ALGO EM COMUM
De: Marcondys França
Personagens:CAIO
SABRRINA
(ouve-se a campanhia, as luzes ascende-se. O público vê uma sala com decora moderna e de bom tom. Na parede central uma tela ilustrando um beijo entre duas pessoas do mesmo sexo)
CAIO: -Pois não?
SABRINA: -Boa noite?
CAIO: -Boa.
SABRINA: -Me desculpe, mas será que eu poderia falar com você?. (Há um certo nevosismo na voz dela)
CAIO: -Nos conhecemos?
SABRINA: -Acredito que não!
CAIO: -O que você deseja então?
SABRINA: -Ah, desculpe-me! É que estou tão, nervosa...
CAIO: (Ele não entende)
SABRINA: -Você é o Caio...
CAIO: -Como sabe meu nome?
SABRINA: -Ah,que falta de educação minha! Sou Sabrina.
CAIO: -Não estou entendendo.
SABRINA: -Posso entrar?
CAIO: -Talvez você esteja me confundindo com outra pessoa.
SABRINA: -Pode está certo que não.
CAIO: - Algum tipo de brincadeira?
SABRINA: -Esteja certo que não.
CAIO: -Me desculpe mas...
SABRINA: -Temos alguém em comum.
CAIO: -Como é que é?
SABRINA: -Posso entrar?
CAIO: -Acho melhor não!
SABRINA: -Não seria conveniente conversamos aqui na porta.
CAIO: -Acho que não temos o que conversar.
SABRINA: -Será que não mesmo? Você não tem nenhum interesse em saber quem sou?
CAIO: -Por que deveria?
SABRINA: -Sempre quis saber quem era.
CAIO: -Por favor. (mostra o caminho)
SABRINA: -Obrigada.
CAIO: -Bebe algo?
SABRINA: -Uma soda por gentileza.
CAIO: -Com gelo?
SABRINA: -Por favor.
CAIO: (prepara a soda e faz para si um uisque)
SABRINA: (observando a tela na parede) Um bonito quadro.
CAIO: -Gosto de arte.
SABRINA: -Este é diferente.
CAIO: -Gosto de coisas diferentes...
SABRINA: -Ousadas...
CAIO: -As vezes.
SABRINA: -Você que escolheu a decoração?
CAIO: -Tive ajuda.
SABRINA: -É um estilo inconfundívell.
CAIO: -Olha...
SABRINA: (Pega um porta retrato com a foto de Caio e seu amor) -Onde foi tirada essa foto?
CAIO: -Numa viagem a Natal.
SABRINA: -É um lugar encantador. Lua de Mel?
CAIO: -Talvez.
SABRINA: -Minha Lua de mel foi inclível. Você o ama?
CAIO: -No que mudaria?
SABRINA: -No que mudaria?! Seria tão mais fácil se as pessoas fossem honestas umas com as outras. Não acha?
CAIO: -Acredito que primeiro é preciso que sejamos honestos com n'ós mesmo.
SABRINA: -Uma questão de escolha?
CAIO: -Talvez de opinião...
SABRINA: -Nem sempre podemos escolher o que desejamos.
CAIO: -E isso causa sofrimento.
SABRINA: -Contentamento. Aprendemos a aceitar a vida como ela é...
CAIO: -Não seria como a fazemos?
SABRINA: -Medo da solidão...
CAIO: -Nem sempre está no meio da multidão é está acompanhado.
SABRINA: -Doi!
CAIO: -O que?
SABRINA: -A solidão a dois.
CAIO: -Acredito que sim.
SABRINA: -Não sente?
CAIO: -O que?
SABRINA: -Solidão...
CAIO: -Não quando tenho certesa que vai voltar.
SABRINA: -É constante?
CAIO: -O que?
SABRINA: -Esta certeza?
CAIO: -Acreidto no amor.
SABRINA: -Nas juras?
CAIO: -No olhar.
SABRINA: -O olhar é fogo que queima, arde, sem tocar.
CAIO: -Nos gestos simples, mais verdadeiros.
SABRINA: -E a velhice? Sabe algo sobre Amistedã?
CAIO: -Projetos!
SABRINA: -União?
CAIO: -Respeito.
ABRINA: - Sente-se inseguro.
CAIO: -Me previno.
SABRINA: -Da vida?
CAIO: -A vida é cheia de incertezas. Mesmo não sabendo quando, a única certeza que temos é que um dia temos que partir.
SABRINA: -Seguro?
CAIO: - Previdêncancia.
SABRINA: -Ah! Negócios...
CAIO: -Investimento.
SABRINA: -É sábio de sua parte.
CAIO: -Acordo comum.
SABRINA: -Sente-se amado?
CAIO: -O amor é uma renovação.
SABRINA: -Gostaria de me sentir como nos conhecemos.
CAIO: -Não podemos freiar o tempo.
SABRINA: -Eramos tão jovens.
CAIO: -O tempo passa.
SABRINA: -E com ele tudo mudou.
CAIO: -Você sabia.
SABRINA: -Nunca tive certeza! O amor me cegou.
CAIO: -Ou fechou os olhos para não enchergar o que via.
SABRINA: -Medo de perder.
CAIO: -É preciso recuar para permanecer.
SABRINA: -Faço isso todos os dias.
CAIO: - Um campo minado!
SABRINA: -Por isso não enfrento.
CAIO: -E sofre outros tipos de retalhações.
SABRINA: -Este é o preç'e que tenho que pagar. Precisa de ajuda.
CAIO: -Precisa de ajuda.
SABRINA: -Eu preciso de amor.
CAIO: -Não se é amado quando se omite...
SABRINA: -A omissão é uma forma de permanecer bem, diante de todos.
CAIO: -É pior...
SABRINA: -No começo falavamos de filhos...
CAIO: -E por que não tiveram?
SABRINA: -Medo.
CAIO: -Medo?
SABRINA: -Medo.
CAIO: -Do que?
SABRINA: -Queriamos um casal.
CAIO: -Talvez vocês não se sentissem preparados!
SABRINA: -Nunca soube dividir meus sentimentos com mais de uma pessoa.
CAIO: -Talvez sua vida tivesse outro sentido.
SABRINA: -O medo não deixou.
CAIO: -Se não enfrentamos nossos medos não sairemos do lugar.
SABRINA: -Me sinto imóvel!
CAIO: -É preciso estímulo para se chegar a algum lugar.
SABRINA: -É uma coisa interna.\par
CAIO: -Que precisa é de uma força interna.
SABRINA: -Tinha medo que meu filho fosse igual ao pai.
CAIO: -Seria íntegro.
SABRINA: -Mas faria alguém sofrer como sofro.
CAIO: -Nem todos agem da mesma forma.
SABRINA: -Questão de modelos.
CAIO: -Temos o livre arbítrio.
SABRINA: -Nem sempre. Escolhas trazem consequencias.
CAIO: -Comodismo também. É preciso tentar.
SABRINA: -Só sei o que é sofrer.
CAIO: -Então não seria a hora de saber o que é ser feliz.
SABRINA: Vê-lo voltando pra casa todas as noites.
CAIO: -Mesmo sabendo que é pela metade?
SABRINA: -Um gota de água no deserto faz milagres.
CAIO: -Quando não mata.
SABRINA: -É melhor morrer com a sensação de saciada, que esta sede que sinto.
CAIO: -Procure qjuda profissional.
SABRINA: -Nunca quiz uma filha. A rejeição é um sentimento que castiga nossa alma.
CAIO: -Medo de que passasse por isso?
SABRINA: -Ou que fosse mais feliz que eu...
CAIO: -Esse é o desejo de toda mãe.
SABRINA: -Não sei.
CAIO: -Ainda é tempo.
SABRINA: -Como ser m\'e3e se nem mesmo sabe-se o que \'e9 ser mulher.\par
CAIO: -Encontre alguém que lhe desperte esta sensação.
SABRINA: -Sexo...
CAIO: -Desculpe?...
SABRINA: -Tem uma vida ativa?
CAIO: -Fulgas.
SABRINA: -Quem é?...
CAIO: -Não entro em detalhes. Esta é minha intimidade.
SABRINA: -Desculpe-me. Você me acha interessante?
CAIO: -Um prato cheio pra quem tem fome.
SABRINA: -Isso responde a minha pergunta?
CAIO: -Acredito que sim.
SABRINA: -Se não... Você se sentiria atraíedo por mim.
CAIO: -Talves. Como posso saber!
SABRINA: -Ele tem um bom gosto.
CAIO: -Obrigado.
SABRINA: -Você também.
CAIO: -Acredito que sim.
SABRINA: -Ah meu Deus! O que há de errado comigo. (CHORA)
(Caio levanta-se e pegar um copo com água)
CAIO: -Beba.
SABRINA: -Obrigada. Desculpe-me. Me descontrolei.
CAIO: -Todos perdemos o controle de vez enquanto.
SABRINA: -Você parece uma boa pessoa.
CAIO: -Tento.
SABRINA: -É cheguei a te odiar.
CAIO: -Talvez em seu lugar me odiaria também.
SABRINA: -Que alívio! Pensei que fosse o começo da loucura.
CAIO: -Esta passando por um momento dificil.
SABRINA: -As vezes sinto que me ama.
CAIO: -Talvez não queirra magoa-la.
SABRINA: -Proteger?
CAIO: -Muitas vezes na tentativa de proteger acabamos ferindo, pessoas queridas.
SABRINA: -Mentir.
CAIO: -Omitir.
SABRINA: -A mentira passa a ser uma verdade quando a verdade é uma mentira.
CAIO: -Mas o sofrimento é real.
SABRINA: -Num mundo de lágrimas falsas.
CAIO: E o futuro?
SABRINA: -Então não pensa.
CAIO: -Vivo o presente. Projeto o fulturo. É algo tão longe que as vezes foge entre nossos dedos antes mesmo de chegar.
SABRINA: (Vê outra foto) -Posso?
CAIO: -Claro.
SABRINA: -É muito bonita!
CAIO: -Minha ex.
SABRINA: -Você a amava?
CAIO: -Sim...
SABRINA: -Então por que a deixou?
CAIO: -Foi preciso.
SABRINA: -Honestidade?
CAIO: -Carinho.
SABRINA: -Como soube?
CAIO: -Por mim.
SABRINA: -Soube sozinha.
CAIO: -Sofre?
SABRINA: -Tento compreeder.
CAIO: -Por isso se sente perdida.
SABRINA: -Talvez.
CAIO: -Não conseguiria salvar.
SABRINA: -Não quero salvar.Não é isso que me motiva.
CAIO: -Alta piedade?
SABRINA: -Amor.
CAIO: -Amor sem paixão é amizade.
SABRINA: -É contentamento.
CAIO: -Até quando?
SABRINA: -Até que volte.
CAIO: -E se não voltar?
SABRINA: -Irei junto.
CAIO: -Se o caminho não for o mesmo?
SABRINA: -Sempre voltou. Precisa de mim.
CAIO: -E você do que precisa?
SABRINA: -Da certeza.
CAIO: -Um contrato.
SABRINA: -É temos.
CAIO: -Pode ser recindido.
SABRINA: -A multa seria alta.
CAIO: -Consequencias.
SABRINA: -Sei a hora de avançar.
CAIO: -Sente dificuldades de recuar?
SABRINA: -Não sou mulher de desistir.
CAIO: -Por isso sofre.
SABRINA: -Todos sofremos. Até mesmo os mais fortes como você.
CAIO: -Como pode saber?
SABRINA: -Amor e egoismo andam lado-a-lado.
CAIO: -Existem situações que temos ceder.
SABRINA: -O medo de quem cede é o da perda total.
CAIO: -Muitas vezes depois de uma grande perda, reconstruimos nossas vidas com grande vitoria.
SABRINA: -As vezes as incertezas nos paraliza.
CAIO:-Bebe mais?
SABRINA: -Por favor. wisk.
CAIO: -Com gelo?
SABRINA: -Sim. (levanta e olha novamente o quadro.Caio se aproxima com o copo)
CAIO: -Tesão?
SABRINA: -Passa.
CAIO: -Sintonia. Quando se sabe sintonizar...
SABRINA: -Odeio...
CAIO: -Eu sei.
SABRINA: -Não sabe.
CAIO: -Odeia o amor que sente.
SABRINA: -Dizem que tem alma feminina.
CAIO: -Nem todos os lados opostos se atraem.
SABRINA: -O mau e o bem.
CAIO: -Controle.
SABRINA: -Nunca se descontrola?
CAIO: -Temos nosso dia ruim.
SABRINA: -Quando percebo o descontrole, me tranco no banheiro e passo horas me maquiando.
CAIO: -Máscara!
SABRINA: -E o que vejo é um estranho no banheiro.
CAIO: -Fuja.
SABRINA: -Fecho os olhos e penso. Éuma fase, assim como esta maquiagem, logo que lavada, some.
CAIO: -Some?
SABRINA: - Eu fico.
CAIO: -E por que não vai?
SABRINA: -Não sei o caminho.
CAIO: -Medo.
SABRINA: -Vingança.
CAIO: -Preferi sofrer ao deixar partir?
SABRINA: -O odio é alimentado pela presença.
CAIO: -A ausência pode ser a cura.
SABRINA: -Existem feridas que são incuráveis.
CAIO: -E o que quer?
SABRINA: -O que tem.
CAIO: -Não percebe a diferença.
SABRINA: -Não me importaria de ser igual.
CAIO: -É um mundo a parte.
SABRINA: -Dentro do meu.
CAIO: -Sinto muito.
SABRINA: -Deixe-o.
CAIO: -Para outro?
SABRINA: -Seria menos um.
CAIO: -E você teria mais um.
SABRINA: -Sou incansável.
CAIO: -Nem todas batalhas podemos vencer.
SABRINA: -Se não posso vencer posso ao menos me aliar.
CAIO: -É loucura.
SABRINA: -Todos somos.
CAIO: -Não te ama.
SABRINA: -Não importa.Eu o amo.
CAIO: -Isto é doença.
SABRINA: -É amor.
CAIO: -Ilusão.
SABRINA: -Somos felizes mesmo distantes!
CAIO: -A distância é um m protesto para manter a paz.
SABRINA: -O inferno esta aqui!
CAIO: -É por isso que há fogo. O paraíso te incomoda.
SABRINA: -É monotono.
CAIO: -Converse.
SABRINA: -Sei a resposta.
CAIO: -Por que foge?
SABRINA: -Pra não mais me ferir.
CAIO: -Prefiro o sonho. Surge sem programação.
SABRINA: -Pesadelos também.
CAIO: -A luz espanta a escuridão.
SABRINA: -A novidade expulsa o amor. ( Pega a bolsa, levanta-se)
CAIO: -O perdão reconstrói uma vida.
SABRINA: -Deixe-o.
CAIO: -Se quizer ficar...
SABRINA: -É meu.
CAIO: -Não é propriedade.
SABRINA: -Voccê é como o tempo...
CAIO: -Pretendo deixar boas marcas.
SABRINA: -Não te quero mau.
CAIO: -Nem eu a você. Por que veio?
SABRINA: -Pra pedir.
CAIO: -O que ha fez pensar que seria atendida.
SABRINA: -Mais de dois passos me motivaram.
CAIO: -Um só bastaria para entender que não há acordo.
SABRINA: -Negociações.
CAIO: -Não a vida não é um contrato.
SABRINA: -Passa.
CAIO: -O que é bom e real fica.
SABRINA: -Ruim e frustante também.
CAIO: -Procura não cultivar.
SABRINA: -É como mato, nasce sem permissão. (Sabrina saindo)
CAIO: -Por favor... (ela vira-se em direção a ele) Não volte mais aqui. (Ela sai, ele tranca a porta, respira fundo)
FIM