HOMEM DO CAMPO – CAPÍTULO 11
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Novela de Marcondys França
Direção: Marcondys
França, Cauê Bonifácil, Dill França e Albino
Ventura
Direção
Geral de Marcondys França
Capítulo 10
Cena 73 - CONTINUAÇÂO
INTERNA – DIA – CASA DE MARIQUINHA
ESTÁBULO
(Iolanda chega de picap, desce do carro,
retira os óculos escuros e olha em direção a casa de Mariquinha).
IOLANDA:
- Oi mainha?!
MARIQUINHA:
- Minha fia morreu quando se debandeou por esse mundão.
IOLANDA:
- Oxe! Já passou tanto tempo... e mainha ainda está nesse temo?
MARIQUINHA:
- Tem coisa que não se esquece nunca e vive presente em nossa lembrança.
IOLANDA:
- Oxe mainha!
MARIQUINHA:
- Teu pai morreu foi de desgosto.
IOLANDA:
- Painho morreu foi de doença.
MARIQUINHA:
- Morreu foi de desgosto de tu, fia ingrata!
IOLANDA:
- Oxe! Cadê minha filha?
MARIQUINHA:
- Filha? Que filha? Oscê só pariu... Nunca foi mãe.
IOLANDA:
- A senhora nunca me deu a oportunidade de ser, vice?
MARIQUINHA:
- É claro, oscê acha o que? Filha de quenga, é uma bastarda... E queria
o que? Desgraçar a vida da tua filha, igual fez com a tua?
IOLANDA:
- Mainha... Sinto falta da minha família.
MARIQUINHA:
- Família, que família? Oscê perdeu sua família quando decidiu sair por
esse mundão sendo mulé da vida. Sua família é aquela que te acoitou na casa de
sem-vegonhice dela. E no mais, filha de quenga nunca vai ser respeitada, vai só
levar enchicada...
IOLANDA:
- Fale assim não mainha...
MARIQUINHA:
- Quer saber de uma coisa... sai logo daqui, suma da minha frente e num
apareça nunca mais. E sai logo da minha frente antes que te dou uma vassourada.
Sai, sai daqui... vá...
IOLANDA:
- Mode que mainha fala sempre assim?
MARIQUINHA:
- Mode que oscê merece. Agora sei daqui.
IOLANDA:
- Vou embora mesmo...
MARIQUINHA:
- Vá e num apareça nunca mais...
IOLANDA:
- Pode ir embora, vá... (Pega o
feno e sai).
Transição:
Cena 74
INTERNA –
DIA – CASA DE FÁTIMA – COZINHA
(Fátima
está preparando o almoço).
NINA:
- Bom dia dona Fátima?
FÁTIMA:
- Bom dia Nina!
NINA:
- E Zeca?
FÁTIMA:
- Tá lá dentro amoado.
NINA:
- Posso fala com ele?
FÁTIMA:
- Pode sim! (Nina segue para o
quarto) Nina, tenta animar ele.
NINA:
- Posso tentar! (Sai)
Transição: Cidade de Campo Verde.
Cena 75
INTERNA –
DIA – IGREJA
(Menininha
vai até a igreja e se confessa com Padre Egídio)
MENININHA:
- Sua benção padre!
EGÍDIO:
- Deus a abençoe.
EGÍDIO:
- Veio se confessar?
MENININHA:
- Sim padre.
EGÍDIO:
- Sente-se...
MENININHA:
- Eu costumava vim me confessar com padre Jacinto. Mais sei que o senhor
é também um homem de Deus...
EGÍDIO:
- há algo lhe incomodando?
MENININHA:
- Ah padre... O errado é o certo... Que fazer quando o que todos dizem
que é errado, se pra mim é o certo, e o certo padre, não me trás satisfação
nenhuma?
EGÍDIO:
- Você cometeu algum pecado?
MENININHA:
- Existe pecado sem culpa padre?
EGÍDIO:
- Sua consciência acusa?
MENININHA:
- Não. Mais meus atos me condenam... Eu não sinto remorsos, entende? Não
me arrependo de nada.
EGÍDIO:
- Gostaria de conversar sobre isso?
MENININHA:
- O senhor seria capaz padre de me ouvir sem me condenar... Sem me jogar
na fogueira antes entender meus sentimentos e minhas razões?
EGÍDIO:
- Claro. Tudo que aqui for dito em confissões, não sairá destas paredes.
MENININHA:
- O senhor sabe o que é sentir prazer padre? Mas prazer mesmo, daqueles
que te deixa sem ar, com as penas bambas, coração acelerado, que até parece que
ele vai sair goela a fora... sabe? É isso padre. É isso que sinto cada vez que
um homem daquele me domina quando danço com eles.
EGÍDIO:
- E seu marido?
MENININHA:
- De vez e nunca... É como se eu não existisse pra ele. É como se eu não
fosse mulher, não me procura como mulher padre.
EGÍDIO:
- e a senhora já conversou com seu marido sobre isso?
MENININHA:
- Pra que? Pra que me condene? Para que me olhe com discriminação, que
vejo meus sentimentos como crime? (Se
emociona e encosta no ombro do padre que a ampara) Padre, eu só quero amar
e ser amada. Quero viver sem vergonha de ser feliz.
EGÍDIO:
- Reze!
MENININHA:
- (Se levanta) Reze?
EGÍDIO:
- Sim, reze! (Menininha sai
contrariada).
Transição: Dia/noite. Corta para
Casa das Rosas
Cena 76
INTERNA –
NOITE – CASA DAS ROSAS - QUARTO
MAGNÓLIA:
- Foi bom por demais...
FORTUNATO:
- Oscê sabe como me satisfazer.
MAGNÓLIA:
- Não precisa esforço nenhum
senhor delegado. Você é um cabra pra daná!
FORTUNATO:
- Fala isso pra todos!
MAGNÓLIA:
- Digo não! Em alguns casos,
prefiro entrar muda e sair calada1
FORTUNATO:
- Vou fingir que acredito em tu.
MAGNÓLIA:
- Pois devia. Oh, aquele um, anda
espalhando fuxico sobre tu...
FORTUNATO:
- Como é que é?
MAGNÓLIA:
- Anda espalhando por ai, que tu é chegado em outra coisa...
FORTUNATO:
- Filho de uma quenga! (se lembra da conversa com Francisco)
MAGNÓLIA:
- Sabe como é... Se cai na boca do povo! Mais eu sei que o senhor gosta
mesmo é de...
FORTUNATO:
- E num duvida não...
MAGNÓLIA:
- hei, calma! Eu sei disso. E como! Mais o problema é ozoutros!
FORTUNATO:
- Fuzulô dos inferno!
MAGNÓLIA:
- Se eu fosse Oscê delegado... Eu dava era um corretivo nesse baitola de
merda. De preferencia pra calar ele de vez, num sabe?
FORTUNATO:
- Tá certo! Tem toda razão.
MAGNÓLIA:
- Mas já se vestindo delegado? Eu
quero mais... Bora chumbregar!
FORTUNATO:
- Agora mesmo! (Se pegam)
Corta para casa de Mariquinha
cozinha.
Cena 77
INTERNA – NOITE – CASA DE
MARIQUINHA - COZINHA
(Mariquinha está costurando
enquanto aguarda Chico).
FRANCISCO:
- Oxe! Mainha em casa a essa hora?
MARIQUINHA:
- Tava te esperano.
FRANCISCO:
- É estranho, vê mainha em casa.
MARIQUINHA:
- E oscê, num devia tá na lida?
FRANCISCO:
- sai mais cedo.
MARIQUINHA:
- Mode que?
FRANCISCO:
- Oxe! Agora deu pra minha
desconfiar dieu? Só que fartava!
MARIQUINHA:
- Oscê tá aprontando arguma
coisa...
FRANCISCO:
- Arre! larga deu mainha, larga
deu!
MARIQUINHA:
- (Se levanta brava) Oscê me respeita Chico, me respeita! Olha como
oscê fala comigo.
FRANCISCO:
- Quer sabe mainha? Vou dar uma
vorta, isso sim que vou fazê.
MARIQUINHA:
- Mas ante vai me dizê de onde
apareceu esse dinheiro. (Retira do sutiã
e joga na mesa)
FRANCISCO:
- Oxe! Mainha agora deu pra mexer
nas minhas coisas?! Agora é isso, vai ser isso o tempo todo? (Pega o dinheiro).
MARIQUINHA:
- dinheiro não dá em planta não...
O que tu tá aprontando homem?
FRANCISCO:
- Nada mainha, nada! Ao invés de mainha fica aqui azucrinado meu
zovidos, mainha devia era tá cuidando de Nina...essa sim que precisa que a
senhora fique de olho. Não ieu... (Sai).
MARIQUINHA:
- Ai meu pai! Deu queira que eu esteja enganada... Ai tem coisa! Tô
sentindo um aperto aqui dentro do peito... Uma agonia, uma gastura... deus
queira que não aconteça nada com meu filho. (Câmera fecha nela).
Corta para casa de Fátima
Cena 78
NOITE – INTERNA – CASA DE FÁTIMA -
VARANDA
NINA:
- Cadê meu moribundo favorito?
ZECA:
- Oxe! Tem outro é?
NINA:
- Não. Só oscê que é mais que de mais...
ZECA:
- Tô é cansado!
NINA:
- Cuma assim, cansado?
ZECA:
- Ficá o dia inteiro deitado
também cansa.
NINA:
- Oh, Zeca... vai ser só por um
tempo. Passa rapidinho! E saiba que oscê me deu foi um baita de um susto, vice?
ZECA:
- Oxe!
NINA:
- Vou é fica aqui agarradinha com
oscê, abraçadinha, toda agarradinha com oscê meu Zeca...
Imagem congela nos dois.
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