA: -Só podi sê chafurdo!
CREUZA: -Painho...
MANÉ: -Num é Verdade!?
CREUZA: -Mainha...
SEBASTIANA: -Bombardiaram meu bebê!
MANÉ: - Minha fia,dentro da minha casa, uma bichota isso não... é verdadeira essa história?
SEBASTIANA: -Fala fia.
CREUZA: -É.
MANÉ: -Que disconjuro! Quem foi o cabra que te desgraçou?
CREUZA: -Painho...
SEBASTIANA: -Fala...
CREUZA: -Virino!
SEBASTIANA: -Só pode sê catimbó. Minha fia falada!
MANÉ: -Ele vai repará o erro dele por bem o por mal! ( pega foice )
CREUZA: -Painho...
SEBASTIANA: -Vamo atrás dele ante que ele faz arguma bestera! ( saem )

Segunda Parte
MANÉ: -Cadê esse cabra safado?
QUITÉRIA: -Mai que que é isso?
SEBASTIANA: -Se esse cabroxa acha qui vai ficar assim se engana. Mexeu com a fia de um homi cum sangue no oio!
QUITÉRIA: -Posso sabê do qui oscês tão falano?
MANÉ: -Esse cabra safado do teu fio buliu com minha fia.
QUITÉRIA: -Buliu? Santa Maria mãe de Deus! Então oscê num é moça?
SEBASTIANA: -Mode seu fio.
QUITÉRIA: -Tadinho do meu bichinho!
SEBASTIANA: -Eu é que digo, tádinha da bichinha da minha menina!
QUITÉRIA: -Ele num merece esse troço.
SEBASTIANA: -Quê? Minha fia que não merece, onde já se viu... Um moleque, isso num é papal de homi!
QUITÉRIA: -Oia como fala do meu fio, sua cobra!
SEBASTIANA: -Sua marmota! ( Briga )
MANÉ: -Parem com isso, sorta! Vamo sorta.
CREUZA: -Para mainha...
SEBASTINA: -Cala essa boca! Tá querendo oque, me matá de velgonha é?
VIRINO: -Mai o que se sucede aqui?
MANÉ: -Seu cabra safado, oscê digraçou minha fia.
VIRINO: -Não, acho que é um engano!
MANÉ: -Sim, e fui eu o enganado...
VIRINO: -Fala pro teu pai que...
CREUZA: -Tô cum desejo!
VIRINO: -Desejo?
MANÉ: -Nega? ( Com a foice )
VIRINO: -Eu caso.
QUITÉRIA: -Casa?
VIRINO: -Ante casá que morrer!
CREUZA: -Uma vontade de comê rapadura com farinha...
VIRINO: -Mai vou pegá pra já...
MANÉ: Mai nem pense nisso,daqui oscê num arreda o pé,a num ser casado.
VIRINO: -Quando?
SEBASTIANA: -Agorinha mermo.
MANÉ: -O coroné e o padre já tá vino par cá.
CREUSA: -Tenho desejo...
QUITÉRIA: -Matai-me matai-me meu Deus nunca pensei que ia vivé par vê uma derrota dessa!
SEBASTIANA: -Que disgosto, mia fia num pode mai entra na igreja de branco, cum vestido alvo feito um anjo! ( Choram )
MANÉ: -Mai deixe de agoro oscês duas.
FIFI: -Oi?!
CREUSA: -Oia que oscê arrumou.
FIFI: -Um casamento pra oscê!
CREUSA: -Um baita chafurdo, isso sim!
CORONÉ: -Eu como única autoridade, desta cidade declaro em nome da lei e dos princípios da famíla: Que a cobra vai fumar!
VIRINO: -Eu vou casá!
CORONÉ: -Faz muito bem.
FIFI: -Coroné Bento! ( assanhada ) Padre sua bença!
PADRE: -Deus lhe abençoe e lhe dê vergonha, muita vergonha! Quer ir pro céu?
FIFI: -Claro!
PADRE: -Aumente essa saia.
CORONÉ: -Tá de bom tamanho! Deus sabe o que faz, tanto que faz bem feito, caprichado!
PADRE: -As meninas de hoje são, como podemos dizer, muito, muito calorentas!
FIFI: -Parece que ultimamente o tempo tem esquentado muito, e, vai subino assim um caló.
CORONÉ: -Num é só caló não...
PADRE: -Olha o respeito, sou um representante de Deus! O que falta é vergonha...
CORONÉ: -Vergonha ela tem, ,veja o senhô, Num quis tira a roupa...
PADRE: -Me respeite coroné!
CORONÉ: -Do vará padre, do vará, mode eu vê seu joelho, é isso!
MANÉ: -Mai vamo deixá de trororo, e vamo avexá logo esse casamento, que tô veno a hora o bruguelinho naiscê! ( As mães choram )
PADRE: -Tem difunto?
MANÉ: -Ainda não mais se demorá mai um poquinho vai tê!
PADRE: -Calma meu filho, tudo há de se arranjar!
MANE: -Esse cabra safado já se arranjó bem...
PADRE: -Gostaria de ficar à só com a noiva.
CREUSA: -Eu?
MANÉ: -Com quem?
PADRE: -Com os noivos, é claro!
MANÉ: -Mai perque só os noivos, se todos sabemo o que aconteceu?
FIFI: -Todo mundo já sabe que meu nessa lua já se foi...
TODOS: Fifi!
FIFI: -Ai, que horror!
PADRE: -Preciso conversar com os noivos, assuntos de ordem religiosa... (Saem)
CREUSA: -Padre pequei!
PADRE: -Pelo tamanho da barriga percebesse que o pecado não foi pequeno!
VIRINO: -Eu juro padre qui eu num quiria... num quiria , num... mai quis!
CREUSA: -É difici de resisti né padre, é tão bão!
PADRE: -É. Compreendo... ( Distraído )
OS DOIS: -Padre!
PADRE: -Ora, me respeitem. Compreendo, porque que sou um representante de Deus ( Se benze ) e tenho que ser missericordioso!
PADRE: -Vomos agora ao santo sacramento do confissionário... É a parte que mais gosto neste caso agente ouve cada coisa picante! ( A parte )
CREUSA: -O que padre?
PADRE: -Ah, Nada... Estou rezando... Juram dizer toda, mais toda verdade, tim -tim por tim-tim, todos os detalhes sem esconder absolutamente nada, em nome de Deus, é claro!
OS DOIS: -Juro! ( Tiram par ou impar )
PADRE: -Vamos comece filho...
VIRINO: -Cuando vi aqueles doi monumento arribitado apontando norte, sul. E esse beiços? Ah padre é bem mió que comé garrota!
CREUSA: -Virino?! Então é oscê que está desgraçano as garrotas. Virino oscê é o boca de burro! Meu Deus!
PADRE: -Filho isso é grave!
VIRINO: -Já estou arrependido padre. E agora num vou mai passá nessicidade...
CREUSA: -Virino!
VIRINO: -Comu eu tava dizeno... Fiquei pensano, proque num fazê... proque num fazé?
CREUSA: -É proque num fazê?
PADRE: -E?
OS DOIS: Fizemus!
CREUSA: -Adoramos...
VIRINO: -E queremos mais...
PADRE: -Ôh coisa boa...
OS DOIS: -Padre!
PADRE: -Nome de Padre, filhi, spirit, sacto...
OS DOIS: -Amém.
PADRE: -Coisa boa,vocês meus filhos,estarem se confessando, abrindo seus coração com um repressentante de Deus. Mais vamos falar sobre isso com mais detalhes, de forma que eu possa avaliar a gravidade do pecado...
VIRINO: -Pecado é bom padre, se subesse...
( Entra os outros )
MANÉ: -Mai pruquê essa demora? Acho mió fazer logo esse casamento, qui tô veno a hora o bruguelinho naiscer aqui mermo!
PADRE: -Bem, meus irmãos... Vamos dá início a cerimônia! Vamos aqui perante os olhos de Deus, que deve ter visto cada coisa...
SEBASTIANA: -Cuma?!
PADRE: -Vamos unir esses dois jovens, unindo essas almas, porque os corpos...
QUITÉRIA: -Cuma!?
PADRE: -Em Nome do pai, filhi, espit sancto...
TODOS: - Amém!
PADRE: -Onde é que eu estava mesmo? Ah! Vocês prometem ficar juntos, no trabalho ou na preguiça...
QUITÉRIA: -Meu fio é homem de sangue no oio!
TODOS: -Cala boca!
PADRE: -No frio ou no calor... Ah que delícia!
TODOS: -Padre!
PADRE: -Amém?
TODOS: -Amém!
PADRE: -Ô glória! ( repetem )
Aleluia! Não me interropam se não Deus não abençoa.
Prometem ficar juntos de dia e de noite,enganchados...
SEBASTIANA: -Tadinha da minha fia.
CORONÉ: -Ê cabra de sorte!
PADRE: -Quero dizer engazados, a vencer as dificuldades...
TODOS: -Ah!
PADRE: -Na fartura ou na fome, quando se falta, vai a casa do sogro.
MANÉ: -Mai oia menino era só o que fartava!
QUITÉRIA: -Mão de vaca!
MANE: -Só a mão. Já a sinhora...
QUITÉRIA: -Me respeite seu bode veio.
CORONÉ: -Ordem...
FIFI: -Que custoso esse casamento!
PADRE: -Num me deixam falar. Posso dar proseguimento?
FIFI: -Contineu padre...
PADRE: -Nem preciso perguntar se aceitam, não é mesmo? Todos feicham os olhos, podem beijar (arregalam) isso meus filhos beijem, a lua existe, mas o mel, já era!
TODOS: -Padre!
PADRE: -Minto?
TODOS: Não!
PADRE: -Concidero marido e mulher. Faz tempo!
Viva os noivos! Onde está a comida? Que festa é essa que não se tem comida? Onde já se viu! Que matar o padre de fome?
SEBASTIANA: -Êta padre fasladô, Já vou buscá!
PADRE: -Mais cadê a música? festa sem um bom chote, não é festa!
MANÉ: -Coloca o disco na vitrola coroné, e, arreia! ( todos dançam forró )

F I M

REPÓRTER GLOBAL RETORNA APÓS CIRURGIA

A repórter Global Ananda Apple retoma ao trabalho no Quadro Verde, do Bom Dia São Paulo, após mais de dois meses afastada da Gl...