HOMEM DO CAMPO – CAPÍTULO 13
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Novela de Marcondys França
Direção: Marcondys
França, Cauê Bonifácil, Dill França e Albino
Ventura
Direção
Geral de Marcondys França
Cena LXXVI (Continuação).
SOLA:
- Ei, calma... Que o sinhô tá me machucano... Tô é ficano se ar...
FRANCISCO:
- Oscê num viu nada ainda, vice? Então cabra, oscê gosta né?
SOLA:
- Muito! (Ele aperta solo pelo
pescoço e aos poucos vai desembainhando a peixeira e apunhala Sola. Sola cai
ferido, Francisco foge).
Transição.
Cena LXXVII
DIA – INTERNA – CASA DE GILMAR -
SALA
CHICA:
- O senhô deseja fala com quem?
ZECA:
- Ieu sou Zeaca de Campo Verde e desejo fálá com dona Iolanda.
CHICA:
- Peraí que chama Dona Iolanda... (Grita)
Dona Iolanda! Zeca!
IOLANDA:
- (Em off). Já vai... (Entra em Cena). Bonjour!?
ZECA:
- Bom dia, Dona Iolanda...
IOLANDA:
- OUI (Uí)!
ZECA:
- Ieu sou Zeca, José Carlos de Campo Verde.
IOLANDA:
- Hum, tá!
ZECA:
- Filho de João e Fátima...
IOLANDA:
- Monsieur Zeca!
CHICA:
- Credo em cruz! Esse é o home que quase morreu...
IOLANDA:
- É ele mesmo estrupício... Vai lá ora cozinha, vai preparar um suco pro
moço.
CHICA:
- Não entendi nada! Fui. (Sai).
ZECA:
- Ieu vim aqui pra agradecê...
IOLANDA:
- Oxe homem, num precisa agradecer nada não... O senhor sabe que fazer
caridade e boa ação, é chique, num sabe? É, eu tava lendo isso numa revista.
Então moço, deixa eu te falar, meu marido está para chegar, entendeu? E não vai
ficar bem se ele chegar, e encontrar o senhor aqui, entendeu?
CHICA:
- Seu suco moço...
ZECA:
- Não carece... Muito obrigado, vice? Dona Iolanda, só nosso senhor
Jesus Cristo pode pagá o que a senhora fez por mim. ZECA:
IOLANDA:
- Amém, seu moço!
ZECA:
- Muito obrigado vice? Vou indo, inté!
IOLANDA:
- Até! Até logo. (Ele sai)Eita
lelê, até que o moço é bem apanhado mesmo, vice? (Olha pra Chica) Presta a atenção estrupício... Não é pra falar com
Gilmar que viu esse moço aqui, vice?
CHICA:
- Sim senhora.
IOLANDA:
- Agora vai... (Chica vai saindo).
Frances... (Chica para). Entendeste
direito né?
CHICA:
- Sim senhora.
IOLANDA:
- Então vá...
CHICA:
- Num gosto que me chame de Frances. Meu nome é Chica, Chica... (Soletra o nome).
IOLANDA:
- vai, some daqui, vai... Seu nome é Chispa (Soletra). Estrupício!
Transição: Cenas da Zona Rural.
Cena LXXVIII
DIA – EXTERNA – CASA DE FÁTIMA
FÁTIMA:
- Ô derrota! Mai era só que me fartava!
JOÃO:
- Oscê num me venha procurando piolho em cabeça de cobra, num sabe?
FÁTIMA:
- Mai aquela uma, quando saiu daqui, tava prenha. E diziam que o bucho
era teu...
JOÃO:
- Oxe! Mai tanto pode ser meu como de tanto outro...
FÁTIMA:
- Ué, mai era tu que andava enrabichado com ele...
JOÃO:
- Num me venha praescovar vou dar uma vorta pra esfriar a cabela, vice?
(Sai).
FÁTIMA:
- Fuzino é? Oxe! Aquela uma que me veha... Hum!(Sai).
Transição Zona Urbana.
Cena LXXIX
DIA – INTERNA – CONSULTÓRIO MÉDICO
MANÉ TIMBÓ:
- Com Licença doutora...
BRUNA:
- Sente-se...
MANÉ TIMBO:
- Vim inté aqui pra fazê uma proposta.
BRUNA:
- Pois diga.
MANÉ TIMBO:
- Sei que a senhora é muito querida por nossa gente. Andei pensando
aqui, não vejo pessoa melhor que a senhora para concorrer nessas eleições...
BRUNA:
- Eu, seu Mané Timbó? Olhe, confesso que nunca pensei em um cargo
legislativo e nunca tive essa pretensão.
MANÉ TIMBO:
- Queremos a senhora no executivo, como prefeita. Se Deus quiser e nos
permitir, a senhora será a primeira mulher eleita pelo povo dessa cidade.
BRUNA:
- Sinceramente nunca tive essa pretensão.
MANÉ TIMBO:
- O meu partido como oposição desses breguessos, com a total chipoada
que daremos nesses gabiruços...
BRUNA:
- Olhe, muito me honra seu convite, mas...
MANÉ TIMBO:
- se a doutora acredita no poder da transformação, no bem está desse
povo, não há melhor caminho do que pela política. Só assim poderá promover a
transformação social, com disposição em trazer educação, saúde e trabalho com
dignidade.
BRUNA:
- Olhe, acho essa tarefa muito difícil...
MANÉ TIMBO:
- Mas, nada impossível! É uma tarefa que a senhora irá desempenhar muito
bem.
BRUNA:
- verdade, o senhor tem razão... é uma tarefa difícil, mas, não
impossível! Olhe, seu Mané Timbó, vou pensar em tudo isso...
MANÉ TIMBO:
- Então pense doutora. Passar bem. (Pega
o chapéu põe na cabeça).
BRUNA:
- Passar bem Seu Mané Timbó! (câmera
fecha nela pensativa).
CORTA PARA GILMAR CATOLÉ
DIRIGINDO.
Cena LXXX
NOITE – INTERNA – CARRO DE GILMAR
GILMAR:
- Que será que querência quer? Vindo dela, só pode ser algo ruim...
Mulher amarga!
CORTA PARA CASA DE QUERÊNCIA.
Cena LXXXI
NOITE – INTERNA – CASA DE
QUERÊNCIA - SALA
GILMAR:
- Boas noite...
QUERÊNCIA:
- Só se for pro senhô Coronel.
GILMAR:
- Não me chame de coronel que u não gosto. E se é pra ofender, já vou
dando meia volta, e tomando meu prumo.
QUERÊNCIA:
- O senhô trate de voltar aqui, mode que o assunto é de seu interesse.
GILMAR:
- Pois então diga...
QUERÊNCIA:
- Tá com pressa coronel Gilmar? Num quer que sua cama esfrie?
GILMAR:
- Seria se Iolanda fosse tão amarga quanto você. (Saindo)
QUERÊNCIA:
- É sobre nosso filho. Everaldo catolé.
GILMAR:
- O Everaldo? Que foi que ele fez?
QUERÊNCIA:
- teu filho se enrabichou com uma daquelas quenguinhas daquela casa
comandada por aquela ramera velha, que tu deve conhecer muito bem.
GILMAR:
- É natural, na idade dele, é homem, cabra macho. E pelo que ouvi fala,
lá tem umas bem aprumadinhas.
QUERÊNCIA:
- Ele quer trazer pra dentro de casa uma quenga.
GILMAR:
- Apaixonou-se!
QUERÊNCIA:
- aquilo num é mulé pra se apaixoná... É mulé de dar volta em velho
tolo. E também, aquela uma não é mulé de um homem só.
GILMAR:
- Vou conversar com Everaldo, pode deixar.
QUERÊNCIA:
- Pois faça isso, é um assunto que deve entender muito bem.
GILMAR:
- passar bem Querência, passar bem! (Sai).
Transição: Zona Rural.
Cena LXXXII
DIA – EXTERNA – CASA DE SANTINHA
BRASÃO - QUINTAL
FRANCISCO:
- Dona Santinha? Ieu vim aqui, mode que, fiquei sabeno, que a senhora
quer fala com ieu...
SANTINHA:
- Eu quero que o senhor faça um servicinho pra mim...
FRANCISCO:
- se tiver a meu alcance terei o prazê de fazê.
SANTINHA:
- Eu quero que o sinhô tire uma pessoa do meu caminho. Mas, também do
caminho do meu filho.
FRANCISCO:
- Oxe! Mai num tô entendeno, não...
SANTINHA:
- Bom, ainda é segredo, num sabe? Mas, antes que caia nos ouvidos e
bocas daquela gente desocupadas de Campo Verde. Eu preciso tomar minhas devidas
providências. E o senhor, não vai se arrepender, será muito bem remunerados.
FRANCISCO:
- Pois então diga. Eu seio que a senhora, Dona santinha Brasão, num é
mulé de dar nó sem ponta. Mai o quê que a inhora que ieu faça?
SANTINHA:
- Ieu quero que o senhor acabe logo com o chamego daquela uma com meu
filho.
FRANCISCO:
- Oxe!
SANTINHA:
- O senhor sabe muito bem de quem eu estou falando... É daquela rampera.
Iolnda Catolé.
FRANCISCO:
- Arre!
SANTINHA:
- Graranto que não se arrependerá Francisco.
Transição: Zona Rural.
Cena LXXXIII
DIA – EXTERNA – MATA
(Curandeira está cuidando de suas
ervas)
CURANDEIRA:
- Tenha medo não... Dois terços do que houve por ai, é um emaranhado de
invenções... Se achegue. Se assente.
FÁTIMA:
- Com sua licença!
CURANDEIRA:
- Mas me diga inhora, o que atrás aqui em minha humilde casa? Argum
remédio especiá? Não, não me responda... (Levanta
as mão para o alto e contempla o céu).
Ah, tô sentindo suas vibrações, é pra alma! Mas pra que todo esse
desapego?
FÁTIMA:
- Vim em busca de resposta...
CURANDEIRA:
- Sei bem como são essas coisas... É muito difícil se livrar do passado,
não mesmo? Inté se consegue fugir por um tempo. Mas, o tempo não perdoa não,
não perdoa. Sabe, o mundo é redondo, num para de girar, e vivemos sobre alei do
retorno. E cedo ou tarde nos deparamos com a realidade. Tapamos os olhos, os
ouvido, não dizemos o que temos que dizer e endurecemos nossos corações.
FÁTIMA:
- E é pra saber da verdade que tô aqui, vice?
CURANDEIRA:
- Minha mãe, era um a velha cigana... Andava por esse mundão de meu Deus
e muito me ensinou. Aceita uma xícara de chá
FÁTIMA:
- Não, obrigada!
CURANDEIRA:
- A verdade, é um ato de libertação. No primeiro momento dói. Mas
depois, vem um alívio. Não se deixe enganar, as aparências, enganam. Nem sempre
o estranho, o feio, é tão cruel quanto se apresenta. Mas, a senhora não veio
aqui me fazê uma visita, num é mermo?
FÁTIMA:
- E apoi? O assunto que me tras aqui é algo que me aperreia por demai...
Há dezoito anos atrás, a senhora fez um parte bem aqui, nessa chopana... Num
foi?
CURANDEIRA:
- Sim, fiz muitos partos. Muitas crianças vieram a esse mundão de meu
Deus, por minhas mãos.
FÁTIMA:
- mas essa criança a que me refiro era cria de uma dessas...
CURANDEIRA:
- Mulé da vida.
FÁTIMA:
- Uma rapariga!
CURANDEIRA:
- toda criança vem a esse mundo trazendo a inocência e a pureza dos
anjos.
FÁTIMA:
- Mas essa criança era de uma quenga muito conhecida.
CURANDEIRA:
- Muitas delas passaram por aqui.
FÁTIMA:
- Então a senhora sabe muito bem de quem estou falando.
CURANDEIRA:
- Sei, me alembro. Era uma bela moça.
FÁTIMA:
- E a criança, vingou? Era macho ou feme? Que aconteceu?
CURANDEIRA:
- hei, carma, carma!
IMAGEM CONGELA NELAS.
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