HOMEM DO CAMPO – CAPÍTULO 12
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Novela de Marcondys França
Direção: Marcondys
França, Cauê Bonifácil, Dill França e Albino
Ventura
Direção
Geral de Marcondys França
Cena 78 Continuação
NOITE – INTERNA – CASA DE FÁTIMA -
VARANDA
NINA:
- Vou é fica aqui agarradinha com
oscê, abraçadinha, toda agarradinha com oscê meu Zeca...
ZECA:
- E oscê minha cheirosa...
NINA:
- Oxe! Ieu seria doida se num
quisesse casá com oscê. Ieu te amo Zeca, te poe demais. Possso pensar tudo que
preciso, cum igreja, sem igreja, osce num me escapa não, vice? Oscê é meu pra
sempre.
ZECA:
- Pra sempre?
NINA:
- É... Pra sempre. Pra toda
eternidade!
FÁTIMA:
- (Entra com um comprimido e um copo com àgua). Vamos pará com esse
grude ai?!Oxe! E a mocinha se afaste... Fique assim de longe, pra num pifar
essa coisa aqui, vice? (Se referindo ao
coração dele). Tome seu remédio.
Transição: Corta pra casa de Dona
Menininha.
Cena LXXII
NOITE – INTERNA – CASA DE MENINHA
- SALA
MANÉ TIMBÓ:
- (Menininha senta e ouvi tudo de
cabeça baixa) Mode que oscê fez isso comigo Menininha? Sabe que fez, Sabe?
Destruiu minha candidatura a prefeitura de Campo Verde. Destruiu tudo que eu
levei a vida inteira pra construir... sabe quem me abriu os olhos dessa sua
pouca vergonha, sabe? Wildebrando Brasão!
MENININHA:
- O prefeito?
MANÉ TIMBÓ:
- O próprio! Aquele infeliz da costa oca! Sabe que me pediu em troca do
silêncio dele? Que eu renuncie aminha
candidatura a prefeito de Campo Verde. Ou ele vai jogar uma fotografias de oscê
se enroscando nos machos no Alarde! Em primeira página. Na primeira página
nesse jornaleco que ele comanda.
MENININHA:
- Não!
MANÉ TIMBÓ:
- Logo oscê Dona Menininha... Esse povo num vai perdoa não...
MENININHA:
- Num é justo que pague pelo que eu fiz... (Se levanta)
MANÉ TIMBÓ:
- Por que Menininha, por quê?
MENININHA:
- Ieu queria vive homi, vive... E como se lá, ieu fosse outra pessoa,
mais feliz, mais viva... e como oscê home, gostasse mais da política do que
dieu. É como ieu fosse viúva, de marido vivo. Um homem que não se satisfaz com
sua mulé, gosta mais dessa mardita política. Mermo assim Mané, ieu nunca te
coloquei os cornos, vice?
MANÉ TIMBÓ:
- cale a boca, num diga mais
nada... Merece uma pisa! (joga ela no
sofá)
MENININHA:
- Ai, me machucou! (Se levanta depois de um silêncio). Diga
pra todo esse povo, que não sou digna de oscê. Mede oscê é mais feliz com essa
tal de política do que com ieu...Ieu quero mais do que pode me dar. Mané, sou
jovem, sou uma mulé bonita... Que não quero é que dê ouvido a esse infeliz da
costa oca, esse folote! Vá lá Mané, e vença essas eleições. (sai. Ele fica pensativo, senta, câmera
fecha nele).
TRANSIÇÃ: Paisagens de Campo
Verde.
Cena LXXIII
DIA – EXTERNA – ESCADARIA PÚBLICA
EVERALDO:
- Estranhei quando mandou o recado
pra eu... E num entendi mode que aqui?
DÁLIA:
- Num sei como te dizê isso.
EVERALDO:
- mais diga de uma vez...
DÁLIA:
- Tô embuchada.
EVERALDO:
- Jura?
DÁLIA:
- Juro.
EVERALDO:
- E agora?
DÁLIA:
- Agora isso muda tudo.
EVERALDO:
- Ué, muda tudo como?
DÁLIA:
- Pode ser de quarquer um...
EVERALDO:
- Ué, inté mermo meu!
DÁLIA:
- Num tem como saber, deitei com tantos...
EVERALDO:
- Mai assumo como se fosse meu.
DÁLIA:
- Isso nunca dará certo. Sua mãe já num me aceita sendo uma... Imagina
nesse estado.
EVERALDO:
- Mas ela num precisa sabe não... Se oscê fica comigo agora, a gente
resolve isso.
DÁLIA:
- Mas, o bucho vai crescer.
EVERALDO:
- Mas oscê tá prenha à pouco tempo... Se fica comigo agora, vai parece
meu. (Ela fica pensativa). Hei,
hei... Eu tô aqui. Vai dar tudo certo, vice? (Saem juntos).
Transições: Imagens rurais.
Corta para casa de Fátima.
Cena LXXIV
DIA – EXTERNA/INTERNA – CASA DE
FÁTIMA – VARANDA
(Fátima está na parte externa da casa aguando
as plantas quando percebe a cheda de uma picap).
FÁTIMA:
- (Ao perceber que se tratra de
Iolanda Fátima se apressa para entrar, mas Iolanda alcança na porta da casa)
IOLANDA:
- Oxe, num feche...
FÁTIMA:
- Mulé como tu, num é bem vinda na minha casa, vice?
IOLANDA:
- Úí!
FÁTIMA:
- Sai da minha casa!(Tenta fechar
a porta).
IOLANDA:
- Alto lá! Me respeite, vice? Sou uma mulé de respeito, muito honesta.
FÁTIMA:
- Respeito! O teu passado te condena.
IOLANDA:
- e meu presente me absorve meu bem... Isso é que importa.
JOÃO:
- Iolanda? Mai que tu faz aqui?
FÁTIMA:
- pesadelo do passado vortando pra nos atormentar... Pesadelo!
IOLANDA:
- ais respeito, vice minha senhora?
FÁTIMA:
- Respeito! Não me faça rir.
IOLANDA:
- (Pra João) E seu filho como está?
FÁTIMA:
- Teve o pai, agora quer o filho?
IOLANDA:
- Me respeite minha senhora...
FÁTIMA:
- Respeito!
JOÃO:
- Chega Fátima! Já disse, chega!
FÁTIMA:
- Agora vai defender essa uma? Vai atrás dela é?
IOLANDA:
- Oxe! Essa é minha sina mesmo! Uma vez mulé quenga...
JOÃO:
- Não senhora... Dona Iolanda, a senhora mudou sua história. Muito
obrigado vice. Se não fosse a senhora, eu não sei o que seria do nosso Zeca.
Ele tá bem sim senhora,
IOLANDA:
- Ele tá bem? Então tá bom. Era só isso que eu queria saber mesmo, vice?
JOÃO:
- Fique tranquila, ele tá bem...
IOLANDA:
- Então tá certo. Se precisar de alguma coisa pode contar comigo, vive?
FÁTIMA:
- Tire já a mão dele.
JOÃO:
- Carma mulé, carma!
IOLANDA:
- Pode deixae, nym esquente... Muito obrigado.
FÁTIMA:
- A porta de saída é serventia da casa, vice? (Sai)
JOÃO:
- Oxe! Tem que sabê agradecer as pessoas mulé...
FÁTIMA:
- Só quando merece. Caso contrário, disso pra pió.
JOÃO:
- Quando o menino tava ai de cama, oscê tava chorano... Ela que ajudou.
FÁTIMA:
- tanto ele fez, que fez tudo, escondido do marido... se fosse honesta
num fazia escondido, vice?
JOÃO:
- Ah, que diacho homi!(Saem
resmungando).
TRANSIÇÔES: Dia/noite Casa das
Rosas.
Cena LXXV
DIA –INTERNA – CASA DAS ROSAS –
SALA
DÁLIA:
- Rosa hoje tá com a gota serena no coro, vice?
AMARILES:
- Coisa da idade!
SOLA:
- Garanto que não é!
AMARILES:
- Ou vai vê, é a tal da menor pausa. Dizem que quando ela chega, a mulé
fica assim, querendo engolir o mundo.
DÁLIA:
- Sei não vice? Ou arguma coisa se sucedeu...
AMARILES:
- Paixão recolhida! Afinal, quem vai querer um masoléu!
SOLA:
- Escuta aqui estopô... Lave sua boca pra fala de Rosa, num admito que
fale assim dela, vice?
AMARILES:
- rosa, rosa, rosa e rosa murcha! (Risos)
DÁLIA:
- Assim oscê ofende quem tanto te acolheu... (Vai até sola em apoio) Que eu num gosto é de ingratidão, vice?
AMARILES:
- Ingrata ieu? O que ieu num sou é jumenta e lesa que nem vocês. Rosa
num fez, num faz e nunca vai fazê um favor... Nós paga e muito bem pra vive
nesse muquifo.
SOLA:
- Esqute aqui sua chirumba fora de época... Não admito que fale mal de
rosa na minha frente, entendeu? E cadê Magnólia...
AMARILES:
- Ah, tá sentido é? Enfia o dedo na goela e morre! Enquanto a
magnólia... Tá lá no bem bom... E adivinha com quem?
SOLA:
- Ah, me segura! Tô louco pra enficá minhas unhas na cara dessazinha...
DÁLIA:
- Calma Sola, não vale apena... vá que ela corre lá, pra conta pro
protetor delas...
AMARILES:
- Carece não... Minhas diferenças eu resolvo sozinha. Sou muito mulé pra
isso!
SOLA:
- Vocês se acham muito espertas não é? Pois o dia de vocês está
chegando, e eu queridinha, vou assistir de ca-ma-ro-te, a quede das duas,
najas!
AMARILES:
- Ah que medinho! Isso num vai acontecer é nunca. Se tem alguém que vais
cair aqui, não sou eu.
SOLA:
- isso é o que veremos. Pago pra vê. (Sai. Dália vai atrás).
Transição
Cena LXXVI
DIA – EXNTERNA – CASA DA QUERÊNCIA
QUERÊNCIA:
- Que marmotagem é essa Everaldo?
EVERALDO:
- Tem marmotagem nenhuma minha mãe.
QUERÊNCIA:
- essa cotovia num vai pisar nesse chão, num é digna.
EVERALDO:
- Essa mulher que a senhora diz não ser digna de pisar nesse chão, será
a minha mulher.
QUERÊNCIA:
- sua mulher e de quantos mais?
EVERALDO:
- Só minha minha mãe, irei casar com ela de papel passado, vice?
QUERÊNCIA:
- se essa quenguinha pensa que vai te enganar como engana a todos
aqueles homens que se deitam com ela, naquele antro de perdição, engana-se ela.
Mas nem por cima do meu cadáver...
EVERALDO:
- Essa casa também me pertence, já que sou o único filho legítimo do
coronel.
QUERÊNCIA:
- Vai é desgraçar a tua vida.
EVERALDO:
- Deixe ao menos tentar minha mãe. deixe eu construir minha história. Já
sou maior de idade. Agora tenho que resolver uns problemas. (Sai)
Transição: Zona rural de Campo
Verde.
Cena LXXVI
DIA – EXTERNA – ESTRADA DESERTA
(Sola caminha tranquilamente, Francisco
escondido arma tocaia).
FRANCISCO:
- (Seduz Sola) Ei oscê...
SOLA:
- Euzunha?
FRANCISCO:
- Tá vendo mai arguém aqui?
SOLA:
- Acho que não, né? Mas que um cabra como oscê quer com moço como ieu?
FRANCISCO:
- O fulô ta querendo dá uma aliviada num macho que tá doido pra dá uma
inficada?
SOLA:
- Ai que calor! Tá quente, né? Tá falando sério?
FRANCISCO:
- Oxe! Ieu sou lá de jogá prosa fora... Ieu tô aqui é tinindo vice?
SOLA:
- Ai minha Santa Madá!Só pode tá de brincadeira comigo... Depois vai
sair falando pra todo mundo de ieu.
FRANCISCO:
- Se o moço num quer...
SOLA:
- Quero!
FRANCISCO:
- Foi o que pensei. O fulozinha num vai ter tempo de se arrepender...
Ieu garanto que num vai é nunca se esquecer... (Pega ele por trás dando uma gravata) Oscê quer?
SOLA:
- Eu quero.
FRANCISCO:
- Então se prepara. Oscê gosta né? Gosta de um cabra macho fungando no
teu cangote...
SOLA:
- Eu gosto. Gosto!
FRANCISCO:
- E num vai esquecê é nunca. Isso eu num te garanto! Seio que gota seu
fulô, prometo que nunca esquecerá...
SOLA:
- Ei, calma... Que o sinhô tá me machucano... Tô é ficano se ar...
FRANCISCO:
- Oscê num viu nada ainda, vice? Então cabra, oscê gosta né?
SOLA:
- Muito! (Ele aperta solo pelo
pescoço e aos poucos vai desembainhando a peixeira e apunhala Sola. Sola cai
ferido, Francisco foge).
Imagem congela em sola, caído.
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