HOMEM DO CAMPO – CAPÍTULO 21
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Novela de Marcondys França
Direção: Marcondys
França, Cauê Bonifacil, Dill França e Albino
Ventura
Direção
Geral de Marcondys França
Cena 125 Continuação...
WILDEBRANDO:
- Não pelo amor de deus não faça isso, não faça...
IOLANDA:
- Se quer atirar, atire em mim (Close nela) Atite em mim coroné. Essa desgraça se deu por minha
culpa. (Intercala closes e geral)
Fui eu que causei essa discórdia entre vocês. Você vai emsmo sujar suas mãos
com seu próprio sangue homem? È teu filho!
GILMAR:
- (Close fechado
nele) Ah Iolanda... Por que, por que?
IOLANDA:
- Quem ama liberta!
GILMAR:
- Vou te libertar Iolanda, eu vou, vou, vou... (Close nela. Ouve-se um tiro, Iolanda grita,
CAI DESFALECIDA NOS BRAÇOS DE WILDEBRANDO).
WILDEBRANDO:
- Calma Iolanda, calma meu amor... Venha comigo... Não
olhe. (Sai amparando Iolanda. câmera revela Gilmar caído em cima da mesa de
reuniões, todo ensanguentado. Se matou.
Transição:
Cidade de Campo Verde!
CENA 127
DIA – EXTERNA – RUA
Rosa encontra Nina por acaso.
ROSA:
- Nina? Não tenha medo... Eu não mordo. Olhe, eu só quero
lhe dizer uma coisa... Se por acaso, eu tô dizendo, por acaso... Tosos lhes
virarem as costas, me procure. A Casa das Rosas está de porta aberta pra te
receber minha flor.
NINA:
- Pois isso num vai acontecer, é nunca. (sai).
Transição: Cidade de Campo Verde.
CENA 128
PASSAGEM DE TEMPO...
EXTERNA – DIA – QUINTAL DE SANTINHA BRASÃO
Iolanda está sentada distraída, Wildebrando
chega de mansinho. Os dois trocam carícias. Santinha Brasão observa tudo do
meio de uma moita.
SANTINHA:
- Satisfeita ramera?
WILDEBRANDO:
- Que isso, minha mãe! Tenha modos!
SANTINHA:
- Mode essa uma ai, tua vida tá quase acabada.
WILDEBRANDO:
- Iolanda não tem culpa de nada.
SANTINHA:
- Mode ela você tá do jeito que tá vice?
IOLANDA:
- Olhe, agora chega vice? Já fui prisioneira de Gilmar e
agora não vou ficar aqui pra ficar ouvindo sandice dessa velha intrigueira.
SANTINHA:
- Cuidado como fala comigo, que cê tá debaixo do meu
teto.
WILDEBRANDO:
- Minha mãe, o coronel não era besta. Tava na cara que
não ia acreditar naquela historinha que a senhora contou. Tava na cara que ele
ia perceber que era uma farsa.
IOLANDA:
- Oxi! Então era tudo mentira, é? Gilmar não era, e nunca
foi teu pai é?
WILDEBRANDO:
- É, foi um história que minha mãe contou.
SANTINHA:
- É, foi. Mas agora tanto faz, já não tenho mais nada...
Nem mesmo tenho o cargo de líder na igreja. Fui excomungada pelo padreco do
demo. Mas, essa casa ainda é minha, e eu quero essazinha fora de minha casa.
WILDEBRANDO:
- Olhe minha mãe. Se ela não pode ficar aqui, não vejo
nenhuma razão para continuar...
SANTINHA:
- Tu preferi ir com essa uma? Perdeu o juízo meu filho
por causa dessa mulher pecaminosa? Não se esqueça do que ela fez com o coronel.
IOLANDA:
- Olhe aqui... Eu amo seu filho vice? E ao contrário da
senhora, não tenho nada a esconder. Eu sou o que eu sou, e ele, sabe o que
esperar de mim. Já a senhora?!
SANTINHA:
- Me respeite sua quenga!
WILDEBRANDO:
- Chega minha mãe, chega!
IOLANDA:
- Olhe! Pra mim chega. Eu vou me embora dessa casa é
agora. Mode que eu ficar aqui, faço uma besteira com essa velha ramera.
WILDEBRANDO:
- Iolanda espere... Vou contigo. (Sai atrás)
SANTINHA:
- Vá. Mas, vá mesmo... Vai ser corno, dos mais cornos
chifrudo. Vá, vá mesmo filho ingrato. È muito ingrato deixar sua mãe aqui,
sofrendo sozinha. (Tem uma crise de
choro).
Câmera fecha
na bíblia de Santinha Brasão.
Transição: Cidade
de Campo Verde.
Passagem de
tempo...
CENA 129
EXTERNA – DIA – DELEGACIA
Enoque pega depoimento de Santinha Brasão.
ENOQUE:
- Olá?
SANTINHA:
- Olá!
ENOQUE:
- A senhora é Santinha Brasão?
SANTINHA:
- Sim senhor.
A escrevente começa a datilografar.
ENOQUE:
- Por acaso a senhora sabe por que está aqui?
SANTINHA:
- Não senhor, não tenho a mínima ideia...
ENOQUE:
- Por acaso a senhora conhece Francisco da Silva?
SANTINHA:
- Sim senhor, conheço sim.
ENOQUE:
- Por acaso, teve algum contato com ele?
SANTINHA:
- Não senhor, só conheço ele de vista, num sabe...
Flash back dela conversando com Francisco
SANTINHA:
- Contato, contato mesmo, tenho não...
ENOQUE:
- E onde a senhora estava na noite em que Francisco foi
assassinado?
SANTINHA:
- Seu delegado, eu estava na igreja conversando com Deus.
Como o senhor pode perceber, sou católica, apostólica romana. (Mostra a bíblia e o terço)
ENOQUE:
- Com quem a senhora estava neste dia?
SANTINHA:
- Eu seu delegado? Estava com Deus! E ele é minha
testemunha.
ENOQUE:
- A senhora vai precisar de uma testemunha, infelizmente
Deus não poderá depor a seu favor... (A
voz vai sumindo o som da máquina de datilografia aumentando)
Transição: Cidade de campo verde
CENA 130
INTERNA - DIA – CONSULTÓRIO
Bruna sofre um atentado
BRUNA:
- Que foi isso?
MANÉ TIMBÓ:
- Isso é vida real doutora.
BRUNA:
- Mas, parece bang bang!
MANÉ TIMBÓ:
- É coisa daquele coronel Gilmar, Capolenga da peste!
BRUNA:
- Tá tudo bem... eu... (Pinta um clima entre eles)
MANÉ TIMBÓ:
- tudo isso mode que tamo ganhando as eleições. E estão
tentando intimidar... Mas, não vai acontecer nada com a senhora não. Pode
deixar que eu te protejo. Se precisar, chamo até o exercito pra lhe proteger. (Arrisca um beijo)
BRUNA:
- (Se desvencilha)
Eu acho que... Bom, eu... preciso ir pra casa.
Corte de cena.
Cena 131
DIA – INTERNA
– DELEGACIA
DELEGADO:
- O senhor é Everaldo ...
EVERALDO:
- Exatamente.
DELEGADO:
- Catolé?
EVERALDO:
- Isso.
DELEGADO:
- Certo senhor Everaldo... O senhor por acaso, ouviu
falar de Francisco da Silva?
EVERALDO:
- Francisco da Silva? (Finge desconhecer) Nunca ouvi não.
DELEGADO:
- O senhor teve algum contato com ele?
EVERALDO:
- Não... Se eu conheço, é só de vista, num sabe? (Flash Back de Everaldo sendo levado pela
mãe para flagrar mulher com Francisco).
DELEGADO:
- Onde o senhor estava no dia em que Francisco foi
assassinado?
EVERALDO:
- Com minha mãe.
DELEGADO:
- Sua mãe, sei, sua mãe... Por acaso sua mãe é dona
Querência?
EVERALDO:
- Essa mesmo por quê?
DELEGADO:
- Vou precisar do depoimento dela. (O som da máquina de datilografia vai aumentando até ecoar cobrindo a
voz do delegado).
TRANSIÇÃO: CASA DAS RORAS
Cena 132
NOITE – INTERNA – CASA DAS ROSAS
ROSA:
- Minha flor, está tudo bem com você?
MALVA:
- Sim madrinha! Tudo bem.
ROSA:
- Eu posso lhe fazer um pedido?
MALVA:
- Pode sim, oxe! Quando quiser madrinha.
ROSA:
- É chegada a hora de você tomar conta dessa casa, num
sabe?
MALVA:
- Eu madrinha?
ROSA:
- Sim, você, minha flor!
MALVA:
- E tem alguém mais preparada que você? Olhe, você é uma
menina forte, determinada, porreta, num sabe? E além do mais minha florzinha,
tem coração lindo por demais...
MALVA:
- E a senhora madrinha?
ROSA:
- Oxente! Eu vou é ser, feliz, vice?
MALVA:
- E como a senhora vai sobreviver?
ROSA:
- Eu tenho minhas economias, vice? Não se preocupe minha
flor! Olhe, posso lhe fazer mais um pedido?
MALVA:
- Pois diga madrinha.
ROSA:
- Deixe eu levar teu filho comigo... Olhe, ele ficará
melhor comigo, do que aqui. E outra coisa, você poderá vê-lo quando quiser.
MALVA:
- A senhora não existe Madrinha.
ROSA:
- Oxente! Existo sim, e tô aqui a teu lado. Olhe minha
florzinha, de hoje em diante, você será a nova Rosa. (retira a rosa dos cabelos e passa para Malva)A magnânima, a mulher
mais poderosa de Campo Verde. Eu tenho certeza minha flor que vou feliz, minha
casa estará em boas mãos. Eu sei que vai cuidar desta casa com muito carinho.
Dá aqui um abraço minha flor. (Se
abraçam) Minha mais nova Rosa!
MALVA:
- Obrigada Madrinha!
ROSA:
- De nada meu bem... Sei que vai cuidar bem tudo por
aqui. Fique em paz! (Rosa sai. Malva
olha pra casa e senta pensativa).
CORTA PARA DELEGACIA.
Cena 133
NOITE – INTERNA - DELEGACIA
ENOQUE PEGA DEPOIMENTO DE QUERÊNCIA.
ENOQUE:
- Dona Querência, boa noite.
QUERÊNCIA:
- Boa noite.
ENOQUE:
- Dona Querência Catolé, com todo respeito desse mundo,
vou lhe fazer umas perguntas.
- Por acaso a senhora deve conhecer o senhor Francisco da
Silva.
QUERÊNCIA:
- Conheço.
ENOQUE:
- Conheceu, né?
QUERÊNCIA:
- Sim senhor, conheci.
ENOQUE:
- Onde a senhora estava na noite do falecimento do
Francisco?
QUERÊNCIA:
- Quando que foi mesmo que ele morreu?
ENOQUE:
- A senhora não sabe?
QUERÊNCIA:
- É que eu não sou muito ligada em datas não.
ENOQUE:
- Vou refrescar sua memória. Mas a senhora vai precisar
de uma testemunha que comprove onde a senhora estava na ocasião.
QUERÊNCIA:
- Eu sou uma mulher honesta, muito respeitada nessa
cidade, Não saio de dia, nem de noite. A não ser com alguns afazeres com meu
filho.
ENOQUE:
- E seu filho, estava com a senhora?
QUERÊNCIA:
- Sim, estava. (Flash
Back conversa de Querência com Chico).
ENOQUE:
- E qual o tipo de contato que a senhora teve com
Francisco?
QUERÊNCIA:
- Não tenho, nem nuca tive contato algum com essa pessoas
num sabe? (Vai aumentando o som da
máquina de datilografia)
TRANSIÇÃO: Campo Verde
Cena 134
INTERNA – DIA – CASA DE SANTINHA BRASÃO -
SALA
MANÉ TIMBÓ:
- Dona santinha Brasão?
SANTINHA:
- O quê que o senhor tá fazendo aqui seu aboletado? Não é
bem vindo.
MANÉ TIMBÓ:
- Quem passou a vida aboletando, não foi bem eu, vice?
Mas sim, sua família. Que formou essa corja por décadas, que vive passando a
canga nessa gente. Mas agora, as coisas mudaram, vice?
SANTINHA:
- Que petulância! A única coisa que sei, é que o senhor,
não é bem vindo nessa casa. Fora da minha casa, que eu saiba, o senhor não é
convidado. (Se agarra a seu terço)
MANÉ TIMBÓ:
- A senhora está, exatamente, onde deveria está. Isso que
eu chamo de justiça, pelo jeito, veio, em dose dupla! A divina e a dos homens.
SANTINHA:
- Isso é o que senhor espera, não é mesmo, senhor Mané
Timbó? Ganhou a luta, mas, não venceu a guerra. Muito breve, não sentirei sua
inhaca.
MANÉ TIMBÓ:
- Oxe! A senhora tá mesmo ficando abilolada do juízo, não
entendeu que perdeu? Que acabou...
SANTINHA:
- Pois enquanto eu for viva, eu lutarei, para lhe
destruí, seu excomungado. O senhor vai pagar um preço muito alto por tudo que
fez com meu filho. E o senhor vai enfrentar a ira da família Brasão.
CORTA PARA DELEGACIA.
Cena 135
INTERNA – NOITE - DELEGACIA
ENOQUE:
- Boa noite. Senhora Rosa... Eu preciso fazer algumas
perguntas pra senhora.
ROSA:
- Boa noite. Estou aqui a sua disposição.
ENOQUE:
- É de seu conhecimento a morte de Francisco da Silva?
ROSA:
- Oxe! E quem é que sabe? O pobre homem foi assassinado,
aqui, dentro da delegacia.
ENOQUE:
- Senhor Francisco, frequentava seu estabelecimento?
ROSA:
- Oxente seu delegado! É quem é que não frequenta a Casa
das Rosas?
ENOQUE:
- Onde estava na noite em que Francisco foi assassinado?
ROSA:
- Estava em meu estabelecimento, na Casa das Rosas, com minhas
rosas.
ENOQUE:
- Vamos ter que ouvir suas meninas...
ROSA:
- Quando quiser.
ENOQUE:
- Qual foi o último contato que a senhora teve com o
Francisco? (O som da maquina de
datilografia vai aumentando gradativamente).
Corta para casa de Santinha Brasão.
Cena 136
INTERNA – DIA – CASA DE SANTINHA BRASÃO -
SALA
MANÉ TIMBÓ:
- Espero que a senhora tenha para onde ir... Tenho aqui
um documento. (Entrega)
SANTINHA:
- Mas que diabo é isso?
MANÉ TIMBÓ:
- Quer que eu leia?
SANTINHA:
- Não me ofenda. Não sou analfabeta. Mas, isso só pode
ser uma brincadeira e de muito mau gosto.
MANÉ TIMBÓ:
- Não senhora. Isso é uma ordem de despejo. Essa casa
pertence a prefeitura. Que por ventura vai usar o terreno, pra construir a nova
escola.
SANTINHA:
- Que me ver como esmolé, num é mesmo seu Mané Timbó?
Mas, meu filho Wildebrando Brasão, vaia certar tudo isso.
MANÉ TIMBÓ:
- Antes vai ter que acertar com a justiça. Justiça essa
que já caçou seus bens, que não são muitos. Seu filho Dona santinha, não passa
de um pau mandado do coronel Gilmar. A polícia Federal já está investigando seu
filho. Ele é um dos principais suspeitos da operação gafanhotos. Como a senhora
percebeu, acabou-se a farra...
SANTINHA:
- Isso não pode acontecer.
MANÉ TIMBÓ:
- Já deflagrou a faísca, falta muito pouco pra explosão.
Passar bem Dona Santinha! (Sai)
SANTINHA:
- Isso não pode ficar assim... (Nervosa, chora e quebra objetos na sala) Miserável, maldito,
Bregueceiro do inferno, infeliz das costas oca, desgraçado, quero te vê queimar
no fogo do inferno... (Sai de cena
deixando o terço no sofá).
Cena 137
INTERNA – DIA – DELEGACIA
ENOQUE:
- Dona Iolanda Catolé... Boa noite?
IOLANDA:
- Boa noite.
ENOQUE:
- a senhora sabe por que está aqui?
IOLANDA:
- Sei não senhor?
ENOQUE:
- Por acaso sabe do falecimento de Francisco da Silva?
IOLANDA:
- sei sim senhor.
ENOQUE:
- A senhora teve contato nos últimos dias com ele?
IOLANDA:
- Não senhor, faz tempo que não o vejo.
ENOQUE:
- Bom, fiz umas investigações e fiquei sabendo que a
senhora se encontrou com Francisco, que ele lhe procurou...
IOLANDA:
- Eu? (Flash Back)
ENOQUE:
- Então?
IOLANDA:
- Bom, Francisco era uma pessoa bem complicada, não sabe?
Ele tinha muitas desavenças...
ENOQUE:
- Só isso? A senhora não tem nada pra me dizer? (Imagem congela nela).
A SEGUIR...
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