fevereiro 25, 2022

WEB NOVELA - HOMEM DO CAMPO – CAPÍTULO 5

 HOMEM DO CAMPO – CAPÍTULO 5

Web Novela de Marcondys França

Direção: Marcondys FrançaCauê BonifácilDill França e Albino Ventura

Direção Geral de Marcondys França

Capítulo 5

Cena 35

 

INTERNA / DIA –– CASA DE SANTINHA BRASÃO – SALA

SANTINHA:

- Por que tá assim tão acabrunhado, meu filho?

WILDEBRANDO:

- É minha mãe... Os tempos, são outros, num sabe?! Esse bando de mundicas, já não são tão manipuláveis como antes!

SANTINHA:

- Nada disso! Ainda manda quem pode, e obedece, quem tem juízo. Meu filho, basta apenas conduzir, com rédeas em prumo, ou então, as coisas desandam.

WILDEBRANDO:

- Ai é que está minha mãe... Sinto que o domínio do coronel, sobre essa gente, está minguando cada dia mais.

SANTINHA:

- Não há poder, sem forca meu filho. Política é pra quem tem pulso.

WILDEBRANDO:

- É verdade!

SANTINHA:

- Não há lugar para os fracos... Só os vitoriosos que permanecem. É como a comunheira, precisa ser firme...

 

WILDEBRANDO:

- E que minha mãe acha que deve ser feito?

SANTINHA:

- Faça o que tiver que ser feito. O que o homem recrimina, em nome da lei e da ordem, Deus perdoa.

WILDEBRANDO:

- Sábias palavras minha mãe.

SANTINHA:

- Eu vou rezar por você.

WILDEBRANDO:

- Preciso de reza não minha mãe... Preciso de votos.

SANTINHA:

- Eu rezo, você conquista. Seja lá o que tenha que fazer faça, vença e não deixe de fazer.

WILDEBRANDO:

- Sua benção minha mãe.

SANTINHA:

- Deus o abençoe. Levantam-se. (Ele beija-a na testa)

WILDEBRANDO:

- Com sua licença.

SANTINHA:

- Vá com Deus. Ele sai. (Ela senta-se em sua poltrona pega seu terço e começa a rezar. Câmera fecha no terço).

 

 

 

Cena 36

 

EXTERNA – DIA – CACHOEIRA

(Fátima está na varanda da casa fazendo uma trança em Nina)

NINA:

- Ah, mainha! Eu tô cum medo vice? Medo!

FÁTIMA:

- Carma fia, carma! Aminhã vou fala com cumadre Fátima.

FRANCISCO:

- Que que aquele fio de uma égua, fez cum minha irmã, mainha?

FÁTIMA:

- Olha o respeito Chico. Vá lá pra dentro fia, vá... (Nina sai)

FRANCISCO:

- Ele buliu com ele, num buliu?

FÁTIMA:

- Francisco, chega, para!

FRANCISCO:

- Poi isso num vai fica assim não... Vou sangrar esse cabra da peste inté a morte, vice?

FÁTIMA:

- Osce num vai fazê nada disso não. Dá isso aqui. Quem vai passa isso a limpo sou ieu.

 

FRANCISCO:

- Ieu que sou o home dessa casa, vice?

FÁTIMA:

- E ieu sou sua mãe, vice? Se aquete no seu canto e num faça nenhuma bobagem!

FRANCISCO:

- (Se zanga) Arre! (Sai esbravejando)

FÁTIMA:

- Cabeça dura da gota! (Sai resmungando)

Transição: imagens do cotidiano em Campo Verde

 

CENA 37

(Chica fica atrás de uma arvore observando Iolanda se encontrando as escondidas com Wildebrando Brasão).

IOLANDA:

- Qh, para... Espera... Olha, tenho medo que Gilmar faz mal pra tu.

WILDEBRANDO:

- Ah, faz nada!

IOLANDA:

- Tenho medo que Gilmar descubra.

WILDEBRANDO:

- Descobre não...

IOLANDA:

- E lhe mate! (Ele agarra ela com pegada)

WILDEBRANDO:

- Que mata nada!

IOLANDA:

- Mata não?

WILDEBRANDO:

- É um bode véio...

IOLANDA:

- Mais é poderoso.

WILDEBRANDO:

- Que isso meu amor?! Tá pra nascer homem pra me meter medo.

IOLANDA:

- Faz o touro faz... faz... (Gritinhos de prazer)

CHICA:

- Danou-se!

IOLANDA:

- Nossa, que home afobado!

WILDEBRANDO:

- Você... você é um pitelzinho... Um pedaço de mal caminho Iolanda!

IOLANDA:

- Você me ama?

WILDEBRANDO:

- Pro resto da vida!

IOLANDA:

- Espera, meu touro brabo! Olhe, deixe eu te falá uma coisa...

WILDEBRANDO:

- Fale...

IOLANDA:

- Me pega meu touro brabo... (sai correndo, ele vai atrás).

 

CHICA:

- Fui!

 

CENA 38

EXTERNA – DIA – ESTRADA RURAL

(Nina tenta conter a fúria de Francisco que faz emboscada para Zeca).

FRANCISCO:

- Arre!

NINA:

- Chico, pare com isso...

FRANCISCO:

- Larga deu, larga mão, larga deu...

NINA:

- Donde vai assim, pelo amor de Deus homi...? Homi deixa disso!

(Zeca aparece ao longe num contra plano)

FRANCISCO:

- É com esse disgramento que ieu quero falá.

ZECA:

- Se pensa que tenho medo de oscê, cê tá enganado.

FRANCISCO:

- Oxi! Vou baixar sua crista.

NINA:

- Para com isso Chico.

 

 

 

FRANCISCO:

- Tá pensano o que seu cabra safado! Oscê buliu foi com a irmã de um cabra macho, vice?

ZECA:

- Não Francisco, pare com isso! (Ele a empurra) Sai, sua desavergonhada!

NINA:

- Grosso, estupido! (Corre para os braços de Zeca) não dê ouvido a ele...

FRANCISCO:

- Ieu só tão homi quanto oscê.

FRANCISCO:

- Sai Nina, saia... Minha conversa é com esse cabra safado, filho de um aégua.

ZECA:

- Oscê respeite mainha que é mulé de bem... (Francisco puxa o facão)

(Mariquinha percebendo a confusão entre no meio dos dois)

MARIQUINHA:

- Pare já com isso Chico.

FRANCISCO:

- Saia da minha frente mainha, saia... Que eu vou furar esse cabra safado.

ZECA:

- Me deixe passar, não quero confusão. Só quero seguir meu caminho.

FRANCISCO:

- Confusão oscê arrumou, quando mexeu com a irmã de um cabra homi... Ieu quero atravessar essa pexeira em teu bucho, e v~e tuas tripas sair pra fora. (Mariquinha sempre o segurando)deixe mainha, deixe!

ZECA:

- Ieu amo Nina e vou casá cum ela.

FRANCISCO:

- Sei não, sei não... Num sei se vai tá vivo pra isso...

NINA:

- Mainha!

MARIQUINHA:

- Deixa disso chico! Guarde essa peixeira, chico.

FRANCISCO:

- Minha cunvesa é com esse cabra safado, mainha!

NINA:

- Mainha, ele vai fazer uma desgraça.

FRANCISCO:

- Vou enfiar essa peixeira toda no bucho dele. Sai, deixe mainha!

ZECA:

- Quer furá, fura. Mas, saiba que vai tá furando um homem de verdade.

MARIQUINHA:

- Chega Chico, chega! Pelo amor de Deus Chega! Se que furá arguém, que fure eu. Fure a tua mãe, já que vai me dá esse desgosto. Que me mate logo...

 

FRANCISCO:

- Sai da frente, saia...

MARIQUINHA:

- Guarde essa peixeira, Chico!

FRANCISCO:

- Arre mainha saia já da minha frente, minha conversa é com esse cabra safado. Saia mainha, saia da minha frente.

ZECA:

- Pare chico, guarde essa peixeira. Se tu que matar arguem, mate eu, mate tua mãe. Enfica, enfica aqui, bem dentro do meu peito. Assim num vou ter que passar por esse desgosto.

FRANCISCO:

- (Ele enfinca a peixeira na árvore) Arre!

MARIQUINHA:

- vai pra casa, toma um banho gelado, esfria a cabeça...

(FRANCISCO SAI RESMUNGANDO MARIQUINHA PUXA NINA E SAI)

TRANSIÇÃO: NOITE DE LUA CHEIA

CENA 39

INTERNA – NOITE – CASA DAS ROSAS - QUARTO

(Everaldo está no quarto com Dália).

EVERALDO:

- É bonita por demais...

DÁLIA:

- Agradecida!

EVERALDO:

- Você gosta de viver aqui?

DÁLIA:

 - Como assim?

EVERALDO:

- Uma vida dessas, num sabe?

DÁLIA:

- A gente se acostuma, num sabe? Se não tem jeito, remediado esta.

EVERALDO:

- Parece até um anjo, esculpida por Botticelli.

DÁLIA:

- Boti o que?

EVERALDO:

- O nascimento de Vênus, esculpida por Sandro Botticelli, que mostra Vênus nua, saindo uma concha, sobre as aguas do mar... Mas você, é ainda mais lida que ela.

DÁLIA:

- Posso apagar a luz

 

EVERALDO:

- Não deveria. Sua beleza é pra ser apreciada, não é mesmo?

DÁLIA:

- É que me sinto mais a vontade, num sabe?

EVERALDO:

- Sendo assim, tudo bem. (Ela apaga a luz)

 

Cena cota para a casa de Dona Menininha

 

CENA 40

INTERNA – NOITE – CASA DE MENENINHA - QUARTO

(MENININHA CHEGA EM CASA ALTAS HORA E TENTA NÃO FAZER BARULHO PARA QUE Mané TIMBÒ NÃO PERCEBA).

MENENINHA:

- (Olha pela janela que está aberta Timbó está dormindo. Entra nas pontas do pé. Troca de roupa e segue para cama).

MANÉ TIMBÓ:

- (Acende a luz) Isso são horas Dona Menininha Timbó?

MENENINHA:

- Ah! Que susto homi...

MANÉ TIMBÓ:

- Mode que tá entrando na pontas dos pés?

MENENINHA:

- Mode num fazê zuada enquanto oscê, dorme. Tava num soninho tão gostoso...

 

MANÉ TIMBÓ:

- Que arrumação do cão é essa?

MENENINHA:

- Misericórdia homem! Não fale o nome dessa coisa dentro dessa casa não. Esse é um lugar sabrado, o sangue de Cristo, está esparramado por esse lar. Entendeu? Tá amarrado!

MANÉ TIMBÓ:

- Já tô começando a ficar desconfiado desse tal de culto, tarde da noite.

 

MENENINHA:

- Vôlte home! Eu tava é orando. Orando pra que Deus abençoe nós e você ganha as eleições.

MANÉ TIMBÓ:

- e precisa ser tão tarde assim dona Menininha?

MENENINHA:

- Home, presta atenção... (se levanta pega a bíblia) É de madrugada que o crente, busca poder. Com a cara e os joelhos no chão, eu clamo para o bem de nós dois.

MANÉ TIMBÓ:

- Você devia ter cuidado é com o Nego Bateau Mouche. Dizem que andou atacando lá pras bandas  da Serra Alta.

MENENINHA:

- Oxe homem! Eu tô com cristo. E quando Cristo vai na nossa frente, não há mal nenhum que nos pegue, vice?

MANÉ TIMBÓ:

- Entãi vá se ajeitá, que eu quero dormi.

MENENINHA:

- Vou, eu vou sim... (Ela sai. Ele se deita).

 

CENA 41

INTERNA – NOITE – CASA DAS ROSAS - QUARTO

(Magnólia tenta fazer de Fortunado seu aliado para tomar o lugar de Rosa)

 

MAGNÓLIA:

- O que seu delegado vai fazê com ieu?

 

 

FORTUNATO:

- Que pergunta mais errada... (Tirando a camisa) O que oscê vai fazer com ieu... Tudo né?

MAGNÓLIA:

- Mai antes, eu tenho uma proposta...

FORTUNATO:

- E que disse que vim até aqui ouvi proposta... (ele vai até ela na cama)

MAGNÓLIA:

- (se levanta) Mais é algo muito vantajoso, tanto pra ei, quanto pro senhor... é sobre negócio.

FORTUNATO:

- Eita que o negócio aqui tá tinindo (Indo até ela)

MAGNÓLIA:

- É sobre dona rosa.

FORTUNATO:

- Para ô... Tá de brincadeira?

MAGNÓLIA:

- (vai até o espelho) Escute... sei como ganhar dinheiro, muito dinheiro. Dona Rosa tá por demais, ultrapassada. E a casa já não rende como naqueles bons tempos. Eu sou jovem, bonita, disposta e tenho ainda muita lenha pra queimar. (Empurra ele na cama)

FORTUNATO:

- Não estou entendendo onde você que chegar.

MAGNÓLIA:

- Numa sociedade...

FORTUNATO:

- Sociedade? Enlouqueceu?

MAGNÓLIA:

- Oscê conhece um monte de meninas por esse mundão... E o senhor sabe muito bem, se perdeu, já era.

FORTUNATO:

- Ainda não entendi onde que chegar com essa conversa.

MAGNÓLIA:

- Escute... Oscê fecha a Casa das Rosas e depois reabre com ieu no comando.Com novas meninas, e juntos, dividimos os lucros.

FORTUNATO:

- Eita! Não é uma má ideia... Não é que Dona Rosa tá criando uma jararacazinha perigosa. Agora vamos terminar o que a gente começou...

MAGNÓLIA:

- Promete pensar no assunto?

 

FORTUNATO:

-Prometo. Agora me alivia.

CENA 42

INTERNA – NOITE – CASA DE MENENINHA - QUARTO

(MENININHA RETORNA AO QUARTO, MANÉ DORME, ELA PASSA CREME NO CORPO, ESTÁ SE PREPARANDO PRA UMA NOITE DE AMOR, ELE NEM SE MEXE, ELA DEITA ELE VIRA-SE PARA O OUTRO LADO, ELA ENTA IRRITADA DORMIR).

TRANSIÇÃO CAMPO

CENA 43

INTERNA – DIA – CASA DE FÁTIMA - QUARTO

(JOÃO ESTÁ SENTADO NA VARADA DA CASA, FÁTIMA VAI ATÉ ELE)

 

FÁTIMA:

- Meu veio...

JOÃO:

- Oi? (Ela senta-se do lado dele)Olha que dia lindo.

FÁTIMA:

- Tá bonito mesmo!

JOÃO:

- E hoje vai fazer um dia quente.

FÁTIMA:

- E vai mesmo. O café tá pronto, do jeitinho que oscê gosta meu veio.

JOÃO:

- Fez aquele bolinho de fubá?

FÁTIMA:

- Fiz. E ficou mió que ozutros.

 

JOÃO:

- Isso, vou levar um pedaço pro trabaio...

FÁTIMA:

- leva mermo. E o café já tá na garrafa. Mais tarde levo o armoço. (ele a beija na testa e sai)

JOÃO:

- Bora entrar veia...

CORTA PRA FAIXADA DA CASA DE MARIQUINHA

 

 

 

CENA 44

INTERNA – DIA – CASA DE MARIQUINHA - SALA

(FRANCISCO PREPARA UM CIGARRO DE PALHA)

FRANCISCO:

- Se mainha veio azucrinar minha zoreias, fique sabeno que tô de ovo virado, vice?

MARIQUINHA:

- Apoi fique sabeno, que vai ouvi assim mesmo. (senta) Tá pensando o que Chico? Quer desgraçar tua vida, quer?

FRANCISCO:

- Oxe! Pois fique mainha sabeno, que se num fosse a senhora chega, eu tinha sangrado aquele cabra safado é na pota da peixeira. Pra ele sabe que buliu com a filha e irmã de cabra macho.

MARIQUINHA:

- E ia resolvê o probrema, ia?

FRANCISCO:

- Se painho tivesse vivo, ia dá razão a ieu... Mode que honra se lava é na ponta da peixeira.

MARIQUINHA:

- Teu pai jamais ia querê um fio assassino.

FRANCISCO:

- Ela tá seguindo o caminho daquela uma lá...

MARIQUINHA:

- Cala a boca, não se fala mais nenhuma palavra sobre isso.

FRANCISCO:

- (Se levanta e joga o cigarro no chão) É isso mermo, vai segui o caminho daquela uma lá...

MARIQUINHA:

- Cala a boca.

(Imagem congela em close de Mariquinha).

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