fevereiro 25, 2022

WEB NOVELA - HOMEM DO CAMPO – CAPÍTULO 8

 HOMEM DO CAMPO – CAPÍTULO 8

Web Novela de Marcondys França

Direção: Marcondys FrançaCauê BonifácilDill França e Albino Ventura

Direção Geral de Marcondys França

Capítulo 7

Cena 55 CONTINUAÇÂO

 

BRUNA:

- Olhe conseguimos o dinheiro, e vamos operar o José Carlos.

FÁTIMA:

- Glória a Deus!

JOÃO:

- Mai de onde veio essa ajuda?

MARIQUNHA:

- Quem é esse anjo?

BRUNA:

- Uma senhora.

JOÃO:

- Só por Deus mermo! Deus, Nosso Senhor Jesus Cristo e Padre Cícero, ouvi minhas preces, num sabe?

BRUNA:

- Olhe, admiro a fé de vocês. Mas, quem ajudou foi a esposa de seu patão. Ela ouviu a conversa, ficou comovida e vai financiar a cirurgia.

FÁTIMA:

- Que Deus abençoe!

JOÃO:

- (se levanta e vai a um canto da casa tira o chapéu e olha para o alto em agradecimento) Graças a nosso Senhor Jesus cristo!

 

BRUNA:

- Olhe seu João... Ela só pede segredo.

MARIQUNHA:

- Oxi! Mai que história é essa? Mode que segredo?

BRUNA:

- É por conta do marido.

MARIQUINHA:

- Que coisa mais estranha essa história, sem pé nem cabeça.

FÁTIMA:

- Mai o importante é que em nome de Jesus o meu Zeca vai fica bem.

BRUNA:

- Olhe, tem um pequeno problema... A ambulância está quebrada e não poderá levar vocês...

FÁTIMA:

- Eu quero ficá perto do meu fio, ele vai precisa de eu...

JOÃO:

- Oxi! Mai noi num podemo entrá no ombro a força.

BRUNA:

- Tenho aqui um dinheirinho e acho que será o suficiente pra vocês irem à capital e vê Zeca.

JOÃO:

- Mai num podemos aceita... A senhora já tem sido tão boa comigo.

FÁTIMA:

- Oxi! Daqui. Isso é hora de orgulho meu veio?  (Pega o dinheiro e guarda no sutiã) É pelo nosso filho!

 

BRUNA:

- Olhe, aqui está o endereço do hospital. Chegando lá me procure.

JOÃO:

- Agradecido! Só Deus Nosso senhor jesus Cristo pra pagar a senhora por tudo que tem feito.

BRUNA:

- Que isso seu João! Já vou indo. Até...

MARIQUNHA:

- Vou com a senhora até a porta... (Saem)

FÁTIMA:

- Amenhã bem cedinho vamo pegá o primeiro ombrio e vamo pra rodoviária.

Transição Zona Rural campo Verde

 

Cena 56

NOITE – CASA DAS ROSAS – SALA

(Rosa olha pela janela e observa a lua, parece encantada. Resolve falar sobre uma lenda)

ROSA:

- É noite de lua cheia...

SOLA:

- Madrinha, essa história que dizem por ai, é de vero?

AMARILIS:

- Como será esse tal de Nego bateau mouche!

MAGNÓLIA:

- Dizem tantas coisas! Pra mim ele num passa de umtarado.

 

DÁLIA:

- Madrinha, essa história é mesmo verdade ou só fuxico dessa gente?

ROSA:

- E pelo sim, pelo não... É melhor não arriscar. E que será esse que se aproveita dessa lenda, para atacar todas as mulheres? Ai está o mistério. Só sei que as mulheres são atacadas...

SOLA:

- Mode que o delegado num bota esse malandro no xilindró?

AMARILIS:

- Ia ser um desperdício!

MAGNÓLIA:

- Oxi! Que conversa da gota é essa Amarilis? Tu tá ouvindo isso madrinha?

ROSA:

- Oxente! Eu tô ouvindo que não sou môca. Dizem que quem o Nego Vateu Mouche ataca, nunca mais é a mesma. Tem umas que ficam até entrevadas em cima de uma cama.

MAGNÓLIA:

- Afe Maria! Então esse cabra é mermo porreta!

DÁLIA:

- E madrinha conhece essa história?

ROSA:

- Oxê! Desde muito tempo, desde que eu era mocinha que escuto os antigos contarem.

SOLA:

- Conte pra nós magnânima.

DÁLIA:

- Essa história muito me interessa!

ROSA:

- diz a lenda, num sabe? Que o Nego Bateu Mouche era um homem muito bonito, um escravo de das fazendas daqueles arredores, num sabe? Tinha um corpo escultural e uma beleza que encantava todas as mulheres que ele se aproximava, mais um certo dia, ele a filha do seu dono, se apaixonaram perdidamente...

DÁLIA:

- E que se sucedeu madrinha?

ROSA:

- Oxente! O pai quando soube do envolvimento dele com sua filha, ordenou que o feitor colocasse ele no tronco e o chicoteasse até seu ultimo suspiro...

DÁLIA:

- foi assim que ele morreu é?

ROSA:

- Foi. Mas, antes dele morrer, antes de dar seu ultimo suspiro... ele olhou pra lua, e fez ali uma promessa. Que todas as moças que estivessem fora de suas casas em noite de lua cheia, ele voltava pra se vingar, atacando cada uma...

SOLA:

- Que história! Me deu até calor! Ah, nego se eu te pego!

MAGNÓLIA:

- Sola não entendeu a história não... Nego gosta de mulé, de chibiu! Não é de freco não. (Gargalhadas de sarro)

AMARILIS:

- Mas é a moça, a amada dele?

 

ROSA:

- Ah, pobre menina, sorte desgraçada que ela teve. Dizem que foi pro convento, que lá morreu, doidinha de pedra. Outros dizem que tava prenha, que deu luz a uma criança em forma de monstro.

SOLA:

- Que história foi até de arrepiar...

DÁLIA:

- Deus pai todo poderoso! Deus me livre de uma assombração dessa.

MAGNÓLIA:

- Vocês são muito bobas! Pra mim num passa de um homem de carro e osso... De muita virilidade, esse sim, é cabra macho.

ROSA:

- Bom, já que hore não tem expediente, vão para seus quartos... Aproveitem a folga para descansar. (Todos saem. Rosa vai até a janela e fecha as cortinas.

Transições Zona Rural, corta para casa de Mariquinha

 

Cena 57

DIA – INTERNA – COZINHA

Mariquinha está varrendo a cozinha com uma vassoura de palhas.

 

MARIQUINHA:

- Entre comadre, se acomede.

SANTINHA:

- Obrigada cumadre!

MARIQUINHA:

- Tá quente né?

SANTINHA:

- (Abre a bíblia) Tá mesmo cumadre, parece o fim do mundo!

MARIQUINHA:

- Realmente, parece o fim do mundo! A senhora aceita um copo d´água?

SANTINHA:

- Aceito sim. Inté porque o dia tá tão quente cumadre, eu não tô aguentando esse calor.

MARIQUINHA:

- verdade cumadre, eu vou buscar e já vorto!

SANTINHA:

- Eu espero. (Esfolheia a bíblia)

MARIQUINHA:

- Tá lendo a bíblia é?

SANTINHA:

- É cumadre!

MARIQUINHA:

- trouxe sua água. Tome, tá fresquinha! Mas, que a senhora tá fazendo por aqui?

SANTINHA:

- Como a cumadre sabe, meu trabalhos é social. Eu como filha de Maria tenho é obrigação de resgatar as almas pra Cristo. Mas eu tô vindo agora mesmo da visita a casa de dona Candinha, ela tá tão debilitada, doentinha... Cá entre n´os, eu acho que ela vai passar dessa pra melhor!

MARIQUINHA:

- É... Que Deus tenha piedade dela (Benze)

 

 

SANTINHA:

- Mas cumadre... Eu fique sabendo por ai... Uma coisa que eu nem sei se vou contar.

MARIQUINHA:

- Conte. É coisa boa?

SANTINHA:

- Pra mim é muito boa.

MARIQUINHA:

- Se a senhora a ninhora acha?!

SANTINHA:

- A cumadre vai ser vó?

MARIQUINHA:

- (Se assusta indignada)Como que oscê entra aqui n minha casa, e vem falar mau da minha filha? Que que vc pensa que é?

SANTINHA:

- Oxê cumadre, é um coata que tá correndo poraí... Eu como filha de Maria...

MARIQUINHA:

- Como filha de Maria, reze mais e cuide da sua vida. Deixe de cuidar da vida dosoutro, que oscê ganha muito mais.

SANTINHA:

- (se levanta se benze) Jesus, Maria, José!

MARIQUINHA:

- Jesus, Maria, Jose? Oscê vai vê... (Pega a vassoura)Se num saí da minha casa agora...

SANTINHA:

- Eu vou rezar...

MARIQUINHA:

- Reze. Mai reze muito mermo, para que Deus tenha piedade da tua língua.

SANTINHA:

- deu me livre! Eu tõ indo é embora. A cumadre tá é louca. (Sai)

MARIQUINHA:

- Língua felina! Vem aqui na minha casa pra fala mal de minha filha. Só que fartava!

Transição Zona Rural de Campo Verde.

 

Cena 58

EXTERNA – DIA – CURRAL

Francisco alimenta os cavalos quando chega Gilmar Catolé.

FRANCISCO:

- Eia?! Bom dia seu Gilmar?!

GILMAR:

- Bom dia Francisco!

FRANCISCO:

- Ieu fiquei sabeno que o sinhô que falá com ieu.

GILMAR:

- Pois então deixamos de cerimônias

FRANCISCO:

- Pois diga logo que o sinhô qué que ieu num gosto de rodeio, num sabe?

GILMAR:

- Acho muito melhor assim, vamos direto ao assunto, direto o que interessa Francisco.

 

 

FRANCISCO:

- Pois então o senhô diga logo ao que veio pra encurtar logo essa prosa, que tenho muito selviço pra fazê, num sabe?

GILMAR:

- Eu sei Francisco, eu sei... Sei bem o tipo de servicinho que anda fazendo por ai... sei muito bem.

FRANCISCO:

- Oxê! Que conversa da gota é essa? (Bravo)Ieu num sei do que tá falano... Vice seu coronel?!

GILMAR:

- Não vira as costas pra mim,nem me chame de coronel que eu não gosto.

FRANCISCO:

- Pois então o sinhô diga logo pra encurtar logo essa conversa, vice?

GILMAR:

- Eu quero que você faça um servicinho pra mim...

FRANCISCO:

- Selviço? Mai que tipo de selviço que o sinhô que eu faça?

GILMAR:

- Quero que você despache um cabra safado que existe por ai, dessa pra melhor.

FRANCISCO:

- Oxê! Seu Gimar, eu sou um homem do campo, tô acostumado com a terra, sou um jagunço não...

GILMAR:

- Pago bem... (Retira um bolo de dinheiro)Bem mais que já lhe pagaram Francisco. Pago o dobro! (Retira mais)Pago o triplo! Até mais que isso aqui, desde que faça o serviço bem feito.

FRANCISCO:

- (Pega o dinheiro) Feito! Quem é o broqueiro?(Coloca o dinheiro no chapéu)

GILMAR:

- Venha que vou te explicar, vou te dizer quem é esse cabra safado...

FRANCISCO:

- Vamos conversar lá embaixo que é mió... (Saem conversando).

Corta para cidade de campo Verde.

Cena 59

João caminha pela cidade de Campo Verde e segue para o posto de saúde.

JOÃO:

- Licença...

BRUNA:

- Oh seu João, entre.

JOÃO:

- Mai a dotora mandou me chama?

BRUNA:

- Eu mandei seu João. Tenho um assunto muito sério que quero conversar com o senhor.

JOÃO:

- Mai a dotora fale...

BRUNA:

- Me diga uma coisa seu João... Faz muito tempo que o senhor trabalho para seu Gilmar, não é mesmo?

JOÃO:

- É sim senhora. Desde que me conheço por gente, que trabalho pro seu Gilmar. Até já perdi a noção dos anos, num sabe? Meu pai sempre trabaio pro veio pai dele ieu também. Eiu continuei trabaiando cum ele num sabe?

BRUNA:

- E sempre de maneira informal, não é mesmo?

JOÃO:

- Cuma assim, não entendi o que a dotora quis dizê.

BRUNA:

- o senhor já ouviu falar em carteira assinada?

JOÃO:

- É um decumento, já ouvi falá sim senhora.

BRUNA:

- É um documento que quando está assinado garante direitos e benefícios.

JOÃO:

- Já ouvi fala sim...

BRUNA:

- eu estou querendo dizer que o senhor tem direitos, que seu patrão, seu Gilmar, tem lhe negado, num sabe?

JOÃO:

- Dereito?

BRUNA:

- Por exemplo... O caso do José Carlos, se tivesse carteira assinada, poderia se recuperar em casa, com direito ao auxílio doença, num sabe?

JOÃO:

- E é?

 

BRUNA:

- É seu João. E tem mais viu... Com o tempo o trabalhador vai envelhecendo a saúde já não repode e os direitos trabalhistas lhe garante a aposentadoria. E o senhor sabe seu João, no trabalho no campo, o trabalho braçal é o que conta. Seu João, com a carteira assinada o senhor tem direito a aposentadoria que lhe garante o futuro pro senhor e sua família.

JOÃO:

- É que aqui dotora, não tem essas coisas não...

BRUNA:

- Mas, lei é lei seu João. E tem que ser cumprida, seja no campo ou na cidade. Veja bem, se o senhor tivesse com sua carteira assinada, hoje em dia já podia pedir sua aposentadoria, não é mesmo? A gente vai envelhecendo, o copo já não corresponde mais como antes, ao seu João, se não tiver carteira assinada, como vai ser? No campo se não tiver saúde como fazer? O senhor tem que pensar nisso. É garantido por lei. Pense nisso seu João. Pense com carinho homem, pense nisso. Se não pensar pelo senhor, pense pelo seu filho.

JOÃO:

- Vou pensá no que a dotora falô.

BRUNA:

- Pense mesmo seu João. E se o senhor decidi mudar essa sua situação, tenho um amigo que é advogado.

JOÃO:

- Adevogado? Quero Braga não dotora, sou um homem da paz. Gosto d briga não. Sou um homem do bem.

BRUNA:

- Homem é um direito que o senhor tem. Pense nisso com carinho, e se precisar de alguma coisa pode contar comigo.

JOÃO:

- Ieu vou pensa direito...

BRUNA:

- Isso pense. E se precisar estou aqui.

JOÃO:

- Agradecido. (Se levanta. Põe o chapéu e sai).

BRUNA:

- Pobre homem! Escravos dos tempos modernos

Transição: Faixada da Casa das rosas

Sola relembra a conversa que ouviu de Magnólia e Fortunato.

Imagem congela em Sola.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado! Sua opinião é muito importante.

JOÃO ASSUNÇÃO PREFERE SEGUIR CAMINHO DIFERENTE DE PAI FAMOSO

Segundo publicado no site NA TELINHA, João Assunção filho de  Fabio Assun ção decidiu trilhar um caminho diferente do pai e ir p...