HOMEM DO CAMPO – CAPÍTULO 19
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Novela de Marcondys França
Direção: Marcondys
França, Cauê Bonifacil, Dill França e Albino
Ventura
Direção
Geral de Marcondys França
Cena 114 (Continuação)
DIA – DELEGACIA - CELA
BODOQUE LEVA MARIQUINHA E FÁTIMA PARA A CELA
DE FRANCISCO
BODOQUE:
- Venha... Vou levar as senhoras até cela, vice?
FÁTIMA:
-
Vamo cumadre!
FRANCISCO ESTÁ DEITADO EM POSISÃO FETAL DE
COSTAS PARA AS GRADES.
BODOQUE:
-
Francisco?
MARIQUINHA ENTRA E CHAMA O FILHO SEM
RESPOSTA. VIRA E PERCEBE QUE ESTÁ MORTO. SE DESESPERA. GRITOS E CHORO DE UMA
MÃE QUE NÃO CONT´RM A DOR.
MARIQUINHA:
-
Chico?
BODOQUE:
-
Oxe! Que marmotagem é essa?
MARIQUINHA:
- Ai meu Deus! Meus Deus! Mataram meu filho! Meu filho...
Chico! Chico... Meu filho! Ai! Ai... Que dor meu Deus, Que dor! Meu filho! Olha
cumadre Fátima, olha que fizeram com ele... Ah meu Deus!Meu filho! (Grita desesperadamente para tentar sessar a
dor)
(Câmera sobe
criando um clima de impotência da parte da personagem).
Transição
noite/dia cortando para o cemitério.
Cena 115
DIA – EXTERNA - CEMITÉRIO
Mariquinha caminha até o túmulo do filho,
ajoelha e chora desconsoladamente. Câmera foca cruz com nome de Francisco. A
dor de Mariquinha é devassaladora.
Cena 116
DIA – INTERNA – CASA DE GILMAR
GILMAR E IOLANDA. ESTÃO NA SALA, HÁ UM CLIMA
DE TENSÃO. CHICA FICA ATRÁS DA PAREDE TENTANDO OUVIR À CONVERSA.
GILMAR:
- Oh, minha abelhinha... Que você tem?
IOLANDA:
- Nada Gilmar, nada! À
rien!
GILMAR:
- Como nada? Tô te achando tão xoxinha, tão pra baixo.
IOLANDA:
- Ai, me deixa Gilmar!
GILMAR:
- Não tô de reconhecendo Iolanda.
IOLANDA:
- Quer saber?
GILMAR:
- Quero.
IOLANDA:
- Quer saber mesmo?
GILMAR: - Quero Iolanda.
IOLANDA:
- É que pra você e pros outros, eu serei sempre uma
quenga.
GILMAR:
- Que tá falando Iolanda... Sabe que é minha florzinha de
mandacaru.
IOLANDA:
- Ah, tá! Quem ama confia.
GILMAR:
- Confia, mas não desafia.
IOLANDA:
- Ai, tá vendo? Tu acha que eu serei sempre uma
desfrutável. Acha que vou me entregar pro primeiro macho que encontrar pela
minha frente.
GILMAR:
- Que história é essa Iolanda!
IOLANDA:
- Ah, tá! Bem que Rosa me avisou. Uma vez quenga, sempre
quenga!
GILMAR:
- Mas a Rosa estava enganada Iolanda. Sabe que te amo. Se
não te amasse não tinha casado com você.
IOLANDA:
- Seu olhar, suas atitudes, dizem tudo... Sou uma mulher
livre Gilmar. Livre para amar e pra viver!
GILMAR:
- Então pra você nossa relação é uma prisão Iolanda?
IOLANDA:
- E não é? Tu me vigia, interroga todos, parece até que
vivo até numa prisão.
GILMAR:
- Ah, então, está sentindo falta Iolanda?!
IOLANDA:
- Não. Me sinto sufocada, é assim que me sinto do teu
ciúme sem cabimento. Frances... (Grita.
Chica entra com as malas de Iolanda).
CHICA:
- Pronto! Aqui senhora. (Entrega as malas)
GILMAR:
- que isso Iolanda? Onde vai?
IOLANDA:
- Estou indo embora... (Arrasta as malas) Olhe, luxo, status, dinheiro... Tudo isso não
trás felicidade não...Entendeste Gilmar? Olhe, eu sou uma mulher, e não sua
bonequinha de luxo não, vice?
GILMAR:
- Tá voltando pra Casa das Rosas Iolanda, é isso, é?
IOLANDA:
- Vou viver. Viver!
GILMAR:
- Iolanda catolé... (Chica
sai de mansinho)Se sair por essa porta, não volta mais.
IOLANDA:
- Fui! (Gilmar
fica bravo e chicoteia os moveis da sala)
CHICA:
- (Retorna com uma
mala antiga) Seu Gilmar...
GILMAR:
- Que é chica, que é?
CHICA:
- Agora que dona Iolanda foi embora, eu quero pedir
minhas contas...
GILMAR:
- Não Chica, você não vai precisar, por que gente morta,
não recebe nada. Não recebe, não recebe, entendeu?
CHICA:
- Sim senhor. Entendi. (Retorna com a mala para cozinha)
GILMAR:
- Iolanda catolé... Você me paga, me paga. Isso não vai
ficar assim, não vai. (Muito bravo
chicoteia tudo) Você me paga, me paga. (Retira o chapéu coça a testa como se quisesse verificar se tem chifres).
Transição: Cidade de Campo Verde.
Cena 117
DIA – INTERNA – DELEGACIA
BODOQUE ESTÁ TODO À VONTADE FALANDO AO TELE FONE QUANDO É
SURPREENDIDO POR ENOQUE
BODOQUE:
- Pois então? É hoje, vice? É hoje que vou lavar a égua.
(Risada) É, mais tarde... (Enoque percebe, ele no telefone. Bate n
aporta pra chamar a atenção). Só um minuto (a pessoa no telefone)
ENOQUE:
- Boa tarde?!
BODOQUE:
- Lamento, mais agora não posso te atender, tô indo pra
uma diligência vice?
ENOQUE:
- (Retorna ao telefone)
Então como tava te dizeno...
ENOQUE:
- Ai que se engana.
BODOQUE:
- Como é que é?
ENOQUE:
- Sou da corregedoria.
BODOQUE:
- Corregedoria? (Assustado
arruma a mesa).
ENOQUE:
- Sim.
BODOQUE:
- (Pega o quepe)
Sim senhor, senhor!
ENOQUE:
- Onde está o delegado Fortunado?
BODOQUE:
- Num sei não senhor!
ENOQUE:
- Não sabe, ou está acobertando algum mal feito? (Vai tirando o terno e se apossando da mesa).
BODOQUE:
- Sei não senhor onde está o senhor delegado
ENOQUE:
- É bom que não saiba mesmo. A situação do teu superior,
não é das melhores. Hoje mesmo Fortunato Mendes vai receber voz de prisão.
BODOQUE:
- Sobre qual acusação?
ENOQUE:
- Corrupção, abuso de poder e suspeita de assassinato.
BODOQUE:
- Eita! Que isso é grave por demais, vice?
ENOQUE:
- Tive uma denuncia contra ele.
BODOQUE:
- Oxe! Que estranho. Foi anônima?
ENOQUE:
- Não. E dizia ser a mãe dele.
BODOQUE:
- Só pode ser, aquela infeliz da mãe dele... aquela
ramera, quenga que fica aliciando as meninas dessa cidade.
ENOQUE:
- Que tem um estabelecimento que o senhor frequenta por
muito tempo. Isso eu sei, averiguei.
BODOQUE:
- Como todos os homens dessa cidade senhor.
ENOQUE:
- Mas o senhor representa a lei.
BODOQUE:
- E o que o senhor me diz sobre o assassinato que teve
nesta delegacia?
ENOQUE:
- Sobre o assassinato, desse infeliz, sei não... Naquela
noite, o senhor delegado, tinha me dado, folga.
BODOQUE:
- Eu juro por tudo que é mais sagrado, que eu num sei de
nada não, senhor.
ENOQUE:
- (Se levanta
intimidando Bodoque) Pois é bom saber, é bom falar tudo que sabe... Se não
te indicio como cumplice. E pode
sentar-se. Sente-se!
ENOQUE:
- Sim senhor. (Senta)
BODOQUE:
- Vamos começar...
ENOQUE:
- Num sei nem por onde começar, vice?
ENOQUE:
- Comece do começo.
BODOQUE:
- Então, quando eu trouxe o prisioneiro para o senhor
delegado... Ai ele me disse: “Bodoque, tire a noite de folga, ai eu respondi: -
Mai eu tirei folga ontem... E ele: “Faz logo que tô mandano. Eu levei o
prisioneiro até a cela. (A músca de
suspense vai aumentando gradativamente encobrindo a voz de bodoque)
CORTA PARA FACHADA DA CASA DE MARIQUINHA
Cena 118
DIA – INTERNA – CASA DE MARIQUINHA
MARIQUINHA DORME PESADAMENTE ENQUANTO SONHO
RELEMBRANDO SEUS MOMENTOS COM FRANCISCO. EM SEU COLO, SEGURA O CHAPÉU DE
FRANCISCO.
TRANSIÇÃO: Cidade de Campo Verde
Cena 119
DIA – INTERNA – IGREJA
EGÍDIO ARRUMA O ALTAR DA IGREJA. VAI DIANTE
DO ALTAR E REZA. TEM DIFICULDADE. NÃO PARA DE PENSAR NO SONHO CCOM MENININHA.
TRANSIÇÃO: CIDADE DE CAMPO VERDE.
Cena 120
DIA – INTERNA – DELEGACIA
ENOQUE ESTÁ NO TELEFONE, ROSA CHEGA.
ENOQUE:
-
Sim, já dei início as investigações... (Vozes de fora)
BODOQUE:
-
Oxe! Mai a senhora num pode ir entrando assim não... (Rosa entra)
ROSA:
-
Oxente! Abilolou de vez foi?
BODOQUE:
-
A senhora me respeite que sou autoridade vice?
ROSA:
-
Você que tem me respeitar.
BODOQUE:
-
Quem manda aqui sou eu vice?
ENOQUE:
- Pode deixar Bodoque.
BODOQUE:
- Sim senhor corregedor. (Sai)
ROSA:
- Boa tarde.
ENOQUE:
- Boa tarde senhora.
ROSA:
- É com o senhor mesmo que vim falar, num sabe?
ENOQUE:
- Então, sente-se.
ROSA:
- Obrigada. Mas, estou bem assim.
ENOQUE:
- Em que posso ser útil?
ROSA:
- Eu vim aqui lhe pedir, num sabe? Que prenda
imediatamente o delegado Fortunato. Se ele continuar solto, é um perigo para
sociedade de Campo Verde. É muito difícil pra mim, num sabe? Vim aqui e dizer
isso...
ENOQUE:
- Quer uma água senhora?
ROSA:
- Não, obrigada. Só quero que o prenda imediatamente.
ENOQUE:
- Meus homens já estão na cola, seguindo os rastros dele.
Dentre poucos dias capturaremos Fortunato.
ROSA:
- Dias é muito tempo. Pra uma pessoa maquiavélica como
ele. Olhe, eu sei onde ele está escondido.
ENOQUE:
- Sabe mesmo?
ROSA:
- Sei. (Congela em
Enoque)
A SEGUIR...
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