HOMEM DO CAMPO – CAPÍTULO 6
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Novela de Marcondys França
Direção: Marcondys
França, Cauê Bonifácil, Dill França e Albino
Ventura
Direção
Geral de Marcondys França
Capítulo 6
Cena 44 CONTINUAÇÂO
FRANCISCO:
- Ela tá seguindo o caminho daquela uma lá...
MARIQUINHA:
- Cala a boca, não se fala mais nenhuma palavra sobre isso.
FRANCISCO:
- (Se levanta e joga o cigarro no
chão) É isso mermo, vai segui o caminho daquela uma lá...
MARIQUINHA:
- Cala a boca.
FRANCISCO:
- A senhora mainha, tá acovitando, isso sim...
MARIQUINHA:
- Cala a boca seu estopô!
FRANCISCO:
- É isso mermo! Depois num dida que num avisei...
MARIQUINHA:
- Ave Maria, se Nina escuta uma desgraça dessa, ai meu Pai! Nem sei que
pode acontecer.
FRANCISCO:
Transição: cidade de Campo Verde
CENA 45
(Santinha Brasão caminha com pressa pelas
ruas da cidade e segue em direção à igreja, parece está com muita pressa).
SANTINHA:
- Tomara que aquele padreco esteja na igreja, mode que tô cansada de vir
aqui e não encontrar o padre. Hoje num vou perder minha viagem. (Se benze antes de entrar na igreja. Procura
um banco, se ajoelha, coloca o manto de rendas, pega o terço e de joelhos reza).
EGÍDIO:
- (Sai da sacristia e segue em
direção a porta de saída).
SANTINHA:
- Bom dia padre Egídio?!
EGÍDIO:
- A senhora veio se confessar? (Toca no ombro de Santinha. Ela se
esquiva, parece repudiar)
SANTINHA:
- Confessar? Não padre! Gracas a nosso Deus altíssimo, estou zerada em
pecado.
EGÍDIO:
- Que blasfêmia! Que faz a senhora assim tão cedo na igreja?
SANTINHA:
- Como o senhor, autoridade máxima, representante de Deus aqui na Terra,
eu como católica, apostólica, romana... Me sinto na obrigação de lhe alertar
pelo que está acontecendo.
EGÍDIO:
- O que está acontecendo de tão grave? O que será de tão grave que a
senhora deixou seus afazeres para está aqui, assim tão cedo?
SANTINHA:
- Padre... O Senhor me conhece muito bem, não é mesmo?
EGÍDIO:
- E como.
SANTINHA:
- Eu como uma de brio... Temente aos mandamentos de Deus, representante
pelo núcleo das senhoras de bem... Me sinto na obrigação de abrir seus olhos,
num sabe, bem aqui, debaixo de seu nariz.
EGÍDIO:
- a senhora me desculpe dona Santinha Brasão, mas, eu tenho muito que
fazer do que ficar aqui ouvindo lorotas.
SANTINHA:
- Padre, assim o senhor me ofende. Eu como uma cristã, filha de Maria,
exijo que seja preservada a moral e os bons costumes da família campo Verdense.
Eu sei que o senhor é meio assim, avoado.
EGÍDIO:
- dona Santinha, pra encurtar essa conversa vá direto ao ponto por
favor.
SANTINHA:
- A Fátima e o seu João estão acobertando a sem vergonhice debaixo do
seu próprio teto.
EGÍDIO:
- Como é que é?
SANTINHA:
- Eu não vou assossegar enquanto aquela família não for excomungada. Agora
espie o senhor? Cultivando o pecado debaixo do próprio teto e ainda acha
natural.
EGÍDIO:
- Dona Santinha brasão... Mas, o que isso?
SANTINHA:
- A Nina seu Padre, Nina! A Nina é a bichota do Zeca! É mulher, não
serve mais de nada. E o pior padre, anda por ai, se passando por moça, num
sabe?
EGÍDIO:
- A senhora sabe que está dizendo? Isso é grave.
SANTINHA:
- E eu não sei, padre? É tão grave, tão grave... Que o padre como um
santo homem vai tomar as devidas providências, não é mesmo?
EGÍDIO:
- Olha! A senhora não espalha pra ninguém essa história... Entendeu?
SANTINHA:
- E eu sou lá mulher de chafurdo?! E também isso não um boato não, é um
fato consumado.
EGÍDIO:
- A senhora esta jogando pedra nessa família. Não seria mais fácil a
senhora rezar por ela?
SANTINHA:
- Como cristã padre, eu não faço outra coisa a não ser rezar. Mas, como
membro dessa igreja, exijo que tome providências imediatas. Já imaginou se essa
moda pega? Credo em cruz! (Se benze)
EGÍDIO:
- Vá pra casa, e reze um terço. Tá certo?
SANTINHA:
- Mode que? Eles pecam e eu que rezo?
EGÍDIO:
- Fofoca é pecado também! Então vá... (Se prepara para sair)
SANTINHA:
- Sua benção padre.
EGÍDIO:
- Deus te abençoe minha filha!
SANTINHA:
- Mas onde o padre vai com toda essa pressa?
EGÍDIO:
- Não é da sua conta. A senhora me desculpa, mas agora tenho um
compromisso. (sai)
SANTINHA:
- Oxi! Ai tem! (Santinha retorna
a suas orações)
Transição: Campo
CENA 46
(João trás doutora Bruna de
charrete para o sítio)
FÁTIMA:
- Graça à Deus doutora.
BRUNA:
- É preciso manter a calma. É Zeca, como está?
FÁTIMA:
- Meu filho está tão desenchavido!
BRUNA:
- E ele, onde está?
FÁTIMA:
- Tá lá no quarto... Venha, venha comigo.
BRUNA:
- Espere um minutinho, vou examiná-lo.
MARIQUINHA:
- venha cumadre, venha... Vamos sentar um pouco. Senta, aguarde mulé. Eu
vou buscar uma garapa.
JOÃO:
- Vai dá tudo certo!
BRUNA:
- (Do quarto) É dona Fátima,
ele está abatido e febril.
JOÃO:
- carma, carma mulé!
MARIQUINHA:
- toma Fátima, beba essa garapa. Tome... Oscê vai vê, Zeca vai sair
dessa.
FÁTIMA:
- Mai que num desce nada.
JOÃO:
- Sente aqui doutora.
MARIQUINHA:
- E ai doutora? É grave o que Zeca tem?
BRUNA:
- Vamos manter a calma minha gente. Dona Fátima, a senhora me conte tudo
que aconteceu com Zeca.
FÁTIMA:
- Onteonten tava tirando uma madorna...
JOÃO:
- mai mulé a doutora num tá querendo sabe que tava fazeno ou deixando de
fazê...
MARIQUINHA:
- Deixe ela conta a história seu João...
BRUNA:
- Astra noite ele lançou muito, tremia que nem vara verde, e olha que
fazia um calor da moringa!
MARIQUINHA:
- Se acalme Fátima!
FÁTIMA:
- Cuide do meu menino doutora! Eu num posso ficar sem ele.
BRUNA:
- Ele reclamou de alguma dor?
FÁTIMA:
- Sentia dor no peito.
BRUNA:
- De qual lado?
FÁTIMA:
- Do lado esquerdo. Do lado do coração vice?
BRUNA:
- Pois então dona Fátima, eu já examinei Zeca e agora estou indo para o
posto de saúde para pedir uma ambulância.
JOÃO:
- Ambulância? Mai ambulância mode que?
MARIQUINHA:
- É grave o que Zeca tem?
BRUNA:
- Calma gente, calma. Eu preciso pedir alguns exames, e esses exames só
pode ser feito na capital e depois desses exames
vou saber com precisão que Zeca tem. Fiquem calmos.
FÁTIMA:
- Ai minha virgem Santíssima! Meu fio num hospitá. Nunca colocou um pé
num hospitá!
MARIQUINHA:
- Oh, doutora cuida bem de Zeca.
BRUNA:
- Dona Fátima a senhora fique tranquila, eu vou acompanhar Zeca nos
exames e não deixa-lo sozinho, ficarei com ele todo tempo.
FÁTIMA:
- Então vou com ele...
JOÃO:
- Carma mulé, carma!A doutora num falou que tá tudo bem?
FÁTIMA:
- É que ele vai precisar deu.
BRUNA:
- Calma seu João, coração de mãe é assim mesmo...
MARIQUINHA:
- Carma cumadre, carma. Zeca é forte
e vai sair dessa!
BRUNA:
- Eu preciso ir agora providenciar a ambulância e quando estiver tudo
certo, ela vem pegar o Zeca.
JOÂO:
- Vou acompanhar a senhora inté a porta. (Para Fátima) carma mulé, vai dá tudo certo.
(Câmera corta para curral onde está Zeca
alimentando os animais).
CENA 47
WILDEBRANDO:
- Dia Francisco?!
FRANCISCO:
- Dia seu prefeito! Mai que novidade é essa? O senhor aqui, em minha
casa...
WILDEBRANDO:
- É que eu como representante do povo, eleito pelo povo, para o povo...
Tenho a obrigação, obrigação não, num sabe? O prazer de fazer uma visitinha de
cortesia a meu eleitorado.
FRANCISCO:
- Eia! Isso me espanta por demais num sabe? O senhô prefeito por essas
bandas... É mais comum vê o senhor por essas terras só em tempo de eleição.
WILDEBRANDO:
- Ora meu amigo! Sabe como é essa coisa de prefeitura, gestão, cargo
público, quase sempre não sobra tempo pra tomar aquela pinguinha com os amigos,
correligionários, num sabe?
FRANCISCO:
- O sinhô prefeito me vem com essas palavra bonitas, querendo colocar
mel na minha boca, num sabe? Mai mode que o amigo ai, num vai direto ao
assunto!
WILDEBRANDO:
- Tá certo, tá certo! Então vamos
direto ao assunto... Eu vejo que amigo vive aqui, uma vida muito simples.
FRANCISCO:
- Graças a Deus! E quero dizer com
muito sacrifício e honestidade.
WILDEBRANDO:
- Eu noto que o amigo é muito
talentoso, tem muita competência. Tem qualidades que poucos teem.
FRANCISCO:
- O sinhô falou, falou... Eiu num entendi foi nada. Sinhô prefeito, vamo
deixar de arrodeio, vamo deixa desse palavriado bonito... Vamo direto ao
assunto, diga logo o que, que num tô entendo muito o que o sinhô tá queneno
aqui, num sabe?
WILDEBRANDO:
- É que eu preciso de algué pra trabalhar como meu segurança.
FRANCISCO:
- Segurança? Mas seu prefeito, ieu num sirvo pra isso não...
WILDEBRANDO:
- Mas como não? Eu preciso de um homem como o senhor. Um homem de
confiança, honesto e de sangue nos olhos! Que possa me ajudar em certos
assuntos escusos...
FRANCISCO:
- Sinhô prefeito, sou um home simples, criado aqui no campo... Seio
lidar com terre, com animal... Segurança, um sirvo pra isso não...
WILDEBRANDO:
- Mas tem força, determinação, sabe agir na hora certa e quando é
preciso. E é isso que interessa. Oxe home! Se aceitar, será um dos meus
protegidos. E posso lhe garantir Francisco, que a paga é muito da boa. Olha! (Retira um bolo de dinheiro do bolso)Isso
é só pra pensar. (Entrega)Se
aceitar, vai receber três vezes mais essa valor todo mês.
(Francisco conta o dinheiro)
WILDEBRANDO:
- Olhe seu Francisco, tenha um bom dia. E pense! Pense. Logo retornarei.
Pense direito. Agora tenho que ir embora mas volto pra saber sua resposta.
FRANCISCO:
- Arre! É dinheiro por demais...
Guarda o dinheiro e retorna ao trabalho.
Transição: Campo Verde (Nina
colhendo jabuticaba)
CENA 48
(Mariquinha vai tirar satisfação co Francisco que está na varanda da
casa descansando)
MARIQUINHA:
- Chico...
FRANCISCCO:
- Nhinhora!?
MARIQUINHA:
- O que que o prefeito queria com oscê? Ele nunca foi de vim aqui pra
essas bandas!
FRANCISCO:
- Nada não...
MARIQUINHA:
- Conversa! “Nada não!”.
FRANCISCO:
- Coisa de político mainha! Queria era voto.
MARIQUINHA:
- Francisco...
FRANCISCO:
- (Se levanta bravo) Oxe! Ao
invés de mainha fica azucrinando meu zovidos mode que mainha devia fazê é tomar
conta de Nina, isso sim, o peste viu!
Congela imagem!
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