HOMEM DO CAMPO – CAPÍTULO 10
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Novela de Marcondys França
Direção: Marcondys
França, Cauê Bonifácil, Dill França e Albino
Ventura
Direção
Geral de Marcondys França
Capítulo 9
Cena 66 CONTINUAÇÂO
NOITE – EXTERNA – TERRENO BALDIO
FRANCISCO:
- Ieu sobe que o sinhô quer falá com ieu?
FORTUNATO:
- Eu tenho um servicinho pra você.
FRANCISCO:
- selviço, que tivo de selviço o delegado quer com ieu?
FORTUNATO:
- você é o único cabra com sangue nos olhos de fazê esse serviço bem
feito
FRANCISCO:
- Mai que tipo de selviço o sinhô delegado quer que eufaça?
FORTUNATO:
- Que que você de fim num cabra safado, excomungado. (Mostra um bolo de dinheito)e a paga é
boa.
FRANCISCO:
- Oxe, seu delegado! Ieu num sou um assassino não, vice?
FORTUNATO:
- Ora homem! O que fará, será um bem público. E no mais o senhor estará
sobre minha proteção.
FRANCISCO:
- Oxe! Num sou matador não sinhô.
FORTUNATO:
- Eu sou a lei, eu determino o que é crime ou não... E eu limparei os
rastros.
FRANCISCO:
- Quem é esse cabra?
FORTUNATO:
- Eu te explico. Vamos? (Saem)
FRANCISCO:
- Poi então diga seu delegado. (Somem
no horizonte).
(Transição:
Noite de lua cheia).
Cena 67
EXTERNA – NOITE - CEMITÉRIO
(Amariles caminha enfrente ao cemitério,
parece enfeitiçada pela lua. Parece está sendo seguida por alguém. É exibida a
silhueta de um homem e de vez enquanto a sobra sobre o muro do cemitério.
Amariles chega de frente ao portão e contempla os túmulos. Ela está imóvel, a
sombra se aproxima e uma mão encontra em seu ombro. Ela se assusta).
AMARILES:
- (Grita) Você?
BODOQUE:
- Mai o que oscê tá fazendo aqui, de frente ao cemitério? Ainda mais
hoje, noite de lua cheia.
AMARILES:
- Eu num sei...
BODOQUE:
- Bom, vamos sair daqui, vice? Eu te acompanho, tá tudo bem.
AMARILES:
- Oscê me assustou!
BODOQUE:
- Oscê não tem medo não do Nego Bateu Mouche?
AMARILES:
- Tenho medo é de vivo. Quero ficar frente a frente com esse homem, ou
sabe Deus o que ele é. Mai dieu, ele pode fazer o que quiser.
BODOQUE:
- Mai pelo que dizem porai, ele é mais feio que o tinhoso.
AMARILES:
- Tenho medo não! Se for coisa desse mundo é alguém que tá precisando de
carinho.
BODOQUE:
- E se num ser desse mundo, hein?
AMARILES:
- Quero fica frente a frente com esse home, ou sabe Deus o que ele é.
Esse Nego pode fazê com Ieu o que quiser!
BODOQUE:
- Bom, acho melhor a gente ir... Vou te acompanhar até a casa das rosas,
vice? Vamos...
AMARILES:
- Mai e oscê, que fazia aqui a essa hora?
BODOQUE:
- É meu trabalho. Tava fazendo ronda, num sabe? Vamos andando...
AMARILES:
- Vamos...
BODOQUE:
- Te levo.
Transição: Noite de lua cheia corta para a
fachada da casa de Gilmar Catolé.
Cena 68
INTERNA – NOITE – SALA
(Iolanda está cochilando, chica entra com um
candeeiro acesso nas pontinhas dos pés).
CHICA:
- Dona Iolanda?!
IOLANDA:
- Oxe! Que é mulher? Que me matar de susto é?
CHICA:
- É que eu tô com muito medo Dona Iolanda. Deixe eu fica aqui com a
senhora.
IOLANDA:
- Oxe, medo de que?
CHICA:
- É que hoje é noite de lua cheia.
IOLANDA:
- E o que que tem, virou lobisomen agora é?
CHICA:
- É que eu durmo no quartinho lá fora e é noite de lua cheia. Nas noites
de lua cheia, o Nego Bauteu Mouche pega as moças.
IOLANDA:
- Que pega? Pega o que?
CHICA:
- Pega as moças...
IOLANDA:
- Oxe! E tu é moça é?
CHICA:
- è que sou moça dona Iolanda, sou moça virge!
IOLANDA:
- E tu acha que com tanta mulájeitosa pra Baute Mouche pegá, vai querê
pegar tu, estrupício? Vá, vá pra lá... Vá pro teu quarto que quero ficar aqui
descansando.
IOLANDA:
- Já vou indo...
CHICA:
- Olha! Nego Bauteu Mouche pegar um estrupício desses, só se estiver
doido. (Deita). (Gritos desesperado de Chica).
Oxe! Gente! Será que Bauteu Mouche pegou mesmo essa diaba?
Transição: Cenas noturnas da
cidade de Campo verde.
Cena 69
INTERNA – NOITE – FORRÓ
(A câmera vai abrindo aos poucos uma mulher
dançando animadamente, até que rosto ser revelado).
MANÉ TIMBÒ:
- Menininha?
MENININHA:
- Mané?
MANÉ TIMBÒ:
- Então essa é sua igreja?
MENININHA:
- Não Mané... eu tava na igreja sim...
MANÉ TIMBÒ:
- Eu vô te dá uma pisa. (Pega Menininha a força)
MENININHA:
- Ai Mané, tá me machucando.
MANÉ TIMBÒ:
- Sou desavergonhada...
MENININHA:
- Eu posso explicar... Me solta!
MANÉ TIMBÒ:
- Explicar o que sua sem vergonha?
MENININHA:
- Para homi... Para, tá me machucando.
MANÉ TIMBÒ:
- Ainda não viu nada.
(Corta para um quarto na Casa das
Rosas).
Cena 70
INTERNA – NOITE – QUARTO
(Gilmar Catolé está deitado numa cama de
chapéu samba canção, meias social e Chapéu. Dália entra).
DÁLIA:
- O senhor?
GILMAR:
- Oxe! E por que o espanto?
DÁLIA:
- É que eu nunca que ia imaginar...
GILMAR:
- Vamos logo cabritinha, que eu estou com pressa. Tira logo a roupa
vai...
DÁLIA:
- O senhô tá pensando que é quem pra falá assim comigo?
GILMAR:
- Sou cliente, tô pagando!
DÁLIA:
- Então pegue esse dinheiro...
GILMAR:
- Ora manina! Não vá dizê coisas que vá se arrepender depois.
DÁLIA:
- Eu falo o que quiser,e com o senhô, não deito é nunca!
GILMAR:
- Isso é que nós iremos vê.
DÁLIA:
- Ai, me solte seu velho babão! Me solte! Que nojo! Seu bode veio,
catinguento!
GILMAR:
- Chega! Chega. Voce vai tirar a roupa sim, pra me servir... Nem que
seja a força!
DÁLIA:
- Mas tente botá essa mão em ieu...
GILMAR:
- (Pega o chicote) Olha aqui
menina! Você merece uma pisa sua cabrita!
DÁLIA:
- Ah, tente... Tente se for cabra macho! Tente, que a cidade inteira vai
saber quem é na verdade o coroné...
GILMAR:
- sua breguera de maia pataca!
DÁLIA:
- Seu cururu de encruzilhada! Prefiro morrer do que deitar com você.
GILMAR:
- De onde você veio sua demonia, de uma selva? Do inferno sua peste?
DÁLIA:
- Não. Eu vim da casa de minha mãe. Mai o senhor não seve se lembrar,
não é mesmo?
GILMAR:
- Eu?
DÁLIA:
- O senhor mermo. Que se aproveitou do seu poder e da ingenuidade da
minha, acabou de vez com minha vida.
GILMAR:
- (Zomba) Então era você...
DÁLIA:
- É era eu... Mais uma de suas vítimas, seu excomungado.
GILMAR:
- Mas você queria... E ate gostou!
DÁLIA:
- Eu tinha apenas 12 anos. O senhô me pegou a força, seu monstro! Mas eu
prometi, que um dia o senhô ia pagar por tudo que passei inté chegar aqui.
GILMAR:
- Agora chega menina, chega! Por que a gora você uma quenga. E quenga
foi feita pra ser usada! (Joga ela na
cama)
DÁLIA:
- Tente! Vai vê que vou fazer. Eu acabo com tua vida, corto fora seus
bagos!
GILMAR:
- Tá possuída? Quenga dos inferno! Vai vê só...
DÁLIA:
- Me solta seu porco velho!
ROSA:
- Mas o que é isso? Pode me explicar o que está acontecendo nesse
quarto?
GILMAR:
- Essa tua menina aqui Rosa... de onde tirou essa demonia, esse capeta
loiro?
DÁLIA:
- O senhor me desculpe coronel, é que ela é nova aqui, meio sem jeito...
E o senhor sabe como é, num sabe?
GILMAR:
- Não, não sei...
DÁLIA:
- sabe sim...
GILMAR:
- Não sei não. Alias, só sei que essa casa está descendo muito o nível,
rosa! Eu nunca fui tão humilhado em toda minha vida, por uma quenga dessa.
ROSA:
- Olha! Eu posso ajeitar tudo. Vou resolver essa situação agorinha
mesmo... Se recomponha que te acompanho até a saída, vamos homi...
GILMAR:
- Você cabritinha, vai pagar muito caro por essa afronta.
ROSA:
- Coronel... Me acompanhe por obséquio, vamos...
GILMAR:
- Me aguarde cabrita! Vamos rosa essa tua casa está muito derrubada... (Sai)
DÁLIA:
- Odeio esse homem. (Arruma a cama).
(Rosa retorna).
ROSA:
- Agora é nós bonitinha... O que pensa que está fazendo?
DÁLIA:
- Odeio ele madrinha, odeio.
ROSA:
- Agora escute mocinha, se continuar agindo assim, vou ter que mandar
você embora. Esta me entendendo, estou sendo claro.
DÁLIA:
- (Confirma com a cabeça).
ROSA:
- Então muito bem. Agora, descanse por essa noite e esfrie essa sua
cabeça. (Rosa sai, Dália cai no choro).
Corta para casa de Menininha
Cena 71
INTERNA – NOITE – CASA DE
MENININHA - SALA
MENININHA:
- Ai, ai, ai... (Joga ela no sofá)
MANÉ TIMBÓ:
- Olha pra oscê com essa cara de chirumba... Então essa era sua igreja sua desavergonhada!
MENININHA:
- Num é nada disso que tá pensando não homi...(Se levanta e vai até ele).
MANÉ TIMBÓ:
- Oxi, que coisa da gota é essa? Eu num tô
pensando é nada... (Joga ela de volta no
sofá).
MENININHA:
- Tá me machucando... Oxe!
MANÉ TIMBÓ:
- Que papelão é esse Dona Menininha? Acha que algum homem merece passar
por isso? Com que cara dona Menininha, vou olhar pra cara de toda aquela gente?
MENININHA:
- Mané, para com isso!
MANÉ TIMBÓ:
- (Tira o sinto) Cala a boca
sua desavergonhada!
MENININHA:
- Para Mané, para... Não faz isso.
MANÉ TIMBÓ:
- Merece é uma pisa nesse seu coro!
MENININHA:
- Não... Para Mané! Pra com
isso... para.
MANÉ TIMBÓ:
- (Com o sinto em punho, desiste).
(Sai de cena. Menininha se recompõe).
(Câmera
fecha nela).
Transição: Noite/dia/noite.
Legenda de DIAS DEPOIS...
Cena 72
ZECA:
- Oxe mainha! Painho já foi é?
FÁTIMA:
- Já. (Ele
tenta pegar a sela) E o sinhô, onde pensa que vai?
ZECA:
- Num aguento fica naquele quarto deito um inválido!
FÁTIMA:
- Deixe de conversa, oscê tem é
que repousar menino!
ZECA:
- Minha impressão é que num vou ser é nuca que nem ieu era antes... Cuma
essa operação tivesse tirado um pedaço dieu!
FÁTIMA:
- Não diga bobagem, logo vai
vortar a ser como antes. Homi, tenha paciência...
ZECA:
- Oh, diacho! Mode que eu mainha?
FÁTIMA:
- sei não meu filho, sei não...
Mas temos que agradecer a Deus! Você nasceu de novo. Pela metade mainha...
ZECA:
- Mas tá vivo, isso que importa! Agora, vorte pra tua cama e vá
descansar.
FÁTIMA:
- Oxe mainha... Diacho!
Corta para casa de Mariquinha
Cena 73
INTERNA – DIA – CASA DE MARIQUINHA
ESTÁBULO
(Iolanda chega de picap, desce do carro,
retira os óculos escuros e olha em direção a casa de Mariquinha).
Imagem congela em Iolanda.
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