HOMEM DO CAMPO – CAPÍTULO 7
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Novela de Marcondys França
Direção: Marcondys
França, Cauê Bonifácil, Dill França e Albino
Ventura
Direção
Geral de Marcondys França
Capítulo 6
Cena 48 CONTINUAÇÂO
MARIQUINHA:
- Francisco...
FRANCISCO:
- (Se levanta bravo) Oxe! Ao
invés de mainha fica azucrinando meu zovidos mode que mainha devia fazê é tomar
conta de Nina, isso sim, o peste viu...
MARIQUINHA:
- Tu não se meta a besta comigo, vice? Oxe! Ouviu Chico? Minha Nossa
Senhora do Desterrro! Desterrai esse povo de cima do meu filho! (Câmera Fecha nela)
Corta para fachada da casa de
João.
CENA 49
DIA – INTERNA – CASA DE JOÃO
MARIQUINHA:
- Fátima! Fátima... Oh, Fátima, eu precisava vim... Nina me contou tudo.
FÁTIMA:
- E apoi... Num é mulé! Sente.
MARIQUINHA:
- Me conte, que aconteceu?
FÁTIMA:
- Ele foi pro hospitá, a dotora ficou dé notícia e inté agora nda.
MARIQUINHA:
- Mai o que aconteceu, será que é grave?
FÁTIMA:
- Já fiz um monte de promessa... Tenho fé que num seja nada sério.
MARIQUINHA:
- (Abraça confortando a amiga)
Não há de ser nada não, oscê vai vê. Ele é um menino forte e vai superar.
FÁTIMA:
- Eu num posso perder meu menino!
MARIQUINHA:
- osCê vai vê , não vai ser nada grave. Confia, confia e espere.
Corta para casa de Gilmar Catolé
CENA 50
DIA – INTERNA – CASA DE GILMAR -
SALA
GILMAR:
- Pare de ficar andando pra lá e pra cá Ioiô... Tá me deixando zonzo!
Parece que esta aperriada. Que aconteceu?
IOLANDA:
- Tô com meus nervos a flor da pele!
GILMAR:
- E o que é que está te deixando assim tão aperriada Ioió?
IOLANDA:
- Deve ser esse calor! Meu corpo está em brasas!
GILMAR:
- E onde você foi hoje pela manhã Ioiô?
IOLANDA:
- (Perde a pose) Eu?
GILMAR:
- Iolanda Catolé?!- Está acontecendo alguma coisa que eu não esteja
sabendo Ioiô?
IOLANDA:
- Oxe! Que que é hein? Minha vida é um livro aberto com páginas escritas
com letras garrafais mode num deixar dúvidas. Que é? Tá desconfiando de mim
agora é?
GILMAR:
- Claro que não. Só achei estranho, sair de casa de manhã, sem me falar
nada Ioiô... Só isso. È estranho ou não é?
IOLANDA:
- Oxe! Eu fui no salão, tá? (Chama
a empregada) Oh, Francis?! Francis...
CHICA:
- (Entra comicamente) Oi
senhora!
IOLANDA:
- Faça um suco pra mim de embú.
CHICA:
- Tá com desejo mulé?
IOLANDA:
- Que desejo? Vai pra lá seu estrupício, vai...
CHICA:
- Vou. Cozinha! (Sai)
IOLANDA:
- Estrupício! (Olha pra Gilmar. O
seduz com o olhar)
GILMAR:
- Que foi Ioiô?
IOLANDA:
- Faz porquinho, faz
GILMAR:
- Não...
IOLANDA:
- Faz, faz pra sua abelhinha, faz...
GILMAR:
- Não...
IOLANDA:
- Faz... (Ele faz, ela canta e dança (Tomar banho de chuva) pra ele. (Ele fica louco de desejo e sai correndo atrás dela. Chica aparece).
CHICA:
- Ave Maria! Ufa! Que calor do Buti!
CENA 51
Corta para casa de João parte
externa, varanda.
DIA – EXTERNA - VARANDA
FÁTIMA:
- Mai que cara é essa homem de Deus, aconteceu arguma coisa com meu
Zeca?
BRUNA:
- Calma dona Fátima.
FÁTIMA:
- Carma? Como posso ter carma com a angustia que tô sentindo?
MARIQUINHA:
- Carma! Vou buscar uma garapa.
FÁTIMA:
- Por tudo que é mais sagrado, não me esconda nada.Me conte tudo, me
conte logo mulé... Acabe com essa gonia.
JOÃO:
- Carma mulé, carma! O nosso menino tá com uma doença.
MARIQUINHA:
- Taqui, toma. Beba, vai te acarmar mais... Vai te fazê bem.
FÁTIMA:
- num desce nada cumadre.
BRUNA:
- Vamos sentar que vou explicar...
FÁTIMA:
- Meu veio, e nosso menino?
JOÃO:
- Carma!
MARIQUINHA:
- Dotora, é grave o que Zeca tem?
BRUNA:
- Eu não vou mentir, é grave sim....
MARIQUINHA:
- Ai minha Nossa Senhora do Perpetuo Socorro, valei-me Deus!
BRUNA:
- José Carlos está com um problema cardíaco muito sério.
FÁTIMA:
- Cardi o que?
BRUNA:
- Ele tem um problema no coração dona Fátima.
MARIQUINHA:
- Ai meu Jesus! (Pega a caneca da
mão de Fátima e bebe. Fátima chora)
FÁTIMA:
- E agora meu veio? Que a gente vai fazê?
JOÃO:
- Só Deus!
FÁTIMA:
- Eu quero vê meu filho dotora, ele vai precisar de Ieu.
MARIQUINHA:
- Ele vai sair dessa!
JOÃO:
- Vai sim. (Tira o Chapéu em
respeito) Com fé em Deus Nosso Senhor Jesus Cristo! Mas, precisa de
dinheiro. E isso tá me perturbando a cabeça. Mode que nós num tem.
BRUNA:
- Ele vai precisar de um aparelhozinho chamado marca-passo.
FÁTIMA:
- Marca o que?
BRUNA:
- Marca-passo!
MARIQUINHA:
- É par marcar o passo é?
BRUNA:
- Não. Esse aparelho funciona como uma bateria auxiliando o coração,
impedindo que ele pare de bater, vocês entendem? Esse aparelho é muito
importante, mas é importado...
FÁTIMA:
- Como assim dotora?
MARIQUINHA:
- Ele vem do estrangeiro, num é?
BRUNA:
- Ele vem de outro país, é muito caro e os hospitais públicos, não
dispõe dele.
FÁTIMA:
- Que vamos fazê cumpadre? O senhor num tem esse dinheiro.
BRUNA:
- Essa cirurgia tem que ser realizada o quanto antes. Você não conhece
alguém que possa ajudar, que tenha uma condição financeira favorável? (João fica pensativo)
FÁTIMA:
- João homi de Deus, seu Gilmar é dona dessa fazenda, de todo Campo
Verde...
Corta para casa de Fátima.
CENA 52
DIA - EXTERNA - SELEIRO
FÁTIMA:
- Num fica assim não, fia. No finá das contas, vai dá tudo certo, vice?
NINA:
- Noi vê falá tanta coisa mainha... Mai eu tenho medo, medo mainha,
medo, vice?
FÁTIMA:
- Reze fia, reze! Não tem arma poderosa neste mundo do que a reza.
NINA:
- olha mãe, eu amo Zeca por demais... O amor que tenho por ele, é inté
maior que eu. Se acontecer arguma coisa cum ele, num sei eu vai ser deu.
FÁTIMA:
- Hei fia! Num pense nisso não. Zeca vai sair dessa, vice?
FRANCISCO:
- Sai dessa inté pode ser. Agora, só num sei como. Pelo que ouvi dizê
porai, a coisa é grave. E se sair dessa, num será mais o mesmo, vice?
NINA:
- Oxe! Deixe de teu agoro. Águia mortária! (Sai irritada).
FÁTIMA:
- Tua irmã está tão aperriada e vem oscê chico, com essa história, mode
que oscê é tão cruel fio?
FRANCISCO:
- Oh, peste! Ieu só falei o que ouvi, mode que num sou moco, vice? Num
pode nem comentar nada nessa casa, volti!
FÁTIMA:
- Mai era só o que me fartava!
Transições: Imagens do campo de
vários ângulos.
CENA 53
DIA – EXTERNA – FAZENDA DE GILMAR CATOLÉ
GILMAR:
- Pronto senhor João, aqui podemos conversar melhor. Continue sua
história...
JOÃO:
- O senhô me desculpe. O senhô falô, falô mai num disse nada.
GILMAR:
- Como já lhe falei, eu estou com muitos problemas, não dá pra ajudar...
JOÃO:
- É... Entendi. Olha aqui seu Gilmá... Desde de muito pequeno, o meu fio
Zeca trabaia comigo na lida. Seja dia de sol, de chuva, mai lá tava ele feito
um cão fiel ao dono me ajudano, ajudando a cuidar de suas terras.
GILMAR:
- Eu sei e até me sinto honrado de saber que o Zeca se dedica bastante
ao trabalho, mas infeliz mente... Eu sinto muito senhor João, sinto muito,
muito mesmo, não posso ajudar.
JOÃO:
- Mai como não? O sinhô tem dinheiro e muito dinheiro. Ieu posso ser
leigo, mai num sou burro não. É por isso que te peço ajuda, não como seu
empregado, mas como um pai desesperado que tá vendo o filho entrevado numa cama
de hospitá. Eu sou pobre seu Gilmar, sou pobre sim sinhô, mai sou honesto. E
Deus é testemunha que pagarei cada centavo com meu suor.
GILMAR:
- Infelizmente seu João, como já disse, não posso ajuda-lo.
JOÃO:
- Olhe seu Gilmar, não tenho nada nessa vida, só minha palavra. E posso
garantir pro sinhô, que vale mais que quarquer coisa que existir nesse mundão
de meu Deus. Olhe seu Gilmar o meu nome é a coisa que mais preso nesta vida.
GILMAR:
- Sinto muito.
JOÃO:
- Sente muito? Conversa, conversa, conversa seu Gilmar! O sinhô paga os
pobre que nem eu o que bem quer. Que passa a vida inteira se acabando,
trabalhando debaixo do sol, cuidando que é dosoutro. Migalha seu Gilmar!
Migalhas! O que o senhor paga a pessoas como eu. Migalha que mal dar pra comer.
Trata a gente como animá, com desprezo e ainda finge que respeita. E agora vem
dizê que sente muito. Conversa pra boi dormir.
GILMAR:
- Calma homem, calma! Que isso? Que aceleração é essa? Fique calmo, tudo
se resolve.
JOÃO:
- Carma! Carma... Olha aqui seu Gilmar, meu filho está num leito de
hospitá. Deus Nosso senhor Jesus Cristo é testemunha da dor da minha família
num sabe? Aquele lá de cima não desampara ninguém. É um juiz justo!
GILMAR:
- Sim seu João, é.
JOÃO:
- E julga na hora certa.
GILMAR:
- É eu sei seu João.
JOÃO:
- O sinhô me desculpa por tomar seu tempo. (Põe o chapéu e sai).
GILMAR:
- Que atrevimento! Era só o que me faltava. Acha que sou o que? Deus?
Banco? Cada um com seus problemas!
Transição: cenas do campo.
CENA 54
DIA – EXTERNA – CURRAL
JOÃO:
- Fui inté lá. Fartei emplorar. E nada. O coração daquele infeliz é de
pedra.
MARIQUINHA:
- Meu Deus!
FÁTIMA:
- Não dá ptra fica aqui de braços cruzados.
NINA:
- A senhora tem razão.
FÁTIMA:
- Vamo na paroquia fala com padre. Quem sabe pode ajuda. (Saem)
Transição cenas da fachada da igreja matriz
se mistura com as do campo e corta para casa de João.
CENA 55
DIA – INTERNA – CASA DE JOÃO – SALA
JOÃO:
- E então?
FÁTIMA:
- O padre não tava.
BRUNA:
- Oh, de casa? Licença!
FÁTIMA:
- Minha virgem Santísima!
MARIQUINHA:
- O que foi dotora, aconteceu arguma disgraça com Zeca?
FÁTIMA:
- Nem me diga uma coisa dessas!
BRUNA:
- Calma gente, calma!
FÁTIMA:
- diga logo, mulé...
BRUNA:
- Olhe, trago boas notícias...
FÁTIMA:
- Então conte.
BRUNA:
- Olhe conseguimos o dinheiro, e vamos operar o José Carlos.
FÁTIMA:
- Glória a Deus!
JOÃO:
- Mai de onde veio essa ajuda?
Imagem congela.
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