HOMEM DO CAMPO – CAPÍTULO 9
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Novela de Marcondys França
Direção: Marcondys
França, Cauê Bonifácil, Dill França e Albino
Ventura
Direção
Geral de Marcondys França
Capítulo 7
Cena 60 CONTINUAÇÂO
INTERNA – NOITE - QUARTO
(Sola relembre conversa de Magnólia e
Fortunato que ele ouviu pela porta – Flash Back).
Imagem congela na expressão de
Sola.
WILDEBRANDO:
- O amigo não convida a entrar?
MANÉ TIMBÓ:
- Sou amigo de cabra safado, desonesto, não. Num empurra nem um prego em
mamão maduro...
WILDEBRANDO:
- Oxente homem! Eu vim aqui apenas como uma visita cordeal.
MANÉ TIMBÓ:
- O excelentíssimo senhor prefeito vai renunciar sua candidatura?
WILDEBRANDO:
- Se eu fosse um homem de passado duvidoso, quem sabe, não é mesmo?
MANÉ TIMBÓ:
- Não só o passado, como o presente o condena.
WILDEBRANDO:
- E o amigo, será que leva uma vida assim, como posso dizer... Tão
correta?
MANÉ TIMBÓ:
- Não admito que venha em minha casa levantando falso testemunho.
WILDEBRANDO:
- Sabe que na política, um pequeno desvio, pode ser fatal.
MANÉ TIMBÓ:
- Quanto a isso não tenho o que temer, não tenho o rabo preso com
ninguém.(Vai abrir o portão de ferro).
WILDEBRANDO:
- Essa certeza é que faz muitos a caírem do cavalo. A proposito vossa
senhora, com todo respeito, por onde anda?
MANÉ TIMBÓ:
- Oxe! Que falta de respeito é essa? Não lhe dou essa liberdde.
WILDEBRANDO:
- Não acha estranho, que sua senhora vá pra tão longe adorar a Deus, se
esse mesmo Deus, pode ser adorado aqui mesmo.
MANÉ TIMBÓ:
- Oxe! O que o sinhô tá querendo insinuar com essa história?
WILDEBRANDO:
- Se eu fosse o amigo, eu iria conhecer, essa, tal igreja. E que tipo de
pregação, é praticada lá.
MANÉ TIMBÓ:
- Se pensa que vai me envenenar com essa conversa mole, está muito
enganado.
WILDEBRANDO:
- Ai é com amigo. A minha parte já fiz. Se eu estiver enganado em minhas
convicções, garanto que renuncio minha candidatura à reeleição. (Sai, para e retorna)a propósito...
Passar bem. (Sai)
MANÉ TIMBÓ:
- Oxe! Que história é essa? Que será que quis dizer com isso?
Transições
Cena 61
INTERNA – DIA – BANHEIRO NA CASA
DAS ROSAS
(Dália sente-se mal e corre para o
banheiro)
SOLA:
- Lançando de novo menina?
MALVA:
- Vai passar.
SOLA:
- Tu sabe que não vai.
MALVA:
- O que eu faço Sola? Que que eu faço? Quando madrinha souber...
SOLA:
- Madrinha não vai gostar nadica de nada, vice?
MALVA:
- E que que eu faço, me diga.
SOLA:
- Conheço uma pessoa que pode resolver esse inconveniente.
MALVA:
- Uma desencaminhadora de anjos, é?
SOLA:
- Escuta aqui menina... Que futuro pode ter essa criança, criada numa
casa de mulheres da vida? Minha florzinha, tanto que te disse, cuidado,
cuidado... Use preservativo. Na cama meu bem, tem mais que aproveitar.
Purpurina, meu bem! (Sonoplastia de
magia)
ROSA:
- Sola? Posso saber o que está acontecendo aqui? É Malva magnânima! Não
está passando bem.
MALVA:
- Já tô melhor!
SOLA:
- Tá na hora de dizer a verdade.
ROSA:
- Sola, dá uma licencinha... Vou levar essa menina pra gente conversar
um bocadinho... Venha! (Puxa Malva).
(Sola tem ânsia. Dá descarga).
Transição Zona Rural Campo Verde.
Cena 62
EXTERNA - DIA – CASA DE JOÃO -
CANTEIRO DE HORTAS
(Fátima está cuidando da horta).
FÁTIMA:
- Oh seu padre! Benção, seu padre.
EGÍDIO:
- Deus te abençoe dona Fátima!
FÁTIMA:
- Entre seu padre, entre... Vou servir um cafezinho gostoso...
EGÍDIO:
- Lhe acompanho! E como a senhora está?
FÁTIMA:
- Tá um calor por demais... Vou pegar um cafezinho fresquinho pro
senhor...
EGÍDIO:
- Não precisa dona Fátima.
FÁTIMA:
- Ao menos um pedacinho de bolo de mandioca que fiz, o senhor vai
experimentar. Não vai me fazer essa desfeita, num é padre?
EGÍDIO:
- Mas primeiro, se a senhora puder, aceito um
copo com água. (Ela vai pegar).
FÁTIMA:
- Tome. E o que o padre faz por essas bandas?
EGÍDIO:
- Como todo bom pastor, venho visitar meu rebanho.
FÁTIMA:
- Sempre zeloso, né padre?
EGÍDIO:
- Sempre! A senhora dona Fátima, está tudo bem por aqui?
FÁTIMA:
- Tudo na mais perfeita paz... Só o de sempre, num sabe? Drumir, acordar, trabaiá, durmir, e começa
tudo de novo. Meu deus! Esqueci do bolo, (Se
levanta. Pega e Retorna). Tome padre.
EGÍDIO:
- Obrigado. Está com uma cara boa.
FÁTIMA:
- Espero que goste.
EGÍDIO:
- Com certeza! E a irmã, por quê tem ido pouco a igreja?
FÁTIMA:
- É o Zeca seu padre...
EGÍDIO:
- O Zeca? Aconteceu algo de mais grave com o Zeca?
FÁTIMA:
- E não é? Anda tão adoentado... Tô inté preocupada, num sabe? Ele foi
até pro hospitá, lá na capitá, levado por dotora Bruna, num sabe? Foi fazê uns
exames...
EGÍDIO:
- É algo sério?
FÁTIMA:
- Deus permita que não padre.
EGÍDIO:
- Não há de ser. E demais, está tudo bem?
FÁTIMA:
- Mas o padre, mode que tá arrodiando? Ah, já seio, aposto que foi
aquela marmota que foi encher azoreia do senhor...
EGÍDIO:
- Sim, eu ouvi os comentários... Fiquei preocupado e vim até aqui.
FÁTIMA:
- Isso é coisa de quem não tem o que fazê. Se pegasse uma trouxa de
roupas e fosse para beira do rio, não tinha tempo de fica enventano história.
Oh língua!
EGÍDIO:
- Calma dona Fátima, vai dar tudo certo, não se preocupe. Agora tenho
que ir embora, visitar outros irmãos. Obrigado pelo bolo. Fique na paz minha
irmã!
FÁTIMA:
- Obrigado pela visita seu padre. Sua benção.
EGÍDIO:
- Deus a abençoe. (Padre sai).
FÁTIMA:
- Oh língua felina! (Retorna ao
serviço).
Corta para Casa das Rosas.
Cena 63
EXTERNA - DIA – CASA DAS ROSAS -
QUARTO
MALVA:
- Eu juro madrinha, eu juro que foi sem querer!
ROSA:
- Oh, minha florzinha! Tanto que te falei pra se cuidar. Mas que
aconteceu, me diga?
MALVA:
- Aconteceu. Eu juro madrinha!
ROSA:
- Já aconteceu, agora não adianta a chorar as pitangas. Temos o que vê o
que vai acontecer daqui, por adiante.
MALVA:
- Ele disse que me ama.
ROSA:
- Oh minha menina, não se iluda...
MALVA:
- Mas é de vero madrinha, ieu acredito nele.
ROSA:
- Não se iluda minha flor, não se iluda. Na cama eles prometem, mundos e
fundos, num sabe? Mas depois nada acontece. Só promessas!
MALVA:
- Inté quer tirar ieu dessa vida num sabe? Mode vive mai ele.
ROSA:
- Oh Malva, Malva... Quando é que você vai acordar desse sonhinho que é
só teu?
MALVA:
- Madrinha num acredita em ieu?
ROSA:
- Em tu eu acredito, né mesmo filha? Não acredito é nele. Aquele calça
froxa, dominado pela mãe. O que ele te prometeu, foi sí no momento do calor,
vice?
MALVA:
- Sola disse que conhece uma mulé...
ROSA:
- Oh minha flor! Você sabe que não concordo com isso, num é mesmo? Olhe,
Deus dá vida, e só ele pode tirar. Mas, o corpo é teu, e só você sabe o que é
melhor pra você. Agora venha cá. (Deita ele
no colo)Tire essa tristeza desse rostinho lindo. Minha florzinha, vou te
dar uma noite de folga pra você descansar e pensar em que decisão tomar.
MALVA:
- Obrigada madrinha! A senhora é melhor que uma mãe.
ROSA:
- Oh, minha flor. (Malva adormece,
Rosa acaricia seus cabelos).
Transição
Cena 64
INTERNA - NOITE – CASA DAS ROSAS
SOLA:
- Ela Tá mocamunada com ele.
DÁLIA:
- Se é assim, madrinha tem que saber.
SOLA:
- Ah, sei não... Se conto madrinha fica decepcionada comigo.
DÁLIA:
- Mas Sola, cedo ou tarde, madrinha vai ficar sabendo. Se essazinha se
juntar com aquele outro, madrinha perde o comando dessa casa.
SOLA:
- E tua acha que num sei disso? Isso tem até me tirado o sono. Olha
isso, tá vendo? Olha! E essas olheiras? Nossa! Olhe só como tô. Qualquer dia
desses, vou ter um ataque de pelancas!
DÁLIA:
- Sola conta logo pra madrinha.
SOLA:
- Não me pressione, me deixe pensar. Calma sola, calma... Purpurina! Já
sei, pegue meu kit...
DÁLIA:
- Que kit?
SOLA:
- Ah, taqui!
DÁLIA:
- Debaixo da cama Sola?
SOLA:
- Oxe! Acha mesmo que vou deixar meu kit de maquiagem dando sopa?
DÁLIA:
- Mas debaixo da cama Sola?
SOLA:
- Vou deixar dando sopa nada. Tem um monte de camburucu aqui, e ele é
mágico, deixa até tu bonito.
DÁLIA:
- Ah Sola!
SOLA:
- Calma, brincadeirinha!
DÁLIA:
- Só tu mermo Sola!
SOLA:
- Tem jeito melhor de enfrentar os problemas do que de cabeça erguida e
maquiada!(Retoca a maquiagem).
Corta para casa de Gilmar
Cena 65
INTERNA - NOITE – CASA DE GILMAR
(Som de Campanhia)
CHICA:
- Acaba não mundão! Já vai... Calma!
SANTINHA:
- Quero falar com Gilmar Catolé.
CHICA:
- Oxe! E vai entrando assim é?
SANTINHA:
- Vá chamar seu patrão.
CHICA:
- E quem devo anunciar?
SANTINHA:
- Embora eu não seja santinho de político, mas diga pra ele que quem
está aqui é a mãe do prefeito, Santinha Brasão.
CHICA:
- a senhora se assente por gentileza num sabe? Que eu vou chama-lo. Seu
Gilmar! (Grita) É dona santinha
Brasão! A senhora num se avexe não, mode que, ele é moco dosovidos!
SANTINHA:
- Ah, então é aqui o ninho do pecado. Aqui que mora com aquela uma...
GILMAR:
- Dona Santinha Brasão... (Ela se
levanta)Sente-se. Quanta honra recebe-la na minha humilde casa. Sente-se
por favor. (Sentam)
SANTINHA:
- Sem hipocrisia, que sua casa de humilde não tem é nada.
GILMAR:
- Mas o que devo a honra dessa histórica visita depois de tantos anos
dona Santinha?
SANTINHA:
- Tempo esse que preferia ter esquecido, num sabe?
CHICA:
- Se não esquece, é que de uma certa forma marcou bastante, não é mesmo
dona santinha Brasão?
SANTINHA:
- Vamos direto ao assunto.
ENTRA CHICA.
CHICA:
- Um cafezinho.
SANTINHA:
- Não obrigado.
CHICA:
- Aqui nessa casa tem que tomar um cafezinho. (Santinha pega)
SANTINHA:
- Que tenho pra falar é um assunto estritamente particular.
GILMAR:
- Chica.
CHICA:
- Já sei cozinha! (Sai)
GILMAR:
- Pois não dona Santinha, prossiga.
SANTINHA:
- O assunto que me trás aqui não é uma simples visita, mas para tratar
de negócios.
GILMAR:
- Mas assenhora, falando de negócios?
SANTINHA:
- Deixe de deboche coronel... não tenho tempo a perder com suas ironias.
GILMAR:
- Detesto que me chamem de coronel, que coisa mais ultrapassada! Eu no
esplendor da minha plenitude, sou moderno demais para ser chamado de coronel
SANTINHA:
- Pois o senhor continua é mesmo, ofuscado por sua própria arrogância.
GILMAR:
- A senhora veio para me ofender dona Santinha?
SANTINHA:
- seu Gilmar, eu sou uma cristã, católica, apostólica, romana, filha de
Maria... Ofensa não faz parte do meu feitio. E eu vim aqui pra gente conversar
seu Gilmar, feito gente grande.
GILMAR:
- E como é que sente grande conversa. Sente. Comece então, sou todos
ouvidos.
SANTINHA:
- Eu vim falar sobre meu filho, o prefeito, Wildebrando brasão... Homem
esse que ao meu ver, o senhor está sendo muito injusto com ele, num sabe?
GILMAR:
- E não era pra ser? Eu Gilmar Catolé, coloquei ele lá pra ser prefeito
da minha cidade de Campo Verde, pois pensei que ele tinha cunhões pra cuidar de
tosos os meus negócios lá, mas o que ele está fazendo lá? Me diga dona
Santinha?
SANTINHA:
- Ora meu caro, as coisas mudaram muito. E de coronel, só lhe resta o
nome. Os tempos são outros, que já não funciona mais há 30,40, 50 anos... Inté
mesmo o senhor, já não tem mais cunhão pra dominar aquela gente.
GILMAR:
- Do que a senhora esta falando? A senhora não sabe o que está falando.
SANTINHA:
- Eu sei sim senhor...
GILMAR:
- O seu filho é igual ao pai dele, um frouxo!
SANTINHA:
- O senhor tem razão. Wildebrando Brasão, não tem nenhuma tendência a
coronelismo ele é muito melhor que o pai. E ele também não é nenhum
covarde.
Chica ouve atrás da porta.
SANTINHA:
- Senhor Gilmar Catolé, o senhor é o pai de Wildebrando brasão.
Chica derruba uma bandeja
GILMAR:
- Como é que é?
Chica corre e se esconde Gilmar
vai vê se há alguém
GILMAR:
- Que você está falando? Do que está falando?
SANTINHA:
- O senhor sabe muito bem do que estou falando. Daqueles nossos
encontros, quando meu finado marido viajava. Eu pequei, mas estou redimida,
estou lavada no sangue de nosso senhor Jesus Cristo, enxugada com o manto
sagrado de Maria. Mas não pense o senhor que sinto orgulho, eu estava era
dominada pelo tinhoso. Mas tá ai... Wildebrando, fruto dos nossos encontros.
GILMAR:
- Wildebrando, meu filho? Que marmotagem é essa dona Santinha?
SANTINHA:
- É mais um filho entre tantos! Eu guardei esse segredo até hoje.
Prometi pro meu finado marido no leito de morte que guardaria esse segredo. Mas
estando meu filho em perigo, eu não vejo outra solução... Então coronel, mais
respeito com seu filho. Ele é sangue do teu sangue. Mas agora se senhor me dá
licença, eu como filha devota de Maria, tenho as minhas obrigações pra fazer e
passe bem coronel... Gilmar Catolé. (Sai)
GILMAR:
- Era só o que faltava! Wildebrando, aquele frouxo! Meu filho! (Sai bravejando com seu chicote).
Cena 66
NOITE – EXTERNA – TERRENO BALDIO
FRANCISCO:
- Ieu sobe que o sinhô que fala com ieu?
FORTUNATO:
- Eu tenho um servicinho pra você.
CONGELA EM FORTUNATO.
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