HOMEM DO CAMPO – CAPÍTULO 14
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Novela de Marcondys França
Direção: Marcondys
França, Cauê Bonifácil, Dill França e Albino
Ventura
Direção
Geral de Marcondys França
Cena LXXVIII (Continuação).
FÁTIMA:
- Então a senhora sabe muito bem de quem estou falando.
CURANDEIRA:
- Sei, me alembro. Era uma bela moça.
FÁTIMA:
- E a criança, vingou? Era macho ou feme? Que aconteceu?
CURANDEIRA:
- hei, carma, carma! Está bem perto a verdade que imagina. Nasceu uam
criança bela, pele clarinha... Cabelos negros, doce e meiga. Apresentei-a ao
mundo, mas despois que saiu daqui, num o que se assucedeu. Ficou por cota do
destino.
FÁTIMA:
- Então meu medo se confirmou.
CURANDEIRA:
- Num tente controlar o destino, oscê já tentou isso no passado... Deixe
o presente se tornar passado naturámente. Vire essa página! Não tenha medo do
futuro, o passado assombra muito mais. As linhas são tortas, mas as palavras
tem que ser escrita com firmeza e segurança para que no futuro, não haja
dúvidas. (Fátima se levanta)Já se
vai? Me acompanhe numa xícara de chá.
FÁTIMA:
- Obrigado, fica pra próxima... (Pega
um dinheiro no sutiã)
CURANDEIRA:
- Guarde. Dá próxima vez a senhora me paga, mas, me acompanhando com uma
xícara de chá.
FÁTIMA:
- Tá certo! (Sai)
CURANDEIRA:
- Vá com Deus... (Vê ela se
afastar, depois retorna a seu
trabalho).
(Transição
Fachada Cada de Iolanda).
Cena LXXVIII
INTERNA - DIA – CASA DE IOLANDA -
SALA
CHICA:
- Já vai! Acaba não mundão! Já vai... quem é? (Abre) Quem é você?
NINA:
- Nina. Nina de Campo Verde.
CHICA:
- E o que a senhora deseja?
NINA:
- fala com dona Iolanda.
CHICA:
- Só um minutinho... que se sentá?
NINA:
- Não. Tô bem assim.
CHICA:
- (Grita) Dona Iolanda, é
Nina de Campo verde!
IOLANDA:
- Já vai... Pois não... Bon jour! (Olha
para Chica) Pode ir estrupício!
CHICA:
- Fui!
IOLANDA:
- (Olha pra Nina) Então? (Pra chica fora de cena)Tá olhando o que
ai Lerdeza? Vai!
CHICA:
- Fui... Fui para cozinha!
IOLANDA:
- Estrupício! (Resmunga)Pois
não? (Pra Nina).
NINA:
- Vou direto ao assunto e sem rodeios... O que a inhora quer com meu
Zeca?
IOLANDA:
- Oxe! Num tô entendendo... O que que eu quero com teu Zeca?! Não tô
entendendo, como assim, o que quero com teu Zeca? Num tô entendendo.
NINA:
- Não faça de desentendida, soube que foi atrás de meu Zeca...
IOLANDA:
- Ah, que termo! Fui atrás dele! Fui apenas procura-lo...
NINA:
- Pois não devia! Zeca é um homem comprometido com eu, e vamo se casá.
IOLANDA:
- Oxe! Mas, deve tá vendo é um mal entendido aqui, vice? Só fui procurar
teu noivo pra saber como ele estava. Afinal de conta ele passou por um
procedimento bem complicado, num é mermo?
NINA:
- Num é mode que a inhora pagou a operação dele que tem que fica
ciscando ao redor dele como se fosse uma...
IOLANDA:
- Oxe! Tu meça suas palavra vice menina! Olhe bem o que tu vai fala
hein? Eu sou muito generosa minha filha, mas, quando explodo, sou pior que uma
bomba atômica! E olhe, o estrago é grande. Respeito é bom e eu gosto.
NINA:
- Respeito! Uma palavra muito bonita, mais bonita ainda, quando é posta
em risca. Tenho a certeza que seu marido num sabe que oscê foi atrás do meu
Zeca... Poi vou te dar um conselho, fique longe do meu Zeca, vice?
IOLANDA:
- Olhe, preste bem atenção... O caminho da porta, é logo ali... Fique a
vontade. (Nina sai) Oh My! Só que me
faltava! Frances?! (Grita).
CHICA:
- Que é?
IOLANDA:
- Que é... fale que é de novo, que te arranco essa língua.
CHICA:
- Senhora.
IOLANDA:
- Vá preparar meu banho de sais, vai...
CHICA:
- Quais?
IOLANDA:
- De sal grosso! E ande logo lerdeza...
CHICA:
- Fui. (Sai)
IOLANDA:
- Preste do inferno!
Transição Zona Rural
Cena LXXVIII
EXTERNA – DIA – CAMPO
(Gilmar vai a fazenda campo
verde).
FÁTIMA:
- O senhor por aqui?
GILMAR:
- Dando uma volta por ai... Seu filho José Carlos se encontra dona
Fátima?
FÁTIMA:
- Não seu Gilmar. Está na lida.
GILMAR:
- Tá bom. Eu volto depois... (Sai).
FÁTIMA:
- Seu Gilmar por aqui! Estranho, muito estranho!
Cena LXXVIII
EXTERNA – DIA – CAMPO
(Zeca e João estão sentados, João
fuma um cigarro de palha)
JOÃO:
- Seu Gilmá?
ZECA:
- Como vai seu Gilmar?
GILMAR:
- Seu João, José Carlos...
JOÃO:
- Argum probrema seu gilmá?
GILMAR:
- Não seu João, tranquilo. Só gostaria de dar uma palavrinha com José Carlos.
JOÃO:
- Oxe! Zeca, vai com patrão... (Ele
saem).
Cena LXXIX
EXTERNA – DIA – CAMPO - ESTABULO
GILMAR:
- Então José Carlos, eu gostaria de saber o que o senhor foi fazer em
minha casa ontem e na minha ausência?
ZECA:
- Ieu fui na casa do sinhô só pra agradecê.
GILMAR:
- Agradecer? Agradecer o que?
ZECA:
- Agradecer sua senhora...
GILMAR:
- Iolanda catolé? Não estou entendendo.
ZECA:
- Agradecer pela cirurgia que ele pagou.
GILMAR:
- Ela pagou a cirurgia? Não estou sabendo.
ZECA:
- Seu Gilmar, se não fosse sua senhora, ieu num tava nem aqui pra conta
a história.
GILMAR:
- Oxe! Então é isso homem? Ela pagou a cirurgia pra você?
ZECA:
- Sim senhô! Seu Gimá, ieu que jamais faltaria com respeiro ao sinhô
ecum sua senhora.
GILMAR:
- Enstão só foi isso?
ZECA:
- Sim sinhô...
GILMAR:
- Certo, certo... então está bom José Carlos. Façamos o seguinte, quando
o senhor for a minha casa agradecer alguma coisa, primeiro o senhor fala
comigo... Tá bom?
ZECA:
- Tá bom...
GILMAR:
- Agora retorne ao seu trabalho...
ZECA:
- Sim senhô!(Sai)
GILMAR:
- Era só o que me faltava! A Ioiô me aprontando de novo! (Coça a testa).
Transição Zona Urbana.
Cena LXXX
INTERNA – DIA – IGREJA
(Padre reza mais tem seus pensamentos
dominados pelas lembranças da conversa que teve com Dona Menininha).
Transição Corta Para casa de
Iolanda.
Cena LXXXI
INTERNA – DIA – IGREJA
CHICA:
-
Eitá! Acaba não mundão!
FRANCISCO:
-
Quero fala com aquela uma...
CHICA:
-
Quem?
FRANCISCO:
-
Iolanda.
CHICA:
- Quanta intimidade... Dona Iolanda! O moço... Cuma é
mesmo seu nome?
FRANCISCO:
-
Francisco.
CHICA:
-
Francisco táqui!
FRANCISCO:
-
(Ele põe a mão no facão)
CHICA:
-
Saindo... já fui.
IOLANDA:
-
Você?
FRANCISCO:
-
Agora é ieu e oscê...
IOLANDA:
-
Que faz aqui? Que você quer?
FRANCISCO:
- Pau que nasce torto, nunca é que se indereita, e quando
se inverga, piora.
IOLANDA:
-
Diga logo o que quer?
FRANCISCO:
-
Acho que meu silêncio vale inté um bom trocado...
IOLANDA:
-
Então é isso que quer? Dinheiro. Veio me chantagear.
FRANCISCO:
- Chama cumo quis é. Vim mode negociá meu silêncio. Acho
inté que pra oscê é muito mai valioso que eu fique de boca bem fechada, num é
mermo?
IOLANDA:
-
Você é mermo um canalha!
FRANCISCO:
- E oscê uma quenga de luxo. Mudou de roupa, casa, mas
continua a mesma sem vergonha de sempre.
IOLANDA:
- Se eu te der dinheiro hoje, vai querer sempre mais, e
mais... E esse inferno vai perdurar por muito tempo, não vai acabar é nunca.
FRANCISCO:
-
É o preço da desonestidade.
IOLANDA:
-
Não fiz nada.
FRANCISCO:
-
Mode que cheguei na hora... Se não: pinba! Se num fez nada, mode que tanto
medo? Sabe que vi seu chamego com aquele um. Vi o roça-roça da peste...
IOLANDA:
-
Mentira!
FRANCISCO:
-
Se é mentira... Mode que todo esse medo?
IOLANDA:
- Quanto
você quer?
FRANCISCO:
-
Cinco paus...
IOLANDA:
-
Que? Abilolou e vez, é?
FRANCISCO:
- Tem mai a perder se seu marido sobé...
IOLANDA:
-
Não tenho tudo isso.
FRANCISCO:
-Se vira. E isso oscê sabe fazê muito bem. De hoje a oito
vorto pra pegá...
IOLANDA:
- Não. Aqui não. Eu levo lá em Campo Verde. Agora vai.
Meu marido já está perto de chegar.
FRANCISCO:
-
É uma bela casa. (Sai)
CHICA:
-
A senhora tá bem?
IOLANDA:
-
Tó.
CHICA:
-
Tá branca feito cera. Vai sair?
IOLANDA:
-
(Pega a bolsa) Não te devo
explicações sinhá entrometida.
CHICA:
-
Mai que digo a seu Gilmá. A senhora sabe que ele num gosta de chega e num lhe
encontra em casa... Que digo?
IOLANDA:
-
Diz que fui na manicure. (Sai)
CHICA:
-
De novo? Oxê! Devia inventá uma discupa milhó. Eitá lelê que o bicho tá pegano!
(sai)
Transição Zona Rural.
Cena LXXXII
EXTERNA – DIA – CAMPO
(JOÃO Capina, Gilmar chega).
GILMAR:
- Seu João... Faz favor... Seu João que
historia é essa, fiquei sabendo que o senhor não vai votar no meu candidato...
Wildebrando Brasão que é o atual prefeito.
JOÃO:
- Mai o sinhô me descupe seu Gilmá... Mai
tudo que o senhô me pedi, que for do meu trabaio, eu faço. E faço com gosto!
Agora votar naquele um, isso num faço não senhô. Com todo respeito que tenho
pelo senhô. Entendeu? Mai o voto é meu, ieu que decido em quem vou votá.
GILMAR:
- O senhor sabe que quem manda nessas terras
aqui, sou eu. Não sabe?
JOÃO:
- Sei sim senhô. O senhô manda nessas terras,
não em minha decisão.
GILMAR:
- Ah, então é assim seu João? Eu posso saber
o que o senhor vai fazer depois que perder esse emprego aqui?
JOÃO:
- Minha vida vai continuar seu Gilmar... Não
sei como, mas, sou um homem trabalhador e num tenho medo de trabaio, não vice? Eu sempre cuidei dessa fazenda seu
Gilmar... e com a permissão de deus, nosso senhor Jesus Cristo, eu hei de
encontrá outro lugá pra trabaiá, vice?
GILMAR:
- Tome tento seu João! O senhor já é um homem
velho.
JOÃO:
- Veio mai com muita coragem pra trabiá...
GILMAR:
- Aposto que é aquela uma, aquelazinha, que
se diz doutora, a tal de Bruna que está botando essas coisas na sua cabeça. Só
pode ser isso!
JOÃO:
- mai o senhô me descupe seu gilmá, a dotora
bruna é uma mulé muito sabida, estudada, e sabe muito bem o que fala vice?
GILMAR:
- Sei, sei... Ela anda falando é muitas
bobagens por ai... Enchendo a cabeça desse povo leso...
JOÃO:
- Ela falou a verdade, e se tem uma coisa que
prezo nessa vida, é a verdade, num sabe seu Gilmá?
GILMAR:
- Quero saber que vai fazer com essa verdade,
com sua família e um filho inválido nas costas... quero vê que vai fazer quando
sair daqui, com uma mão na frente e outra atrás, só quero vê...
JOÃO:
- Com um a mão na frente e outra atrás, mas,
com dignidade. E dignidade é uma coisa que prezo muito nessa vida, num sabe?
GILMAR:
- Escute bem seu João, ou o senhor vota no
meu candidato, ou terá que deixar minhas terras... Pense bem seu João. Então,
passar bem. (Gilmar saindo).
JOÃO:
- Seu Gilmar... A minha resposta o senhô já
tem e num fique ai perdeno seu tempo achando que vou mudar de opinião.Eu vou
votá em quem eu acho que vai representar bem meu voto, num sabe?
GILMAR:
- Isso é o que veremos seu João, veremos! Me
aguarde! (Sai. João retorna ao trabalho).
(CONGELA EM GILMAR OBSERVANDO DE LONGE JOÃO
TRABALHAR SEU OLHAR É DE ÓDIO).
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