fevereiro 25, 2022

WEB NOVELA - HOMEM DO CAMPO – CAPÍTULO 10

 HOMEM DO CAMPO – CAPÍTULO 10

Web Novela de Marcondys França

Direção: Marcondys FrançaCauê BonifácilDill França e Albino Ventura

Direção Geral de Marcondys França

Capítulo 9

Cena 66 CONTINUAÇÂO

NOITE – EXTERNA – TERRENO BALDIO

FRANCISCO:

- Ieu sobe que o sinhô quer falá com ieu?

FORTUNATO:

- Eu tenho um servicinho pra você.

FRANCISCO:

- selviço, que tivo de selviço o delegado quer com ieu?

FORTUNATO:

- você é o único cabra com sangue nos olhos de fazê esse serviço bem feito

FRANCISCO:

- Mai que tipo de selviço o sinhô delegado quer que eufaça?

FORTUNATO:

- Que que você de fim num cabra safado, excomungado. (Mostra um bolo de dinheito)e a paga é boa.

FRANCISCO:

- Oxe, seu delegado! Ieu num sou um assassino não, vice?

FORTUNATO:

- Ora homem! O que fará, será um bem público. E no mais o senhor estará sobre minha proteção.

FRANCISCO:

- Oxe! Num sou matador não sinhô.

FORTUNATO:

- Eu sou a lei, eu determino o que é crime ou não... E eu limparei os rastros.

FRANCISCO:

- Quem é esse cabra?

FORTUNATO:

- Eu te explico. Vamos? (Saem)

FRANCISCO:

- Poi então diga seu delegado. (Somem no horizonte).

(Transição: Noite de lua cheia).

Cena 67

EXTERNA – NOITE - CEMITÉRIO

(Amariles caminha enfrente ao cemitério, parece enfeitiçada pela lua. Parece está sendo seguida por alguém. É exibida a silhueta de um homem e de vez enquanto a sobra sobre o muro do cemitério. Amariles chega de frente ao portão e contempla os túmulos. Ela está imóvel, a sombra se aproxima e uma mão encontra em seu ombro. Ela se assusta).

AMARILES:

- (Grita) Você?

BODOQUE:

- Mai o que oscê tá fazendo aqui, de frente ao cemitério? Ainda mais hoje, noite de lua cheia.

AMARILES:

- Eu num sei...

BODOQUE:

- Bom, vamos sair daqui, vice? Eu te acompanho, tá tudo bem.

AMARILES:

- Oscê me assustou!

BODOQUE:

- Oscê não tem medo não do Nego Bateu Mouche?

AMARILES:

- Tenho medo é de vivo. Quero ficar frente a frente com esse homem, ou sabe Deus o que ele é. Mai dieu, ele pode fazer o que quiser.

BODOQUE:

- Mai pelo que dizem porai, ele é mais feio que o tinhoso.

AMARILES:

- Tenho medo não! Se for coisa desse mundo é alguém que tá precisando de carinho.

BODOQUE:

- E se num ser desse mundo, hein?

AMARILES:

- Quero fica frente a frente com esse home, ou sabe Deus o que ele é. Esse Nego pode fazê com Ieu o que quiser!

BODOQUE:

- Bom, acho melhor a gente ir... Vou te acompanhar até a casa das rosas, vice? Vamos...

AMARILES:

- Mai e oscê, que fazia aqui a essa hora?

BODOQUE:

- É meu trabalho. Tava fazendo ronda, num sabe? Vamos andando...

AMARILES:

- Vamos...

BODOQUE:

- Te levo.

Transição: Noite de lua cheia corta para a fachada da casa de Gilmar Catolé.

 

Cena 68

INTERNA – NOITE – SALA

(Iolanda está cochilando, chica entra com um candeeiro acesso nas pontinhas dos pés).

CHICA:

- Dona Iolanda?!

IOLANDA:

- Oxe! Que é mulher? Que me matar de susto é?

CHICA:

- É que eu tô com muito medo Dona Iolanda. Deixe eu fica aqui com a senhora.

IOLANDA:

- Oxe, medo de que?

CHICA:

- É que hoje é noite de lua cheia.

IOLANDA:

- E o que que tem, virou lobisomen agora é?

CHICA:

- É que eu durmo no quartinho lá fora e é noite de lua cheia. Nas noites de lua cheia, o Nego Bauteu Mouche pega as moças.

IOLANDA:

- Que pega? Pega o que?

CHICA:

- Pega as moças...

IOLANDA:

- Oxe! E tu é moça é?

CHICA:

- è que sou moça dona Iolanda, sou moça virge!

IOLANDA:

- E tu acha que com tanta mulájeitosa pra Baute Mouche pegá, vai querê pegar tu, estrupício? Vá, vá pra lá... Vá pro teu quarto que quero ficar aqui descansando.

IOLANDA:

- Já vou indo...

CHICA:

- Olha! Nego Bauteu Mouche pegar um estrupício desses, só se estiver doido. (Deita). (Gritos desesperado de Chica).

Oxe! Gente! Será que Bauteu Mouche pegou mesmo essa diaba?

Transição: Cenas noturnas da cidade de Campo verde.

Cena 69

INTERNA – NOITE – FORRÓ

(A câmera vai abrindo aos poucos uma mulher dançando animadamente, até que rosto ser revelado).

MANÉ TIMBÒ:

- Menininha?

MENININHA:

- Mané?

MANÉ TIMBÒ:

- Então essa é sua igreja?

MENININHA:

- Não Mané... eu tava na igreja sim...

MANÉ TIMBÒ:

- Eu vô te dá uma pisa. (Pega Menininha a força)

MENININHA:

- Ai Mané, tá me machucando.

MANÉ TIMBÒ:

- Sou desavergonhada...

MENININHA:

- Eu posso explicar... Me solta!

MANÉ TIMBÒ:

- Explicar o que sua sem vergonha?

MENININHA:

- Para homi... Para, tá me machucando.

MANÉ TIMBÒ:

- Ainda não viu nada.

(Corta para um quarto na Casa das Rosas).

Cena 70

INTERNA – NOITE – QUARTO

(Gilmar Catolé está deitado numa cama de chapéu samba canção, meias social e Chapéu. Dália entra).

DÁLIA:

- O senhor?

GILMAR:

- Oxe! E por que o espanto?

DÁLIA:

- É que eu nunca que ia imaginar...

GILMAR:

- Vamos logo cabritinha, que eu estou com pressa. Tira logo a roupa vai...

DÁLIA:

- O senhô tá pensando que é quem pra falá assim comigo?

GILMAR:

- Sou cliente, tô pagando!

DÁLIA:

- Então pegue esse dinheiro...

GILMAR:

- Ora manina! Não vá dizê coisas que vá se arrepender depois.

DÁLIA:

- Eu falo o que quiser,e com o senhô, não deito é nunca!

GILMAR:

- Isso é que nós iremos vê.

DÁLIA:

- Ai, me solte seu velho babão! Me solte! Que nojo! Seu bode veio, catinguento!

GILMAR:

- Chega! Chega. Voce vai tirar a roupa sim, pra me servir... Nem que seja a força!

DÁLIA:

- Mas tente botá essa mão em ieu...

 

GILMAR:

- (Pega o chicote) Olha aqui menina! Você merece uma pisa sua cabrita!

DÁLIA:

- Ah, tente... Tente se for cabra macho! Tente, que a cidade inteira vai saber quem é na verdade o coroné...

GILMAR:

- sua breguera de maia pataca!

DÁLIA:

- Seu cururu de encruzilhada! Prefiro morrer do que deitar com você.

GILMAR:

- De onde você veio sua demonia, de uma selva? Do inferno sua peste?

DÁLIA:

- Não. Eu vim da casa de minha mãe. Mai o senhor não seve se lembrar, não é mesmo?

GILMAR:

- Eu?

DÁLIA:

- O senhor mermo. Que se aproveitou do seu poder e da ingenuidade da minha, acabou de vez com minha vida.

GILMAR:

- (Zomba) Então era você...

DÁLIA:

- É era eu... Mais uma de suas vítimas, seu excomungado.

GILMAR:

- Mas você queria... E ate gostou!

 

DÁLIA:

- Eu tinha apenas 12 anos. O senhô me pegou a força, seu monstro! Mas eu prometi, que um dia o senhô ia pagar por tudo que passei inté chegar aqui.

GILMAR:

- Agora chega menina, chega! Por que a gora você uma quenga. E quenga foi feita pra ser usada! (Joga ela na cama)

DÁLIA:

- Tente! Vai vê que vou fazer. Eu acabo com tua vida, corto fora seus bagos!

GILMAR:

- Tá possuída? Quenga dos inferno! Vai vê só...

DÁLIA:

- Me solta seu porco velho!

ROSA:

- Mas o que é isso? Pode me explicar o que está acontecendo nesse quarto?

GILMAR:

- Essa tua menina aqui Rosa... de onde tirou essa demonia, esse capeta loiro?

DÁLIA:

- O senhor me desculpe coronel, é que ela é nova aqui, meio sem jeito... E o senhor sabe como é, num sabe?

GILMAR:

- Não, não sei...

DÁLIA:

- sabe sim...

GILMAR:

- Não sei não. Alias, só sei que essa casa está descendo muito o nível, rosa! Eu nunca fui tão humilhado em toda minha vida, por uma quenga dessa.

ROSA:

- Olha! Eu posso ajeitar tudo. Vou resolver essa situação agorinha mesmo... Se recomponha que te acompanho até a saída, vamos homi...

GILMAR:

- Você cabritinha, vai pagar muito caro por essa afronta.

ROSA:

- Coronel... Me acompanhe por obséquio, vamos...

GILMAR:

- Me aguarde cabrita! Vamos rosa essa tua casa está muito derrubada... (Sai)

DÁLIA:

- Odeio esse homem. (Arruma a cama). (Rosa retorna).

ROSA:

- Agora é nós bonitinha... O que pensa que está fazendo?

DÁLIA:

- Odeio ele madrinha, odeio.

ROSA:

- Agora escute mocinha, se continuar agindo assim, vou ter que mandar você embora. Esta me entendendo, estou sendo claro.

DÁLIA:

- (Confirma com a cabeça).

 

ROSA:

- Então muito bem. Agora, descanse por essa noite e esfrie essa sua cabeça. (Rosa sai, Dália cai no choro).

Corta para casa de Menininha

Cena 71

INTERNA – NOITE – CASA DE MENININHA - SALA

MENININHA:

- Ai, ai, ai... (Joga ela no sofá)

MANÉ TIMBÓ:

- Olha pra oscê com essa cara de chirumba... Então essa era sua igreja sua desavergonhada!

MENININHA:

- Num é nada disso que tá pensando não homi...(Se levanta e vai até ele).

MANÉ TIMBÓ:

- Oxi, que coisa da gota é essa? Eu num tô pensando é nada... (Joga ela de volta no sofá).

 

MENININHA:

- Tá me machucando... Oxe!

MANÉ TIMBÓ:

- Que papelão é esse Dona Menininha? Acha que algum homem merece passar por isso? Com que cara dona Menininha, vou olhar pra cara de toda aquela gente?

MENININHA:

- Mané, para com isso!

MANÉ TIMBÓ:

- (Tira o sinto) Cala a boca sua desavergonhada!

MENININHA:

- Para Mané, para... Não faz isso.

 

MANÉ TIMBÓ:

- Merece é uma pisa nesse seu coro!

MENININHA:

- Não... Para Mané! Pra com isso... para.

MANÉ TIMBÓ:

- (Com o sinto em punho, desiste). (Sai de cena. Menininha se recompõe).

(Câmera fecha nela).

Transição: Noite/dia/noite.

Legenda de DIAS DEPOIS...

Cena 72

 

ZECA:

- Oxe mainha! Painho já foi é?

FÁTIMA:

- Já. (Ele tenta pegar a sela) E o sinhô, onde pensa que vai?

ZECA:

- Num aguento fica naquele quarto deito um inválido! 

FÁTIMA:

- Deixe de conversa, oscê tem é que repousar menino!

ZECA:

- Minha impressão é que num vou ser é nuca que nem ieu era antes... Cuma essa operação tivesse tirado um pedaço dieu!

FÁTIMA:

- Não diga bobagem, logo vai vortar a ser como antes. Homi, tenha paciência...

ZECA:

- Oh, diacho! Mode que eu mainha?

FÁTIMA:

- sei não meu filho, sei não... Mas temos que agradecer a Deus! Você nasceu de novo. Pela metade mainha...

ZECA:

- Mas tá vivo, isso que importa! Agora, vorte pra tua cama e vá descansar.

FÁTIMA:

- Oxe mainha... Diacho!

Corta para casa de Mariquinha

 

Cena 73

INTERNA – DIA – CASA DE MARIQUINHA ESTÁBULO

(Iolanda chega de picap, desce do carro, retira os óculos escuros e olha em direção a casa de Mariquinha).

Imagem congela em Iolanda.

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