fevereiro 25, 2022

WEB NOVELA - HOMEM DO CAMPO - CAPÍTULO 3

 HOMEM DO CAMPO - CAPÍTULO 3

 

Web Novela de Marcondys França

Direção: Marcondys FrançaCauê BonifácilDill França e Albino Ventura

Direção Geral de Marcondys França

Capítulo 3

 

Cena 18

INTERNA / NOITE – CASA DO CORONEL GILMAR

(Mostra lua, faixada da casa de Gilmar. Câmera corta área interna)

 

GILMAR:

- Prefeito?!

WILDEBRANDO:

- Em primeiro lugar, obrigado por me receber assim, tão as pressas. Mas o coronel sabe que não sou de lhe aporrinhar, por qualquer besteira. E o motivo que me trás aqui é de estrema importância e de seu total interesse, num sabe?

GILMAR:

- Então o amigo deixe de arrodeio e vá direto ao assunto que lhe trouxe aqui. Vamos encurtar essa prosa.

WILDEBRANDO:

- Pois bem seu coronel...

GILMAR:

- Já falei que não gosto que me chame de coronel! Que coisa mais ultrapassada prefeito.

WILDEBRANDO:

- Perdão! É a força do hábito.

GILMAR:

- Tá, tá... Então, vá direto ao assunto. A que veio aqui?

WILDEBRANDO:

- É que aquele filho de uma quenga, aquele carcará sanguinolento, cafuçú da gota serena, que representa a oposição, anda espalhando boatos sobre minha gestão. Que poderá prejudicar todo nosso esquema, se é que o amigo me entente?

GILMAR:

- Entendo, entendo sim... E o amigo que sempre pensei que fosse sangue no olho, agora está se deixando levar, intimidar por um emboléu de meia pataca. Ora prefeito, era pra ter resolvido esta situação por muito mais tempo. Te mostrado quem manda nesta situação, Já era pra te resolvido, ter dado uma prensa nele e mostrado quem manda aqui.

WILDEBRANDO:

- Mas ai é que está. O povo está começando a dar ouvido a esse infeliz...

GILMAR:

- Por isso mesmo que temos que tomar providências, se tomarmos providencias, perdemos as rédeas e ai sim, o senhor sabe, que isso não é bom, nem pra mim, nem pro senhor. Entreguei ao senhor, prefeito, a cidade de Campo Verde. Cabe ao senhor cuidar dessa administração. O senhor não vai me decepcionar, vai?

WILDEBRANDO:

- O senhor acha melhor, eu dar cabo desse filho do cabrunco?

GILMAR:

- O que senhor vai fazer, ai não é comigo. Só sei que por enquanto o senhor Wildebrando Brasão é o prefeito de Campo Verde. Eu entreguei essa cidade em suas mãos, e o amigo não vai me decepcionar... Faça o que achar melhor. Se o senhor não acabar com essa fuleragem aqui... Essa cabra vai achar que o senhor é um frouxo, que o senhor é um Zé Mané! Resolva prefeito, resolva.

WILDEBRANDO:

- Vou dá cabo dessa estripulia, antes de incensar de vez.

GILMAR:

- Tá certo, tá certo... Resolva prefeito, resolva!

WILDEBRANDO:

- Sim senhor, com licença!(Sai ligeiro, cerimonioso).

GILMAR:

- (Senta-se irritado) Era só que me faltava agora. Tendo que resolver problema de prefeitura também!

 

 

Cena 19

EXTERNA / DIA – CAMPO VERDE

(ZECA CAVALGANDO. Para de frente a casa e amarra o cavalo numa estaca. Câmera corta para fogão de lenha com fogo aceso. Ouve-se o barulho de alguém batendo mão de pilão. Câmera revela Mariquinha. Geral o Sítio Campo Verde. Câmera corta para casa de Fátima)

(Fátima catando feijão em cima da mesa)

NINA:

 - Bom dia Dona Fátima?! A senhora parece meio avexada...


FÁTIMA: (Cata feijão de corda na mesa)

- É, e como tô. Tô mermo! Astranoite quase num dormi, mal preguei os zóios, quando tava dando uma madorna.... dirrepenti ouvi gemidos...

NINA:

 - Vigi que Nossa Sinhora... (Se benze) Valei-me Deus! Mai o que era mulé?


FÁTIMA:

- Me levantei num sarto, acendi o candieiro e fui me a chagano...


NINA:

- Deus é pai! Era assombro, é?

FÁTIMA:

 - Era Zeca.

NINA:

 - Mai que hístória é essa?

FÁTIMA:

 - E num foi?! Foi...

 

NINA:

- Zeca tava assumbrado é?


FÁTIMA:

- Não, mai que nada. Passou mau mermo, ardia em febre, quemava feito brasa, e tremia que nem vara verde.

 

NINA:

- Oxê! Hoje eu vi ele... E me pareceu bem.


FÁTIMA:

- E foi é...?  Acendi uma vela par nossa Senhora do perpétuo Socorro, e graça a Deus, a Virgem Santíssima ele teve uma miora.

NINA:

- Inda bem... E nois tava cunversano... falamo do... meu namoro cum ele, num sabe?!

FÁTIMA:

- Falou de casamento foi?

NINA:

- É. Mai Zeca...


FÄTIMA:

- Poi fique sabeno que foço muito gosto.

Cena 20

INTERNA / DIA – CAMPO VERDE CIDADE – CASA DE MANÉ TIMBÓ

(Menininha entra em cena segurando uma bíblia segue até a rede na varanda. Senta-se e calmamente folheia-a).

MANÉ TIMBÓ:

- Tá com a bexiga! Corja disgramenta.

MENININHA:

- Olha, eu já te disse pra num se meter com essa gente.

MANÉ TIMBÓ:

- Que quer que eu faça? Que feche meus olhos, pra essa sujeirada que vem acontecendo a anos com dinheiro público?

MENININHA:

- É capaz de tudo, pra tirar do caminho, quem atrapalha os interesses deles.

MANÉ TIMBÓ:

- Fui eleito pra representar esse povo na câmara, e não vou ficar calado com essa farra acontecendo diante dos meus olhos.

MENININHA:

- Ah, é? E que vai defender essa família se algo te acontecer homem?

MANÉ TIMBÓ:

- Homem, pelo sangue de Jesus! Deixa essa história pra lá...

 

MENININHA:

- Essa gente, é perigosa, pode te arrumar uma emboscada.

MANÉ TIMBÓ:

- Vou cumprir com meu papel, denunciar toda essa corja, e todos os desmandos desse prefeito, que não passa de um gatuno.

MENININHA:

- Pra que Mané, pra que? Pra ter uma placa com teu nome, numa dessas ruas miseráveis? Escuta aqui deixa essa história de lado...

MANÉ TIMBÓ:

- escuta aqui você dona Menininha, você casou com um homem, um homem! E não foi com um covarde não...

MENININHA:

- Apoi... eu prefiro um covarde vivo, bem vivo! Que um herói morto, visse? (Senta na rede. Pega a bíblia) Deixa essa história pra lá, já te disse que essa gente é perigosa por demai... Que saber? Vou orar. Orar! Orar pra Deus, poi é a única coisa que me resta.

(Menininha sai. Mané Timbó senta na rede)

 

Cena 21

INTERNA / DIA – CAMPO VERDE SÍTIO – CASA DE MARIQUINHA

(Mariquinha está varrendo a casa, percebe Nina sentindo-se mal, ouve vomitando).

MARIQUINHA:

- Passando mal de novo Nina?

NINA:

- Tô bem mainha... (Senta em uma cadeira) Foi nada não, tô bem.

MARIQUINHA:

- Tá amarela. Võ te levar no posto.

NINA:

- Num se incomode não! Eu tô bem. Tô bem...

 

MARIQUINHA:

- Bem mal.

NINA:

- Vai passar.

MARIQUINHA:

- (Puxa a cadeira e senta) Nina, aconteceu arguma coisa com oscê?

NINA:

- Oxê mainha?! Que juízo faz de ieu?

MARIQUINHA:

- Nina, eu seio como é essas coisas...

NINA:

- Poi eu não.

MARIQUINHA:

- Então num vai se importar de eu fazê o teste do barbante (Pega um barbante)

NINA:

- Oxê, mainha?! Num confia nêu?

MARIQUINHA:

- Oscê que num confia nessa veia mãe Nina? Nina, nina... Eu já vivi o bastante, pra sabe o que tá aconteceno aqui, mode que tá na cara o que tu, esconde tanto, fia?!(Há um silêncio)

NINA:

- (Nina desabafa) Mainha...Eu acho que tô prenha.

MARIQUINHA:

- (Se preocupa) Ai meu Deus! Bem que eu desconfiava.

NINA:

- Minhas regras tão atrasadas.

MARIQUINHA:

- Ah, meu Deus! Teu irmão vai virar um bicho Nina.

NINA:

- Oxê, ele num tem nada com isso mainha. A vida é minha!

MARIQUINHA:

- Mai se importamo com oscê fia.(T) Ele vai querê tirar satisfação com Zeca. Nina, uma moça falada?! Ah meu Deus!

NINA:

- Eu num sei se tô buchuda. Mai de quarquer forma, Zeca vai casá conheu.

MARIQUINHA:

- Poi que faça isso antes, que esse bucho cresça fia. (Silêncio)

NINA:

- Eu tô com medo mainha. Medo!

MARIQUINHA:

- (Abraça Nina) Carma fia, carma! Agente vai resolvê isso. (Câmera se aproxima das duas em close e se mistura a lua)

Cena 22

INTERNA / DIA – CAMPO VERDE CIDADE – CASA DAS ROSAS

SOLA:

- Pois não?

 

 

MULHER:

- Quero falar com Rosa.

SOLA:

- Só um minutinho, já vou chamar... (Mulher olha a decoração do bordel)Não mexa em nada. (Rosa se maquiando de frente ao espelho)Dona rosa?

ROSA:

- Fale sola...

SOLA:

- Tem uma maltrapilha querendo falar com você.

ROSA:

- Mas essa hora? Você perguntou o nome?

SOLA:

- Sei quem é não.

ROSA:

- Bem na hora do show Sola?

SOLA:

- Ah! (Sai. Vai em direção a mulher)Dona Rosa já vem, visse?

MULHER:

- (Mulher continua observando a casa. Sola de frente a um longo espelho se ajeita).

ROSA:

- Que tá fazendo aqui criatura?

MULHER:

- Tenho mais uma fulozinha pra tu...

 

ROSA:

- Oxê! Tem que deixar pra outro dia... Logo vai começar o show. Agora vá... Escuta, amanhã me trás a florzinha, visse? (A mulher sai. Rosa se dirige a Sola) Oh, Sola, como é que tu, deixa essa mulher entrar bem na hora do show?

SOLA:

- (Fica irritado) Ah!

CENA 23

INTERNA / NOITE – CAMPO VERDE SÍTIO – CASA DE FÁTIMA

(Fátima está na cozinha cantarolando, preparando a janta, João entra).

JOÂO:

- Eu tô é varado de fome, num sabe? (Tenta pegar algo na panela. Fátima bate na mão dele)

FÁTIMA:

- Tire a mão de minha panela! Num sabe que num gosto de ninguém cercano minha cozinha quando tô cozinhando, visse?

JOÂO:

- Voltê! Que mulé arretada!

FÁTIMA:

- Deixa de graça! Oh, quase queima visse?

JOÂO:

- (Resmunga)Hum!

FÁTIMA:

- João? Eu tô preocupada visse?

 

JOÃO:

- Oxê! Mai cum que?

FÁTIMA:

- Com esse chamego de Nina e Zeca...

JOÃO:

- Mai eles é jovem, tem mai que curti a vida mermo!

FÁTIMA:

- Tu diz isso, mode que num é tua fia, visse?

JOÃO:

- Como já diz o ditado: Prende tuas cabras, que meu bode tá sorto!

FÁTIMA:

- Que coisa mais feia, Vôlte!

(Câmera corta para Casa das Rosas)

Cena 24

INTERNA / NOITE – CAMPO VERDE CIDADE – CASA DAS ROSAS

(Casa lotada. Estão várias autoridades e homens ilustres da cidade. Rosa sobe ao palco para o discurso de inauguração).

 

Rosa:

- Boa noite?! Sejam todos bem vindos. Vamos aproveitar essa noite que eu preparei com todo carinho para vocês... regada de muita luxúria e prazer! (Homens brindam) E esta noite festiva que está apenas começando, em que eu tenho a honra de recebe-los aqui, na Casa das Rosas, essa casa que reabre para receber os amigos e visitantes.

Homero:

- Rosa hoje só tá querendo discursar.

ROSA:

- Oxênte homem... Nessa vida há tempo pra tudo. Há tempo até mesmo, pra uma bela prosa. 

HOMERO:

- Oxê, e porque não trás logo essas meninas?

ROSA:

- Virge Maria, o ilustre Homero tá mesmo muito avexado. Mas, antes quero fazer um breve agradecimento aos ilustres, que aqui hoje se fazem presentes. Quero agradece ao nosso ilustre perfeito, Wildebrando Brasão!(Aplausos)Também quero apresentar o nosso presidente da Câmera Municipal, nosso ilustre, Pedro Timbó. (Aplausos)

MANÉ TIMBÓ:

- Muito obrigado, muito obrigado Dona Flor!

ROSA:

- (Contrariada) Quero também agradecer a presença do Delegado. 

WILDEBRANDO BRASÃO:

- Rosa, se me permite uma palavrinha. (Se apossa do microfone)Caro senhores, quero aproveitar essa noite festiva para congratular a minha imensa alegria, ao ver reabrir essa casa, com tantas belas jovens, que devemos prestigiar...

MANÉ TIMBÒ:

- Um momento... um momento! O Senhor, a vossa excelência está confundindo esse espaço, com um, de seus palanques, onde o senhor prefeito, está acostumado a destilar o seu veneno, e insultar nossos ouvidos com falsas promessas. É... Falsas promessas!

ROSA:

- Que isso senhores?!

MANÉ TIMBÒ:

- O senhor é um canalha!

WILDEBRANDO BRASÃO:

- Canalha? (Vai para cima do outro)

ROSA:

- Que isso senhores, calma?!

WILDEBRANDO BRASÃO:

- Fale baixo comigo...

ROSA:

- Calma, calma, calma...

(Corta para casa de Mariquinha)

CENA 25

INTERNA / NOITE – CAMPO VERDE SÍTIO – CASA DE FÁTIMA

JOÃO:

- Tu acha que...?

FÁTIMA:

- Pra mim Nina é mulé. Mai cheia, os peito farto... O andar diferente, tá até com os oios rasgados.

JOÃO:

- Hum!

FÁTIMA:

- Espero em Deus, que ieu esteja enganada. Mas, escuta que tô falano,ai tem. Onde há fumaça, a fogo!

 

JOÃO:

- Diacho! Mai Zeca vai mexer logo com menina moça, com tantas mulheres que tem por ai...

FÁTIMA:

- Nem continue... (Pega a colher de pau e ameaça) Se vai fala daquelas uma, mulheres da vida... Olha, se eu souber que tu tá se engraçando com as meninas, daquela uma lá... eu vou lá e boto fogo com tu, e todas aquelas perdidas junto, visse?

JOÃO:

- Oxê! Mai tu num sabe que só tenho oios pra oscê mulé?!

FÁTIMA:

- Sai... Sai!Me deixa, me deixa, que hoje tô azeda, visse?

(Corta para casa das Rosas)

CENA 26

INTERNA / NOITE – CAMPO VERDE CIDADE – CASA DAS ROSAS

Rosa:

- Gente! Não vamos estragar essa noite. É a inauguração da Casas das rosas.

FORTUNATO:

- Senhores, deixemos essa rixa para outra ocasião. Estamos aqui, é para nos divertir...

ROSA:

- É verdade! E eu que preparei essa inauguração com tanto carinho... Que isso senhores?

WILDEBRANDO BRASÃO:

- Você é um carcará sanguinorento!

ROSA:

- Senhores, calma! Calma prefeito, calma senhor Timbó... Sentem, por favor. Não vamos estragar essa noite tão maravilhosa. Que eu, preparei para os senhores com tanto esmero, com coisinhas miúdas...

FORTUNATO:

- É para nos divertir que estamos aqui hoje.

ROSA:

- É verdade. Então que venha as meninas... Sola, traga as meninas.

(Corta para casa de Fátima)

Cena 27

INTERNA / NOITE – CAMPO VERDE SÍTIO – CASA DE FÁTIMA

FÁTIMA:

- E tu que num me invente de história e quenga. Eu boto fogo naquele antro, boto, visse?

JOÃO:

- Oxê! Carma minha véia, carma! Uma coisa por vei... Num pode fica assim, apavorada.

FÁTIMA:

- Saia, saia... Vá cuidá das tuas coisas, vá...

JOÃO:

- Oxê, Volte!

FÁTIMA:

- Só que fartava! Onde já se viu, casa de mulé quenga.

(Corta para Casa das rosas)

Cena 28

INTERNA / NOITE – CAMPO VERDE CIDADE – CASA DAS ROSAS

SOLA:

- Senhores, preparem-se para presenciar, aqui, neste palco... O inesquecível, o extraordinário, com muita beleza, com muito glamour... As meninas da Casa das Rosas! (Aplaudem. Entram as meninas. Elas dançam).

Imagem congela. A seguir...

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